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REVISTA BIBLIOGRÁFICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona
ISSN: 1138-9796. Depósito Legal: B. 21.742-98
Nº 315, 5 de octubre de 2001

HERÉDIA, V.B.M. O processo de industrialização da zona colonial italiana:
estudo de caso da primeira indústria têxtil do Nordeste do estado do Rio Grande do Sul.
Caxias do Sul: Editora da Universidade de Caxias do Sul, 1997, 240 p. (Apresentação da autora)


Vania Beatriz Merlotti Herédia
Doutora em História das Américas - Universidade de Genova, Itália.
Departamento de Sociologia da Universidade de Caxias do Sul, Brasil.


Palabras clave: inmigración / industrialización / colonización / Rio Grande do Sul (Brasil).

Key-words: immigration / industrialization / colonization / Rio Grande do Sul State (Brazil).


O processo de industrialização da zona colonial italiana é um estudo que trata das condições socio-econômicas enfrentadas pelos imigrantes italianos que fizeram parte da colonização européia no sul do Brasil. Nesta nota realizarei um resumo dos objetivos e das principais conclusões desta pesquisa.

A colonização européia no Nordeste do Rio Grande do Sul começou a partir de 1870, por iniciativa do governo imperial, fruto de uma política de ocupação das terras devolutas, decorrente da Lei de Terras de 1850. A política de ocupação, promovida por D.Pedro I e por D. Pedro II apresentou diferenças nos vários estados onde houve concentração de imigrantes. No estado de São Paulo, o intuito era de fornecer um contingente de mão de obra especializada para a grande lavoura do café, ameaçada pelo movimento abolicionista.

No Estado do Rio Grande do Sul, o processo colonizatório visava formar colônias agrícolas, produtoras de gêneros necessários ao consumo interno, implantadas longe do latifúndio.

A trajetória histórica da Colônia Caxias no nordeste do Rio Grande do Sul reflete as condições encontradas pelos primeiros imigrantes europeus na construção da zona colonial italiana no sul do Brasil. Esses imigrantes conseguiram em breve período, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, organizar economicamente a região ocupada, que hoje se destaca no panorama econômico brasileiro como uma das regiões mais industrializadas do país.

O percurso dessas conquistas tem início a partir da política emigratória brasileira, reforçada pela Lei de Terras e pelos interesses do regime imperial, em povoar as zonas desocupadas no Brasil, com a mão de obra européia. A imigração italiana no sul do Brasil foi favorecida pelas características estruturais das duas sociedades envolvidas, a Itália e o Brasil. A primeira pela grave crise agrária que fomentou a emigração permanente, e a segunda por pretender ocupar zonas desertas e carecer de mão de obra especializada para trabalhar na agricultura.

O fenômeno imigratório satisfazia às duas estruturas seja pela expulsão de seu excedente populacional seja pela atração de colonos para ocupação.

O processo de colonização no Rio Grande do Sul foi fundado sob o regime da pequena propriedade através da mão de obra familiar. A Colônia Caxias, em relação às demais da zona colonial, apresentou um rápido crescimento econômico, transformando-se em um centro de produção agrícola e de intercâmbio comercial. À medida que a Colônia cresceu, o número de oficinas artesanais aumentou, e a cidade tornou-se um local de abastecimento das primeiras necessidades dos emigrantes. O crescimento econômico da região, provocado pela produção agrícola e pelas trocas comerciais, gerou uma zona comercial, marcada pela indústria. As primeiras indústrias que surgiram na colônia foram de perfil tradicional, ou seja, a vinícola, a metalúrgica, a indústria de alimentos, a extrativa-manufatureira de madeira e a têxtil.

A formação dessas indústrias refletiu a presença da cultura italiana na região, através da mão de obra artesanal, da disposição para o trabalho, do espírito empreendedor, da acumulação de capital e da existência de pequenas poupanças.

Processo de Industrialização da Zona Colonial Italiana contextualiza as condições socio-econômicas enfrentadas pelos imigrantes italianos na fase inicial de ocupação bem como retrata através de um estudo de caso a formação da indústria têxtil da região. Através do estudo da primeira cooperativa têxtil, reconstrói-se as condições da industrialização na zona colonial, indústria organizada por emigrantes italianos da região de Vicenza, Schio, operários do lanifício Rossi, que em conflitos patronais, no final da década de 80 do século XIX foram obrigados a emigrar. A fundação de um lanifício semelhante àquele deixado na Itália era um sonho dos emigrantes que se realiza em 1894 com a criação da cooperativa têxtil.

Esse estudo retrata através das diversas conjunturas o desenvolvimento e as políticas governamentais utilizadas na expansão e o desenvolvimento industrial no Estado, a composição da força de trabalho e os mecanismos utilizados pelas indústrias para reter a mão de obra no contexto rio-grandense.

Essa pesquisa reconstitui historicamente o processo de ocupação da zona colonial, o processo de industrialização da mesma, onde os desdobramentos histórico-econômicos permitem avaliar as transformações ocorridas na estrutura social a partir das diversas conjunturas.
 

© Copyright: Vania Beatriz Merlotti Herédia, 2001.
© Copyright: Biblio 3W, 2001.



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