IX Coloquio Internacional de Geocrítica

LOS PROBLEMAS DEL MUNDO ACTUAL.
SOLUCIONES Y ALTERNATIVAS DESDE LA GEOGRAFÍA
Y LAS CIENCIAS SOCIALES

Porto Alegre, 28 de mayo  - 1 de junio de 2007.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul


O lugar como possibilidade de conhecimentona realidade escolar

Glória da Anunciação Alves
Departamento de Geografia
Universidade de São Paulo
gaalves@usp.br


O lugar como possibilidade de conhecimento na realidade escolar (resumo)

A proposta deste artigo é discutir como a categoria lugar pode possibilitar uma mudança não só do entendimento da realidade do mundo em que vivemos, abrindo possibilidades de transformação, como também da relação ensino/aprendizagem por meio de projetos. Trabalhar com projetos interdisciplinares na escola é tido hoje, do ponto de vista pedagógico, como uma alternativa ao ensino. Entretanto, ainda que formalmente a proposta esteja posta em documentos oficiais do Estado e prefeituras (no caso estudado, do Estado de São Paulo e Prefeitura da Cidade de São Paulo), esta prática está distante das existentes nas escolas públicas. A realização do projeto intitulado “Semana de Geografia”, desde 2003, vem mostrando como a articulação Universidade-Escola Pública auxilia no debate sobre as práticas no ensino da geografia em sala de aula. Em especial, a III Semana de Geografia, realizada em 2006, mostrou como projetos pautados na discussão do lugar possibilitaram aos alunos a identificação dessa categoria de análise como espaço da vida, com uma história, permitindo um melhor entendimento do cotidiano, das causas de seus problemas, bem como de iniciativas para superação dos mesmos. É essa proposta  que pretendemos aqui discutir e avaliar.

Palavras chave: ensino de geografia, lugar, cotidiano, transformação sócio-espacial.


The place as a possibility of knowledge in the school reality (Abstract):

This article is intended to discuss the way the category place may contribute to change not only the understanding of reality in the world we live, making transformations possible, but also the relation teaching/learning through projects. From a pedagogical point of view, the work with interdisciplinary projects in school is currently considered as an alternative to teaching. Nevertheless, even though this proposition is formally included in official documents issued by state and city governments (in the case that concerns us, the state of São Paulo and the city of São Paulo), this usage is far from the ones applied in public schools. The achievement of the project called “The Week of Geography”, since 2003, has shown how the articulation University-Public School may help the debate about how geography is taught in class. More particularly, the 3rd Week of Geography, which took place in 2006, showed how the projects based on the discussion on place permitted the identification by the students of this category of analysis as a life space, having a history, allowing a better comprehension of everyday life, of the causes of their problems, as well as the actions in order to solve them. That is the subject we intend to discuss and evaluate here.

Key-words: teaching geography, place, everyday life, sociospacial transformation. 


A intenção deste seminário é que nos debates sejam apresentadas alternativas, propostas de soluções e respostas aos problemas que investigamos e que afligem o mundo moderno. O que apresento neste artigo é uma proposta, uma alternativa que surgiu de um problema posto e que, como veremos, está em avaliação e reformulação, como aliás se espera de proposições.

O problema

No Brasil, muito tem se discutido sobre a escola e o ensino público nos mais diversos níveis. Quando se diagnostica a qualidade do ensino público fundamental e médio, os números revelam um quadro negativo: ainda que boa parte das crianças e jovens brasileiros estejam cursando o ensino público, a qualidade, medida em avaliações governamentais (saeb[1] e o  ENEM[2]), tem resultados inferiores aos obtidos pela rede privada de ensino e isso têm sido amplamente divulgada na mídia brasileira[3].

Os motivos relacionados ao mau desempenho da escola pública básica estão ligados a vários fatores, tais como: salas superlotadas, má formação de docentes, precária infra-estrutura escolar, problemas de desestruturação familiar, violência, ou seja , a escola pública é um dos locais para onde se convergem os diversos problemas sociais de nossa sociedade e para os quais nem a instituição escola e nem seus profissionais (professores, coordenadores,  diretores, auxiliares) estão preparados para solucionarem, até porque muitos fogem a alçada de tais educadores.

Esse quadro passou a ser questionado por alunos do curso de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo[4], que viam um descompasso entre o que estudavam no curso e a realidade encontrada e vivida na escola pública[5]. Frente a esse problema encontrado, a dificuldade de desenvolver a cidadania e o espírito crítico de modo a transformar a realidade a partir do conhecimento geográfico, esses alunos procuraram docentes da Universidade para que juntos pudessem realizar uma proposta de alteração desse quadro.

A Semana de Geografia

A Semana de Geografia foi a proposta encaminhada pelo grupo de alunos, e endossada pelos professores responsáveis, formulada em 2003 como uma atividade de extensão do Departamento de Geografia e que visava apontar alternativas para o problema levantado, mas partindo do pressuposto que a Escola pública não é somente um problema, como é muito divulgado a ponto dessa idéia ter se tornado senso comum, mas a Escola pública como também fonte de soluções e propostas realizáveis.

Essa primeira Semana de Geografia[6] “A Universidade e a Comunidade no aprendizado de Geografia: Outros espaços”, além dos momentos de formação continuada, realizados na forma de oficinas, palestras, conferências e mesas redondas, havia também o espaço de mostra de projetos.

A mostra de projetos, nessa primeira edição, tratou de trabalhos realizados nas escolas públicas estaduais e municipais (tanto da cidade de São Paulo como de cidades da região metropolitana de São Paulo) bem como de trabalhos de pesquisa de alunos do Departamento de Geografia que, de alguma forma, envolviam o ensino. Nessa I Semana, os projetos apresentados pelas escolas estavam mais ligados ao uso de novas tecnologias (como usar o computador no ensino), de tentativas de interdisciplinaridade, sendo que apenas uma escola estadual da periferia da cidade de São Paulo (Campo Limpo) apresentou um projeto que tentava entender a cidade a partir da segregação sócio-espacial, na qual o bairro do Campo Limpo estava inserido.

De acordo com relato dos professores responsáveis e alunos participantes, foi realizado um trabalho , finalizado na forma de um painel, em que se via a realidade sócio-espacial do de campo Limpo bairro: “do lado de  cá da ponte”[7] (ou da Euzébio Matoso ou da João Dias- ambas sobre o Rio Pinheiros), do lado do bairro do Campo Limpo a figura apresentada aparecia em branco e preto, sendo desenhadas casas, ruas, galpões, pessoas; do lado de lá , ou seja depois da ponte, no chamado Centro expandido, a ilustração aparecia colorida, dando a idéia de possibilidade de apropriação dos bens públicos e da vida citadina que na cidade exixtiria. Na representação, a fala dos moradores dos bairros dessa região foi contemplada: muitos realmente usam a expressão do lado de cá da ponte para se referir a uma realidade mais dura, ligando a uma idéia de periferia . Mas o que seria periferia? Na visão de MARTINS (2001:79) a periferia “...é o espaço do confinamento nos estreitos limites da falta de alternativas de vida” ou seja, é a possibilidade única de moradia para a maior parte da população de baixa renda, que busca meios de sobreviver, principalmente nas grandes cidades que se apresentam, e o são, áreas de concentração econômica e que, por isso, atraem população em busca de melhores condições de vida.

LANGENBUCH destaca que o termo periferia era empregado no sentido de indicar a parte da cidade localizada em suas bordas, mas que no Brasil o mesmo termo aparece com forte conotação social e não apenas como localização, indicando 

porções de qualquer aglomeração urbana, localizadas via de regra na porção próxima aos limites externos da área edificada, onde predomina a ocupação residencial pelas camadas mais pobres da população, estabelecida ali de modo bastante precário . (LANGENBUCH ,2001:89)

Essa era a característica de periferia que mais era difundida principalmente entre geógrafos e sociólogos no Brasil até a década de 80 (séc. XX), ou seja, área afastada, com  predominância de população de baixa renda, com carências de infra-estrutura sociais das mais diversas e, principalmente, na visão de BONDUKI (2001), sem identidade, diferente das relações que se estabeleciam nos bairros que crescem até os anos 50 (séc. XX).

Já na visão e discussão dos alunos e professores dessa escola do Campo Limpo o debate se deu não em torno do conceito, mas do que representa, na vida das pessoas, morar em uma periferia: a falta de cidadania, daí seu bairro ser representado em preto e branco e não colorido como no Centro expandido. Para essa discussão foi de fundamental importância, na avaliação deles, a leitura da obra “O Espaço do cidadão” de Milton Santos, que discutia como, no Brasil, ao invés de cidadãos temos consumidores mais que perfeitos.

Nessa I Semana, como ocorreu nas outras, os professores não tinham dispensa do dia de trabalho para poderem participar do evento. Muitos deles, em particular os que tinham projetos a ser apresentados,  criaram uma estratégia de modo a fazer com que as aulas , ou pelo menos parte delas, formalmente estivessem sendo realizadas durante o evento. No caso dessa escola do Campo Limpo, a apresentação do trabalho pelos professores e alunos se realizou no dia 15 de outubro, dia em que, por ser o dia do professor. Neste caso, os professores abdicaram do direito à comemoração para virem apresentar o trabalho.

Já a II Semana de Geografia[8], intitulada I Encontro de Formação e ensino de Geografia, não teve mostra de trabalhos realizados nas escolas, pois era voltada à formação, sendo restrita a oficinas (num total de 23), mesas redondas(3) e conferências (3), que promoveram debates em torno do ensino de geografia e da ciência geográfica.

Na III Semana de Geografia[9], intitulada  “I Encontro de Ensino de Geografia das Escolas Públicas”, a principal preocupação, recuperando uma atividade realizada na I Semana, foi a realização de mostras denominada Escola de Projetos, em que contou com a participação de alunos de graduação[10] do departamento que, junto aos professores, acompanharam e registraram o desenvolvimento dos mesmos, que foram apresentados durante a III Semana de Geografia. Além da Escola de projetos[11], foram ainda realizadas oficinas[12] para professores da rede pública, núcleo de estudos[13] sobre o ensino de geografia, debates com pesquisadores e profissionais na área de Geografia e Educação por meio de mesas redondas (num total de quatro), apresentação de atividades culturais e exposição no antigo espaço da biblioteca, de painéis e trabalhos realizados tanto pelas escolas participantes como por estudantes universitários.

Em relação à Escola de projetos, chamou a atenção o tipo de trabalhos realizados. De onze projetos apresentados, oito tinham como ponto de referência e preocupação central o entendimento do lugar e foi por meio da discussão do lugar que os alunos mostravam ter discutido questões  que buscavam o entendimento da sua realidade sócio-espacial.

Em um mundo em que tanto se discute a globalização é importante o resgate da categoria lugar para o entendimento do mundo. A categoria lugar sempre esteve presente na discussão geográfica com maior ou menor ênfase. Em  LA BLACHE, a categoria lugar ajudava a compreender o gênero de vida já que era pela relação com o meio onde vivia que retirava  materiais e  elementos que, por meio de processos e invenções, assegurava ao homem a existência que, por sua vez, organizava um meio para seu uso (1954: 172), por isso, para ele, a ciência geográfica deveria compreender a singularidade dos lugares. SORRE, nos anos 50 do século XX afirmava que a noção de gênero de vida na época só tinha sentido se vinculada ao nível da vida  (1952:35),  ou seja, na escala do lugar.  SILVA, ao retomar quais eram os fundamentos do conhecimento geográfico da ciência geográfica tradicional, afirmava que o lugar era então “uma parcela do espaço onde ocorria alguma coisa relacionada à população que o habitava ou que vinha de fora, de outros lugares” (1988:127).  e propunha uma ontologia do lugar que devia ser uma ontologia do espaço. Em suas próprias palavras, ele afirmava que os geógrafos sempre descreveram e explicaram o lugar e suas relações, mas ao propor uma ontologia do lugar busca construir um conhecimento geográfico a partir de uma visão não fragmentada do mundo e, para isso , destacava o papel das relações a medida em que “ o lugar determina as relações e estas o lugar”(SILVA, 1988:7).

DAMIANI (2001) discute, nesse trabalho, como o lugar está relacionado ao cotidiano, entendendo este último conceito como próprio do mundo moderno e, retomando como era entendido o lugar no passado da ciência geográfica, ou seja , relacionado ao gênero de vida, mostra como hoje muitas vezes a explicação do lugar passa também pelo entendimento do mundial. Em suas palavras “...com o lugar no mundo se produz o lugar do cotidiano: nivelamento das necessidades, alinhamento dos desejos uns sobre os outros, cotidianidades análogas, senão idênticas” (2001:165-166). Mas como isso aconteceria? Se pensássemos em escalas geográficas poderíamos dizer que o cotidiano é mais presente ou melhor, dá maior visibilidade à ordem do lugar, da vida, mas como ele se repete, enquanto uma tendência da mundialização, em vários lugares, o cotidiano se torna global, ainda que algumas particularidades permaneçam e marquem determinados lugares, mas sem deixar de fazer parte da mesma lógica de reprodução da sociedade capitalista moderna. Assim, nas palavras de DAMIANI

O lugar, acima de tudo, não é o particular, perdido do mundo, é o diferente. Nasce do embate com os outros lugares, como totalidade, com a totalidade dos lugares, o mundo. Coloca-se no mundo para ser o lugar. O que rege a existência do lugar, como do cotidiano, é o desenvolvimento desigual (2001: 169-170).

Analisando a importância do lugar  para o entendimento do espaço urbano partindo da premissa que a globalização materializa-se no lugar, CARLOS  indica que

...o lugar guarda em si e não fora dele o seu significado e as dimensões do movimento da história em constituição enquanto movimento da vida, possível de ser apreendido pela memória, através dos sentidos e do corpo. O lugar se produz na articulação contraditória entre o mundial que se anuncia e a especificidade da história do particular. Deste modo o lugar se apresentaria como ponto de articulação entre a mundialidade em constituição e o local enquanto especificidade concreta, enquanto momento (1996: 15-16) (itálico no original).

Por outro lado, CARLOS afirma ainda que a metrópole não é lugar, pois ela só pode ser vivida parcialmente(1996:21), o que nos remete ao debate de como entender a metrópole, o espaço urbano, a partir da importância do lugar, tentado promover o que SILVA propõe em sua obra aqui citada, ou seja, de como articular as diferentes escalas de compreensão  do espaço.

O lugar faz parte da vida e é fundamental no entendimento das escalas geográficas da realidade. Sobre isso não poderíamos deixar de mencionar SMITH (2000:142) que concebe a escala geográfica como “...uma resolução geográfica de processos sociais contraditórios de competição e cooperação” e que está relacionada à construção do lugar. Para ele existe uma hierarquia de escalas, a saber: corpo, casa, comunidade, cidade, região, nação, globo e que seria fundamental , no caso desse estudo, a criação de estratégias que ajudassem a entender melhor um dos aspectos da escala geográfica: “as possibilidades políticas de resistência inerentes à produção de escalas especificas, a revogação de fronteiras , o ‘saltar escalas’”(SMITH, 2000: 144) e, acrescentaríamos, possibilidades de transformação, a partir do entendimento das realidades geográficas.

Na mesma linha de DAMIANI  e CARLOS,  temos MASSEY (2000) que procurando discutir o papel do lugar em um mundo globalizado aponta que o entendimento do lugar hoje só é possível se livrado da antiga idéia de comunidade coerente e provida de uma certa   homogeneidade.  Para essa autora o lugar é um processo e entendê-lo pressupõe ter “consciência  de suas ligações com o mundo mais amplo” (MASSEY, 2000:184), e assim, suas singularidades estariam dadas justamente pela globalização das relações sociais que contribui no desenvolvimento geograficamente desigual.

Essa pequena discussão sobre a categoria lugar na geografia é de fundamental importância para que possamos compreender o que ocorreu na apresentação dos oito trabalhos (dentre os onze realizados)[14] elaborados por professores e alunos da escola pública. Em comum, os nove partiam da realidade vivida pelo aluno, para entender o local, ainda que muitos tenham ficado nessa etapa sem conseguir fazer a articulação com outras realidades.

Afirmo que partiam da realidade do aluno pois uma escola em particular, do ensino médio, localizada na área central de São Paulo, a Escola Estadual São Paulo,  se diferenciava das demais com relação aos alunos que a freqüentavam: na maior parte das escolas com projetos, os alunos moram no bairro onde se localiza a unidade, enquanto  que na Escola São Paulo, os alunos moram em diferentes partes da cidade, alguns até da zona leste, o que fez com que o professor[15] pedisse aos alunos que procurassem estudar a urbanização de São Paulo resgatando as transformações dos diferentes bairros onde moravam os alunos. Talvez até pelo diferencial da formação do professor, a articulação do lugar com outras escalas geográficas foi possível e perceptível nas explicações dadas pelos alunos quando da apresentação durante a realização da Semana.

Ainda que todos os trabalhos tenham sido interessantes, no tocante à discussão aqui apresentada (o papel do lugar no entendimento da sociedade moderna), um merece ser aqui melhor discutido: o da Escola Municipal de Ensino Fundamental Prof. João de Lima Paiva, localizada no bairro de Guaianazes, extremo leste da cidade de São Paulo.

Essa  escola apresentou o projeto intitulado “O lugar onde vivo” que foi elaborado pela professora de Geografia, a senhora Luiza Feitosa e teve a monitoria  de Thiago Escafange Lima Neves Silva,  aluno de graduação e licenciatura de Geografia, que acompanhou a escola  também na apresentação do Projeto durante a referida semana. 

O projeto contou com a participação de alunos das 5as até as 7as e procurava, na proposta da professora, integrar os conteúdos discutidos em aula com a vivência dos alunos de modo a torná-los significativos. A proposta foi tão bem aceita pela comunidade escolar que aos poucos, ou seja, durante o desenvolvimento do projeto, houve a participação de professores de outras disciplinas, da direção e até da APM[16] da escola que contribuiu com verbas para a finalização e apresentação do mesmo durante a III Semana de Geografia. Ainda que em andamento quando o monitor começou a participar, este contribuiu no sentido de questionar a possibilidade de articular a realidade de Guaianazes a outras áreas da cidade, de modo que não ficasse Guaianazes enquanto um espaço particular, único e desconectado do processo de constituição da cidade de São Paulo.

A proposta do projeto realizado nessa escola tinha, como produto final, a elaboração de um vídeo cujo título era o mesmo do projeto “ O lugar onde vivo”. Mas a realização do mesmo implicava, e isso foi explicado aos alunos,  na realização de pesquisas sobre o bairro das mais diversas formas: desde levantamento de dados estatísticos do IBGE, da Prefeitura da cidade de São Paulo, de levantamento bibliográfico sobre a história e ocupação da região de Guaianazes, de notícias de jornais, de textos acadêmicos que versavam sobre a ocupação da região, a importância da estrada de ferro e das rodovias para a ocupação da cidade, assim como levantamento de campo com entrevistas com antigos moradores e trabalhadores da região, bem como observação da paisagem e registro de imagens por meio de relatórios, fotos e gravações em vídeo.

Pelo colocado acima, os alunos e professores realizaram uma pesquisa geográfica apropriando-se ou utilizando boa parte do fundamental, ao menos no levantamento de dados, para a coleta de informações necessárias ao desenvolvimento desse trabalho. Eles realizaram tanto levantamento de dados primários como secundários; analisaram a paisagem; por meio de relatórios entregues aos professores foram conhecendo a produção do espaço em que viviam e, ao final, produziram o vídeo que procurava sintetizar os conhecimentos por eles produzidos. De certa forma atingiram o objetivo proposto: alguns conceitos geográficos passaram a fazer sentido na vida desses estudantes.

Para provar a afirmação acima se faz necessário um comentário sobre a produção final desse projeto, como veremos agora.

O vídeo “O lugar onde vivo” produzido pelos alunos e professores da EMEF Prof. João de Lima Paiva, tem um total de 17 minutos, onde se pode ter uma pequena noção do que é o bairro de Guaianazes.

O vídeo mostra cenas do bairro, cujas imagens revelam uma paisagem reconhecida, até mesmo pelo senso comum, pelo que se denomina por periferia, na acepção mais sociológica brasileira dos anos 70 do século XX:  um local distante da área central onde predomina a presença de moradias de baixa renda, caracterizadas pelo cinza da auto-construção (inclusive nas áreas de risco), pela existência de favelas e de conjuntos habitacionais (tanto Cohab como CDHU) além de inexistência ou precariedade de infra-estrutura básica como escolas, hospitais, equipamentos de  cultura e lazer, água, luz, esgoto, iluminação pública, entre outros .

Junto às imagens, as informações mostram o processo de levantamento dos dados, ainda que inicialmente remeta à tradicional concepção que se tem da geografia escolar: uma apresentação do bairro de forma estatística. São mostrados no vídeo a área do bairro (17,8 km2), o número de habitantes (520 mil) , a data da fundação (1861), o início da estrada de ferro (1865). Aos poucos, porém, os dados e informações passam a ser articulados, procurando promover um entendimento do lugar , mostrando que, desde sua origem, ele não pode ser entendido sem que se compreenda junto o processo de crescimento e urbanização da cidade de São Paulo, que por sua vez necessita, para a compreensão, do que acontece no processo de modernização brasileira e na articulação e inserção do país no mundo.

A existência da estrada de ferro, ou seja, de caminhos que ligam essa região com o centro da cidade paulista, foi a que possibilitou a chegada de imigrantes italianos (provavelmente vindos da área industrial do que posteriormente viria constituir o Estado italiano) no final do Século XIX à região que, em Guaianazes instalaram olarias, que durante muito tempo foi a responsável pela geração de empregos na região.

É relatado no vídeo também que a partir dos anos 40 do Século XX, com a industrialização da cidade, houve a chegada de muitos migrantes (principalmente nordestinos). A partir dos nos 60 (séc. XX) em diante, muitos deles se instalam em Guaianazes devido à existência da estrada de ferro, e posteriormente de transporte coletivo rodoviário, bem como da construção de conjuntos habitacionais por parte dos poderes públicos municipal e estadual. Aliado a isso, como nos mostra LANGENBUCH (1971), existe a venda de lotes por parte do setor imobiliário, fato que ocorre até hoje e que explica, em parte, a existência de tantas áreas de auto-construção no bairro.

Ainda que LANGENBUCH  não tenha sido lido pelos alunos, foi pelo trabalho de campo, com entrevistas aos moradores do lugar que obtiveram essa informação. Entrevistaram funcionários da escola que também são moradores do bairro e deles, cujos depoimentos aparecem no vídeo, puderam traçar um panorama dos migrantes e dos motivos que os levaram para esse bairro e que, de acordo com os estudos geográficos que conhecemos sobre a urbanização paulista, não diferem do que ocorreu com o restante da cidade no mesmo período.

Foram quatro entrevistas. Em comum todos chegaram à São Paulo entre fins dos anos 60 e meados dos anos 70. No caso dessa pequena amostragem, uma entrevistada era de Pernambuco, um de Minas Gerais e duas do Paraná. O motivo mais citado: a busca de trabalho. São Paulo era nessa época, a cidade no Brasil que mais crescia graças à industrialização e que oferecia as maiores oportunidades de trabalho já que a indústria, ainda marcada pelo fordismo, necessitava de grandes contingentes de mão de obra e por isso atraia pessoas de todo o Brasil. Segundo a maior parte dos trabalhos geográficos dessa época, o maior fluxo de migrantes era do Nordeste, dado este presente em mapas escolares como vemos na figura 1 e sites da Internet.

Figura 1- Fluxos de Migrações

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Migra%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil

Ainda que a amostragem, até por ser aleatória e restrita aos funcionários da escola, não tenha confirmado esse dado, ele pode ser verificado quando a esses depoimentos acrescentamos os dos comerciantes locais, que reconhecemos, pelo sotaque, a origem, ainda que a eles esta não tenha sido perguntada.

Além da possibilidade de acesso a um  trabalho,  respostas como “conhecer a cidade grande”, “ter mais oportunidades”, “conseguir dar uma educação aos filhos”, ter acesso a serviços de saúde, “fazer exames que só em hospitais de São Paulo existiam”, remetem à dimensão da centralidade que São Paulo era (e ainda é) e representava dentro do Brasil.

Mas chegar à centralidade de São Paulo não queria dizer ficar nas centralidades de São Paulo: o acesso à moradia muitas vezes implicava em grandes deslocamentos diários: as pessoas moravam em Guaianazes, mas em sua maioria, trabalhavam em outras áreas da cidade.

Se nos anos 70 (séc. XX) a cidade representava a possibilidade de trabalho (em geral no setor industrial ou de construção civil), com carteira assinada, no início do séc. XXI, com a crise do fordismo e uma tendência à flexibilização da produção e relações de trabalho, a cidade, ainda que continue oferecendo possibilidades, estas já não ocorrem da mesma forma. Diante de um quadro mundial de flexibilização, as possibilidades são cada vez mais restritas e os problemas urbanos decorrentes disso e da particularidade da desigualdade social brasileira tem implicado no aprofundamento das desigualdades sociais, fato este relatado pelos alunos ao caracterizarem hoje Guaianazes a partir de seus problemas que foram quantificados: 13 por cento da população de Guaianazes mora em favelas, o IDH (Indice de Desenvolvimento Humano) é de apenas 0,458- um dos mais baixos do país e, segundo eles do mundo-, há um alto índice de mortalidade infantil, poucos hospitais, baixo índice de população com ensino médio, pouca área verde, falta de infra-estrutura básica (pavimentação e iluminação de ruas; água e esgoto; poucas escolas públicas; poucas áreas de lazer e cultura, dentre outros). Esses dados, todos obtidos de fontes oficiais (IBGE, Prefeitura da Cidade) são confirmados na entrevista com o sub-prefeito de Guaianazes, que reconhece a falta de infra-estrutura sem, entretanto, propor alternativas para solucionar os problemas mencionados.

Todos os problemas são apresentados junto às imagens que corroboram com a informação: são mostradas áreas de risco, bem como a explicação do que viriam a ser as mesmas, de auto-construção, de córregos poluídos com as casas os margeando, sujeira, ruas não asfaltadas e totalmente desprovidas de vegetação arbórea.

Até essa parte do vídeo, apenas os problemas relativos ao bairro (muitos deles recorrentes em outras áreas da cidade, pois fazem parte de um mesmo processo) são relatados e mostrados, mas é a partir da denúncia dos mesmos que aparece, na seqüência, o outro lado que existe no bairro e que, segundo os alunos, são a melhor parte desse lugar: as pessoas e , que por seus relatos e experiências podem contribuir, pela divulgação de seu conhecimento, com mudanças no bairro.

O conhecimento do bairro passa então pelo reconhecimento e recuperação da história desse lugar, numa sucessão de informações obtidas tanto pelos documentos pesquisados como pelas entrevistas com comerciantes, trabalhadores e moradores locais. Pode parecer estranho a afirmação a seguir, de que os alunos descobriram que esse lugar tinha história. Tanto nessa escola como na Escola Estadual São Paulo, uma das surpresas dos alunos com relação às pesquisas realizadas foi “descobrir” que seus locais de moradia tinham sim uma história, que a História fazia parte também da sua vida e de seu lugar e não apenas das localidades consideradas importantes (do ponto de vista econômico, político e social) dos quais , em geral, se consideram excluídos.

As cenas da parte final desse vídeo incluíam, por meio de comparações de fotos do final do século XIX e início do XX com imagens coletadas durante a realização da pesquisa, das transformações espaciais pelas quais a localidade havia passado. A esses registros visuais acrescentavam-se os depoimentos de vida das pessoas que se apropriaram desse lugar. Alguns dos entrevistados afirmavam que Guaianazes havia mudado muito, perdendo as áreas verdes e o córrego límpido em que outrora os rapazes se divertiam. Dessa informação apenas as fotos davam registro.

No momento atual o que se registra é o córrego poluído, sujo, com o esgoto correndo a céu aberto. Das áreas verdes, das antigas chácaras não há mais registro: a ocupação, resultado do crescimento da cidade segundo a lógica de reprodução capitalista, é marcada pela auto-construção, em geral realizada em loteamentos irregulares, promovida pela especulação imobiliária , pelo aumento do número de favelas e pelos conjuntos habitacionais populares. Essa informação é dada aos espectadores do vídeo, com o reconhecimento por parte dos alunos que essa paisagem registrada está relacionada à má distribuição de terra e a desigualdade social presente na cidade, ainda que o porquê disso não seja discutido, apenas constatado.

Segundo os entrevistados o bairro melhorou muito se comparado com o que era em seu início: a vida era ainda mais difícil pois se hoje a infra-estrutura é ainda precária, outrora era praticamente inexistente. Apesar da melhora , reconhece-se que ainda há muito pelo que lutar[17]. A periferia ainda é marcada pela segregação sócio-espacial, mas não se pode mais falar, como ocorria outrora, em inexistência de infra-estrutura, ainda que esta seja deficitária. Como nos mostra TORRES  e OLIVEIRA (2001:66) “ a segregação se manifesta a partir de outras dimensões...como a ausência ou precariedade do emprego, os níveis de violência, a má qualidade construtiva dos domicílios, a distância aos equipamentos de saúde...”.

Há, por parte de alguns dos entrevistados, tal reconhecimento  e, por isso, a alternativa para a melhoria do bairro passaria, na visão dos mesmos, pela instalação de indústrias no bairro de modo a minimizar a violência e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores que hoje gastam horas no deslocamento casa-trabalho, já que boa parte dos empregos dos trabalhadores está localizada em outras centralidades da cidade.

Essa idéia de emprego vinculado à existência de indústrias ainda é muito presente em moradores e trabalhadores das áreas mais periféricas. Talvez a vida cotidiana , associada ao ensino de geografia de jovens e adultos,  venha iluminar o fato de que vivemos em outro momento, em que as relações  de produção e de trabalho se flexibilizam e que o sonho da carteira de trabalho assinada fica cada vez mais distante. 

Dos anos 70, auge da industrialização paulista, época marcada pela chegada dos migrantes, ainda se  preservam as redes de solidariedade. Ainda que cada vez mais remota a chance da conquista de um emprego formal, a grande metrópole paulista continua sendo uma área de atração, de oportunidades. Os atuais migrantes, num primeiro momento, como outrora, buscam os bairros onde seus parentes têm moradia. Os que possuem mais recursos ou que obtém mais ajuda, muitas vezes conseguem comprar terra num dos loteamentos irregulares na própria região ou em outros bairros. Os que não têm essa possibilidade acabam, muitas vezes, por ir morar nas favelas dessas periferias revelando o fenômeno da segregação da segregação (TORRES  e OLIVEIRA , 2001:67).

Ao final do vídeo, com imagens deles na escola,  os alunos, por meio de poesias[18] e depoimentos próprios, indicam que se reconhecem como sujeitos históricos e com possibilidades de transformar a realidade, mas que para isso, é necessário conhecê-la.

Conhecer o lugar abre a possibilidade de se entender as relações com outros lugares, ampliando a discussão para além do econômico, recuperando dimensões ligadas ao vivido,  cotidiano, que é também global, sendo de fundamental importância a contribuição do conhecimento geográfico, mas que este não esteja restrito aos muros da Universidade, que invada a vida das pessoas, sendo talvez o ensino de geografia, nos níveis fundamental e médio, importante para essa tentativa de transformar a vida, e por quer não, o mundo.

Pode ser uma pequena contribuição, talvez até uma gota frente às necessidades postas nos ensino público, mas pela articulação Universidade- Escola pública, por meio de iniciativas como esta, como a Semana de Geografia,  idealizada por alunos de graduação de Geografia, preocupados com a crise por que passa o ensino público brasileiro que foi possível perceber o quanto a categoria lugar pode ser importante para a transformação da realidade local, sempre recuperando que essa não pode ser entendida per si e sim pela articulação com outros lugares, outras realidades postas nas mais diferentes escalas geográficas.

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SORRE, M. Le fondements de la geografia humaine. Paris: Librarie Armand Cohus, 1952.

SILVA,  A. C. da. O espaço fora do lugar. São Paulo: Hucitec, 1988.

TORRES,  H. da G. e OLIVEIRA, M. A. Quatro imagens da periferia paulistana in ESPAÇO & DEBATES, 42, São Paulo: NERU,2001, pp.64-69.



Notas

[1] Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), realizado desde 1990, aplica avaliações aos alunos da 4a , 8a do ensino fundamental e 3a série do ensino médio.

[2] O Enem - Exame Nacional do Ensino Médio foi instituído em 1998 para ser aplicado, em caráter voluntário, aos estudantes e egressos deste nível de ensino. Realizado anualmente, tem como objetivo principal avaliar o desempenho do aluno ao término da escolaridade básica e pode servir como um dos itens na composição das notas de vestibular.

[3] Exemplo disso é a matéria do Jornal Folha de São Paulo (um dos jornais de maior tiragem no Brasil) de 09.02.2007 intitulada “Ensino público piorou mais que o privado”.

[4] A Universidade de São Paulo, foi criada em 1934, coma criação da Faculdade de Filosofia. É uma Universidade pública e gratuita que tem reconhecimento e importância nacional e internacional.

[5] Muitos desses alunos vinham de escolas públicas ou , já como universitários, estavam nelas lecionando.

[6] Depois dessa, em 2005 realizou-se a II, em 2006 a III e para 2007 está sendo proposta a IV Semana intitulada  “A escola pública sob novos olhares e novas atitudes: cercas e pontes entre a universidade e o ensino de geografia”

[7] Expressão utilizada pelos alunos para explicar a localização do bairro.

[8] Realizada de 24 a 27 de outubro de 2005.

[9] Realizada de 23 a 27 de outubro de 2006.

[10] A maior parte desses alunos cursava também, na Faculdade de Educação (FE-USP), disciplinas relacionadas à Licenciatura  em Geografia.

[11] Foram selecionadas 10 escolas num total de 11 projetos, sendo que em cada um deles havia um aluno do departamento monitorando.

[12] Nessa edição da Semana de Geografia todas as oficinas foram realizadas durante os meses de agosto e setembro de 2006, aos sábados pela manha e tarde, de modo a que um maior número de professores pudessem participar sem ter prejuízo com relação aos dias de trabalho. No total foram  30 oficinas com uma média de 30 pessoas em cada uma delas.

[13] O Núcleo de estudos foi realizado quinzenalmente entre os meses de agosto e setembro num total de cinco encontros para discussões em que sempre havia um texto base para discussão sob a coordenação de um pesquisador do assunto.

[14] Os projetos desenvolvidos nas escolas públicas intitularam-se:  “Estudo sobre a urbanização da grande São Paulo”; “A geografia se justapondo a arte”; “Brasilidades”; “Lugares, memória e meio ambiente em Osasco”; “O lugar onde vivo”; “Onde moro? Os movimentos sociais e a cartografia”; “conhecer e regatar o valor de uma vivência: o bairro”; “A escola, o bairro vistos através de documentos primários e a construção do conceito de produção do espaço geográfico:1956-2006”; “Eu aluno” faço parte da população brasileira”.

[15] Casualmente o professor em questão é aluno de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da FFLCH-USP e se chama Nedir Fernandes de Almeida.

[16] APM-  Associação de Pais e Mestres.

[17] Afirmamos que se trata de luta por melhorias nas regiões mais periféricas. De acordo com MARQUES  e BICHIR (2001) os investimentos públicos nas áreas ditas periféricas aumentou desde os anos 80 (séc. XX) devido principalmente às pressões dos movimentos sociais organizados, com maior investimento quando associados  à existência de  administrações municipais mais de centro-esquerda.  

[18] Os alunos recitam em forma de jogral  parte da letra da música de Chico Buarque intitulada “A Cidade ideal”. O trecho citado foi:

Mas não, mas não
O sonho é meu e eu sonho que
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
Fossem somente crianças
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
E os pintores e os vendedores
As senhoras e os senhores
E os guardas e os inspetores
Fossem somente crianças

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