Biblio 3W
REVISTA BIBLIOGRÁFICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona 
ISSN: 1138-9796. Depósito Legal: B. 21.742-98 
Vol. XVIII, nº 1039, 30 de agosto de
2013
[Serie  documental de Geo Crítica. Cuadernos Críticos de Geografía Humana]

 

A DIMENSÃO URBANA DA NATUREZA: CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA AMBIENTAL[1]

Yuri Simonini 

Angela Lúcia Ferreira

 Grupo de Pesquisa História da Cidade, do Território e do Urbanismo – HCUrb
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal – Brasil

Recibido: 21 de marzo de 2013. Aceptado: 18 de junio de 2013


 

A dimensão urbana da natureza: considerações sobre a História Ambiental (Resumo)

As discussões, iniciadas a partir dos anos de 1970, em torno das crises ambientais evidenciaram a emergência de um diálogo interdisciplinar acerca das ações humanas na natureza numa perspectiva histórica. A História Ambiental – nova disciplina que surge então – se afasta do meio urbano ao priorizar em seus questionamentos as intervenções em áreas naturais inóspitas ou para plantio. Esse produto da ação do homem, onde o ambiente já foi modificado, é retomado por uma de suas vertentes – a História Ambiental Urbana. Sistematizar os aportes teórico-metodológicos da abordagem que compreende historicamente a análise da relação natureza-cidade é o que se pretende com este artigo. Para tal, fez-se a leitura de diversos autores, que tratam do tema, no sentido de contribuir para a construção de uma visão mais ampla sobre as possibilidades de estudo que convergem as relações entre a cidade, a natureza e a história, intermediadas pela tecnologia.

Palavras-Chave: História Ambiental Urbana, Meio ambiente e cidade, Aspectos teórico-metodológicos.  


 

The nature´s urban dimension: considerations about Environmental History (Abstract)

The discussions, started from the 1970s, around the environmental crises have highlighted the emergence of an interdisciplinary dialogue about the human action into nature, in historical perspective. The Environmental History – a new discipline that arises – moves away from urban issues by prioritizing in its questions interventions in inhospitable natural areas or for planting. This product of human action, where the environment has been modified, is resumed by one of its branches – the Urban Environmental History. Systemize the theoretical-methodological approach that includes the historical analysis of the nature-city is intended with this article. Thus, the works of many authors who deal with the subject were read in order to contribute to building a broader study about the possibilities of converging relations between city, nature and history mediated by technology.

Keywords : Urban Environmental History, Environment and city, Theoretical and methodological aspects.



La dimensión urbana de la naturaleza: consideraciones acerca de la Historia Ambiental (Resumen)

Las discusiones, iniciadas a partir de los años de 1970, alrededor de las crisis ambientales han evidenciado la emergencia de un diálogo interdisciplinar referente a las acciones humanas en la naturaleza en una perspectiva histórica. La Historia Ambiental – nueva disciplina que surge entonces – se aleja del medio urbano al dar prioridad en sus cuestionamientos a las intervenciones en áreas naturales inhóspitas o para la plantación. Ese producto de la acción del hombre, donde el ambiente fue modificado, se vuelve a apropiarse por uno de sus ejes – la Historia Ambiental Urbana. Sistematizar los aportes teórico-metodológicos del abordaje que comprende históricamente el análisis de la relación naturaleza-ciudad es lo que se intenta con este artículo. Para tal, se ha hecho lectura de los diversos autores que se ocupan del tema, en el sentido de contribuir a la construcción de una visión más amplia de las posibilidades de estudio que se convergen en las relaciones entre la ciudad, la naturaleza y la historia, intermediadas por la tecnología.

Palabras clave: historia ambiental urbana, medio ambiente y ciudad, aspectos teórico-metodológicos.


 

"Humans invent natural scenery and create parks because they desire such places not only for their beauty and community but also to partake in an ancient activity that predates history. Writing urban environmental history, then, is less about reconciling contradictions than it is about revealing the prehistoric foundations our Faustian culture cannot escape as it forever seeks to build a new world".

Bruce Stephenson, Urban Environmental history: the essence of a contradiction, 2005

 

Em artigo publicado na Ar@cne, Gerard Jori[2] expõe os pressupostos teóricos da História Ambiental, a partir das reflexões propostas por Carolyn Merchant acerca das transformações no território norte-americano, durante o último milênio, e as relações com a atual crise ambiental. Segundo o articulista, “es necesario echar la mirada hacia atrás para tomar consciencia de las estrategias seguidas por cada sociedad para controlar, modificar y conservar su respectivo medio natural”[3]. Se tais ações antrópicas – e suas consequências – sobre o meio ambiente são mais perceptíveis nas zonas agrícolas, a área urbana consiste num local onde os impactos ambientais encontram-se mais acentuados. 

Entretanto, para se estudar esse processo, se faz necessário a priori, estabelecer o aparente antagonismo entre o que se pensa por cidade e por natureza; pode ser visto a partir de definições das mais diversas áreas de conhecimento. O senso comum, muitas vezes, trata a cidade e a natureza como elementos contrários, principalmente, por apresentarem características distintas que não possuem uma relação direta, facilmente identificável, entre si, uma vez que se considera a natureza algo fora da cidade ou a ser percebida quando se sai do meio urbano[4]. Pelo viés científico, de fato, observa-se conceituações em que predominam elementos incompatíveis que dificulta transformá-los num único objeto de estudo. Jeffrey Stine e Joel Tarr, ao conceituar a cidade, a apresenta como “o meio construído” que implica “numa construção antrópica de estruturas, incluindo edificações de todos os tipos, ruas, estradas, calçadas e infraestrutura acima e abaixo do solo”[5]; já a definição de natureza para Carlos Walter Gonçalves[6] se delimita “(...) naquilo que se opõe a cultura”, entendendo aquilo que não foi construído pelo homem.

Essas exposições retratam um antagonismo ao reforçar mais as diferenças do que propor uma análise conjunta de possíveis relações. Não é possível, contudo, conceber a existência da cidade sem a natureza e vice-versa, “(...) o mejor, entre la concepción de lo natural y de lo artificial urbano está lejos de ser antitética. ‘Lo natural’, en la cultura moderna, ha sido progresivamente interpretado como objeto de una gestión territorial de matriz claramente urbana”[7]. Há uma dependência intrínseca entre esses dois fenômenos.

A vinculação da história humana com o meio ambiente – inserida num contexto ecológico, geográfico e cultural – tornou propício o surgimento de formas de produção e de estruturas sociais que “han generado formas de percepción social de la naturaleza y la transformación social del medio”[8]. Para a análise da complexidade dessas relações de forma mais ampla, pode-se incorporar aportes teórico-metodológicos provenientes da História Ambiental, aliada às contribuições da História Urbana e da História da Tecnologia que, em conjunto, formam eixos de pesquisa que permitem uma interlocução válida na compreensão do progresso técnico-científico, as mudanças políticas e sociais, a ocupação territorial, a extração e o aproveitamento de recursos naturais e as transformações ambientais.

Se a História Ambiental “(...) trata do papel e do lugar da natureza na vida do homem”[9], uma vez que a ação humana em seu meio se dá pela sua intervenção no mesmo ao construir espaços artificiais, as reflexões sobre o “crescimento, a decadência e o futuro das cidades”, a partir de uma perspectiva histórica, se inserem como um dos principais temas tratados pela História Urbana[10]. Joel Tarr enfatiza que a confluência dessas duas vertentes do estudo da História se deu no momento em que se percebeu, por um lado, a desestruturação e o declínio urbano e, por outro, um aumento na preocupação sobre a “qualidade do meio ambiente e a ameaça da saúde da natureza e do homem”[11]. Por isso, as intervenções humanas e as mudanças e impactos nas cidades, em linhas gerais, constituem o objeto de análise da História Ambiental Urbana, que se pode considerar a principal vertente da História Ambiental.

Nesse sentido, apresentar as contribuições dos pressupostos teórico-metodológicos da História Ambiental Urbana para a análise da relação natureza-cidade, ou melhor, meio ambiente-meio construído é o objetivo deste trabalho. Para tanto, fez-se um rastreamento das referências e dos subsídios utilizados pelos principais pesquisadores, europeus e americanos, acerca de suas elaborações conceituais sobre a História Ambiental e Urbana. Esse artigo se divide em dois itens. Incialmente, tece-se comentários sobre o surgimento da História Ambiental como disciplina, as vertentes de estudo, conceituação e a inserção nas pesquisas latino-americanas; trata-se, em seguida, do desdobramento dessa área do conhecimento no sentido de abranger também as tensões entre o meio ambiente e o construído e os caminhos metodológicos. Por fim, as considerações finais buscam entrelaçar as aproximações e os distanciamentos com a Geografia Histórica.

 

Considerações sobre o estudo da relação homem e natureza numa perspectiva histórica e uma aproximação às visões latino-americanas

A História Ambiental pode ser classificada como uma disciplina relativamente nova, surgida em meados da década de 1970[12] – fruto das discussões gestadas a partir das crises ambientais[13] que grassavam o globo naquele período. Entretanto, os debates, ainda embrionários, já vinham ocorrendo desde a década de 1950[14]. A denominação dessa área do conhecimento foi adotada por historiadores norte-americanos reunidos em 1977 em torno da fundação da American Society for Environmental History – ASEH – e da revista Environmental History[15]. Mais de vinte anos depois, em 1999, surgia, na Europa, a European Society for Environmental History – ESEH[16] –, que também passou a publicar uma revista exclusivamente dedicada ao assunto, a Environment and History.

Um dos principais expoentes e articuladores da História Ambiental foi o norte-americano Donald Woster[17], para quem a historiografia se manteve, no último século, calcada em questões políticas e econômicas e centrada, por sua vez, na ideia do Estado como principal gestor das ações humanas. Constatação que o levou a propor uma alternativa pelo viés da pluralidade histórica dos processos realizados pelo homem dentro da sua relação com os elementos naturais. Nos dizeres do autor, a História Ambiental surge como “(...) parte de um esforço revisionista para tornar a disciplina da história mais inclusiva nas suas narrativas do que ela tem tradicionalmente sido”[18].

Percebe-se uma nova forma de interpretação da história que, segundo Worster, “(...) rejeita as premissas de que a experiência humana se desenvolveu sem restrições naturais, [e] de que as consequências ecológicas de seus feitos passados podem ser ignoradas”[19]. Sua finalidade consiste, então, em “(...) entender como os seres humanos foram afetados pelo ambiente natural e inversamente como eles afetaram esse ambiente e com que resultados”[20]. Por isso, não se pode pensar numa História Ambiental separada da História do Homem, já que desde a concepção da ciência moderna, a humanidade percebe a natureza como um recurso do qual se pode lançar mão arbitrariamente[21].

O alcance dos princípios de Worster pode ser visto nos debates, posteriormente surgidos, que apontam críticas aos seus pressupostos iniciais, que enfocavam a ação humana, e suas consequências, em áreas destinadas a produção agropastoril. Nesse colóquio, a principal questão apontada por Willian Cronon[22] é o fato de que a natureza, como definição historicamente complexa, não se ajusta ao limitado quadro proposto por Worster, por ser “excessivamente materialista” e não levar em consideração questões sociais e culturais ou a influência do poder do Estado. Silvia Meléndez Dobles acrescenta que a adoção do viés marxista, com a generalização dos modos de produção, implica na desconsideração de sistemas culturais diversificados existentes no mundo[23]. Para Cronon, o capitalismo analisado por Worster é mais um ethos do que um modo de produção, enfatizando mais a sua importância ética, moral e ideológica e menos o processo per si. Logo, no momento em que Worster diminui o protagonismo do Estado como o principal gestor das intervenções, ele retira, por conseguinte, as relações de poder, implícitas, desse processo.

Constata-se, nesse debate, que a História Ambiental possibilita a construção de “un puente que permita la comunicación, por muchos años interrumpida, entre las ciencias naturales y ambientales y los estudios históricos, incluyendo aquí todas las humanidades y estudios de la sociedad y la cultura”[24]. A História Ambiental nasce, dessa forma, com um caráter ora transdisciplinar ora interdisciplinar, valendo-se das demais disciplinas para construir um ferramental teórico-metodológico que possibilite estudar as nuances da relação homem e natureza[25]. Isso resulta em recorrer a áreas afins como a Geografia, a Antropologia e a Sociologia, bem como às ciências naturais.

A História Ambiental, infere-se, possui um pensamento complexo, utilizando definições, conceitos e métodos das mais diversas áreas do conhecimento humano no intuito de trabalhar um número de variáveis mais abrangente, que possibilitem maior inteligibilidade às suas questões. Isso só é possível graças a dialética rede de relações entre o homem e a natureza, impedindo a sua fixação a um único campo de conhecimento, resistindo às tentativas de “(...) colocar cercas disciplinares rigorosas”, evitando ora uma fabricação de “seus próprios métodos de análise” ora uma exigência das disciplinas as quais naturalmente sobrepõe seus limites “se conservassem dentro de suas próprias esferas”[26].

Dessa forma, em linhas gerais, pode-se resumir que essa vertente histórica consiste num campo, “(...) que sintetiza muitas contribuições e cuja prática é inerentemente interdisciplinar. A sua originalidade está na sua disposição explícita de ‘colocar a sociedade na natureza’ e no equilíbrio com que busca a interação, a influência mútua entre sociedade e natureza”[27].

A ausência de um caminho próprio de análise, no entanto, resultou em linhas de pensamento distintas e uma aproximação das ciências físico-biológicas, que, por sua vez, careciam da análise de questões sociais e da introdução da natureza como agente histórico. A intenção inicial consistia numa tentativa de reconstruir “(...) paisagens do passado, verificando como eram e como funcionavam antes que as sociedades humanas as penetrassem e as modificassem”, nas palavras de Worster[28]. Essa ideia sistematizou uma primeira vertente que entende a História ambiental como a história dos recursos naturais e adota uma concepção mecânica e instrumental do meio ambiente, configurado-se num “depósito” de suprimentos para o homem. E, por este viés, para Adrìan Zarrili[29], “la historia se entiende como el desarrollo de nuevas técnicas con las que disminuir los riesgos provocados por el consumo y la escasez crecente de los recursos naturales”.

Silvia Meléndez Dobles[30] sintetizou em duas correntes a tendência das discussões, naquele momento: uma defende o determinismo físico-biológico da sociedade, ao vincular a história humana com a história natural; a outra se baseia nos fluxos de energia, apoiada principalmente na Segunda Lei da Termodinâmica e afirma que há uma perda na disponibilidade de energia no meio ambiente. A solução, encontrada pelo homem é a criação, forçosamente, de novas tecnologias, sempre mais complexas, para que ele consiga extraí-la, a cada fase histórica.

Contudo, alguns autores alertam para um caráter eminentemente determinista nesses vieses de pensamento, cujos direcionamentos retiram completamente o valor cultural das sociedades com relação à natureza, separando-a do homem[31]. A essas críticas, Frederico Guilherme Bandeira Araújo[32] acrescenta a existência de uma relação “marcadamente antropocêntrica”, com dois polos:

“Os homens, no polo dominante, como seres superiores em função dos quais cada coisa e o todo existem, têm por essência a função de dominar e fruir o meio que vivem. A Terra, enquanto totalidade de expressão do meio mais imediatamente ‘a mão’, é pensada como um grande organismo, como um gigantesco ecossistema a ser conservado como usufruto”.

As tentativas de elaboração de outras linhas de pensamento acabaram por criar verdadeiros reducionismos ecológicos e são criticadas por Adrian Zarrilli[33] ao mencionar que “la dinámica de las sociedades difícilmente pueda explicarse en función de esas leyes de funcionamiento de la naturaleza; ello es tan absurdo como pensar que pueden explicarse sin su influencia”. Os principais paradigmas da História Ambiental, identificados por Fra Urbano Paleo, condensam essa discussão em duas vertentes:

a) Determinismo ambiental: o meio físico é um fator que molda a forma de ocupação humana em determinada região, influenciando como a sua cultura foi se configurando para se adaptar ao meio;

b) Possibilismo ambiental: as dificuldades impostas pelo meio natural permitem uma série de possibilidades para o desenvolvimento humano. As relações entre o homem e a natureza são permeáveis[34].     

Tais tendências levaram a fragmentar a História Ambiental, tomando um caminho contrário as suas principais influências, apontadas por Paleo[35]: a Escola dos Annales e as obras do geógrafo cultural Carl Sauer[36]. Diante de tantas interpretações, como a História Ambiental pode ser definida? A pluralidade nas abordagens criadas pelos pesquisadores, em diferentes partes do mundo, resultou em várias afirmações. Silvia Meléndez Dobles, apoiando-se em diversos autores, esboçou uma evolução conceitual, iniciando com Roderick Nash que, em 1967, a definiu como o estudo histórico dos contatos humanos com o seu habitat total. Dez anos depois, Kendall Bailes acrescenta que, mais do que os contatos, deve-se considerar todas as relações entre as sociedades humanas e o ambiente natural. Donald Worster, em 1994, apontou os elementos que compõe a definição mais aceita no âmbito acadêmico, na qual pondera sobre as formas pelas quais o mundo físico tem influenciado o curso da história da humanidade e pelas quais as sociedades têm pensado e tratado o seu entorno físico. Mart Stewart, posteriormente, retoma a ideia de Worster, – “história do papel e do lugar da natureza na vida humana” – e complementa, afirmando que se trata também da história de todas as interações que as sociedades têm feito em seu ambiente, em dado momento histórico[37].

De forma mais precisa e argumentada, Paleo, mais recentemente, define a História Ambiental como“(...) o estudo das interações entre culturas humanas e a natureza através do tempo e do espaço, examinando como o meio ambiente influenciou o processo histórico, e inversamente, como as pessoas reorganizaram e transformaram o seu meio usando tecnologia”[38].

Nesse sentido, cabe reforçar que tais interações são importantes, uma vez que essa área de conhecimento tem, segundo Joachim Radkau, as seguintes preocupações:

"La investigación ecológico-histórica se integra en la investigación a largo plazo de las condiciones de vida y reproducción humanas. Investiga cómo el ser humano mismo ha influido en estas condiciones y cómo reaccionó ante las alteraciones. En este sentido, se dedica con especial atención a las acciones humanas involuntarias, con consecuencias a largo plazo, en las que produzcan efectos sinérgicos y reacciones en cadena, junto con procesos naturales[39].

As consequências e as reações em cadeia acarretam numa questão comumente analisada pela História Ambiental e que se encontra associada à forma irracional da ação do homem sobre o ambiente, a devastação, definida como um meio de exploração dos recursos naturais, com quatro características:

“1) utilitarismo exacerbado de caráter predatório, perdulário, dilapidador e destrutivo; 2) drásticas intervenções nos ecossistemas muitas vezes irreversíveis (...); 3) fins mercantis, com rendimentos imediatos e elevados a curto prazo; 4) indiferença e ausência de racionalidade na manutenção dos estoques dos recursos explorados”[40].

Se este debate surge, fundamentalmente, nos Estados Unidos e na Europa, pergunta-se: como esses aportes e preocupações se inserem nos atuais debates historiográficos sobre as questões ambientais em países latino-americanos e, principalmente, quais suas especificidades e visões de natureza?

Essa área de conhecimento, na América Latina, surgiu ao final dos anos 1980, quando começaram os primeiros estudos, os quais tratavam de “(...) reflexiones de carácter general sobre los efectos ambientales de modelos de desarrollo o ambiciosas visiones nacionales”[41]. Dentre os aportes, aponta-se a obra do professor panamenho Guillermo Castro Herrera, intitulada Naturaleza y Sociedad en la Historia de América Latina, de 1996, considerada o primeiro livro que traz explicitamente uma História Ambiental Latino-americana[42]. Algumas características da evolução dessa historiografia são apontadas por Castro Herrera, como a preocupação inicial de agências internacionais sobre os problemas ambientais – incluindo a inexistência de uma cultura interna que demandasse uma perspectiva histórica – e a falta de um desenvolvimento teórico-metodológico que considerasse as especificidades da região ibero-americana[43].

Contudo, a partir do final do século XX, em decorrência, em parte, do interesse surgido durante os preparativos da Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, ocorrido no Rio de Janeiro, em 1992, a produção acadêmica acerca do tema aumentou consideravelmente. Isso se deve aos primeiros debates sobre a fundação de uma sociedade latino-americana ligada ao tema que aconteceram no Chile, em 2003. Um ano depois, durante o II Simposio Latinoamericano y Caribeño de Historia Ambiental, em Cuba, lançava-se as proposições iniciais, que seriam concretizadas em 2006, na cidade espanhola de Sevilha, da Sociedade Latino-Americana e Caribenha de História Ambiental – SOLCHA[44].

As principais preocupações latino-americanas residem, de acordo com Germán Palacio, em três aspectos: “novidade, dispersão e complexidade”. A primeira consiste no caráter relativamente novo dessa área do conhecimento. Enquanto a American Society for Environmental History (ASEH) foi criada em 1977, a SOLCHA somente passou a atuar quase 30 anos depois. Ademais, os primeiros pesquisadores a se interessarem pelo tema não eram historiadores, mas oriundos de outras áreas de conhecimento como a Geografia Histórica, Antropólogos, Filósofos, Economistas, Literatos, entre outros[45]. Segundo, ainda sem uma base teórica estruturada na realidade concreta latino-americana, forçou o uso de modelos explicativos estrangeiros construídos a partir de outros cenários. Além disso, “pesquisadores latino-americanos encontram-se, frequentemente, mais conectados com outros pesquisadores nos Estados Unidos ou na Europa do que com investigadores na América Latina”[46]. O último aspecto, exposto por Palacio, afirma ser complexo o estudo histórico-ambiental devido às dimensões continentais, à diversidade cultural, linguística e dos ecossistemas existentes, se comparado com os EUA. Este aspecto, no entanto é bastante questionável uma vez que a barreira linguística não se revela um grande problema no mundo ibero-americano e a variedade dos ecossistemas é percebida em todos os continentes.

Por isso, os esforços de criação, e principalmente consolidação, da SOLCHA encontra-se no cerne dos debates promovidos até então. Esse esforço, em particular, objetiva, segundo Germán Alfonso Palacio, na criação de uma “(...) comunidade que enfoque suas pesquisas na América Latina para o que é o significado da América Latina”[47]. Em outras palavras, definir e analisar uma região plural – em seu sentido mais amplo – sem, necessariamente adotar uma visão de “dependência”, em que os problemas ambientais, numa perspectiva histórica, sejam o resultado de intervenções e de princípios oriundos de países industrializados. Pensamento este em concordância ao de Castro Herrera, que aponta a “(...) tradição de denúncia e crítica da pilhagem do trabalho e dos recursos naturais da região por corporações do mundo do Atlântico Norte”, uma das fontes que permeiam a historiografia ambiental latino-americana[48].

No Brasil, até a década de 1990, nenhum pesquisador havia se declarado “historiador ambiental”, apesar de muitos aproximarem suas pesquisas nas relações entre a sociedade e a natureza – José Augusto Drummond destaca, entre outros, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, o sociólogo Gilberto Freyre, o geógrafo Aziz Ab’Saber[49]. Consoante as ideias de Worster, fundamentadas na questão agrária, Drummond[50] enfatiza que o pensamento historiográfico adotado no Brasil, até então, não era capaz de explicar as interações sociais que surgiram a partir da exploração dos recursos naturais, em determinados momentos históricos. Na realidade, Drummond na busca de outras maneiras de explicação dos ciclos econômicos brasileiros, sugere um terceiro caminho entre a adoção do pensamento tradicional de ciclos econômicos “estanques” – isto é, fechados dentro de si, como o ciclo da cana-de-açúcar ou do café – e o de “ciclos econômicos abstratos”. Somente a partir de 2003, ensejou-se um estudo mais sistematizado dessa disciplina em construção no país. Até aquele momento, percebia-se uma “inexpressiva disponibilidade de instrumentos de trabalho e de bibliografia específica sobre as temáticas ambientais, particularmente no âmbito da história”[51].

Paulo Henrique Martinez delineia e aprofunda a questão da contribuição da História Ambiental para o Brasil, com base na tentativa de entender “(...) o nosso passado e o nosso presente de país rico em recursos naturais e assolado por dívidas sociais”, apontado por Drummond[52]. Segundo Martinez, houve uma idealização da natureza brasileira – a partir dos pressupostos de uma pretensa riqueza natural praticamente inesgotável – cuja difusão se deu pelas ciências naturais, desde o período colonial, sendo intensificada a partir do Império, “fortemente marcados seja pelo fantasioso seja pelo utilitarismo econômico”[53]. Assim, e ainda de acordo com o autor, a contribuição deste novo campo disciplinar permitiria lançar luz sobre algumas mistificações legitimadoras da nossa realidade, principalmente a relação entre o “progresso [e] dos benefícios ou malefícios do emprego da ciência e da tecnologia na ‘conquista’ da terra e da natureza”[54].

 

Uma história centrada no embate entre o meio construído versus meio natural

Entre os autores analisados, a definição proposta por Carolyn Merchant merece destaque, quando diz que a História Ambiental consiste na “(...) mudança de uma visão de natureza orgânica para uma mecânica, como resultado do uso da tecnologia, levando a uma ruptura na relação entre a natureza e as pessoas e, por fim, a sua destruição”[55]. Essa interpretação induz a uma reflexão acerca da dialética existente entre o meio ambiente e o meio construído intermediado pela tecnologia; relação mais perceptível dentro do espaço da cidade. Entretanto, como já mencionado, a História Ambiental possui certas limitações no seu aparato teórico-metodológico para analisar o espaço intra-urbano, o que permitiu a constituição de uma ramificação desta área de conhecimento.

Além das críticas já apontadas anteriormente, Christine Meisner Rosen e Joel Tarr afirmam que o tipo de pensamento agroecológico da História Ambiental reside numa preocupação em se estudar zonas rurais em detrimento de cidades e do seu meio natural[56], cuja principal premissa se funda no entendimento de que o ambiente urbano não possui traços de elementos naturais. A cidade se constitui parte da cultura humana no qual o estudo se refere a questões ligadas ao meio construído que a Arquitetura, a Geografia Urbana e a História Urbana já incorporam em suas análises. Porém, alguns teóricos – mesmo dentro destas disciplinas – apontam, de modo geral, a impossibilidade de deixar de lado o aspecto ambiental em seus estudos acerca do urbano. Joel Tarr apregoa que, nas pesquisas em História Urbana, por exemplo, depara-se com diversos momentos em que os moradores da cidade claramente enfrentaram as manifestações da força da natureza que ameaçariam, em diferentes aspectos, o modo de vida urbano[57].

Vista noutra perspectiva, “(...) a construção de cidades requer uma extensiva modificação de ecossistemas e criação de novas paisagens. A vida citadina estressa os recursos. (...) O trabalho na cidade gera novos tipos de relações entre a natureza e as pessoas”[58]. Afinal, o processo de fundação de uma cidade se dá em função de certas características que propiciam ao homem meios de sustentar-se, como a proximidade à rios, à lagoas, à região costeira e solo adequado à pecuária e à agricultura. Posteriormente, acrescenta Joel Tarr, os gestores da cidade reconfiguram áreas naturais adjacentes e, nessa ação, acabam por “alterar os ecossistemas biológicos urbanos (...), exterminando populações animais, eliminando espécimes de flora e fauna nativa e introduzindo novos e exóticos espécimes”[59]. Assim, seria ilógico tratar a intervenção do homem na natureza somente por meio de processos agrícolas ou excluindo a construção de aglomerados urbanos e de cidades. Martin Melosi conclui que “(...) a exclusão das cidades do tema principal da História Ambiental parece ser mais um aparato retórico do que uma definição bem acabada”[60].

Devido a necessidade da análise do impacto da construção da cidade sobre do meio natural existente e vice-versa, Samuel Hays critica a visão unilateral de Worster. O pesquisador deve levar em conta todos os aspectos de organização humana e a sua interação com o meio natural, principalmente relacionando “(...) a extensão da pressão humana no meio ambiente e os efeitos destas pressões”. Para tanto, a cidade se configura como “‘Veículo Conceitual’ ideal para examinar estas questões, já que é o ‘ponto focal’ do congestionamento humano que produz um crescente peso ambiental e fonte de novas ideias, valores e organizações para superar com essas questões”[61].

Para dar resposta a tais inquietações, surge e se delineia a História Ambiental Urbana. Elaborada desde o início da década de 1990 por pesquisadores norte-americanos e europeus[62], teve sua influência principalmente nos estudos sobre a infraestrutura técnica urbana[63] e os debates promovidos após a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizado no Rio de Janeiro, em 1992[64].

A interpretação do enfoque original elaborada por Worster para História Ambiental acarretou, no que se refere à cidade, na seguinte proposição: “O estudo do papel e do lugar da natureza na história da vida urbana”[65]. Três razões podem ser apontadas, por Tarr, como justificativas para um viés de interpretação histórica pela questão ambiental urbana: a) trata-se de um campo acadêmico fértil, que propicia novos insights sobre a cidade e a sua relação com a natureza; b) configura-se como um domínio interdisciplinar, veículo de convergência entre diversas áreas do conhecimento: pela própria História Ambiental, acrescida da História Urbana e da História da Tecnologia, que possuem questões e objetos de estudos coincidentes; e c) a sua relevância contemporânea a partir das reflexões sobre o uso atual do solo, o reuso de áreas industriais desocupadas ou abandonadas, a preservação de bacias e lençóis aquíferos, entre outros[66].

Apesar da confluência de esforços e da aparente homogeneidade nas linhas iniciais de pensamento que fundamentaram a História Ambiental Urbana, houve distanciamentos teóricos distintos. Ao contrário dos pesquisadores norte-americanos, os europeus – com sua forte tradição em História Urbana –, não precisaram impor essa nova área do conhecimento, uma vez que a História Ambiental Urbana “se desenvolveu simultaneamente a ela, como uma de suas tendências entre outras”[67]. Além disso, outra característica apontada pelos autores foi a de que sua versão europeia não se constituiu homogeneamente: investigadores, de vários países, adotaram posturas diferenciadas.

Para Geneviève Massard-Guilbaud e Peter Thorsheim, os alemães trabalhavam a questão de forma mais balanceada, ampliando temas e objetos com a utilização de novas abordagens metodológicas; entre os ingleses, verifica-se um paradoxo: não obstante terem sido os primeiros a se urbanizarem, esses, somente em período recente, deram atenção a esse assunto; já com relação aos franceses, que se ligaram fundamentalmente à Escola dos Annales, os autores percebem que construíram uma história ambiental sem um sujeito histórico, cuja visão de natureza é tida “(...) como um obstáculo ao progresso humano: algo a ser domado ou derrotado”[68].

Um dos primeiros e, de início, o principal tema a ser analisado pelos historiadores ambientais urbanos foi o saneamento básico, com ênfase no tratamento dado ao esgoto das cidades[69]. A obra de Joel Tarr, The Search for the Ultimate Sink: Urban Pollution in Historical Perspective, de 1997 se destaca entre os diversos trabalhos realizados. A preponderância dada ao saneamento, a partir do emprego de recursos financeiros e tecnológicos, revela que “(...) a construção dessas redes também enfatiza o discernimento que elas não são resultados de uma evolução natural em direção a um progresso tecnológico”[70]. Pode-se apontar também estudos originados em questões relacionadas à poluição atmosférica, principalmente no tocante às consequências ambientais inerentes à Revolução Industrial: ao uso extensivo de combustíveis fósseis e carvão mineral e, posteriormente, à introdução e massificação do automóvel.

Percebe-se que, na relação entre cidade e meio ambiente, a tecnologia surge como um intermediador e/ou uma ferramenta que integra esse processo. Sendo assim, não seria a História Ambiental Urbana uma História da Tecnologia? Num primeiro momento, há uma aproximação aos pressupostos oriundos da História da Tecnologia[71]; contudo, adotando as ideias de Stine e Tarr, enquanto essa analisa a evolução tecnológica per si, como uma “força ativa” que possui em sua essência “(...) a manipulação da natureza para os anseios da humanidade”[72], aquela inclui o elemento social – principalmente ao incorporar um entendimento orgânico de que a cidade pode ser vista como um “metabolismo humano” – conceito derivado da Ecologia Humana[73]. Dentre suas variantes, Dieter Schott aponta uma, em particular, como a que possui maior afinidade com a História Ambiental Urbana, trata-se do conceito de “Metabolismo Social” ligado a “colonização da Natureza”, modelo proposto no projeto coordenado pela professora Marina Fischer-Kowalski, da Universidade de Viena, em 1997.

Em linhas gerais, esse modelo define o “metabolismo” de uma sociedade “como o somatório de todas as inserções e produções entre a biosfera/geosfera e a sociedade” – ou seja, caracteriza-se por ser “(...) grandes organismos de reelaboración y consumo de insumos trófico-energéticos y excretores de residuos”[74] –, e as intervenções de colonização da natureza “como o somatório de todas as mudanças propositivas feitas em sistemas naturais que objetivam tornar a natureza mais útil à sociedade”[75]. E não se limita somente ao espaço intra-urbano, já que este esquema de interpretação pode ser empregado, para Tarr, como um modelo útil também “de interação entre as cidades e o interior”, uma vez que “os cidadãos necessitam de comida, água, combustível e materiais de construção, enquanto as indústrias urbanas precisam de materiais naturais para seus propósitos de produção”[76].

A necessidade de obtenção e manutenção desses elementos – considerados essenciais para a vida do homem urbano – acarretou, portanto, em “esforços da engenharia para manipular e controlar a natureza (...) flagrantes e muitas vezes monumentais” com “profundos e inevitáveis efeitos ambientais”[77]. Embora as similaridades e confluências encontradas nos objetos de estudo que relacionam a história, a ciência e a natureza, Stiner e Tarr reconhecem uma maior interlocução entre as áreas de conhecimento, destacando que “apesar destas complexas histórias de transformações terem atraído uma atenção continuada por parte de historiadores da tecnologia e ambientais, raramente tem os pesquisadores dado igual consideração a tecnologia e ao meio ambiente como agentes de mudança”[78].

Ao tentar resumir as análises que dão conta dessa confluência de áreas de estudo, as vertentes de pesquisa da História Ambiental Urbana podem ser agrupadas em quatro pontos: a) a análise do efeito das cidades no meio ambiente; b) a análise do impacto do meio ambiente na cidade; c) o estudo da responsabilidade social desses impactos e efeitos para mitigar os problemas ambientais; e d) o exame do meio construído e sua gestão e lugar na vida do homem, dentro de um contexto físico[79]. Essas vertentes, principalmente as duas primeiras, explicitam claramente a interação do homem com o meio ambiente, mas deve-se atentar para suas limitações:

Hasta determinados umbrales, diversos mecanismos de tipo técnico y social nos permiten acomodarnos en nuestro entorno natural, paliando la incidencia de aquellos aspectos que pueden ser prejudiciales en algún grado. Sin embargo, sobrepasados estos umbrales, las formas de adaptación pueden mostrarse insuficientes, derivándose de ello efectos seriamente prejudiciales para los grupos humanos[80].

Logo, o entendimento da relação entre meio físico e a cultura humana – representada materialmente, sobretudo, pela cidade – reveste-se de uma dialética própria e com particularidades que não podem ser descartadas como variáveis de análise (a exemplo do clima, de agentes políticos e/ou técnicos, da sociedade, da topografia/relevo, do acesso à tecnologia entre outros). É possível, então, determinar um ponto de partida para se compreender as ações de intervenção do homem, seus alcances e limitações, além dos obstáculos impostos pelo meio natural. Isso se dá por meio da superação dos entraves e das maneiras de produção desse processo a partir do emprego de técnicas e de tecnologias.

A forma de ação humana sobre o meio ambiente só é possível, no entanto, graças à adoção de uma determinada técnica capaz de sobrepor os obstáculos naturais. Por definição, técnica seria, segundo Dominichi Miranda Sá, “mais do que uma aplicação prática das teorias científicas, (...) era a própria ‘ciência’, congregando forças e agindo sobre as matérias-primas da natureza de modo a contentar as necessidades e desejos do homem”[81]. Por isso, o homem, ao promover esse avanço sobre a natureza “(...) continuamente transformou as paisagens naturais e criou microclimas locais e ecossistemas biológicos dentro das cidades”[82].

Essa ação, contudo, não se limita simplesmente à apropriação do espaço físico. Outras atividades determinam a marca do homem na natureza, como a canalização de rios, a construção de barragens, pontes e outras vias de circulação e a destinação do lixo e de outros dejetos produzidos pela cidade. O resultado dessa interferência é a degeneração ambiental, mais proeminente perto dos aglomerados urbanos. Portanto, o crescimento das cidades sobre áreas naturais, nas palavras de Martinez torna-se um tema recorrente para o historiador ambiental urbano, já que “o exame de distintos impactos dos processos econômicos e sociais no mundo natural também possibilita a realização de novas pesquisas (...), tanto sobre a degradação quanto sobre a regeneração ambiental”[83].

Entretanto, há um preço a se pagar: as forças elementares da natureza só podem ser contidas condicionalmente, ou seja, apenas com a manutenção dos esforços humanos e emprego contínuo de recursos materiais, pessoais e financeiros, já que qualquer equívoco pode reverter tais forças contra o homem. Os elementos naturais – como visto anteriormente – se integram à vida urbana e tornam-se determinantes no processo de urbanização. Todavia, existem outras interferências, igualmente nem sempre benéficas, como a luta contras as forças da natureza, cuja dimensão vai desde as pragas urbanas até catástrofes e desastres naturais[84]. Alguns dos diversos problemas ambientais que atualmente assolam o mundo inteiro, inclusive, não se configuram como consequências de ações humanas em curto prazo, mas, sim, como frutos de um longo processo histórico de intervenções, quando, em dado período, ou não havia consciência das repercussões futuras ou simplesmente não se dava importância às mesmas.

Por isso, com o desenvolvimento da História Ambiental Urbana, houve uma ampliação de temas ainda pouco explorados pelos pesquisadores como o papel das considerações ambientais na política econômica das cidades; os padrões de uso de solo urbano, as considerações sociais entre a vida familiar, o meio ambiente e o Direito Ambiental[85]. Além desses pontos, dois cenários inter-relacionados, apontados por Samuel Hays, encontram-se nesse caminho de análise: o meio natural que circunda a cidade e o nível de conscientização dos cidadãos e das instituições públicas – que pode gerar tanto inspiração como resignação[86]. Isso reforça o fato já mencionado de que a história urbana encontra-se intimamente ligada à sua história ambiental. Afinal, as cidades sempre dependeram dos seus arredores para usufruir os recursos naturais disponíveis e utilizar as terras para a sua expansão, na medida em que a população crescia.

Nem sempre, porém, o foco de estudo dos historiadores ambientais urbanos trata dos aspectos negativos da relação entre a cidade e a natureza. A partir das percepções e das representações, esses pesquisadores podem analisar e embasar propostas que visam formas de preservação ambiental, promovidas por grupos sociais e instituições governamentais que fomentam políticas e/ou ideologias diversas com o intuito de conscientizar o pensamento dos cidadãos sobre a natureza. A História Ambiental Urbana pode, e deve ser um instrumento de ensino, subsidiando diversas entidades e órgãos públicos, destinado a criar uma identificação da população com as áreas naturais existentes no meio urbano e, assim, contribuir com uma maior mobilização social em prol da preservação ambiental.

 

 A guisa de conclusão: aproximações e distanciamentos

A necessidade de se estudar a relação homem e meio natural, além dos instrumentos intermediadores desse processo, envolve analisar também uma lógica que externa a constante dependência e tensão entre esses agentes. Isso porque as modificações promovidas no meio ambiente “(...) definiram o contexto físico no qual a maioria das pessoas e muitos organismos não-humanos viveram. Assim, o meio construído, através dos seus efeitos e interação com o meio ambiente, é parte da história ambiental da Terra”[87].

Dentre os estudos que abarcam historicamente a relação entre homem e o meio natural, verifica-se uma clara aproximação da História Ambiental com a Geografia. A Geografia possui entre os seus objetos de estudo, diversas confluências de temas acerca das questões socioambientais, principalmente a partir do surgimento da Geografia Cultural, na primeira metade do século XX[88]. Logo, aponta-se um caráter interdisciplinar existente na Geografia que, tal qual a História Ambiental, permite uma convergência entre as ciências humanas e as naturais. Uma das principais contribuições da Geografia para a História consiste, na visão de Eulália Ribera Carbó, no conceito de paisagem cultural, como “(...) aquella superficie de la Tierra alterada por la mano del hombre”[89]. Essa transformação se processou historicamente, unindo neste processo o espaço terrestre, o ser humano, a sua história e a sua cultura e que pode ser apropriado à História Ambiental. Ambas atribuem ao homem o papel de agente transformador do seu espaço físico, mas que, no entanto, se submete as limitações impostas pelo meio físico[90].

A influência de Carl Sauer (1889-1975) e da Berkeley College na configuração da História Ambiental reforça, na visão de Paleo, a aproximação dessas duas disciplinas: a História e a Geografia[91]. A contribuição desse geógrafo estadunidense, no seu principal livro, The Morphology of Landscape – publicado em 1925 –, está em enfatizar a influência mútua entre a paisagem e a cultura construída historicamente, identificando dois pontos: a valorização da relação do homem com a paisagem (ambiente), por ele formatada e transformada em habitat; e a análise dessa relação – sempre feita a partir da comparação com outras paisagens, concebidas de forma orgânica. Ao se tornar diretor do Departamento de Geografia na Berkeley University na Califórnia, em 1923, Sauer reforçou, de acordo com Kent Mathewson e Jörn Seemann, a busca por uma Geografia histórico-cultural e muitos dos trabalhos, realizados por ele e por seus alunos, tinham como universo de estudo a América Latina[92]. Em 1955, participou, ao lado de Lewis Mumford, do International Symposium on Man´s role in the changing the face of the Earth, considerado o primeiro evento científico, na atualidade, a traçar as relações entre o homem e o seu meio.

Eulalia Ribera Carbó reforça essa aproximação, ao afirmar que, desde o século XIX, as matizes já se revelavam nas elaborações, de cunho histórico, propostas por geógrafos franceses. Em muitos casos, historiadores que se tornaram geógrafos, não abandonaram sua formação inicial. Essa geografia buscava, para a autora, inicialmente explicar “el pasado, intentando reconstruir los hechos en su marco geográfico”[93] para posteriormente adotar uma postura nitidamente espacial. Ao oscilar entre as ciências humanas e as naturais, a Geografia buscou traçar direcionamentos epistemológicos próprios e depurar a sua relação com a História.

Pode-se dizer, então, que a Geografia Histórica estuda os processos territoriais gestados a partir de uma perspectiva histórica, buscando uma reconstrução da organização de um dado espaço em território[94], incorporando, assim, conceitos da História e da Geografia. Nessa reconstituição, a intervenção humana se desenvolve sob determinadas condições históricas na qual essas alterações provocariam diversas dinâmicas dialéticas entre o meio natural e o homem. Nesse sentido, essa disciplina permite o estudo de paisagens construídas em um dado momento, uma vez que “puede adentrarse también en la evolución de las formas espaciales, reconociendo elementos geográficos a diversas escalas, perdurables en los tiempos de larga duración o cambiantes con los acontecimientos revolucionarios de la historia”[95]. Ribera Carbó, por compreender que “las relaciones estratégicas de los hombres entre sí y con la naturaleza, de la que dependen para su subsistencia y de la forma parte como seres vivos”[96], demonstra que o processo de transformação da natureza objetiva a obtenção de recursos de utilização humana. Isso seria, no entendimento desse trabalho, justamente um dos objetos de estudo da História Ambiental.

Convém destacar que as aproximações da História Ambiental a temas pertinentes à Geografia não podem ser entendidas como uma apropriação indevida de estudos já realizados. Sobre esse aspecto, é válida as preocupações de Gerard Jori, expostas em artigo publicado na Revista Ar@cne[97]. Percebe-se, contudo, em determinadas abordagens geográficas, grosso modo, a adoção, como pano de fundo, de uma leitura mais linear que se pode representar no seguinte esquema:

 

 

Estas vertentes enfatizam, prioritariamente, as consequências vistas na atualidade que envolvem crises ambientais em diversas escalas ou na análise do ambiente antes da intervenção humana. O fator antrópico, costumeiramente, é relegado a um papel quase secundário, colocando-o, de maneira equivocada, como um agente desse processo, numa única via. A Geografia Histórica se preocupa com o espaço modificado pelo homem e a História Ambiental, por sua vez, contribui para reforçar o desenrolar dessa ação, os agentes envolvidos, a relação dialética estabelecida e, principalmente, incorpora o elemento intermediador, no caso, as técnicas e as tecnologias empregadas. Sinergia essa que pode ser demonstrada, por exemplo, num encontro sobre a História do Pensamento Geográfico e de Geografia Histórica, ocorrido em novembro de 2012 no Rio de Janeiro, no qual a História Ambiental entrou como um de seus eixos temáticos[98].

Por fim, para reforçar a importante contribuição da História Ambiental nas análises da relação sociedade-meio ambiente, pode-se afirmar que, para além da simples subsistência, a ação do homem no meio possui por finalidade o uso dos recursos naturais para obtenção de lucros, principalmente a partir da consolidação do Capitalismo. Assim, Adrían Zarrilli se apoia nos preceitos do materialismo histórico para se entender como esse “modo de produção” permitiu uma intensa transformação da natureza num recurso natural, uma vez que “la apropiación de los recursos propios del espacio, la construcción de formas humanizadas sobre el mismo, la permanencia de esas construcciones, las modificaciones, ya sea del sustrato natural o de las obras humanas, todo eso representa creación de valor”[99]. Ademais, outro fator merece atenção: a transformação das áreas rurais em zonas urbanas constitui-se igualmente numa intervenção humana no meio. E não somente deve-se pensar no espaço como local que provém o que foi produzido/extraído, mas é tratado como uma mercadoria, quando convertido pela produção fundiária em lote urbano na expansão da cidade.

Se a História Ambiental se preocupa com a ação humana, muitas vezes desmedida, em áreas naturais, transformando-as em áreas agropastoris, a História Ambiental Urbana traz para o debate ecológico atual uma dimensão histórica do processo de degradação ambiental, que necessita de uma reflexão sobre como gerir a cidade e os seus recursos naturais. Demonstra, igualmente, que nem sempre se empregou o “melhor” ou a “mais avançada” tecnologia ou técnica, uma vez que, em muitos casos, o critério adotado sofreu por influências econômicas e financeiras, por indisponibilidade de conhecimento técnico especializado, bem como por interesses políticos.

Por consequência, Dieter Schott afirma que, em muitos casos, as soluções adotadas se tornaram, atualmente, inadequadas, já que, durante a sua conformação, possuiu “efeitos culturais distantes para além do seu período de implementação primária”[100]. Isso significa que os diversos problemas ambientais hodiernos que assolam o mundo – com consequências políticas, sociais e econômicas – não são produtos de ações em curto prazo, mas frutos de uma contínua série de intervenções humanas que, em dado momento, ou não tinham consciência futura dos atos ou, simplesmente, não se importavam com a sua destruição, uma vez que

“(...) la cuestión ambiental como emergencia problemática de esa relación es más bien uno de los efectos de la modernización y de la intensificación industrial de las tecnologías de explotación de la naturaleza – como escenario productivo – y de la complejización de los asentamientos humanos”[101].

Seja como for, a importância de se destacar o processo dialético entre o meio físico e a civilização humana se constituem na base da História Ambiental Urbana, disciplina que auxiliará sobremaneira no entendimento e na compreensão do processo histórico das ações antropizantes dentro da cidade, dos obstáculos ou das limitações impostos pelo meio natural e das formas de superação destas com o emprego de novas técnicas e de tecnologias.

 

Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer ao CNPq pelas bolsas e recursos financeiros concedidos, bem como ao HCUrb pelo apoio e material disponibilizado para este artigo. Igualmente, nosso obrigado ao professor Héctor Mendoza Vargas (UNAM, México) pelas contribuições e indicações bibliográficas de cunho teórico-metodológicas, que deram base às discussões do tema.

 

Notas


[1] O artigo é o resultado dos debates acerca dos aportes teórico-metodológicos que levaram a consolidação de um dos eixos de análise do projeto “Cultura técnica, projetos e reconfigurações urbanas e territoriais (Nordeste/Brasil, 1850-1930)”, com apoio financeiro do CNPq. Tal caminho metodológico tem se desdobrado em diversos estudos e em produções bibliográficas, por parte do Grupo de Pesquisa História da Cidade, do Território e do Urbanismo – HCUrb – e corroborada a partir das discussões suscitadas pela Dissertação de Mestrado de Yuri Simonini, intitulada “Ribeira, Técnica versus Natureza: transformações em prol de um ‘projeto’ de modernização (1860 – 1929)”, defendida em 2010.

[2] Jori, 2009.

[3] Jori, 2009, s.p.

[4] Em outras palavras: “Naturaleza y Ciudad son dos términos que representan realidades difícilmente aprehensibles y aparentemente antitéticas” (Santos y Ganges; Jiménez Jiménes, 2009, p.9).

[5] Stine e Tarr, 1998, p.613. Adaptado do original: “As built environments, cities consist of anthropogenically created structures, including buildings of all sorts, streets, roads, pavements, and above- and belowground infrastructures”.

[6] Gonçalves, 2008, p.23.

[7] Santos y Ganges; Jiménez Jiménes, 2009, p.9.

[8] Zarrilli, 2002,  p.65.

[9] Woster, 1991, p.200.

[10] Tarr, 2001, p.25. Adaptado do original: “the growth, decay, and future of cities”.

[11] Tarr, 2001, p.25. Adaptado do original: “the quality of the environment and threats to nature and human health”. Em diversas passagens das obras analisadas, o termo “meio-ambiente” possui outras denominações, como “meio natural”, “meio físico” ou apenas “meio”. Para além de questões conceituais, este termo sempre sugere um espaço físico no qual o homem buscou intervir ou preservar em diversos momentos. Além disso, “este amplio concepto ha desempeñado, a lo largo del tiempo, papeles de protagonista y también de comparsa en la interpretación humana del entorno” (Garcia-Tornel, 2001, p.11-12).

[12] Para maiores detalhes, cf. Woster, 1991; Drummond, 1991; Zarrilli, 2002; Tarr, 2002; Meléndez Dobles, 2002; Freitas, 2006; Martinez, 2006.

[13] Inclusive, Donald Worster (1991, p.199) afirma que a História Ambiental “nasceu, (...) de um objetivo moral, tendo por trás fortes compromissos políticos”. E essa tônica ainda se mantém presente no compromisso do historiador ambiental em ir além da premissa científica, uma vez que “(...) el debate nos compete éticamente, de modo que incorporar la dimensión ambiental enriquece nuestra compreensión del passado, pero igual de importante es que aporta ideas para la resolución de los dilemas y conflictos del presente” (Gascon, 2007, p.205).

[14] Paleo, 2008. A década de 1970 também foi marcada pelos diversos movimentos ambientalistas que deram suporte ao surgimento da História Ambiental e na transformação de diversas outras disciplinas, motivadas, segundo  Meléndez Dobles (2002, p.10), pela “(...) evolución de las ciencias y de las ideas sobre la naturaleza permitieron que los historiadores , involucrados en los movimientos ambientalistas de la década de los años [19]70 encontraran el momento oportuno para concretar este nuevo paradigma histórico y de compreender el desarrollo de la civiliziación y el origem de la crisis ambiental que vivimos”. É importante destacar que a idéia de natureza, até então, se encontrava atrelada a pensamentos e paradigmas formulados desde a Idade Moderna (Thomas, 1988).

[15] Em 1990, a revista mudou o seu nome para Enviromental History Review e posteriormente, em 1996, para Environmental History (Paleo, 2008). O endereço eletrônico: <http://aseh.net/>.

[16] Endereço eletrônico: <http://eseh.org/>.

[17] Professor de História e de Estudos históricos ambientais da Universidade do Kansas. Cf. <http://www.history.ku.edu/faculty/worster/>.

[18] Worster, 1991, p.199.

[19] Worster, p.1990, p.1088-1089. Adaptado do original: “(…) rejects the common assumption that human experience has been exempt from natural constraints, (…), that the ecological consequences of our past deeds can be ignored”.

[20] Worster, p.1990, p.1089. Adaptado do original: “(…) understanding of how humans have been affected by their natural environment through time, how they have affected that environment and with what results”.

[21] Para entender os princípios que defendiam a existência da natureza como finalidade para servir o homem, cf. Thomas, Keith. O Homem e o meio natural. 4.ed. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.

[22] Cronon, 1993.

[23] Meléndez Dobles, 2002.

[24] Meléndez Dobles, 2002, p.11.

[25] Paleo, 2008; Drumond, 1991; Meléndez Dobles, 2002. Sobre esse aspecto, Paulo Henrique Martinez (2006, p.63) adverte que, ao transpor os limites de outras disciplinas, o pesquisador tem que ter em mente que “o desafio (...) é constituído, precisamente pela capacidade de dialogar com outras ciências sem descaracterizar a disciplina de origem”. 

[26] Woster, 1991, p.214.

[27] Drummond, 1991, p.194.

[28] Worster, 1991, p.201.

[29] Zarrili, 2002, p.90.

[30] Meléndez Dobles, 2002.

[31] Drummond, 1991; Meléndez Dobles, 2002.

[32] Araújo, 2003, p.289.

[33] Zarrilli, 2002, p.90.

[34] Paleo, 2008

[35] Paleo, 2008.

[36] Em linhas gerais, Paleo (2008) afirma que o pensamento de Carl Sauer enfatiza a influência mútua entre a paisagem e a cultura construída historicamente, identificando dois pontos: a valorização da relação do homem com a paisagem (ambiente), que por ele é formatada e transformada em habitat; e a análise dessa relação, sempre feita a partir da comparação com outras paisagens, formatadas de maneira orgânica.

[37] Meléndez Dobles, 2002.

[38] Paleo, 2008, p.1. Adaptado do original: “(...) the study of the interactions between human cultures ante nature through time and space, examining how the natural environment had influenced the historical process and conversely, how people have reorganized and transformed their environment using technology”.

[39] Radkau, 1993, p.121.

[40] Martinez, 2006, p.67-68.

[41] Leal León, 2005, p.6. A autora indica quais seriam essas publicações pioneiras: Ortiz, Fernando. Tierra Profanada: historia ambiental de México. México: INAH, 1987; Brailovsky, Antonio, Foguelman, Dina. Memoria verde: historia ecológica de la Argentina. Buenos Aires: Sudamericana, 1991; Castro Herrera, Guillermo. Los Trabajos de ajuste y combate: Naturaleza y sociedad en la historia de América Latina: Havana: Casa de las Américas, 1995. Contudo, segundo Alfonso Palacio (2012), já existiam trabalhos anteriores que tratavam do tema ambiental, como a obra de Warren Dean, Brazil and the struggle for rubber, de 1987. E complementa: “Latin American environmental history has profited greatly from American environmental historians (…) Latin American environmental history also has vastly benefited from the work of non-historians” (Alfonso Palacio, 2012, p. 161).

[42] Alfonso Palacio, 2012.

[43] Castro Herrera, 2002.

[44] A SOLCHA <http://solcha.uniandes.edu.co/> mantém um profícuo debate por meio de fóruns eletrônicos mediante adesão ao e-mail: <solcha-on@csulb.edu.co>. Em 2010, durante o V Simpósio da SOLCHA, fundou-se a Revista eletrônica “Historia Ambiental Latinoamericana y Caribeña” – HALAC – disponível em: <http://www.fafich.ufmg.br/halac/index.php/periodico>. E, em 2013, organizou a “Primera Escuela de Posgrados de SOLCHA”, com participação de docentes e de discentes provenientes de diversas partes do continente americano .

[45] Alfonso Palacio, 2012.

[46] Alfonso Palacio, 2012, p. 162. Adaptado do original: “Latin American scholars are sometimes more connected to other researchers in the United States or in Europe, than with scholars in Latin America”.

[47] Alfonso Palacio, 2012, p. 165. Adaptado do original: “a community that focus their research on Latin America to what is the meaning of Latin America”.

[48] Castro Herrera, 2002, p.37.

[49] Drummond, 1991. As obras que possuem uma relação com o tema seriam, respectivamente: Monções (1945), Nordeste (1937) e O domínio morfoclimático das caatingas brasileiras (1974).

[50] Drummond, 1991.

[51] Martinez, 2007, p.15.

[52] Drummond, 1991, p.194.

[53] Martinez, 2006, p.29.

[54] Martinez, 2006, p.29-30.

[55] Merchant, 1980, apud Paleo, 2008, p.2. Adaptado do original: “(...) the change from a organic to a mechanical view of nature, as result of the use of technology, led to a disruption on the relationship between nature and people and, ultimately, to its destruction”.

[56] Rosen; Tarr, 1994.

[57] Tarr, 2001.

[58] Keyes, 2000, p.381. Adaptado do original: “(…) city building required extensive modification of ecosystems and created new landscapes. City living stressed resources. (...). City work generated new types of relationships between nature and people”.

[59] Tarr, 2001, p.25.

[60] Melosi, 1993 apud Rosen; Tarr, 1994, p.300, grifo do autor. Adaptado do original: “the exclusion of the cities from the main theme of environment history seems to be more of a rethorical device than a well-crafted definition”.

[61] Hays, 1998 apud Tarr, 2001, p.33. Adaptado do original, respectivamente: “the extends of human pressures on the environment and the effect of these pressures” e “an ideal ‘Conceptual Vehicle’ to examine the issues because it is the ‘focal point’ of human congestion that produces increasing environmental loads and the source of new ideas, values and organization to cope with these issues”.

[62] Tarr, 2001; Schott, 2004. Acerca desta questão, Tarr (2001, p.33) esclarece: “By the 1990’s the study of the interactions of the city and the environment had reached a sustained momentum as reflected by the volume of publication and programmatic statements by major historians”. Neste período, pode-se destacar duas obras atribuídas como fundamentais para a configuração da História Ambiental Urbana: “The place of the city in Environmental History”, de Martin Melosi e publicado na Environmental History Review, em 1993 e a edição especial do Journal of Urban History, organizada por Christine Meisner Rosen e Joel Tarr, intitulado “The Environment and the city”, um ano depois.

[63] Destaca-se, como pioneiros, Joel Tarr, Martin Melosi e Willian Cronon.

[64] Schott, 2004. Pode-se destacar os debates em torno da sessão dirigida por Christoph Bernhardt, “Urban Environmental problem”, durante a Quarta Conferência Internacional de História Urbana, em 1998 e as três mesas redondas que ocorreram bienalmente entre 2000 e 2004 – respectivamente nas cidades de Clérmont-Ferrand, Leicester e Siena – que reuniram historiadores urbanos e ambientais (Schott, 2004).

[65] Rosen; Tarr, 1994, p.301. Adaptado do original: “The study of nature´s role and place in the history of urban life”.

[66] Tarr, 2001.

[67] Massard-Guilbaud; Thorsheim, 2007, p.693. Adaptado do original: “developed it concurrently with it, as one of its trends among others”.

[68] Massard-Guilbaud; Thorsheim, 2007, p.694-695. Adaptado do original: “as a hindrance to human progress: something to be tamed or defeated”.

[69] Platt, 1999. A facilidade de acesso e disponibilização de fontes primárias referentes aos acervos de órgãos públicos que geriram as redes de abastecimento de água e tratamento e/ou destino do esgoto pode ter contribuído significativamente para propiciar profícuos estudos sobre este tema, além é claro do impacto direto destes equipamentos urbanos no meio ambiente.

[70] Schott, 2004, p.521. Adaptado do original: “the making of these networks also drives home the insight that they did not result from a quasi-natural evolution towards technological progress”. Entretanto, percebe-se uma carência de estudos que vão além da degradação ambiental a partir da poluição das águas e do ar. Ao focarem somente nestas questões, os historiadores ambientais urbanos deixaram de lado outras “marcas” da cidade no meio ambiente: pântanos foram dragados, rios contidos e canalizados, morros arrasados e matas queimadas.

[71] Inclusive, Jeffrey Stine e Joel Tarr (1998), afirmam, desde a década de 1950, existirem trabalhos – ainda incipientes e indiretos – que relacionam tecnologia, história e natureza. O tema girava em torno do processo de desenvolvimento tecnológico e as questões ambientais, mas sem um viés histórico. Se fosse possível determinar um marco histórico da confluência entre a História Ambiental e a História da Tecnologia, seria a sessão promovida durante a Conference on critical problems and research frontiers in the history of science and history of technology, realizada em 1991, intitulada Technology and the environment.

[72] Stine; Tarr, 1998, p.604. Adaptado do original: ‘the manipulation of nature for humankind’s end”.

[73] Schott, 2004. A inclusão do elemento humano para se entender a Ciência e a Tecnologia tem como um dos principais articuladores, o filósofo francês, Bruno Latour. Ele defende a criação de uma “Antropologia das Ciências”, uma disciplina “situada na interseção da sociologia e das ciências exatas”, cujo objeto de estudo se refere aos “processos que emergem da inovação científica e técnica” (Freire, 2006, p.47). O conceito central da obra deste filósofo francês reside na idéia de um “pensamento simétrico”, ou seja, que tanto a sociedade quanto a natureza devem ser explicados simultaneamente, sem haver uma preponderância de uma em detrimento da outra (Freire, 2006). Haveria, portanto, a construção de uma rede heterogênea de relações entre humanos e não-humanos mediada por objetos, constituídos a partir de avanços científicos. Assim, tal rede estabelecida entre a sociedade e a natureza, possuiria como um possível intermediador a técnica, instrumentalizada pelo desenvolvimento científico (Freire, 2006). Apesar de tentador, a inclusão do aparato teórico-metodológico de Latour esbarra em uma clara restrição ao escopo deste trabalho: a sua busca pelo estudo antropológico das redes possui uma clara contemporaneidade que impede o seu emprego num viés histórico. Em outras palavras, o pesquisador, de acordo com Latour, deveria acompanhar todo o processo de produção técnico-científica desde a sua concepção teórica, até o seu emprego prático, inclusive analisando as relações e tensões provocadas dentro da sociedade. Sem uma fonte primária consideravelmente completa, confiável e prolixa, isto seria um obstáculo que poria risco o sucesso do trabalho. Assim, apenas de forma provocativa, alguns elementos do pensamento de Latour acompanharão o desenvolvimento desta dissertação. Para maiores detalhes, incluindo a sua bibliografia, ver: <http://www.bruno-latour.fr/>.

[74] Férnadez, 2003, p.41.

[75] Winiwarter, 2001 apud Schott, 2004, p.523. Adaptado do original, respectivamente: “as the sum of all input and output between the biosphere/geosphere and society” e “as the sum of all purposive changes made in natural systems that aim do render nature more useful for society”. Os termos input e output, por serem bastante especializados e frequentemente empregados em Informática, dificultaram uma tradução mais precisa.

[76] Tarr, 2001, p.28. Adaptado do original, respectivamente: “in interaction between cities and their hinterlands” e “the urbanites require food, water, fuel and construction materials, while urban industries needs natural materials for production purposes”.

[77] Stine; Tarr, 1998, p.625. Adaptado do original: engineering efforts to manipulate and control nature (...) with blatant and often monumental, the ecological effects inescapable and often profound”. Para este trecho, optou-se por uma maior liberdade de tradução, sem, contudo, verificar uma perda de sua essência.

[78] Stiner; Tarr, 1998, p.625-626. Adaptado do original:  “Although these complex stories of transformations have attracted the sustained attention of technological and environmental historians, rarely have scholars given equal consideration to technology and the environment as agents of change”. Sendo assim, os autores elencam cinco vertentes que possibilitam a combinação entre essas duas áreas de conhecimento: a) cidade e meio ambiente; b) saúde pública e ocupacional; c) indústria e manufatura; d) recursos naturais; e e) política e meio ambiente.

[79] Rosen; Tarr, 1994; Tarr, 2001; Schott, 2004. Inclusive, Dieter Schott (2004), aponta os dois primeiros como os mais importantes e mais estudados entre os historiadores ambientais urbanos, devido principalmente as questões ligadas às “redes estruturais da cidade”, com nítida preocupação acerca da “cidade subterrânea”.

[80] Garcia-Tornel, 2001, p.19.

[81] Sá, 2006, p.94.

[82] Rosen; Tarr, 1994, p.301. Adaptado do original:  “(...) continually transformed natural landscapes and created local microclimates and biological ecosystems within cities”.

[83] Martinez, 2007, p.23.

[84] Pode-se citar, como exemplo, inundações, secas, fome, tornados, entre outros. Inclusive, é importante destacar que, principalmente no século XX, a capacidade técnica humana de intervenção no meio ambiente pôde provocar ou induzir estes “riscos”, como bem define Francisco Calvo Garcia-Tornel no seu livro, Sociedades y Territorios en riesgo, de 2001. Segundo o autor (2001, p.19), tais riscos ambientais “tienem su origen en el uso de la tecnología, como elemento creado para la transformación del médio”, além da “propia organización y las relaciones entre grupos humanos”.

[85] Tarr, 2001.

[86] Hays, 2002.

[87] Rosen; Tarr, 1994, p.307. Adaptado do original: “(...) have defined the physical context in which most people and many on human organisms have lived. Thus, the build environment, through its effects upon and interaction with the natural environment, is part of the Earth´s environmental history”.

[88] Sobre a evolução e diversificação da Geografia em diversos ramos, cf. Capel, Horacio. Filosofia y ciencia en la geografia conteporánea. Barcelona: Barcanova, 1981; Moraes, Antonio Carlos. Geografia: pequena história crítica. 21.ed. São Paulo: Annablumme, 2007.

[89] Ribera Carbó, 2005, p.59.

[90] Freitas, 2006.

[91] Paleo, 2008. Sobre a vida acadêmica de Carl Sauer e da influência da Escola de Berkeley, cf. Mathewson, Kent; Seemann, Jörn. A geografia histórico-cultural da Escola de Berkeley: um precursor ao surgimento da História Ambiental. Varia Historia, Belo Horizonte, v. 24, n. 39, p.71-85, jan/jun 2008.

[92] Mathewson, Seemann, 2008.

[93] Ribera Carbó, 2005, p.56.

[94] Sobre o conceito de território, este pode ser entendido, de acordo com Ramón Folch (2003), como um sistema complexo, no qual um determinado espaço antrópico foi historicamente produzido e que as relações entre esse espaço e os fluxos que o atravessam são contínuas e podem ser consideradas agentes desse processo.

[95] Ribera Carbó, 2005, p.61.

[96] Zarrilli, 2002, p.86.

[97] Jori, 2009.

[98] Para maiores detalhes, ver < http://www.3hpg1gh.net/index.html>.

[99] Virgil, 1994, p.34 apud Zarrilli, 2002, p. 69-70.

[100] Schott, 2004, p.526. Adaptado do original: “cultural effects far beyond their period of primary  implementation”.

[101] Fernández, 2003, p.39.

 

Referências

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© Copyright Yuri Simonini y Angela Lúcia Ferreira, 2013.
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