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REVISTA ELECTRÓNICA DE RECURSOS EN INTERNET 
SOBRE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona
Nº 70. 25 de junio de 2002
ISSN 1578-0007  Depósito Legal: B. 21.743-98

Revista Pegada Eletrônica - Revista eletrônica  Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGet) Universidade Estadual de São Paulo - Presidente Prudente - Brasil [ISSN: 1676-3025]

Antonio Thomaz Júnior
Depto de Geografia, FCT/UNESP/Pres. Prudente

Coordenador da Revista


 Poder expor parte da massa crítica elaborada e acumulada no âmbito do Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT)  e, portanto, divulgar as pesquisas concluídas e em andamento, nos coloca numa posição privilegiada. No seu segundo ano de existência, o CEGeT delegou à Revista PEGADA  Eletrônica a base referencial para o exercício efetivo da interlocução com os pesquisadores, trabalhadores, lideranças dos movimentos sociais populares, dirigentes sindicais e demais interessados na temática do trabalho.

Esta Revista, desde seu primeiro volume pretende, então, ser portadora oficial do CEGeT, sendo assim se propõe tanto estimular o debate interno, quanto a veiculação de idéias e avaliações capazes de motivar interlocução com a seara do trabalho, e que esse imbricamento potencie a elaboração de novos projetos de pesquisa, atentos aos assuntos que recobrem a temática central em apreço, ou seja, o trabalho.

A Revista PEGADA  Eletrônica, longe de possuir uma denominação sui generis, registra o compromisso do Grupo de Pesquisa com os enunciados que nos remetem à compreensão da dinâmica territorial da sociedade de classe sob o capitalismo e a apreensão do movimento social por dentro das contradições que, por sua vez, revelam os caminhos e a necessidade de perpectivarmos rumo à emancipação.

Com as atenções voltadas para a complexa trama societária que intensifica a hetegoneizaçao e a precarização do trabalho nesta viragem do século XXI, as pesquisas e, por via de conseqüência, os textos e ensaios serão reveladores não somente das mudanças no regime de acumulação do capital e dos novos modos de regulação social e político. Segundo interpretações de estudiosos sobre o assunto, esse processo se expressa com a vigência da produção destrutiva do capital (Mészáros), da acumulação flexível (Harvey), da mundialização do capital (Chesnais), e o prenuncio das condições para a emancipação social para além do capital (Bihr). Estar-se-á focando também as implicações no âmbito da subjetividade do trabalho e os reflexos para as instâncias organizativas do movimento operário e sindical, bem como os conteúdos e os referenciais político-ideológicos que embasam o (des)pertencimento de classe.

Geografia e trabalho se entrecruzam, e somente a leitura permitirá a compreensão dos diferentes estágios impressos na Revista PEGADA  Eletrônica n.1, tendo em vista compreender títulos de responsabilidade de estudantes de mestrado e doutorandos, mas também de estudantes em nível de graduação em diferentes modalidades, Iniciação Científica (IC), Estágio não Obrigatório e Programa de Apoio ao Estudante (PAE), Monografia de Bacharelado, até o primeiro trimestre de 2000. Assim, não expressa os resultados alcançados das pesquisas até o momento, tampouco não contempla a produção de todos os integrantes do CEGeT. Essa diversidade ganha em importância, sobretudo no momento em que demonstra haver capilaridade entre os diferentes assuntos tratados diante da temática do trabalho, e dos níveis de amadurecimento teórico.

É assim que comparecem textos e ensaios, que sob a perspectiva do trabalho, tratam sobre os seguintes assuntos:

1) A qualificação do trabalho como aporte para discutir os esquemas de dominação através do adestramento da  força de trabalho, tendo à frente o Estado e as entidades representativas do capital, como o conhecido sistema S, e enquanto  instrumento de ação sindical, admitido pela grande maioria das entidades sindicais e centrais.

2) A luta pela terra e a viabilização de assentamentos, com enfoques voltados para o papel tático e estratégico da COCAMP; as relações entre a viabilização de assentamentos rurais e as atividades terciárias em Teodoro Sampaio; o papel da imprensa no processo de luta pela terra no Pontal do Paranapanema; a questão de gênero em assentamentos rurais e a diferentes frentes de luta pela terra no Pontal.

3) Redefinições de funções e atividades e o trabalho  part time na agricultura, nas áreas rurais próximas ao cinturão urbano de Presidente Prudente.

4) A questão da moradia popular para além de quatro paredes, com as atenções voltadas para a trama social reveladora do imbricamento entre os momentos da produção e da circulação, e que impõem a necessidade de se pensar a sociedade para além das demandas imediatas e das fragmentações e clivagens imperantes no mundo do trabalho.

5) Gestão ambiental e metabolismo societário do capital, que por um lado, volta-se à compreensão da relação  capital-trabalho na agroindústria sucro-alcooleira, com rebatimento na constituição da Câmara Setorial, e por outro, à relação sociedade-natureza e a alienação do trabalho diante da degradação ambiental promovida pelas indústrias do curtimento de  couro.

6) Exclusão social e inserção da mão-de-obra indígena no corte de cana-de-açúcar no Mato Grosso do Sul.

7) Gênero e Trabalho: A participação da Mulher nas entidades sindicais de Presidente Prudente, e a participação  da mulher no processo de luta pela terra e na viabilização de assentamentos no Pontal.

8) O papel e a participação da imprensa no processo de luta pela terra e pela reforma agrária no Pontal, e a Comunicação Sindical em Presidente Prudente, enquanto instrumento de formação política.

Para uma Revista que se propõe discutir esses assuntos e requer esses atributos e pressupostos apontados, nada mais incentivador do que apostar no seu sucesso. Registro nosso agradecimento a todas as pessoas que nos ajudaram para que esse número decolasse, especificamente para aqueles que doaram papel e para a direção da FCT/UNESP.
 
 

Bibliografia

MÉZÁROS, I.,  A Necessidade do Controle Social. São Paulo: Ensaio, 1993.(2a edição).
MÉZÁROS, I., "A Ordem do Capital no Metabolismo social da Reprodução". Ensaios Ad Hominem 1. São Paulo: Estudos e Edições Ad Hominem, 1999, p. 83-124.
HARVEY, D.  Condição Pós-Moderna. São Paulo: São Paulo: Loyola, 1993.
HARVEY, D.  Los Limites del Capitalismo y la Teoria Marxista. Cidade do México: Fundo de Cultura, 1990.
BIHR, A. Da Grande Noite à Alternativa - O Movimento Operário Europeu em Crise. São Paulo: Boitempo, 1998.
 

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