IX Coloquio Internacional de Geocrítica

LOS PROBLEMAS DEL MUNDO ACTUAL
SOLUCIONES Y ALTERNATIVAS DESDE LA GEOGRAFÍA
Y LAS CIENCIAS SOCIALES

Porto Alegre, 28 de mayo - 1 de junio de 2007
Universidade Federal do Rio Grande do Sul

 

 

MOBILIDADE ESPACIAL DOS GRUPOS DE IDOSOS DE RIO CLARO-SP

EM RELAÇÃO AS ATIVIDADES DE LAZER E TURISMO

 

Rosane Balsan
Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
rosanegaucha@hotmail.com


 



Mobilidade espacial dos grupos de idosos de Rio Claro-SP em relação as atividades de lazer e turismo (Resumo).

 

O lazer é considerado, hoje, uma necessidade na vida do ser humano, tendo em vista os múltiplos benefícios que canaliza para o bem-estar físico e mental da pessoa. Os idosos oferecem muitas riquezas a serem aproveitadas contudo requerem diversos cuidados especialmente à saúde física e mental. Assim, o turismo e o lazer são atividades que contribui para assegurar a integração social dos idosos. Então, decidiu-se avaliar a mobilidade dos Grupos de Idosos para além do espaço cidade. Sendo que a preferência do entrevistados aponta a praia como destino mais atraente. No entanto a mobilidade espacial nem sempre revela a sua preferência, referindo-se, em geral, ao poder econômico da maioria das pessoas do Grupo. Por isso, espera-se mostrar a importância de elaborar projeto na área de turismo e lazer, para que os idosos, conheçam seu município, sua região e outros lugares da geografia brasileira.

 

Palavras-chaves: lazer- turismo-idosos.

 


 

Abstract

 

Today, leisure is considered, , a necessity in the life of the human bein. Considering of the multiple benefits that it canalizes for physical and mental well-being of the person. The aged ones offer many wealth to be used to advantage however they especially require diverse cares to the physical and mental health. Thus, the tourism and the leisure are activities that contribute to assure the social integration of the aged ones. Then, it was decided to evaluate the mobility of the Elderly Group stops beyond the space city. Being that the preference of the interviewed ones points the beach as more attractive destination. However space mobility nor always discloses its preference, mentioning itself, in general, to the economic power of the majority of the people of the Group. Therefore, one expects to show the importance to elaborate project in the tourism area and leisure, so that the aged ones, know its city, its e region other places of Brazilian geography.

 

Key Words: elderly, leisure, tourism.

 


 


Introdução

 

Os idosos oferecem muitas riquezas a serem aproveitadas (pois estes são guardiões da nossa memória e têm tempo livre para transmitir seu conhecimento) e também requerem diversos cuidados, especialmente os referentes à saúde física e mental, o que pode estar ligado diretamente a atividades como o turismo e o lazer.

Como uma das atividades relacionadas ao lazer, as viagens de turismo são um filão de mercado que já despertou o interesse dos idosos; o oferecimento de pacotes especiais e alternativas como spas revelam-se oportunidades de atrativos turísticos.

Garcia (2001, p.272) reforça esta colocação dizendo que:

 

Um público que, ainda, não foi devidamente contemplado com produtos e serviços mais direcionados é o da terceira idade e idosos, no entanto, seu modo de vida vem apresentando transformações. Este segmento etário, com grande disponibilidade de tempo livre, constitui um mercado em potencial para variadas formas de lazer, mormente, para o turismo. As ofertas turísticas para esse público, conforme pudemos constatar em nossa pesquisa, não estão, porém sintonizadas com a capacidade econômica da maioria.

 

O turismo na terceira idade é uma forma de lazer que, oferece oportunidades ao indivíduo de fazer novas amizades, conhecer outras pessoas, que poderão vir a lhes proporcionar informações não conhecidas e vivências diferentes, fator importante aos idosos, faixa etária em que as amizades, e os relacionamentos são de extrema importância.

O turismo e o lazer em grupo é uma prática bastante presente entre pessoas da Terceira Idade. Montero; Rodrígues (2001, p.305) complementa:

 

El mundo desarrollado está em pleno proceso de envejecimiento como consecuencia de la reducción de la fecundidad y Del aumento de la esperanza de vida. Los mayores son cada vez más y además viven mayor número de años em situación de jubilados. La jubilación supone gran liberdade en el uso Del tiempo y convierte el ócio em parte fundamental de su vida

 

Piazzi (2003) considera a Terceira Idade como um segmento com potencial para usufruir as viagens e os lazeres. Seu perfil psicossocial e de consumo aponta para indivíduos interessados e bem dispostos (física e mentalmente) para vivenciar novas experiências e adquirir conhecimentos.” “A expressão lazer, com o sentido de “ser licito”, “ser permitido”, provém do latim licere, sugerindo a idéia do que o ser humano pode realizar em tempo diferente daquele dedicado às práticas sociais, às relações familiares e aos compromissos profissionais.” (Corrêa, 2002, p.3). “[...] os mais conhecidos dicionaristas portugueses e brasileiros registram como sinônimos perfeitos ou parciais de lazer os termos entretenimento, e todas as demais palavras e expressões derivadas do verbo entreter, em suas acepções comuns e habitualmente assumidas de divertir, distrair e recrear.”(Andrade, 2001, p.40).

 

A ONU (2002) considera que as políticas para o desenvolvimento serão ineficientes se não priorizarem a busca de alternativas para as demandas de uma sociedade envelhecida, como é o caso das atividades de lazer ou turismo, conforme afirma Enriquez Savignac (apud Oliveira 2000, p.48-49) Secretário Geral da OMT: “a expectativa de vida está se aproximando dos 80 anos, o que influirá decisivamente sobre o mercado de turismo para todas as temporadas, sejam alta, média ou baixa. As pessoas estão atingindo esta idade com muito vigor físico, permitindo que se motivem a viajar.”

 

Esta conjuntura provoca a necessidade de definir novos espaços nas diversas estruturas sociais para as pessoas idosas e reforça o debate sobre as atribuições do Estado. Assim, o turismo e o lazer são medidas que contribuem para assegurar a integração social dos idosos que representam cada dia mais uma força econômica.

 

São milhares deles que viajam pelo mundo todo, fazendo surgir, por exemplo, agências de turismo, hotéis e casa de espetáculos especializados na terceira idade, o que significa um grande potencial econômico. Além do que, não são raros os idosos aposentados que retomam ou iniciam alguma atividade laboral, contribuindo assim, para o sustento da família e para o giro da economia.

 

Para os idosos, “A freqüência a lugares públicos induz à participação em novas atividades suscitando, assim, o sentimento de pertencer a um espaço e a um grupo caracterizado pela vontade de envelhecer ativamente, criando um novo emprego do tempo livre”. (Peixoto, 1997, p.45).

 

Camargo (1986, p.58) também afirma: “A instituição da aposentadoria, aliada ao aumento da esperança de vida, criou um novo segmento etário de indivíduos, os aposentados, sem a premência do trabalho profissional e, conseqüentemente, dispondo de maior tempo livre.” França (1999, p.22), no entanto, questiona: “Uma vez que o lazer normalmente é um contraponto ao trabalho, mas ao mesmo tempo uma prática às vezes rara e inatingível para alguns, como as pessoas irão de um dia para outro substituir a vida de obrigações por uma vida de lazer?”

 

Ainda França (1999, p.23) afirma:

 

O planejamento de vida que preveja a distribuição do tempo e mudanças necessárias relativas à afetividade, à vida familiar, ao lazer, à participação sócio-comunitária e um trabalho remunerado ou voluntário permite enfrentar objetivamente as condições frustrantes a que muitos aposentados se vêem expostos.

 

O envelhecimento populacional provoca a transformação da velhice em um problema social complexo acompanhado pela busca de mudança nos discursos e práticas inclusive no que respeita ao lazer.

 

 A utilização das áreas de lazer institucionais pelos idosos permite mostrar “múltiplos olhares”, para abordar o lazer e o turismo em torno do reconhecimento que os definem como direitos fundamentais proclamados na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os espaços de lazer na medida em que ganham identidade, são possuidores de uma marca e uma história, e trazem consigo um sentimento de pertencimento.

 

A definição e redefinição do espaço urbano vai se processando à custa das mais diferenciadas sensações humanas. A apropriação do prazer se dá, então, em alguns lugares determinados, durante horários específicos e, assim, as pessoas vivenciam a sensação da superação, pelo menos em parte, de suas neuroses pessoais. (Portuguez, 2001)

 

Ainda, Portuguez (2001, p.10) considera:

 

A sensação de pertencer expressa no prazer de ser aceito como tal em algum lugar também se faz notar de forma clara nos espaços de consumo: boates e bares gays, clubes e praias naturistas, hotéis para mulheres de negócio, centros de recreação de terceira idade e muitos outros lugares, onde a senha de entrada é a semelhança com os demais freqüentadores e um certo sentimento de diferença em relação ao restante da coletividade.

 

A definição e redefinição do espaço urbano se dá, também, pela organização dos serviços oferecidos pelo poder público. Assim, Stella et. al. (2003, p.40) propõem que:

 

[...] as administrações municipais, através da articulação entre os órgãos de esporte e saúde, organizem serviços que ofereçam atividade física regular adequada à população idosa, além de apoiar a inclusão exercícios físicos nas programações dos Grupos de Terceira Idade existentes em muitos locais. Além disso, o poder público deve criar condições para que a população pratique atividade física no seu cotidiano, através da adoção de medidas que garantam segurança e conforto para os mobilidades (arborização e conservação das vias públicas, faixas de pedestre, eliminação de barreiras arquitetônicas, construção de ciclovias, etc.) além de oferecer infra-estrutura adequada e suporte técnico para as pessoas que já fazem caminhadas regularmente, como uma ação de promoção da saúde física e mental.

 

SILVA (1998 p.7) discorre sobre ações que devem ser efetivadas nos espaços de lazer e turismo visando à Terceira Idade dizendo:

 

São demandas relativas a práticas desportivas, programas culturais, remoções de barreiras arquitetônicas em hotéis, restaurantes, teatros, cinemas e shopping centers, ou ações que possibilitem o direito de ir e vir, principalmente se transportando de um destino ao outro, como turista, sem restrições e sem temer a relação entre velhice e busca de prazer. O idoso tem pressa, sua, perspectiva temporal é curta por isso a ação necessita urgência.

 

As ações públicas e privadas em prol dos idosos levam em conta a tomada de consciência desses indivíduos quanto às suas necessidades e direitos e se aproveitam do seu associativismo em Grupos de Idosos de Terceira Idade que “são basicamente Grupos de lazer, onde novas modalidades de atividades físicas, manuais, artísticas e intelectuais são vividas.” Conforme Camargo (1986, p.60). “Assim, cada vez mais surgem empresas que procuram atender a faixa etária dos idosos e muitas vezes com ênfase aos Grupos de Melhor Idade, identificados como um significativo mercado para o lazer, férias e cuidados com a saúde.” (Tribe 2003, p.219).

 

 

Conceitos fundamentais

 

Tendo como objetivo central estudar apropriação dos espaços de lazer e a mobilidade espacial dos idosos de Rio Claro (São Paulo), a pesquisa se desenvolveu analisando a evolução da população idosa, sua organização em Grupos de Terceira Idade e sua participação em atividades de lazer e turismo, associadas a espaços institucionais, públicos e privados.

 

Tendo em mente as expostas considerações, neste trabalho o conceito de idoso será o utilizado pela Política Nacional do Idoso, definida pela Lei nº 8.842/94, que considera idosas as pessoas acima de 60 anos de idade, em conformidade ao adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A Organização Mundial da Saúde define a população idosa a como aquela a  partir de 60 anos de idade, mas faz uma distinção quanto ao local de residência dos idosos.

 

Este limite é válido para os países em desenvolvimento, subindo para 65 anos de idade quando se trata de países desenvolvidos.

 

O presente trabalho prioriza dois enfoques relacionados aos idosos: o da mobilidade espacial e o dos espaços institucionais de lazer e turismo. Analisa-se o desenvolvimento do território dos idosos nesses âmbitos, procurando, por intermédio da mobilidade espacial, visualizar suas redes com o intuito de oferecer subsídios no sentido de fortalecer e agregar as políticas públicas voltadas para esse segmento.

 

A mobilidade dos idosos é aqui entendido como o mobilidade na cidade, nos municípios e estados brasileiros e em outros países, os fluxos de viagens deverão mostrar suas rotas e a abrangência espacial que será classificada de acordo com a amplitude das viagens.

Por sua vez, entende-se turismo como o deslocamento para fora do local de residência por período superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivado por razões não-econômicas. (OMT, 2001). O Turismo de idosos, ou da “melhor idade”, é o turismo segmentado segundo a observação de Trigo (1999, p.53): “[...] uma das grandes áreas a serem desenvolvidas para atingir públicos específicos e ávidos por novidades e informações.”

 

Para este trabalho consideraremos as premissas da II Conferência Internacional sobre Turismo de Terceira idade, realizada na cidade do Recife em setembro de 1996,

 

O turismo da terceira idade deve ser considerado como fazendo parte integrante do turismo geral e não como um segmento isolado, porque ele partilha com os outros usuários e consumidores as mesmas redes e os mesmos estabelecimentos. [...] ele requer uma comercialização e distribuições adaptadas e cheias de imaginação, onde os produtos turísticos são conhecidos por responder às necessidades e às características dos diferentes setores.

 

O lazer é considerado, hoje, uma necessidade na vida do ser humano, tendo em vista os múltiplos benefícios que canaliza para o bem-estar físico e mental da pessoa. Os idosos, que reduziram o consumo do tempo com cuidados com os filhos e com a jornada de trabalho, conseqüentemente, têm aumentado o tempo disponível para o lazer. Sobre o assunto, Bramante (2001, p. 168-169), ressalta que:

 

[...] essa nova geração de idosos deverá percorrer um caminho onde novos valores poderão ser incorporados com a vinda da aposentadoria, demandando processo educativo prévio para que haja um engajamento consciente às suas possibilidades de desenvolvimento pessoal e convivência social, através das experiências de lazer.

Esses idosos, em maior número, com melhor saúde, com maior acesso aos bens culturais, deverão determinar uma nova feição aos diversos setores de serviços públicos, incluindo aí os de recreação e lazer.

 

Os idosos oferecem muitas riquezas a serem aproveitadas (pois estes são guardiões da nossa memória e têm tempo livre para transmitir seu conhecimento) e também requerem diversos cuidados, especialmente os referentes à saúde física e mental, o que pode estar ligado diretamente a atividades como o turismo e o lazer.

 

A ONU (2002) considera que as políticas para o desenvolvimento serão ineficientes se não priorizarem a busca de alternativas para as demandas de uma sociedade envelhecida, como é o caso das atividades de lazer ou turismo, conforme afirma Enriquez Savignac (apud Oliveira 2000, p.48-49) Secretário Geral da OMT: “a expectativa de vida está se aproximando dos 80 anos, o que influirá decisivamente sobre o mercado de turismo para todas as temporadas, sejam alta, média ou baixa. As pessoas estão atingindo esta idade com muito vigor físico, permitindo que se motivem a viajar.”

 

Esta conjuntura provoca a necessidade de definir novos espaços nas diversas estruturas sociais para as pessoas idosas e reforça o debate sobre as atribuições do Estado. Assim, o turismo e o lazer são medidas que contribuem para assegurar a integração social dos idosos que representam cada dia mais uma força econômica.

 

São milhares deles que viajam pelo mundo todo, fazendo surgir, por exemplo, agências de turismo, hotéis e casa de espetáculos especializados na terceira idade, o que significa um grande potencial econômico. Além do que, não são raros os idosos aposentados que retomam ou iniciam alguma atividade laboral, contribuindo assim, para o sustento da família e para o giro da economia” (Porto, 2003, p.01)

Ainda Di Giani (2001, p.59). “A importância de se considerar o lazer como uma ocupação do tempo livre de forma não obrigatória, é fator a ser pesado de modo especial nas relações sociais que o idoso estabelece em sua vida.” Como argumenta Carlos (2002, p.25):

 

[...] O lazer na sociedade moderna também muda de sentido, de atividade espontânea, busca do original como parte do cotidiano, passa a ser cooptado pelo desenvolvimento da sociedade de consumo que tudo que toca transforma em mercadoria, tornado o homem um elemento passivo.

 

A cidade, como placo das atividades de lazer, transforma-se com a valorização do espaço e do tempo funcionais para o lazer, mudando a concepção de cidade de centro cultural específico e herança histórica para centro cultural dinâmico. (Pinto, 2002). Em relação às mudanças do campo econômico que interferem nos estilos de vida e de lazer, o mesmo autor (2002, p.14) enfatiza:

 

[...] a cidade deixa de ser espaço racional e é reestilizada, continuamente como um “não-lugar”, isto é, como espaço de rápida circulação, interligado por diferentes meios de transporte, grandes cadeias de entretenimento e pessoas de diferentes camadas da população convivendo com modos diferentes de vida.

 

O estudo envolvendo a questão do lazer nas áreas urbanas requer uma abordagem que enfoque os aspectos de tempo e de espaço, uma vez que interferem na atitude dos sujeitos habitantes das cidades, sendo imprescindíveis para a compreensão da dimensão que o lazer assume na sociedade contemporânea.

 

Ao nos referirmos a lazer e espaço público, logo vem à imagem a dimensão coletiva, com o ser humano como parte de um todo. Entretanto, com a urbanização acelerada e a exclusão econômica, a tendência é ver as áreas públicas coletivas como mais uma mercadoria, um bem econômico a ser usufruído por poucos[1].

 

 

Barreto (2002) explica que os usuários têm uma relação dicotômica com o espaço público, ou seja, ou o indivíduo se apropria do espaço público ou faz uso equivocado desse espaço.

 

A preservação, que equivale à não-destruição, portanto à não-transgressão, só pode ser observável na medida do interesse e autocontrole de pequenos grupos, como bairros, aldeias ou cidades pequenas. (BARRETO, 2002, p.52).

 

Müller (2002) chama a atenção, afirmando que é preciso, além do poder público, que a comunidade assuma sua parcela de responsabilidade na gestão dos espaços de lazer , como aponta Barreto (2002, p.52). Assim, na administração do espaço urbano, na medida em que a população busca novas experiências de lazer, o grande impasse estará em estabelecer o equilíbrio inteligente entre o seu uso e a sua preservação. (Bramante, 2001). Para esse autor, “Não bastam belas instalações se, frente às dificuldades de escolha e adesão espontânea, não se estruture uma programação que atraia os interesses de possíveis usuários.” (Bramante, 2001, p.168). Nas palavras de Camargo (1986, p.69):

 

[...] todo equipamento de lazer, bem planejado, prevê investimentos não apenas de construção como de manutenção e animação. [...] esses espaços são criações artificiais de uma política cultural, que precisa ser traduzida concretamente numa programação que atenda as necessidades da população e, assim, seja por ela sentida.

 

As ofertas de lazer por parte dos órgãos públicos devem trabalhar na perspectiva da educação para e pelo lazer, contemplando a todos; devem ser ricas, equilibradas e diversificadas em conteúdos culturais (STAFIM)[2], nos gêneros (prática, fruição, e conhecimento) e nos níveis (de conformista para crítico e criativo). (Müller, 2002). Bramante, (2001, p.171) complementa: “[...] principalmente na recreação pública, cada vez mais o sucesso dos serviços estará diretamente ligado ao nível de participação da comunidade beneficiada pelo mesmo, tanto na fase de planejamento como na execução e na avaliação.”

 

Cada vez mais é comum observarmos a substituição do bairro pelo condomínio fechado, dos espaços públicos de lazer pelos clubes e centros de entretenimento, das ruas pelos shopping centers[3], em busca de espaços em que supõe-se que haja maior segurança.

Corrêa(2002, p. 13) enfatiza:

 

A idéia original de espaço público como um lugar onde todos  têm acesso vem se perdendo para a construção ideológica de “público privado”, ou seja, lugar onde todos que tem um dado poder aquisitivo, vestimentas, linguagem, entre outros aspectos, podem freqüentar.

 

Assim, os shopping centers têm sido vistos como um retorno ao espaço protegido das cidades pequenas, onde tudo era familiar e pleno de certezas. A este respeito, Barreto (2002, p.52) reflete que:

 

[...] os shopping-centers oficiam como pequenas cidades medievais, onde há comércio e serviços essenciais (correios, telefones, pronto socorro), onde os pais deixam as crianças sem temor à violência urbana (incluído o trânsito), onde os jovens vão porque sabem que, mesmo sem marcar, encontrarão conhecidos, como fazem seus pares nas praças das pequenas cidades do interior.

 

Por outro lado, os shopping centers são espaços integrantes do setor privado que assumem, segundo Corrêa (2002, p.13), a característica de público, em função de sua visibilidade; no entanto, nem todos têm acesso para além da fachada, tornando-se um “espaço público virtual”, que visa ao consumo em detrimento do lazer. Pinto (2002, p. 15), conclui que:

 

[...] os shoppings e as grandes galerias, como signos da vida contemporânea, são lugares que não só ampliam as possibilidades de compra e venda, como também de escolha, de otimização do tempo e do próprio espaço para a vivência de diferentes conteúdos culturais no lazer.

 

Sendo assim, uma sociedade moderna deve se preocupar com os espaços de lazer para a população idosa, e, para isso, é importante que proporcione facilidade de acesso e disseminação da prática de uso nesses espaços, estimulando eventos, passeios, atividades artísticas e culturais e roteiros destinados aos idosos[4]. Porém, como constata Andrade (2001, p.97) “[...] no Brasil e em outros países em estado de economia e de problemas sociopolíticos assemelhado, pouco se planeja para viabilizar o exercício cotidiano e freqüente do lazer, colocando-o ao alcance especialmente nas faixas juvenil e da terceira idade.”

 

Os espaços de convívio deveriam constar no Plano Diretor dos Municípios e serem planejados conforme suas funções: a estético-paisagística, social ou de lazer, impondo-lhes características próprias, como o tamanho da área que deverá ocupar, as espécies vegetais que devem ser empregadas, as condições locais de topografia de solos, de clima, a disposição e existência de equipamentos urbanos (bancos, lixeiras, luminárias e outros), do tipo de piso mais adequado, os equipamentos a serem utilizados e respectivos distribuição.

Para os idosos, “A freqüência a lugares públicos induz à participação em novas atividades suscitando, assim, o sentimento de pertencer a um espaço e a um grupo caracterizado pela vontade de envelhecer ativamente, criando um novo emprego do tempo livre”. (Peixoto, 1997, p.45).

 

Camargo (1986, p.58) também afirma: “A instituição da aposentadoria, aliada ao aumento da esperança de vida, criou um novo segmento etário de indivíduos, os aposentados, sem a premência do trabalho profissional e, conseqüentemente, dispondo de maior tempo livre.” França (1999, p.22), no entanto, questiona: “Uma vez que o lazer normalmente é um contraponto ao trabalho, mas ao mesmo tempo uma prática às vezes rara e inatingível para alguns, como as pessoas irão de um dia para outro substituir a vida de obrigações por uma vida de lazer?”

 

O envelhecimento populacional provoca a transformação da velhice em um problema social complexo acompanhado pela busca de mudança nos discursos e práticas inclusive no que respeita ao lazer.

 

A utilização das áreas de lazer institucionais pelos idosos permite mostrar “múltiplos olhares”, para abordar o lazer e o turismo em torno do reconhecimento que os definem como direitos fundamentais proclamados na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os espaços de lazer na medida em que ganham identidade, são possuidores de uma marca e uma história, e trazem consigo um sentimento de pertencimento.

 

A definição e redefinição do espaço urbano vai se processando à custa das mais diferenciadas sensações humanas. A apropriação do prazer se dá, então, em alguns lugares determinados, durante horários específicos e, assim, as pessoas vivenciam a sensação da superação, pelo menos em parte, de suas neuroses pessoais. (Portuguez, 2001). Ainda, Portuguez (2001, p.10) considera:

 

A sensação de pertencer expressa no prazer de ser aceito como tal em algum lugar também se faz notar de forma clara nos espaços de consumo: boates e bares gays, clubes e praias naturistas, hotéis para mulheres de negócio, centros de recreação de terceira idade e muitos outros lugares, onde a senha de entrada é a semelhança com os demais freqüentadores e um certo sentimento de diferença em relação ao restante da coletividade.

 

A definição e redefinição do espaço urbano se dá, também, pela organização dos serviços oferecidos pelo poder público. Assim, Stella et. al. (2003, p.40) propõem que:

 

[...] as administrações municipais, através da articulação entre os órgãos de esporte e saúde, organizem serviços que ofereçam atividade física regular adequada à população idosa, além de apoiar a inclusão exercícios físicos nas programações dos Grupos de Terceira Idade existentes em muitos locais. Além disso, o poder público deve criar condições para que a população pratique atividade física no seu cotidiano, através da adoção de medidas que garantam segurança e conforto para os deslocamentos (arborização e conservação das vias públicas, faixas de pedestre, eliminação de barreiras arquitetônicas, construção de ciclovias, etc.) além de oferecer infra-estrutura adequada e suporte técnico para as pessoas que já fazem caminhadas regularmente, como uma ação de promoção da saúde física e mental.

 

SILVA (1998 p.7) discorre sobre ações que devem ser efetivadas nos espaços de lazer e turismo visando à Terceira Idade dizendo:

 

São demandas relativas a práticas desportivas, programas culturais, remoções de barreiras arquitetônicas em hotéis, restaurantes, teatros, cinemas e shopping centers, ou ações que possibilitem o direito de ir e vir, principalmente se transportando de um destino ao outro, como turista, sem restrições e sem temer a relação entre velhice e busca de prazer. O idoso tem pressa, sua, perspectiva temporal é curta por isso a ação necessita urgência.

 

As ações públicas e privadas em prol dos idosos levam em conta a tomada de consciência desses indivíduos quanto às suas necessidades e direitos e se aproveitam do seu associativismo em Grupos de Idosos de Terceira Idade que “são basicamente Grupos de lazer, onde novas modalidades de atividades físicas, manuais, artísticas e intelectuais são vividas.” Conforme Camargo (1986, p.60). “Assim, cada vez mais surgem empresas que procuram atender a faixa etária dos idosos e muitas vezes com ênfase aos Grupos de Melhor Idade, identificados como um significativo mercado para o lazer, férias e cuidados com a saúde.” (Tribe 2003, p.219).

 

Apresentados os principais conceitos que embasam o presente trabalho e as reflexões que se estabelecem na sua discussão, no tópico  seguinte será discutida a mobilidade dos idosos.

 

A mobilidade dos idosos: viagens de lazer e de turismo dos idosos

A aquisição de dados no campo baseou-se nas entrevistas realizadas sob dois enfoques principais: os Grupos de Idosos, representados por seus 36 coordenadores, e os idosos participantes destes grupos, representados por 159 sujeitos de ambos os sexos, com 60 anos ou mais, selecionados aleatoriamente em 34 grupos ativos em 2004. Além dessas entrevistas foram realizadas visitas às sedes, de todos os grupos em momento de reunião regular e aos espaços de lazer (praças, parque, shopping center, etc).

 

 

Dos entrevistados, a maioria (91%) costuma viajar a passeio. Ao perguntarmos sobre a freqüência, pudemos observar que a maioria (64%) viaja entre 1 a 4 vezes por ano. (Tabela 1).

 

 

Respostas

Percentual

1 vez cada 15 dias

3

1 a 2 vezes por ano

34

2 a 4 vezes por ano

30

4 a 6 vezes por ano

17

6 a 8 vezes por ano

2

10 a 12 vezes por ano

11

Outros

3

Total

100


Tabela 1 – Freqüência das viagens realizadas pelos idosos entrevistados

Na categoria outros foram agrupadas as respostas: Sempre que pode, não sabe e não respondeu.

Fonte: Dados coletados pela autora nos meses mai./jun./julh./ago. de 2004.

 


Segundo a tabela 2, a preferência dos entrevistados aponta a praia como o destino mais atraente, aparecendo  em cerca de 50% das respostas. Os lugares religiosos  surgem como segunda opção, confirmando tanto a religiosidade dessa faixa de idade, quanto o fato de muitos dos entrevistados pertencerem a grupos sediados em igrejas, o que pode influenciar a opção.

 

A preferência por estâncias hidrominerais/termais se explica, nas palavras de Silva (2002, p. 53)

 

As estâncias hidrominerais ou hidrotermais sempre foram estigmatizadas como local para velhos, e sabemos que esse fato acontece, pois esses destinos mostram-se como lugares calmos de descanso, mas também estão ligados à busca pelo rejuvenescimento ou tratamento de saúde, de acordo com a composição química da água ou do mineral do local.

 

Porém, “Conhecer cidades” sejam elas próximas, pequenas, grandes, desconhecidas não importa, é uma opção de viagem, justificada pelos entrevistados como: nós queremos ir a outros lugares que não sejam apenas estações de águas quentes. Muito provavelmente a baixa opção pelos lugares históricos se deva ao nível de escolaridade, insuficiente para despertar o interesse dos idosos para fatos de nossa história. (Tabela 2).

 

 

Tipo de destino

Percentual

Praias

51,03

Qualquer destino

11,72

Lugares religiosos

8,97

Cidades

8,28

Estâncias

5,52

Lugares históricos

4,14

Diversos?

3,45

Áreas rurais

5,52

Não respondeu

1,38

Total

100


Tabela 2 – Destinos preferidos pelos idosos entrevistados

Na categoria cidades foram agrupadas as respostas: Cidades grandes (megalópoles/metrópoles); pacata; desconhecidas; diversas; próximas. Na categoria diversos foram agrupados as respostas: fábricas; feiras de artesanato; mato; museu; shopping.

Fonte: Dados coletados pela autora nos meses mai./jun./julh./ago. de 2004.

 


As cidades visitadas mais citadas pelos idosos, entrevistados no ano de 2003, foram, nessa ordem Praia Grande, Caldas Novas, Poços de Caldas, Aparecida, São Paulo, Serra Negra, Santos, Charqueada, Pirassununga e Bertioga e Campos do Jordão, perfazendo 46,44% das citações (cidades com mais de 2% de citações). Tais cidades são conhecidas, pelo atrativos e recursos turísticos, as programações e os preços especiais para Grupos de Idosos. (Figura 1).

 

 

 

 

Figura 1 –  Cidades visitadas mais citadas pelos entrevistados

Fonte: Dados coletados pela autora nos meses mai./jun./julh./ago. de 2004.

 

 

Se os dados da figura 1 forem agrupados segundo a natureza do atrativo turístico das cidades, temos que as cidades praianas perfazem 10,22% das citações, as hidrominerais termais, 16,42%; outras cidades 9,94% e a religiosa, 4,36%. Ou seja, embora prefiram a praia, os idosos visitam  com mais freqüência as estâncias.

 

Os motivos da escolha das cidades para visitação foram questionados e estão resumidos na tabela 3 que mostra que algumas escolhas, além do atrativo turístico, se deve a facilidades de hospedagem, por exemplo, aqueles  como unidades dos SESC ou colônias de férias, a baixo custo ou, então, à proximidade de Rio Claro, tornando o deslocamento mais conveniente e permitindo passeios de curta duração.

 

Dos sujeitos entrevistados, 58% costumam viajar a passeio com o grupo e escolhem o ônibus como meio de transporte, provavelmente pela companhia do Grupo, pelo valor a ser pago, o que envolve o poder aquisitivo dos idosos e, ainda,  pelo atrativo das próprias excursões. (Tabela 3).

 

 

Cidade

Motivo

Aparecida - SP

Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

Bertioga - SP

O principal fator refere-se ao Sesc Bertioga (além das instalações de hospedagem, o Centro de Lazer e Férias possui estrutura para atividades recreativas, esportivas, culturais e do serviço. Também o canal de Bertioga é outra atração (possui balsa que faz a travessia entre Bertioga e Guarujá).

Caldas Novas - SP

O principal fator refere-se ao Sesc Caldas Novas (além das instalações de hospedagem, o Centro de Lazer e Férias possui estrutura para atividades recreativas, esportivas, culturais e do serviço).

Charqueada - SP

O principal atrativo é “Charqueada Clube Casa de Pedra Estância” A casa de Pedra é um clube que tem como principal característica o turismo rural. O local também oferece aos idosos um contato com a história e a cultura, através do Museu Nacional “Zé do Prato”, da centenária Casa de Pedra, do Museu da Agricultura, e um turismo ecológico por intermédio de trilhas, paisagem cênica, gruta e cascata.

Poços de Caldas - SP

Passeios pela cidade, gastronomia mineira e compra de malha.

Praia Grande - SP

Cidade que apresenta a forte procura pelo turismo litorâneo: sol e praia. Mostra uma forte procura pela colônia de férias dos comerciários e o Centro de Professores Paulista (CPP).

Pirassununga - SP

Costumam ir ao Restaurante “Pira Rio” que às margens do Rio-Guaçu e distante a 9 quilômetros da cidade, oferece pratos à base de peixe, passeios de barco, pescarias, praias e quiosques e apresenta uma cachoeira.

Santos - SP

Além do Porto de Santos que é o maior do País, desfrutam das praias e de passeios pela cidade.

São Paulo - SP

Capital do Estado de mesmo nome apresenta uma oferta cultural para preferências e faixas etárias variadas, tais como peças de teatros, exposições de artes plásticas, show de músicas. Possui também uma rede museológica, parques urbanos e clubes.

Serra Negra - SP

Diversos passeios pela cidade, festivais de música e fontes hidrominerais.


Tabela 3 – Motivos da escolha das cidades

Fonte: Dados coletados pela autora nos meses mai./jun./julh./ago. de 2004

 

 

 

As viagens com algum membro da família totalizam 26,2%, sendo a maioria delas realizadas de carro. Segundo os entrevistados, as saídas com algum membro familiar são pouco numerosas, devido a questões econômicas e às atividades profissionais dos que poderiam proporcionar-lhes a viagem.(Tabela 4).

 

 

Companhia

Avião (%)

Carro (%)

Ônibus (%)

TOTAL

Amigos(as)

0,2

1,2

4

5,4

Família

1

17,2

8

26,2

Sozinha

0

0,2

9

9,2

Grupo de Idosos

0

0

58

58

Outros Grupos

0,4

0,4

0,4

1,2

Total

1,6

19

79,4

100

 

Tabela 4 – Caracterização das viagens quanto à companhia e meio de transporte

Outros Grupos: (0,2), associação dos aposentados + ônibus (0,2%), Grupo de Idoso Nós Mulheres + ônibus (0,2%); Grupo de Idoso + avião (0,4%).

Fonte: Dados coletados pela autora nos meses mai./jun./julh./ago. de 2004.

 

 

Os Grupos de Idosos, em geral, fazem em média quatro viagens por ano. A maioria dos Grupos circularam apenas pelo Estado de São Paulo, em 2003, visitando principalmente as seguintes cidades: Charqueada (09), Pirassununga (09) Holambra (08), Praia Grande (07), Serra Negra (07), Itirapina (05), Piracicaba (05) e Aparecida (03). As motivações das visitas às cidades são: Holambra (Festa das Flores), Praia Grande (colônias de férias) Itirapina e Piracicaba (cidades próximas de Rio Claro) Os motivos das viagens a Charqueada, Pirassununga e Serra Negra são os mesmos que os idosos entrevistados citaram, excluídas, portanto, da classificação oficial do turismo.

 

A mobilidade espacial dos Grupos de Idosos nem sempre revela a sua preferência, referindo-se, em geral, ao poder econômico da maioria das pessoas do Grupo. Assim, a maior parte do turismo, no ano de 2003, foi doméstica e o Estado de São Paulo foi o principal destino destes turistas internos. Entre 41 cidades visitadas apenas 08 cidades estavam localizadas em outros Estados. Das 33 cidades visitadas pelos Grupos no Estado de São Paulo em 2003, 15  estão na região de Rio Claro, e as outras: 5 (Campinas), 4 (Araraquara), 3 (Cubatão), 2 (Itapetininga), 2 (Taubaté), 1 (Bauru) e 1 (Barretos) variando entre aproximadamente 5 km a 343 km de Rio Claro (figura 2), predominando as viagens mais próximas, com duração de menos 24 horas.

 

 

 

Figura 2 – Localização das cidades visitadas pelos Grupos de Idosos no Estado de São Paulo em 2003

 

 

Os motivos que levam a maioria dos Grupos de Idosos a realizarem viagens de menos de 24 horas são: a questão econômica pois, geralmente, não têm despesas de alojamento e almoço, cada qual levando seu lanche; menor necessidade de cuidados pessoais, (como medicamentos); necessidade de retornar rápido devido a compromissos familiares (como cuidado com netos ou doentes) e até mesmo pela simples preferência dos idosos. (Tabela 5).

 

 

Tempo de permanência

Nº de respostas

Percentual

Sem pernoite (menos de 24 horas)

19

68

4 dias

4

14

5-8 dias

3

11

Variável

2

7

Total

28

100

 

Tabela 5 – Caracterização das viagens dos Grupos de Idosos quanto ao tempo de permanência

Fonte: Dados coletados pela autora nos meses mai./jun./julh./ago. de 2004.

Os Grupos Bom Jesus, Canto Reviver, Ebenézer, Espírito Santo, Melhores Momentos, Mente Nova, Primavera e Vida Azul não viajaram no ano de 2003.

 

 

A mobilidade de alguns Grupos de Idosos foi maior, constatando-se viagens mais numerosas, principalmente em relação a cidades no Estado de São Paulo, como é o caso dos Grupos: “Amor”, “Renascer”, “Fontes” e “Margaridas”. Os Grupos “Energéticos da Melhor Idade” e “Esperança” além de se destacarem pela intensa mobilidade, realizaram viagens para três estados brasileiros. (Tabela 6).

 

 

Cidades

Salvador

Fortaleza

Caldas Novas

Poços de Caldas

São Lourenço

Monte Sião

Canela

Gramado

Total

Amor

 

 

X

X

 

 

 

 

2

Bem Viver

 

 

 

X

 

 

 

 

1

Energéticos da Melhor Idade

 

X

X

X

 

 

 

 

3

Esperança

X

 

X

 

 

 

X

X

4

Feliz

 

 

X

 

X

 

 

 

2

Feliz Idade

 

 

 

 

 

X

 

 

1

Fontes

 

 

X

 

 

 

 

 

1

Girassol

 

 

 

X

 

 

 

 

1

Ipê

 

 

 

X

 

 

 

 

1

Margaridas

 

 

 

X

 

 

 

 

1

Novos Amigos

 

 

 

X

 

 

 

 

1

Raio de Sol

 

 

 

 

 

X

 

 

1

Sant'Ana

 

 

 

 

X

X

 

 

2

São Benedito

 

 

 

 

 

X

 

 

1

Total

1

1

5

7

2

4

1

1

22

 

Tabela 6 – Distribuição das cidades visitadas em outros estados brasileiros de acordo com os Grupos de Idosos

Os Grupos: Bom Jesus, Canto Reviver, Ebenézer, Espírito Santo, Melhores Momentos, Mente Nova, Primavera e Vida Azul não viajaram no ano de 2003.

Fonte: Dados coletados pela autora nos meses mai./jun./julh./ago. de 2004.

 

 

Em resumo, computando tanto as viagens curtas quanto as turísticas tem-se um total de 110 viagens realizadas por 28 Grupos de Idosos a 41 cidades de seis Estados Brasileiros: Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Os Grupos que mais viajaram no ano de 2003 foram: Esperança (10), Amor (9), Fontes (8), Margaridas (7), Energéticos da Melhor Idade (7), Renascer (6) e Santa Cruz. (6).

 

A cidade de Poços de Caldas (MG) foi a mais visitada pelos Grupos, seguida por Caldas Novas (GO). Ambas são estâncias hidrotermais/hidrominaerais que oferecem ambiente e atividades adequadas aos idosos.

 

Os Grupos de Idosos habitualmente não utilizam meios de hospedagem pelo fato de que a maioria das viagens são sem pernoite. Quando precisam da hospedagem,  geralmente ficam em colônias de férias (Sesc, Senac, sindicatos) que são mais baratas e/ou hotel para viagens fora do Estado. (Tabela 7).

 

 

Tipo de hospedagem

Nº de respostas

Percentual

Não utiliza

16

57

Colônia de Férias

4

14

Hotel + Pousada

4

14

Hotel + Colônia de Férias

2

7

Colônia + Hotel + Outros

1

4

Outros

1

4

Total*

28

100

 

Tabela 7 – Meios de hospedagem utilizados pelos Grupos de Idosos

Fonte: Dados coletados pela autora nos meses mai./jun./julh./ago. de 2004.

Os Grupos Bom Jesus, Canto Reviver, Ebenézer, Espírito Santo, Melhores Momentos, Mente Nova, Primavera e Vida Azul não viajaram no ano de 2003.

 

 

A organização das viagens é feita, na maioria (92,86%), por algum membro do Grupo, geralmente o coordenador, o que pode indicar que esta forma seja mais econômica para os participantes. Apenas um Grupo de Idoso citou a agência de turismo como principal responsável de organização das viagens.

 

Nas excursões, a maioria dos participantes é do próprio grupo, mas há participação de membros de outros grupos e de parentes, amigos e vizinhos dos membros.

 

As excursões dos idosos que, em ônibus, dirigem-se à busca de entretenimento, de lazer, independente do objetivo da viagem ou pretexto – como devoção, promessa, diversão – apresentam todas as mesmas dinâmicas. Primeiro, o aviso no Grupo informando o preço, o local, o dia e a hora de saída; depois, a contratação do ônibus da empresa de turismo. Sobrando vagas, inicia-se a venda das passagens a colegas, vizinhos e parentes; finalmente, a preparação, o encontro e a curta mas animada viagem.

 

A vivência da autora, participando de uma das viagens à cidade de Holambra, exemplifica o relato:

 

Pegamos o ônibus próximo da casa da organizadora. O ônibus iniciou um itinerário para pegar todos os passageiros na cidade. Quando todos estavam presentes a Beatriz deu os recados e a viagem inicia com conversas animadas e entusiasmadas com perspectiva de um dia diferente, a festa das flores. Alguns comentavam que era a segunda vez e outros até a terceira que estavam indo. É preciso aproveitar ao máximo, pois a volta estava prevista, como de costume, para as 17 horas. Ao chegarmos a coordenadora distribuiu os ingressos e marcou um local como ponto de encontro para o retorno. Como combinado, às 17 horas todos estávamos lá para retornar, alguns com várias mudas e vasos de flores. Os motoristas guardam as mudas das flores no bagageiro. Após todos estarem acomodados, iniciamos o retorno, momento em que as conversas eram mais calmas e muitos dormiram devido ao cansaço. Chegamos a Rio Claro e o ônibus fez novo itinerário para deixar todos muito próximos de sua residência.

 

Questionados sobre o seguro de viagem, mais da metade dos coordenadores entrevistados responderam que o seguro ou não é feito ou depende de outros fatores como: distância e empresa de transporte. Apenas 43% dos coordenadores informaram que fazem seguro regularmente.

 

 

Considerações

 

Os dados coletados e expostos nesta pesquisa  revela a mobilidade e a preferência de viagens de curta duração,  como destino elegem a praia como o preferido. Gostariam de ter mais oportunidades de passeio e, justamente por isso  demanda ações do poder público.

Para tanto, pode-se sugerir a seguinte medida: Elaborar projetos na área de turismo e lazer, para que os grupos de idosos conheçam Rio Claro, sua região e outros lugares da geografia brasileira, estabelecendo parcerias com grupos de outros municípios.

 

 

Notas


[1] “O termo público tem variado significados. De um lado, está associado ao conceito de estatal, gerido pelo Estado (Governo), nacional, estadual ou municipal. Também está associado ao uso público, das pessoas em geral, portanto do uso coletivo.” (Barreto, 2002, p.38)

[2] “Pode ser associada a uma gíria, no mínimo regional, através da qual uma pessoa convida a outra para fazer uma tarefa qualquer: “Tu está a fim de ...?” ou “STÁ a FIM?”. Tem sido um recurso acadêmico para fixar os termos e entender a abrangência do lazer.” (Müller, 2002, p.11)

[3] A expansão dos shoppings centers no Brasil, dissemina-se no inicio da década de 1980, conhecida como “década perdida”, com um modelo econômico concentrador de capital que, excluindo a maior parcela da população brasileira não detentora da riqueza, volta-se para os estratos de renda mais elevados, oferecendo-lhes cada vez mais opções de compra e lazer. (COSTA, 2003). Além disso, “[...] os shopping centers estão incorporando cada vez mais espaços dedicados ao entretenimento daqueles que os visitam; a onda de conscientização e preservação ecológica já vem sendo explorada comercialmente pelos chamados acampamentos rústicos e a nova ‘indústria” do eco-turismo etc.” (Bramante, 2001, p.175)

[4] Alguns municípios como Ribeirão Preto e Monte Alto no Estado de São Paulo, têm legislação específica quanto aos espaços de lazer para idosos. Mais informações disponíveis em: <http://www.pbh.gov.br/leisdeidosos/são_paulo/ribeirão_preto/ribeirãopreto-leis.htm e <http://www.caramontealto.sp.gov.br/informativo/ata-02.htm>. Acesso em: 03 abr.2003.

 

 

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