Biblio 3W
REVISTA BIBLIOGRÁFICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona 
ISSN: 1138-9796. Depósito Legal: B. 21.742-98 
Vol. XVIII, nº 1034, 25 de julio de
2013
[Serie  documental de Geo Crítica. Cuadernos Críticos de Geografía Humana]

 

O CARSTE E AS CAVERNAS NAS OBRAS DE ALEXANDER VON HUMBOLDT 

Luiz Eduardo Panisset Travassos
Professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PUC Minas, Brasil)

Recibido: 3 de abril de 2012; Devuelto para revisión: 8 de enero de 2013; Aceptado: 10 de junio de 2013
 


O carste e as cavernas nas obras de Alexander von Humboldt (Resumo)

O presente trabalho refere-se a uma exposição de como fenômenos cársticos e as cavernas são identificados por Alexander von Humboldt em algumas de suas obras. Do leigo ao cientista, especialmente as cavernas, assumem significados diversos de acordo com a evolução histórica e as condições culturais de uma sociedade. Por esse motivo, é possível afirmar que a relação humana com as cavernas não é fato novo na história da humanidade. Muito menos a motivação para seu uso como abrigos, esconderijos ou lugares sagrados. Sendo assim, as cavernas e o carste constituem-se como importantes registros histórico-geográficos de regiões específicas. Neste contexto surge Alexander von Humboldt, conhecido naturalista alemão responsável por notáveis contribuições científicas em diversas áreas das Ciências da Terra, inclusive em uma incipiente e não formal Carstologia. Sendo assim o trabalho fornece um panorama geral de como as descrições dos fenômenos cársticos, bem como o uso antrópico desta paisagem ocorrem em seus textos.

Palavras-chave: carst, cavernas, geomorfologia cárstica, Alexander von Humboldt.


Karst and caves in the works of Alexander von Humboldt (Abstract) 

This paper presents a portrayal of how karst phenomena and caves are identified by Alexander von Humboldt. The karst landscape and its caves can be perceived by several people in an equally varied way. From the layman to the scientist, especially caves, assume different meanings according to historical and cultural conditions of a particular society. Therefore, we one can say that the human relationship with caves is not really new in the history of mankind. It is also not less new the motivation for their use as shelters, safe houses and sacred places. Thus, caves and karst are important historical and geographic records of specific regions. In this context arises the name of Alexander von Humboldt, German naturalist known for being responsible for outstanding scientific contributions in several areas of the so-called Earth Sciences, including an incipient and non-formal Karstology. Thus, this paper gives a general overview of how the descriptions of karst phenomena, as well its anthropogenic use were made in his texts.

Keywords: karst, caves, karst geomorphology, Alexander von Humboldt. 



Acredita-se que quando são abordados os estudos físicos da natureza, ou da própria geografia física, não é possível dissociar a figura de Alexander von Humboldt (1769-1859). Se pensarmos na Geografia como um todo, tal separação torna-se ainda mais difícil. Turley [1] afirma que muitos consideram Humboldt como o fundador dessa Ciência, enquanto outros o chamam de o maior responsável pela ciência moderna como um todo.

Kohlhepp também concorda que Humboldt contribuiu significativamente para o desenvolvimento e a consolidação da Geografia como ciência. Como geógrafo físico, iniciou os estudos climatológicos e fitogeográficos. Como geógrafo humano, engajou-se nos aspectos relevantes da geopolítica e da geografia humana dos estudos regionais. Como cartógrafo, representava a natureza muito didaticamente por meio de cartas e perfis belíssimos (figura 1) [2].

 

Figura 1. Esboço de uma representação do subterrâneo brasileiro feito por Rugendas
Fonte: Diener; Costa, 2002, p 220.

 

Assim sendo, partindo-se da análise de suas obras, bem como trabalhos de outros autores que mencionaram o naturalista alemão, o presente artigo tem como objetivo principal o destaque dos estudos de Humboldt no tocante à associação da geomorfologia cárstica ao uso antrópico do carste e das cavernas. Destaca-se que, por mais que as obras de Humboldt já tenham sido estudadas por diversos pesquisadores de áreas distintas, é mais comum observar pesquisadores venezuelanos destacando a importância de Humboldt para o desenvolvimento da espeleologia daquele país.

 

Influência de Humboldt nos pintores e cientistas século XIX

Além de influenciar outros cientistas na Europa, Humboldt também influenciou pintores .Assim, Humboldt acabou por influenciar pintores europeus que registraram cenas do “Novo Mundo” tropical. Tal afirmativa é comprovada por Diener [3] que identifica, por exemplo, de que forma os trabalhos de Humboldt influenciaram Johan Moritz Rugendas (1802-1858), artista alemão que tornou-se conhecido por pintar cenários e cenas cotidianas do Brasil colônia (figura 2). O naturalista Carl Friedrich Phillipp von Martius (1794-1868) que também registrou o uso humano de cavernas no Brasil, assim como muitos de seu tempo, também foi influenciado por Humboldt. Henriques 4 nos lembra esse fato quando afirma que, “como europeu, Martius certamente tinha grande curiosidade pela América, devido à leitura dos livros de Humboldt”, frequentemente citado no diário de sua viagem pelo Brasil.

 

Figura 2. Interior de uma caverna brasileira retratada por Rugendas
Fonte: Diener; Costa, 2002, p 220

 

Tuan [5] citado por Rodaway [6], lembra que Humboldt, enquanto amplamente conhecido por explicar o mundo físico, esteve entre os primeiros a utilizar a representação da paisagem e a poesia para ampliar a experiência geográfica com o sentimento e a emoção.

Digno de destaque foi o fato de que “ele soube combinar a concentração de suas atividades científicas e o entusiasmo de forma esclarecida e comunicável.” [7]. Ao analisar suas obras é possível afirmar, sem dúvida alguma, que ele é merecedor de todos os “rótulos” e inúmeras homenagens a ele atribuídas.

Acompanhado pelo botânico francês Aimé Bonpland, quando embarca para sua famosa expedição em direção à América Espanhola em 1799, Humboldt já possuía consideráveis noções geográficas, químicas, botânicas, mineralógicas e físicas. Após seu retorno, publicou diversas obras que elevaram seu nome a um lugar de destaque na história da Ciência.

Nas palavras de Turley, por ser incansável como “explorador e aventureiro, estudante entusiástico de outras fontes de informação e exímio observador e escritor, Humboldt redesenhou a percepção geográfica mundial.” [8]

Desenvolveu a imagem do “Novo Mundo” na Europa e apresentou ao “mundo científico europeu, todas as facetas dos trópicos da América Central e do Sul, e suas diferenciações.” [9]. Riesco Jr. afirma que, mais que qualquer outro estudioso de sua época, Humboldt influenciou a ciência de vários países. Definiu novos caminhos e métodos de investigação, permitindo exceder os limites dos fenômenos de forma isolada, buscando sua inter-relação, postura extremamente valiosa para os cientistas [10].

Seus trabalhos são obras-primas da geografia, da cartografia e até mesmo da literatura. Pratt [11] destaca que “enquanto parecia estar levando o projeto da ciência descritiva a seu extremo enciclopédico, Humboldt sentia-se sempre incomodado com o empobrecimento espiritual e estético do discurso científico, com seu tédio inevitável.”

Assim, para Ricotta [12], Humboldt era um cientista preocupado com a forma de tratamento da linguagem e seu efeito sobre leitor. Descrições minuciosas da paisagem e dos processos físicos e humanos são feitas por ele, levando narrativas com riqueza de detalhes ao leitor.

Destacamos que suas descrições minuciosas, bem como seu encantamento pelos processos e fenômenos naturais não influenciavam na seriedade com que suas pesquisas eram feitas. O próprio Humboldt afirmava que nada adiantava medir a vazão de uma cachoeira sem se encantar pela magnitude e beleza do fenômeno.

Sua genialidade estava também em sua habilidade em perceber e descrever a natureza. Cerca de meio século antes de Darwin, havia esboçado ideias que se vinculam com os mais modernos conhecimentos da evolução biológica e geológica do Planeta; antecipou “de maneira prodigiosa” as grandes teorias que surgiriam e se consolidariam somente durante os duzentos anos seguintes [13].

Mesmo com todos os trabalhos escritos sobre Humboldt e suas pesquisas, o que ainda é desconhecido ou menos conhecido, é a sua importância para o estudo do carste e das cavernas. No Brasil, poucos ou nenhum trabalho foi feito no sentido de destacar como essas feições são mostradas em suas obras. Nas suas “Narrativas pessoais”, “Nos Quadros da Natureza”, no “Cosmos”, no “Ensaio geognóstico sobre a sobreposição das rochas em ambos os hemisférios”, no “Ensaio Político sobre o Reino da Nova Espanha” e na “A Ilha de Cuba”, são descritas cavernas em maciços carbonáticos e graníticos, sumidouros, ressurgências e minerais diversos.

O uso do subterrâneo como moradia, abrigo, espaços para a prática de rituais funerários ou para adoração de deuses também são presentes em suas obras. Além de descrever os aspectos físicos da Caverna dos Guacharos na Venezuela, por exemplo, observou os ritos religiosos dos indígenas que estavam acostumados a celebrar cerimônias na entrada da caverna. Lá consultavam os espíritos poderosos que interviriam contra os espíritos malignos que habitavam a escuridão.

Durante o tempo em que esteve em território venezuelano para pesquisar o rio Orenoco, explorou as montanhas ao norte do país, os Llanos e a Guiana até muito ao sul, como em San Carlos de Río Negro, no estado venezuelano do Amazonas [14]. Fez descrições ou referências de cavernas no México e em Cuba. Em relação à Cuba, o que mais chamou sua atenção foram os processos hidrológicos do carste em uma ilha com mais de 50 per cento de seu território desenvolvido em carbonatos aflorantes ou sob uma fina camada de solo.

Humboldt, a geomorfologia e o uso antrópico do carste e dos subterrâneos

Em seus trabalhos Humbold aborda diversas áreas do conhecimento das Ciências Naturais. Dentre elas, destacam-se as contribuições no campo da geomorfologia cárstica e das cavernas, sejam elas desenvolvidas em rochas carbonáticas ou não, como as cavernas em granito mencionadas por ele. Embora suas investigações científicas sejam muito maiores do que as apresentadas neste texto, destaca-se o fato de que o artigo se concentrou mais no carste e nas cavernas localizadas na América Central e América do Sul (figura 3). Optou-se por não separar claramente as áreas de estudo a fim de evitar uma divisão excessiva do texto.

Figura 3. Mapa de localização de algumas localidades visitadas por Humboldt e que foram mencionadas neste artigo

 

Embora pouco conhecidas, as atividades de Humboldt no subterrâneo iniciaram-se em 1790 nas cavernas de Peak, Eldon e Pooles, na Inglaterra. Em 1791, o naturalista deu início aos seus estudos na Academia de Minas de Freiberg e devido ao fato de ter iniciado trabalhos nas minas subterrâneas, estudou seu microclima e desenvolveu um equipamento para respiração em locais confinados de atmosfera perigosa [15].

No primeiro volume do Ensaio Político sobre o Reino da Nova Espanha e no Ensaio geognóstico sobre a sobreposição das rochas em ambos os hemisférios, descreve a geologia de distritos de mineração, apresentando algumas minas subterrâneas nos dois hemisférios, comparando, descrevendo e relacionando diferentes tipos de calcário [16]. Seu rigor científico em relação as suas obras pode ainda ser confirmado na seguinte passagem:

“Não nego a utilidade das denominações arenito marinho ou calcário marinho para descrições locais; mas de acordo com os princípios sobre os quais me proponho a seguir nesse ensaio sobre as formações caracterizadas de acordo com o lugar que ocupam em termos de séries, parece-me que devo evitar seu uso aqui.” [17]

Ainda em relação ao subterrâneo, mas agora em cavidades naturais, visitou grutas na Europa, na região dos Cárpatos, França, Suíça, Polônia e da Alemanha, por exemplo. Dessa forma, pôde realizar comparações com algumas das feições encontradas no “Novo Mundo”.

Em 1799, quando iniciou sua viagem americana junto a Aimé Bonpland, realizou inúmeras pesquisas que ficaram marcadas na história das Ciências Naturais. Antes de chegar ao “Novo Mundo”, passou pelas Ilhas Canárias e acabou por explorar uma caverna de gelo (a Cueva de Hielo) durante sua escalada ao monte Teide, em Tenerife. A caverna localizava-se

“abaixo do limite das neves eternas. É provável que o frio que reina nessa caverna possua a mesma origem daquele que perpetua o gelo nas fissuras do Monte Jura e dos Apeninos (...). Essa casa natural de gelo do pico, todavia, não possui nenhuma dessas aberturas perpendiculares que irradia o ar quente enquanto o ar frio continua inalterado no fundo (...). Durante o inverno, a caverna é preenchida com gelo e neve e, como os raios do Sol não penetram além de sua boca, o calor do verão não é suficiente para esvaziar o reservatório. A existência da casa natural de gelo depende, consequentemente, mais da quantidade de neve que entra no inverno e a baixa influência dos ventos quentes que sopram no verão, do que a elevação absoluta da cavidade e da temperatura média da camada de ar em que se situa.” [18]

É interessante destacar que Humboldt sempre se utilizava de um dos princípios clássicos da geografia: o princípio da causalidade, destacado por Amorim Filho [19] como sendo originário dos gregos na Antiguidade, desenvolvido pelos alemães e adotado, bem mais criticamente pelos franceses. Além deste princípio, Humboldt, sempre que possível, beneficiava-se das comparações entre regiões do mundo, como preconizado por seu contemporâneo, Karl Ritter. Tais comparações são vistas com frequência em suas obras e comprovadas por sua descrição da Cueva del Hielo e nas demais descrições.

Ainda em Tenerife, menciona o trabalho de O’Donnel e Armstrong [20], que “descobriram uma abundante fonte em Malpais, a cem toise equivale a aproximadamente 2 metros acima da caverna de gelo, que talvez seja abastecida por essa fonte.”[21]. E continua afirmando que “tudo, consequentemente, nos leva a deduzir que o Pico de Tenerife, assim como os vulcões dos Andes e aqueles das ilhas de Manila, contem em seu interior muitas cavidades, as quais são preenchidas com água atmosférica, recebidas apenas por infiltração.”[22]

No México identificou fontes de água pura que são levadas às vilas por meio de um “extenso e magnífico” aqueduto. Em outros casos, identificou fontes termais aciduladas, algumas quentes, outras frias [23]. Refere-se à região da Caverna Madre de Dios como sendo de “enorme massa calcária” [24].

Demonstra o uso desordenado da água para o processo de amalgamação e seus possíveis impactos ambientais. Afirma que os mineiros utilizavam a abundante fonte da Cueva de San Felipe e que, na noite do dia 16 para 17 de fevereiro, o ribeirão havia sido perdido. Entretanto, “cinco dias após a fonte foi encontrada a cinco léguas de distância da caverna, próximo à vila de Platanillo” [25]. Esse trecho possivelmente faz alusão à sedimentação excessiva de uma fonte ou ressurgência e sua consequente desativação.

A mesma ocorrência é narrada em Humboldt [26], que continua descrevendo a importância geológica da região mexicana: “Existe nesse país, entre as vilas de Chamacasapa Talvez a atual Chilacachapa, cerca de 140 km a sudoeste da Cidade do México, Estado de Guerrero, Platanillo e Tehuilotepec, no centro de montanhas calcárias, uma série de cavernas e galerias naturais, e rios subterrâneos, como aqueles do condado de Derby na Inglaterra”[27]. Mais uma vez o naturalista faz comparações baseadas em suas experiências prévias na Europa, fato que ajudaria os leitores do “Velho Mundo” a se familiarizarem com as imagens descritas do “Novo Mundo”.

Identificou, em 1822, outras fontes de água potável próximas à atual Cidade do México; uma na colina de Chapultepec localizada na porção central do estado do México, conhecido como México Centrale outra, nos cerros de Santa Fé, próxima às Cordilheiras que separam o vale de Tenochtitlán dos vales de Lerma e Toluca. Destaca-se que Tenochtitlán, apital do Império Azteca, localiza-se em uma ilha do lago Texcoco, próximo à Cidade do México. Humboldt destaca que o Rei Carlos V da Espanha foi informado sobre a fonte de Amilco, próxima a Churubusco, ainda nas cercanias da Cidade do México. A água era canalizada daí para a cidade em tubulações de cerâmica. Em San Agustín de las Cuevas município próximo à Cidade do México, afirma que a qualidade da água é a melhor. Ainda descobriu, na estrada que liga essa “charmosa vila” à Cidade do México, traços de um antigo aqueduto [28].

Tais usos dos recursos do carste são comuns até os dias de hoje. Desde os tempos mais remotos a água do carste vem sendo utilizada pelo ser humano e o crescimento desordenado nas aglomerações urbanas, bem como das atividades industriais em áreas cársticas pode, sem dúvida, gerar graves problemas de abastecimento em diversas regiões do mundo. A tentativa de se controlar o funcionamento hidrológico no carste também é uma constante na história da humanidade como poder ser visto a seguir.

Humboldt [29] destaca que a observação do comportamento das águas em cavernas pelos jesuítas, levou o monge Francisco Calderon a imaginar a execução de um gigantesco projeto de engenharia

“Esse monge imaginava que, no fundo do lago de Tezcuco Município de Texcoco, nordeste da Cidade do México, próximo a Penol de los Baños, existia um buraco (sumidero) o qual, quando alargado, dragaria toda a água (...). Os jesuítas continuaram sondando em vão por três meses (...) mas nenhum sumidero foi encontrado embora, mesmo assim, muitos índios acreditassem firmemente na sua existência” [30].

Em relação à descrição de outros sumidouros e ressurgências, novamente observa fenômenos naturais, relacionando-os com fatos já sabidos em outras partes do mundo: “Água e areia algumas vezes são lançadas a 23 pés de altura. Fenômenos similares foram observados em tempos antigos pelos habitantes da Grécia e Ásia Menor, abundantes em cavernas, fissuras e rios subterrâneos” [31].

Também registrou ressurgências de água doce em diversas das pequenas ilhas de coral e areia visitadas em Cuba. Teorizava que talvez apresentassem alguma comunicação subterrânea entre a formação calcária da praia que acumulava água da chuva e o leito marinho. Por pressão hidrostática, a água surgia do solo [32]. Assim, “a abundância de água que se infiltra pelas fissuras da rocha é tão grande que, por causa da pressão hidrostática, fontes de água doce são encontradas no mar a alguma distância da costa” [33].

Afirma em outra ocasião que, em San Carlos de Río Negro, estado venezuelano do Amazonas, haviam passado algumas horas entre as corredeiras do Atures esperando pelo barco. Grande parte do rio parecia seca e blocos de granito amontoavam-se por ali. O rio então sumia nas cavernas formadas pelo empilhamento das rochas; para ele, em uma delas era possível ouvir a água passando por baixo de seus pés. Tais cavernas são denominadas de cavernas em talus. Embora cavidades não cársticas, desempenham importante papel nos sistemas naturais que se encontram por servirem de abrigo para diferentes espécies animais, bem como para microrganismos diversos.

O rio parecia se dividir em múltiplos braços ou torrentes e cada um buscava forçar passagem pelas rochas. Em resumo, afirmou terem ficado perplexos com a falta de água no leito do rio, a frequência das quedas d’água subterrâneas, a agitação e o barulho das águas quebrando nas rochas e produzindo espumas [34].

Em Cuba, na região de Trinidad, são encontradas vertentes carbonáticas abruptas “semelhantes às montanhas calcárias de Caripe, nas cercanias de Cumaná Norte da Venenuela. Também contém numerosas cavernas, próximo a Matanzas e Jaruco, onde não ouvi que qualquer fóssil ou ossadas pudessem ser encontrados. A frequência das cavernas onde a água das chuvas se acumula e onde rios desaparecem, às vezes causa afundamentos de terra.” [35]. Tais afundamentos de terra podem ser as dolinas de subsidência, comuns em regiões cársticas. Tais feições correm quando o material abaixo da cobertura pedológica é dissolvido ou abruptamente removido por um desabamento do endocarste. Tal processo faz com que o solo se adapte aos vazios criados, deformando-se na superfície. Tais afundamentos podem ser abruptos ou mais suaves.

Especificamente na obra “A Ilha de Cuba”, trata os “afundamentos de terra” como riscos da natureza onde a “(...) frequência de cavernas, nas quais a água da chuva acumula e captura cursos d’água, às vezes causam desastres” [36], em clara referência a processos de abatimento do carste (figura 4).

 

Figura 4. Dolinas de subsidência na Romênia.
Exemplos dos “afundamentos de terra” assim como os mencionados por Humboldt em Cuba
Foto: Dr. Heinz Charles Kohler

 

No Cosmos, discursa sobre a temperatura de ressurgências ou fontes de águas termais e sua relação com áreas vulcânicas. Suas dúvidas em relação à temperatura dessas águas nos trópicos foram ampliadas ao estudar a Cueva del Guacharos, ao medir a temperatura do ar no meio externo (18,5ºC), na caverna (18,7ºC) e no rio subterrâneo (16,8 ºC ), observando sua provável origem nas montanhas [37].

Na Ilha de Cuba, afirma que a porção central e oeste da ilha contêm duas formações de calcário compacto: a primeira apresenta alguma semelhança com os carbonatos europeus da Formação Jura e a segunda variedade que o lembrava do calcário de Papenheim, cidade localizada a noroeste de Munique. A essas duas formações “devo chamá-las de calcário Guines para distinguir de outra formação muito mais recente das montanhas de San Juan próximas à Trinidad que me lembra as formações das montanhas calcárias de Caripe” [38].

Em visita à Península de Araya (Punta de Araya), faz uma descrição geológica, indicando a presença do “calcário arenítico, formação local e parcial, peculiar à península de Araya, às costas de Cumaná e a Caracas.” [39].

Daí, sua visita à região foi rapidamente sucedida por uma excursão às montanhas da missão dos Índios Chayma, onde uma variedade de objetos chamou-lhe a atenção. Em um convento, situado em um estreito vale, era possível sentir um “fresco e delicioso” clima, no centro da zona tórrida. Na região, “as montanhas ao redor possuem cavernas assombradas por milhares de aves noturnas, o que afeta a imaginação mais que todas as maravilhas do mundo físico.” [40]. Aqui já notamos referência aos estudos do imaginário e as cavernas, bem como os sentimentos topofóbicos que muitas despertam.

Após se “ensoparem e sofrerem de grande fatiga”, chegaram às cavernas de Cuchivano. Observaram uma parede de rochas calcárias que se elevava perpendicularmente até a altura de 800 toises 1 toise ~ 2 m. Afirma ser raro que, em uma zona onde a densidade da vegetação encobre o solo e as rochas, fosse fácil encontrar seções de rocha exposta. Ao encontrar um trecho de rochas aflorantes, em meio à densa floresta, perceberam duas cavernas que se abriam em forma de fissuras que, “infelizmente, encontravam-se em posição inacessível ao homem. Estávamos quase certos de que eram habitadas por pássaros noturnos, os mesmos encontrados na Cueva del Guacharos de Caripe.” [41].

Em relação à mineralogia, próximo às cavernas calcárias de Cuchivano, descreve “cristais de rocha (...) hexahedrais (...) perfeitamente transparentes, solitários e, frequentemente, distantes três ou quatro toises um do outro. Encontravam-se embutidos na massa calcária, como os cristais de quartzo de Burgtonna e das boracitas de Lunebourg, contidas em gipsita.” [42]. Sobre tais cidades, destaca-se que Burgtonna é a atual Gotha, na Alemanha. A região é conhecida pelos travertinos formados pelas fontes de água carbonática desde 70.000 anos antes do presente. Já Lunebourg deve ser a cidade de Lüneburg, na Baixa Saxônia, a cerca de 45 km a sudeste de Hamburgo.

Cavernas graníticas são descritas próximas à Missão de Uruana, conhecida popularmente como vila de La Concepcion de Urbana:

“Essa pequena vila, que contém 500 almas, foi fundada pelos Jesuítas por volta do ano 1748, pela união dos Índios Ottomac e Cavere. Localiza-se na base de uma montanha composta por blocos isolados de granito, os quais, acredito, levam o nome de Saraguaca. Massas de rocha, separadas umas das outras pelo efeito da decomposição, formam cavernas onde se encontram indubitáveis provas de antigas civilizações nativas. Hieróglifos e até caracteres em linhas regulares são vistos esculpidos nos seus lados; entretanto duvido que tragam qualquer analogia à escrita alfabética” [43].

Em Quito e no Peru, descreve a influência das cavernas na língua Quichua para designar as cordilheiras da região:

“As cordilheiras de Quito e Peru levam o nome indígena Machays. O termo é de origem Quichua, comumente chamado pelos espanhóis como a língua Inca. Callancamachay significa uma caverna tão grande quanto uma casa (...). São geralmente pequenas em profundidade. Diferem do tamanho enorme das aberturas observadas em Tenerife (...)” [44]. Cavernas pequenas em profundidade são os abrigos sob rocha utilizados pelo Homem desde os seus primórdios.

Em 1865, identifica outra cavidade em granito, a Cueva de Antisana, na porção norte do Vulcán de La Hacienda. A caverna, a cerca de 16.000 pés acima do Pacífico, foi utilizada como “base” para a observação dos Condores que voavam acima dos Andes [45].

Pelo que foi demonstrado até agora, Rodriguez [46] afirma que, dos quase duzentos viajantes naturalistas que palmilharam as terras da Venezuela durante o século XIX, deixando importantes registros históricos sobre a geografia física e humana da região, destaca-se o nome de Humboldt como sendo o mais importante.

Suas pesquisas nas cavernas do “Novo Mundo” fazem com que Urbani atribua a Humboldt o título de “pai da espeleologia venezuelana” [47], por ter apresentado, pela primeira vez, trabalhos sobre antropoespeleologia, bioespeleologia e geoespeleologia regional. Deve, portanto, ser considerado o “viajante científico por excelência.” [48].

De todas as cavernas descritas e identificadas considera a Caverna dos Guacharos a melhor contribuição espeleológica de Humboldt [49]. Lá estudou, pela primeira vez, a biospeleologia, a geoespeleologia, a antropoespeleologia e a climatologia de cavernas. É importante ressaltar que as informações do microclima subterrâneo da caverna se mantêm praticamente as mesmas cerca de 200 anos depois [50].

O encantamento com a natureza, descrito nas páginas anteriores, deve ser fonte de inspiração do carstólogo, porém, sem nunca se esquecer do rigor científico. A forma pela qual Humboldt escrevia suas obras propicia ao leitor a construção de imagens mentais próximas da realidade, indo da Geografia Física à Geografia Humana.

Para ele, na América do Sul existia uma comunhão da natureza com a vida espiritual do homem, sendo fácil impressionar-se com sua sensação de grandeza; em nenhum outro lugar no mundo essa relação nos fala tão poderosamente como nos trópicos [51].

Em relação ao desconhecido e os mistérios que envolvem certas cavernas, Humboldt [52] afirma que os viajantes não familiarizados com os gases inflamáveis naturais que saiam da Cueva del Serrito de Monai, eram assustados pela população local que ateava fogo na combinação gasosa constantemente acumulada na parte superior da caverna. É possível afirmar que o fogo ocorre devido ao acúmulo, principalmente, de gás metano oriundo da decomposição de matéria-orgânica.

Urbani lembra também que, nas proximidades de Cumaná, a população local reportou a Humboldt que tal fenômeno se repetia na Cueva del Cuchivano onde as chamas podiam ser vistas à distância  [53]. Fenômenos dessa natureza foram também documentados em várias outras partes da Venezuela.

Humboldt [54] já identificava exemplos de locais ricos em simbolismos, como espaços sagrados para a prática de enterros cerimoniais. Na Cueva del Ataruipe leva ao leitor a imagem de cerca de seiscentos esqueletos bem preservados em cestas de folhas de palmeira [55], confirmando a sacralidade do lugar.

Percebeu, em outra ocasião, a importância do imaginário coletivo para a preservação de uma espécie de ave na Caverna dos Guacharos. Escreve ao leitor que os guacharos teriam sido destruídos há anos atrás se não fosse a superstição dos nativos, que os impedia de ir aos locais mais escuros da caverna, onde outros ninhos são feitos [56].

Outro fenômeno natural capaz de assustar viajantes desavisados, mas não os experientes condutores de barcos do “Novo Mundo”, foi assim descrito: “Presenciei o mesmo fenômeno em várias costas, por exemplo, nos promontórios de Tenerife, nos calcários de Havana e nos granitos do Baixo Peru, entre Truxillo e Lima [57]. Estava se referindo ao alto barulho, similar a um ronco, emitido periodicamente pela compressão do ar pelas ondas do mar em uma caverna.

Nas Ilhas Canárias, menciona a existência de múmias dos Guanche que, ao contrário de outros nativos, “viviam nas cavernas” [58]. Sobre as múmias, afirma serem “a marca de uma grande civilização”, espantando-se por ainda terem sido encontradas mesmo com a presença de “nações mercantis, especialmente espanhóis e portugueses, que buscavam por escravos nas Ilhas Canárias.” [59]. Em outro trecho da mesma obra, demonstra a importância das cavernas para a preservação das múmias:

“No tempo em que visitei as Canárias eram muito escassas; um número considerável, no entanto, pode ser encontrado se mineiros forem empregados para abrir cavernas sepulcrais (…). Tais múmias estão em um estado de embalsamento tão singular que, corpos inteiros (...), frequentemente não pesam mais do que seis ou sete libras; a conformação do crânio possui certa semelhança com a raça dos antigos Egípcios e o dente incisivo dos Guanches são sem corte, assim como aqueles encontrados nas múmias do Nilo.” [60].

Nas Ilha de Cuba, São Domingo e Jamaica, pergunta onde seria “a morada dos habitantes primitivos desses países.” [61]. Os Guanches, assim como os Biscaios (povo primitivo da província espanhola de Biscaia), os Hindus, os Peruanos e todas as nações primitivas nomearam os lugares em homenagem à qualidade dos solos que cultivavam, à forma das rochas, às cavernas que lhes deram abrigo e à natureza [62, comprovando a importância do carste e das cavernas como locais valorados por diversos povos. Na planície de Maita (Venezuela), alguns blocos de granito empilhados formavam uma espécie de caverna. Era chamada de casa ou morada dos antepassados dos Tamanacs [63].

A Caverna de Ataruipe, celebrada pelos Atures como local de enterros cerimoniais é belissimamente descrita como se segue:

“Nessa tumba de uma tribo inteira extinta, rapidamente contamos cerca de seiscentos esqueletos bem preservados e regularmente dispostos. Cada esqueleto repousa em uma espécie de cesta feita de pecíolos de palmeiras. Essas cestas, as quais os nativos chamam de mapires, possuem a forma de uma bolsa quadrada. Seus tamanhos variam na proporção da idade do morto; existem alguns infantes mortos no momento do nascimento. Os vimos desde dez polegadas a três pés e quatro polegadas de comprimento (...). Os ossos foram preparados em três diferentes maneiras: clareados ao ar livre no sol, tingidos de vermelho, ou como múmias, envernizados com resinas odoríferas e envoltas em folhas (...). Os índios nos informaram que o cadáver fresco é colocado em chão úmido, onde a carne pode ser consumida em vários graus; alguns meses após, ele é retirado e a carne restante nos ossos é raspada com pedras afiadas.” [64].

Para o naturalista, os Atures quase desapareceram totalmente; não eram mais conhecidos, exceto pelos sepulcros descritos anteriormente. Afirmou que tais sepulcros lembram aqueles dos Guanches, encontrados em Tenerife. Nas cavernas, onde as múmias e esqueletos dos Atures foram descobertos, os nativos haviam descoberto caixas de ferro contendo inúmeras ferramentas européias, restos de vestuário e rosários [65]. Seria essa anotação um breve indício do uso religioso das cavernas no “Novo Mundo” pelos europeus?

O conflito observado ainda nos dias de hoje sobre a profanação de sítios sagrados, mesmo em razão de pesquisas arqueológicas, foi demonstrado pelo pesquisador quando descreve que deixaram a caverna à noite, após terem coletado, “sob extrema irritação dos guias nativos, vários crânios e o perfeito esqueleto de um ancião.” [66]. Infelizmente, o esqueleto juntamente com grande parte de sua coleção de história natural, foi perdido em um naufrágio na costa da África.

Ainda comprovando a importância de Humboldt para o desenvolvimento da carstologia ou da espeleologia na América Latina, destaca-se uma carta (pouco conhecida) datada de 1810. Ela foi descrita e publicada por Urbani [67]. Na carta enviada a Paris, ao Sr. Louis Mathieu Langlès (membro do Instituto da Biblioteca Imperial de Paris), Humboldt busca explicações sobre o significado de petroglifos encontrados pelo padre Ramón Bueno em uma caverna de Uruana (Cidade de La Urbana), estado venezuelano de Bolívar. Com base em Urbani [68], decidiu-se identificar nos textos de Humboldt a menção específica de tais petroglifos.

O padre Bueno e Humboldt se encontraram em 1800, enquanto o naturalista coletava ovos de tartaruga em uma ilha do rio Orinoco (ilha de Cucuruparu ou Boca de Tortuga). Na conversa com o missionário, esse afirma ter descoberto uma caverna coberta com “várias figuras ou (como ele diria em português) verias letras Negrito por Humboldt. O termo aparece na obra de Humboldt como “verias” e não “várias” [69]. Para eles, os caracteres descobertos pelo padre Ramón aproximam-se daqueles de um alfabeto, entretanto, Humboldt ainda possuía “muitas dúvidas a esse respeito.” [70].

Quanto ao desenvolvimento desses petroglifos em granito e não em calcário, Humboldt faz a seguinte observação: “seja qual for o significado dessas figuras e por mais que tenham sido traçadas sobre granito, não são menos dignas de mérito, pois fazem parte da história filosófica de nossas espécies.” [71]. A expressão “por mais que tenham sido traçadas sobre granito” talvez demonstre o efeito de encantamento da paisagem cárstica carbonártica sobre os viajantes.


Breves considerações finais

O presente trabalho enfatizou as atividades de pesquisa em Carstologia de um dos mais importantes pesquisadores do século XVIII, quando do início de suas pesquisas no “Novo Mundo”, em 1799. Merece destaque o fato de que uma abordagem integradora das variáveis físicas e humanas da paisagem cárstica tem se tornado objeto de interesse da comunidade científica internacional e nacional, embora ainda existam pouquíssimos trabalhos que abordem essa temática no Brasil. A relação entre os fenômenos cársticos (e.g.: sumidouros, ressurgências, dolinas e cavernas) e o uso antrópico da paisagem foram demonstrados nesta breve comunicação.

Muitas das pesquisas de Humboldt possuem validade até os dias de hoje, haja vista as medições microclimáticas realizadas na Cueva del Guácharo (Venezuela). Pela importância regional da caverna e das pesquisas realizadas pelo naturalista alemão, em 1975 foi criado o Parque Nacional Cueva del Guácharo. Destaca-se a existência de outra Cueva del Guácharo na Colômbia que conta, também, com uma espécie de ave nomeada em homenagem a ele: a Quercus humboldtii.

O presente trabalho teve como objetivo chamar a atenção para os estudos de Humboldt no tocante à associação da geomorfologia cárstica ao uso antrópico do carste e das cavernas. Por mais que as obras de Humboldt já tenham sido estudadas por diversos pesquisadores de áreas distintas, é mais comum ver apenas pesquisadores venezuelanos destacando a importância de Humboldt para o desenvolvimento da espeleologia daquele país.

Merece destaque o fato de que uma abordagem integradora das variáveis físicas e humanas da paisagem cárstica tem se tornado objeto de interesse da comunidade científica internacional e nacional, embora, ainda existam pouquíssimos trabalhos que abordem essa temática no Brasil. A relação entre os fenômenos cársticos (e.g.: sumidouros, ressurgências, dolinas e cavernas) e o uso antrópico foram demonstrados nesta breve comunicação.

Por fim, é possível concluir que Alexander von Humboldt, importante pesquisador para várias áreas do conhecimento, destaca-se mais uma vez. Aqui, nos trabalhos pioneiros da espeleologia ou de uma carstologia ainda incipiente na América Latina e que vai começar a se desenvolver quase 160 anos depois do início de suas viagens ao "Novo Mundo" em 1799.


Notas

[1] Turley, 2001.

[2] Kohlhepp, 2006.

 [3] Diener, 2007.

 [4] Henriques, 2008, p.27.

 [5] Tuan, 1999.

 [6] Rodaway, 2007.

 [7] Kohlhepp, 2006, p.272.

 [8] Turley, 2001, p.22.

 [9] Kohlhepp, 2006, p. 272.

 [10] Riesco Jr, 2004.

 [11] Pratt, 2001, p.156.

 [12] Ricotta, 2003.

 [13] Ezcurra, 2002.

 [14] Urbani, 2003.

 [15] Urbani, 2003.

 [16] Humboldt, 1811, 1822a, 1823.

 [17] Humboldt, 1823, p.63.

 [18] Humboldt, 1818, p.157-158.

[19] Amorim Filho, 2007, p.18       .

 [20] O’Donnel e Armstrong, 1806.

 [21] Humboldt, 1818, p.166.

 [22] Humboldt, 1818, p.166-167.

 [23] Humboldt, 1811, p.146.

 [24] Humboldt, 1811, p.148.

 [25] Humboldt, 1811, p.283.

 [26] Humboldt 1822a, p.228.

 [27] Humboldt, 1822a, p.228-229.

 [28] Humboldt, 1822a.

 [29] Humboldt, 1822a. 

[30] Humboldt, 1822a, p.102.

 [31] Humboldt, 1822b, p.220.

 [32] Humboldt, 1856b.

 [33] Humboldt, 1856b, p.143.

 [34] Humboldt, 1818, 1850, 1852.

 [35] Humboldt, 1822b, p.165-166.

 [36] Humboldt, 1856b, p.133.

 [37] Humboldt, 1856a.

 [38] Humboldt, 1856b, p.133.

 [39] Humboldt, 1822, p.10.

 [40] Humboldt, 1822b.

 [41] Humboldt, 1822b, p.80-81.

 [42] Humboldt, p.1822b, p. 80-81.

 [43] Humboldt, 1852b, p.196.

 [44] Humboldt, 1822b, p.147.

 [45] Humboldt, 1850.

 [46] Rodriguez, 2001.

 [47] Urbani 2003, p.55.

 [48] Rodriguez, 2001, p. 238.

 [49] Urbani, 2003.

 [50] Urbani, 2003.

 [51] Humboldt, 1850.

 [52] Humboldt, 1818/1852b.

 [53] Urbani, 2003.

 [54] Humboldt, 1850.

 [55] Humboldt, 1850.

 [56] Humboldt, 1852.

 [57] Humboldt, 1829, p.393.

 [58] Humboldt, 1814, p.83.

 [59] Humboldt, 1814, p.274.

 [60] Humboldt, 1814, p.278-279.

 [61] Humboldt, 1814, p.274.

 [62] Humboldt, 1814.

 [63] Humboldt, 1818, 1827, 1852

 [64] Humboldt, 1852b, p. 483

 [65] Humboldt, 1818, 1827, 1850, 1852.

 [66] Humboldt, 1850, p.172.

 [67] Urbani, 1996.

 [68] Urbani, 1996.

 [69] Humboldt, 1827, p.594.

 [70] Humboldt, 1827, p.595.

 [71] Humboldt, 1827, p.595.


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Ficha bibliográfica:

TRAVASSOS PANISSET, Luis Eduardo. O carste e as cavernas nas obras de Alexander von Humboldt. Biblio 3W. Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 25 de julio de 2013, Vol. XVIII, nº 1034. <http://www.ub.es/geocrit/b3w-1034.htm>. [ISSN 1138-9796].