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X Coloquio Internacional de Geocrítica

DIEZ AÑOS DE CAMBIOS EN EL MUNDO, EN LA GEOGRAFÍA Y EN LAS CIENCIAS SOCIALES, 1999-2008

Barcelona, 26 - 30 de mayo de 2008
Universidad de Barcelona

A GEOGRAFIA DIANTE DOS DESAFIOS DE UM MUNDO GLOBALIZADO

Francisco de Assis Penteado Mazetto
Departamento de Geociências
Universidade Federal de Juiz de Fora MG - BRASIL
franciscoppm@gmail.com


 

La geografía y la globalización: problemas y desafíos (Resumen)

La globalización pone nuevos desafíos al conocimiento geográfico e, principalmente, a su posición ideológica delante de las presiones del capitalismo neo-liberal. Entra en las cadenas del pensamiento geográfico, ciertamente el humanista y el crítico tiene una tarea importante para el frente, a contestar un modelo de la organización social que si impone monolítico establecido en la exploración y la concentración económicas de la renta en nivel global. Pero, la mayor parte de los geógrafos no ha contestado bien a este "nuevo mapa del mundo", por las épocas que adhieren a la ideología dominante, dimitiendo a su papel de la independencia académica y contraposición al sistema actual. Los adeptos más conservadores del neo-positivismo, realizan la propagación de la neutralidad científica y vuelta a si componer con o poder, eso ahora disfrazado de democrático y de moderno. El dogmatismo científico, propagado para el neo-positivismo ortodoxo, si divulga como gran amenaza al pensamiento libre en las academias, refrenando la diversidad de ideas. Por otra parte, esta praxis científica si han divulgado dislocado en relación al origen de los problemas sociales que si relacionan con el modelo social y económico apropiado del actual tiempo. La geografía humanista refuta los modelos preconcebidos para analizar y para interpretar las materias sociales. La relación entre el lugar y los individuos o los grupos sociales ha sido poca valorada para la mayor parte de la investigación llevada a través para la geografía. Lo sistema social y económico dominante quiere la uniformidad espacial para garantizar su reproducción y para prevenir resistencia. Todavía, la dialéctica crítica, una resistencia histórica de la manera de la producción del capitalismo, está debilitada con consumir provocó para el final de las experiencias socialistas en la Rusia y los países del este europeo. Sin embargo, la cadena crítica ten aproximación al humanista después de abandonar algunos principios marxistas más radicales que ellos ataron la producción del espacio solamente con el proceso económico, sin valorar los aspectos culturales de la sociedad. La significación humanística y crítica tiene gran contribución a dar a los estudios geográficos de la edad posmoderna, ayudando vigoroso mejor a entender las relaciones entre la sociedad y el espacio.

Palabras clave: humanismo, geografía crítica, posmoderno.


The geography and the globalization: problems and challenges (Abstract)

The Globalization places new challenges to geographic knowledge e, mainly, to its ideological position ahead of the pressures of the neo-liberal capitalism. It enters chains of geographic thought, certainly the humanist and the critical one still has an important task for the front, contesting a model of social organization that if imposes monolithic established in the economic exploration and concentration of the income in global level. Unhappily, great part of the geographers has not answered well to this "new map of the world", for times adhering to the dominant ideology, resigning to its paper of academic independence and contraposition to the effective system. The adepts more conservatives of the neo-positivism, heralds of the "scientific neutrality", come back to serve of support to the consisting power, that now meets disguised of democratic and modern. The scientific dogmatism, propagated for the orthodox neo-positivism, if discloses as a great threat to the free thought in the academies, restraining the diversity of ideas. Moreover, these praxis scientific if have disclosed dislocated with relation to the origin of the social problems that if they relate to the proper social and economic model of the present time. Geography Humanist refutes the daily pay-conceived models for to analyze and to interpret the social matters. The relation between the social place and individuals or groups has been few valued for great part of the research carried through for Geography. The social and economic system dominant search the uniform spaces to guarantee its reproduction and to prevent resistance. On the other hand, the critical dialectic, a historic resistance from the way of capitalist production, suffered with the consuming provoked for the end of the socialist experiences in the Russia and the countries of the European East. However, the critical chain if approached to the humanist after to abandon some Marxist principles more radical than they tied the production of the space only with the economic process, without valuing the cultural aspects of the society. The humanistic and critical approach has great contribution to give to the geographic studies of the after-modern age, helping vigorously better to understand the relations between society and space.

Key Words: humanism, critical geography, post modernity.


O novo mapa do mundo e o papel da geografia

As mudanças no panorama mundial não se limitam às fronteiras políticas dos Estados, pois elas se aplicam com maior relevância nas relações sociais humanas. É plenamente perceptível que o capitalismo alcançou uma hegemonia nunca antes registrada na história, não somente como sistema social e econômico, mas também uma perigosa hegemonia ideológica que avança até nos meios acadêmicos. Entre as ciências sociais, a Geografia apresentou um progresso teórico bastante tardio, levando-se em consideração o desenvolvimento das correntes filosóficas que deram sustentação a todas as ciências. Durante muito tempo a ciência geográfica se apegou aos princípios positivistas, sendo que sua influência se estendeu até a primeira metade do século XX.

Na fase pioneira da estruturação da Geografia deve-se registrar a contribuição libertária de precursores como Élisée Reclus e Pietr Kropotkin que, embora positivistas, adotaram algo da práxis marxista e anarquista. Contudo, o referencial teórico que prevaleceu durante a fase clássica foi o positivismo, na escola determinista de Ratzel e na possibilista de La Blache. Como essas duas escolas mantinham forte vínculo com o estado burguês capitalista em expansão colonial, houve apoio e subsídios para o seu desenvolvimento no âmbito acadêmico.

Após o término da II Grande Guerra, os postulados clássicos descritivos da paisagem estavam esgotados e se procura novos paradigmas com uma Nova Geografia. Mas, essa Nova Geografia foi um positivismo revisto, agora introduzindo técnicas inovadoras, como o largo emprego de modelos matemáticos e estatísticos. Para Andrade (1987), a ação dos neopositivistas produziu trabalhos que foram de grande utilidade para o desenvolvimento do planejamento capitalista. Ao mesmo tempo, essa abordagem teórica não apresenta uma análise crítica ao modo de produção capitalista, apresentando um caráter tecnocrático com falsa neutralidade, que não incomoda os princípios da economia de mercado e a conseqüente injustiça social que esse modelo econômico provoca.

O pensamento crítico e o humanista somente ganharam corpo nos estudos geográficos a partir a década de 60 do século passado, já que a corrente quantitativa neopositivista saiu na frente, servindo aos interesses tanto do Estado Capitalista como ao Comunista durante a Guerra Fria, dando seqüência ao papel desempenhado por sua antecessora, a corrente clássica descritiva. Entretanto, as pressões sociais aumentaram significativamente na segunda metade do século XX. A disputa entre o capitalismo e o comunismo pelo domínio de vastas áreas do Mundo Subdesenvolvido, gerou guerras e conflitos periféricos que agravaram ainda mais a situação dos países mais pobres do mundo.  A economia capitalista de consumo recebe um grande impulso a partir da década de 50 nos países centrais, principalmente nos EUA. Para alimentar a produção de bens de consumo em larga escala, esses países empreendem nova expansão neocolonial, com a finalidade de garantir suprimento de matérias-primas e fontes de energia para o seu desenvolvimento industrial. Mais tarde esse processo vai se sofisticando, procurando no Terceiro Mundo também mão-de-obra barata, via migrações e instalação de unidades industriais cujo funcionamento ficou inviável no país sede.

Com o fim do “socialismo real” no Leste Europeu no início da década de 90, o sistema capitalista passa a desfrutar de uma hegemonia inédita, podendo agora expandir seus domínios sem grandes barreiras políticas e ideológicas. O processo de globalização da economia, com base no ideário neoliberal, abranda as últimas resistências ao seu avanço. O Estado Nação independente se coloca como um obstáculo a ser vencido, na corrida do grande capital para se apoderar das economias periféricas e emergentes. Como já havia sido previsto por Perroux (1964), na economia do futuro as grandes corporações econômicas teriam um peso maior do que muitas nações.

O número de adeptos do neoliberalismo se multiplica rapidamente a partir da década de 90, depois da ganhar terreno em alguns países centrais como no Reino Unido com o governo Thatcher e nos EUA com o governo Reagan. O chamado processo de “desregulamentação da economia” promete crescimento econômico e mais emprego. De fato, a taxa de desemprego cai nesses dois países e o crescimento econômico é expressivo. Mas, tudo isso a custa da concentração de renda, enfraquecimento da proteção social à população mais carente, baixos salários, combate às leis e garantias trabalhistas e o poder dos sindicatos, que foram vitórias arduamente conquistadas pelos trabalhadores em mais de um século de lutas.

A privatização de empresas estatais foi outra cruzada empreendida pelos neoliberais para se apoderarem dos setores vitais e estratégicos das economias dos países europeus e emergentes. Muitos desses países tiveram suas economias desnacionalizadas ou globalizadas, com a venda de suas empresas por preços subavaliados e fraudulentos. Mesmo países centrais do capitalismo como o Reino Unido, perderam quase todas as suas empresas estratégicas, como a automobilística e de telecomunicações, para companhias estrangeiras e especuladores internacionais. Entre os emergentes, o Brasil e o México foram as maiores vítimas desse processo, abrindo o capital de suas melhores empresas para as grandes corporações transnacionais. O Chile foi outro país emergente dito bem sucedido no modelo neoliberal, sendo o primeiro a adotar os princípios dessa doutrina. Mas, esse país apresenta hoje apenas os indicadores macroeconômicos positivos, sendo um país dependente de exportação de produtos primários com reduzidos benefícios para a maioria de sua população.

Segundo Santos (2000), o processo do desenvolvimento do capitalismo neoliberal passa atualmente da fase de concorrência para a fase competitiva, sendo que a concorrência pode ser saudável, pois pressupõe que existam regras estabelecidas cuja não observação significa a perda da reputação da empresa. Na fase competitiva, não há regras e tudo vale para se alcançar os melhores níveis de lucro. As pessoas são estimuladas a disputarem entre si um lugar ao sol, e se algo de errado ocorre o problema é com as pessoas e não com o sistema. Nesse ambiente de autêntico darwinismo social, as empresas procuram profissionais “agressivos” que possam maximizar os lucros em escala nunca antes atingida.

A nova ideologia dominante do neoliberalismo tem origem no movimento contra a política econômica keynesiana adotada pelas economias centrais em resposta à Crise de 1929 e a conseqüente Grande Depressão dos anos 30, ocorrida ainda no período do liberalismo clássico. Porém, após a contribuição da “Escola Austríaca” de Hayek na década de 40, o pensamento neoliberal se reformulou, passando a combater o intervencionismo estatal na economia capitalista. Foram necessárias quatro décadas para que os princípios neoliberais fossem adotados mais intensamente por países de economia central e posteriormente pelos países emergentes.

O êxito da disseminação da ideologia neoliberal nos anos 80 foi largamente beneficiada com o fim do regime comunista na Rússia e países do Leste Europeu resultando também em mudanças na própria consciência coletiva das massas populares que, em um primeiro momento, identificaram os fundamentos neoliberais com a liberdade e democracia. Para Claval (1979), a propagação dos fundamentos ideológicos se vale dos meios de comunicação de massa. Os valores morais do capitalismo de consumo são ampliados em escala monumental com o advento dos modernos meios de comunicação, constituindo um poderoso instrumento de conversão e dominação da população. Antes, esses métodos de propaganda ideológica, já tinham sido amplamente utilizados pelos regimes fascistas e stalinistas. Porém, nos países do capitalismo liberal, designados como democráticos, a propaganda ideológica massificada esteve quase que restrita aos EUA até a II Grande guerra. Entre os valores mais cultuados no capitalismo liberal está o direito de propriedade particular dos meios de produção mesmo que sem finalidade social, pressuposto da liberdade do mercado econômico. Então, cria-se o mito de que toda a população pode ascender socialmente, desfrutando da terra das oportunidades. Como salienta Frémont (1980), quando o espaço é afetado por profundas e brutais transformações econômicas e sociais, determinada parcela da população pode não se adaptar ao novo ambiente gerado. O impacto do capitalismo sobre comunidades tradicionais, por exemplo, pode ser avassalador, destruindo o modo de vida e os valores sociais que foram elaborados ao longo de milhares de anos. 

Com o novo mapa do mundo, advindo da globalização neoliberal, os geógrafos e outros cientistas sociais, parecem atordoados, não conseguindo mais ajustar seu foco de estudo. Os postulados da geografia crítica parecem anacrônicos e desacreditados diante da realidade uniforme e destoante. A geografia humanista voltada para as peculiaridades do indivíduo e do grupo social ainda não corresponde aos anseios para um espaço alienado e pasteurizado, mais útil ao sistema vigente. Entre as três principais correntes metodológicas da Geografia, a quantitativa ganha novamente espaço nas academias como um método mais confiável e suscetível de ser manipulado pela ordem estabelecida. Depois de servir aos governos capitalistas e comunistas ditatoriais e autoritários (Andrade, 1993), a corrente quantitativa neopositivista conservadora agora se coloca a serviço das forças mais reacionárias do establishment do capitalismo central.

O mundo atual coloca um desafio às ciências sociais e a Geografia em particular. Como manter a independência acadêmica, o livre pensamento e a atuação profissional frente a uma modelo de sociedade monolítico? Como refutar o dogmatismo científico? Para uma resposta eficaz seria útil realizar pelo menos uma breve análise histórica do desenvolvimento epistemológico das ciências sociais e possivelmente se fazer uma projeção para seu futuro.

Os sinais do esgotamento do modelo neoliberal: uma nova geografia pós-moderna?

O domínio do capital financeiro sobre o produtivo, a mola mestra da fase atual do capitalismo, já apresenta evidentes sinais fissuras. A instabilidade dos mercados financeiros e as bolhas especulativas ficam cada vez mais à mostra, embora os governos dos países centrais, solidários em salvaguardar os interesses de empresas fantasmas e grandes especuladores, tentam a todo modo camuflar as rachaduras de um castelo que está ruindo. Na potência hegemônica, os EUA, onde a receita liberal sempre foi a característica mais autêntica de sua organização social, também é onde se percebe mais claramente o esgotamento dessa ordem. Primeiro, foram as fraudes de balanços financeiros de grandes empresas de telecomunicações no final da década de 90. Mas, tudo isso foi esquecido com o atentado de 11 de setembro de 2001 e a Guerra do Afeganistão e Iraque. Agora, é as grandes instituições financeiras que são vítimas de sua própria ganância e irresponsabilidade em querer aferir lucros cada vez maiores em menor tempo possível. Além disso, o próprio governo norte-americano é perdulário e tem déficit crônico há décadas. Para manter essa situação, o capitalismo norte-americano confiava no tripé constituído pelo poder militar, poder do dólar e controle das fontes de petróleo para financiar indefinidamente sua economia sem lastro. Porém, o elo mais frágil dessa corrente, o dólar, começa a esmorecer frente ao crescente poder do euro, uma moeda vinculada a economias mais sólidas e responsáveis.

A era de Bretton Woods começa a chegar perto do fim e a confiança no dólar como moeda padrão fica cada vez mais abalada.  Em meio à crise das hipotecas, o Banco Central Americano (Fed) rasga os preceitos neoliberais e faz fortes intervenções keynesianas no mercado financeiro tentando saná-lo.  Como em 1929, fica evidente que o liberalismo econômico resulta em crises econômicas, mas não consegue resolvê-las com a “mão invisível” e sem a intervenção do Estado. Para Sodré (1998), o neoliberalismo não apresenta nada substancial de novo em relação ao velho liberalismo, apenas disfarçado em novas roupagens, ele em nada muda a velhas estruturas do Estado Burguês. Na verdade, esse sistema consagra o que existe de mais obsoleto na ordem econômica mundial: imperialismo, neocolonialismo, concentração de renda e maximização de lucros.

Com todas essas transformações do mundo contemporâneo como fica a atuação dos geógrafos no Terceiro Milênio. Existe um equívoco em considerar as ideologias clássicas como ultrapassadas e que não respondem à conjuntura atual. Em verdade, nada de profundamente inovador foi criado em substituição ao marxismo, humanismo cultural e positivismo. Mesmo essas teorias foram resultados do desenvolvimento filosófico desde os clássicos gregos, passando pela Idade Média, Renascimento e Iluminismo. A Pós-modernidade carece de fundamentos filosóficos e epistemológicos para considerá-la como uma teoria sócio-econômica. Em tudo, ela emana uma tentativa de conciliar a Era da Globalização com as antigas teorias sociais, não apresentando nada de novo em seu arcabouço teórico e metodológico. A expressão pós-moderna também pode ser considerada revisionista, quando tenta adaptar de forma positiva os preceitos do marxismo e humanismo para a nova sociedade pós-industrial, com uma postura conservadora fazendo concessões intoleráveis ao statu quo. Para Harvey (2003), a nova condição pós-moderna da sociedade pressupõe a diversificação se seus valores que a levaria à sua fragmentação.

Contudo, a pseudo teoria pós-moderna se embriaga com os aspectos exteriores da última fase do capitalismo tardio (Mandel, 1995), não tocando no cerne da questão social que é o modo de produção e distribuição da riqueza no sistema capitalista. O avanço do processo produtivo na economia de alta tecnologia é considerado como revolucionário, quando na verdade ele não está mudando nada na essência, apenas intensificando o processo de acumulação de capital, cada vez mais concentrado em poucos países e corporações. Outro tema abordado é a imagem da mercadoria. Hoje, se vende não só a mercadoria, mas também sua imagem. Mas, a propaganda que constrói a imagem é a verdadeira alma do negócio capitalista, e isso já vem se desenvolvendo há mais de um século.

A geografia da pós-modernidade me parece pobre em fundamentos epistemológicos. Ao mesmo tempo em que mantém distância do positivismo quando tenta dar relevância aos aspectos culturais da sociedade, dele se aproxima quando apresenta uma indisfarçável aceitação do processo de globalização do capitalismo, como sendo uma característica do sistema-mundo, natural como o próprio nascer do sol a cada manhã.  Há que se rejeitar essa postura conformista e colaboracionista com o poder do capital. A Geografia como todas as ciências sociais, deve ser um instrumento a mais para transformar a sociedade e não compactuar de forma complacente com o poder.

A sociedade atual não clama mais por mudanças, o efeito devastador da mídia eletrônica, aparelho ideológico do sistema, conseguiu convencer as pessoas de que o único caminho a ser seguido é este que está estabelecido. O filósofo Lipovetsky (2004), de forma prudente, prefere utilizar a expressão hipermodernidade para definir os tempos atuais. Para o autor, a sociedade atual não ultrapassou a Era da Modernidade somente porque sofisticou as formas de acumulação do capital. A era hipermoderna está dominada pelo hiperconsumo, tudo se faz para obter os bens de consumo, sendo que a própria pessoa humana se torna uma mercadoria. O “fetiche da mercadoria” é sucedido pelo “fetiche da marca”, o que importa é conquistar os bens que o sistema elegeu como sinônimo de alegria, felicidade e bem estar. Neste processo não há lugar para todos e os excluídos da festa do consumo são tratados como parias da sociedade, incapazes de serem felizes em um mundo repleto de oportunidades para tal façanha. As massas desfavorecidas da hipermodernidade se revoltam, mas de maneira anárquica e sem coesão de propósitos. A luta é de ímpeto individual e fútil, com violência gratuita e sem causa, não se procura mudanças na organização social, apenas se ajustar aos seus padrões de consumo mesmo que por métodos ilícitos, gerando as sociedades do medo.

A sociedade sem medo para Tuan (2005) ainda pode ser encontrada nas comunidades primitivas de nativos americanos, africanos e asiáticos. Nelas, o espírito comunitário está ainda forte e presente. Apesar de contar com parcos recursos materiais e tecnológicos, a comunidade se sente segura devido aos fortes vínculos coletivistas entre os indivíduos. Para sua reprodução, a última fase do capitalismo tardio necessita da fragmentação social e majorar o individualismo e o consumismo.  Os geógrafos têm um importante papel no estudo e interpretação da sociedade contemporânea, bem como na contestação da ordem estabelecida se assim o julgar melhor.  Finalmente, não devem abrir mão da independência acadêmica e da militância política na qualidade de cidadãos livres e engajados nos movimentos sociais.

Bibliografia

ANDRADE, Manuel Correia de. Geografia, Ciência da Sociedade. São Paulo: Editora Atlas S. A. 1987.

ANDRADE, Manuel Correia de. Uma Geografia para o Século XXI. Recife: CEPE. 1993.

CLAVAL, Paul. Espaço e Poder. Rio de Janeiro: Zahar Editores S. A. 1979.

FRÉMONT, Armand. A Região, espaço vivido. Coimbra: Livraria Almedina. 1980.

HARVEY, David. Condição Pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Editora Loyola, 2003.

LIPOVETSKY, Gilles. Os Tempos Hipermodernos. São Paulo: Editora Barcarolla, 2004.

MANDEL, Ernest. Long Waves of Capitalism Development. USA: Verso Books. 1995.

PERROUX, François. L’economie du XXéme siècle. Paris: PUF, 2ª ed., 1964.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização; do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro-São Paulo: Editora Record, 2000.

SODRÉ, Nelson Werneck. A Farsa do Neoliberalismo. Rio de Janeiro: Graphia Editorial. 5ª ed., 1998.

TUAN, Yi Fu. Paisagens do Medo. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

 

Referencia bibliográfica

Mazetto, Francisco de Assis Penteado. La geografía y la globalización: problemas y desafíos. Diez años de cambios en el Mundo, en la Geografía y en las Ciencias Sociales, 1999-2008. Actas del X Coloquio Internacional de Geocrítica, Universidad de Barcelona, 26-30 de mayo de 2008. <http://www.ub.es/geocrit/-xcol/306.htm>

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