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REVISTA BIBLIOGRÁFICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS
SOCIALES
Universidad
de Barcelona
ISSN:
1138-9796. Depósito Legal: B. 21.742-98
Vol.
VII, nº 416, 15 de diciembre de 2002
|
GÊNERO E TRABALHO:
A PARTICIPAÇÃO DA MULHER NOS SINDICATOS DE PRESIDENTE PRUDENTE/SP
Terezinha Brumatti
Carvalhal
Mestranda em Geografia pela FCT/UNESP
Presidente Prudente/SP
Email: tbrumatti@fsnet.com.br.
Palavras-chave: Gênero; Território; Sindicato; Trabalho
Key-words: Woman; Territory; Syndicate; Work
O
presente artigo é fruto das reflexões que vêm sendo desenvolvidas desde a
elaboração da monografia de bacharelado e que resultaram na elaboração do
projeto de Mestrado, em andamento desde o início do ano de 2000, quando ingressamos
no Programa de Pós-graduação em Geografia(1)
Gostaríamos de exaltar
a importância do tema para a Geografia, já que a temática trabalho, tem seus
estudos muito recentes, sendo que um dos primeiros passos têm sido realizado
através da organização do grupo de pesquisa, o CEGeT (Centro de Estudos de
Geografia do Trabalho). O grupo vem tentando fortalecer através de leituras
de trabalhos de outras áreas da ciência como a Sociologia, Filosofia, o conceito
de trabalho dentro da Geografia. No nosso caso em específico, pretendemos
por meio da relação de gênero, permeada pela relação de classe, trazer para
a Geografia discussões da forma de inserção de trabalho das mulheres na sociedade
capitalista. Pois a Geografia busca entender as diferentes relações sociais
configuradas no espaço, sendo esse espaço criado através das relações do
homem com a natureza, que se dá pelo trabalho e esse trabalho é realizado
pela sociedade dividida em classes sociais, que por sua vez também é dividida
em sexos.
A mulher trabalhadora
é duplamente subjugada pelo capital, na esfera da produção de mercadorias
e na esfera da reprodução, como provedora de força-de-trabalho, sem que haja
qualquer mecanismo de auxílio a reprodução de seres vivos, como creches,
escolas infantis.
Dessa forma, nos colocamos
a entender qual o papel do sindicato na questão de gênero, ou seja, se o
sindicato tem apoiado a maior participação da mulher no meio sindical, seja
por meio de cursos de formação política ou em outra forma de atuação que
possibilite a inserção das mulheres nas diretorias. E através de entrevistas
aos sindicalistas homens e mulheres, nos propomos a investigar os discursos
a cerca do apoio a essa inserção da mulher no meio sindical, tendo como parâmetro
a composição da diretoria, no sentido de verificarmos se as mesmas são representativas
das trabalhadoras da base. Ao mesmo tempo investigamos a “leitura” que as
mulheres fazem delas como sindicalistas e como trabalhadoras, exercedoras
da tripla jornada de trabalho, mas que como líderes podem redirecionar posturas
no interior dos sindicatos, no sentido de maior discussão e apoio a mulher
trabalhadora. E por outro lado como as trabalhadoras se vêem como exercedoras
da dupla jornada de trabalho e que como trabalhadoras devem exigir mais direitos
e melhores condições de trabalho, não somente na exigência do local onde deixar
os filhos, mas também na reivindicação da redistribuição de suas responsabilidades
como reprodutora de seres vivos e como produtora de bens. Dessa forma também
investigamos o que pensam sobre a funcionalidade de um sindicato.
O critério utilizado
para a escolha dos sindicatos(2) foi à representatividade
política e numérica dos trabalhadores, abrangendo setores privados e públicos,
com desdobramentos para as principais atividades desenvolvidas localmente
e que expressam a relação capital x trabalho, tais como, agroindústria, indústria,
comércio e serviços. Assim escolhemos categorias, diferenciadas para que pudéssemos
analisar e entender o embate dos trabalhadores, nas questões trabalhistas,
sob sua diferencialidade de inserção profissional, sendo que essa diversidade
também foi vista como uma possibilidade de avaliarmos em quais categorias
a mulher tem mais presença e em quais sindicatos a questão de gênero, tem
se enraizado no arcabouço das lutas.
Sendo o espaço geográfico
um espaço produzido pelo trabalho e a um só tempo agente e resultado do desenvolvimento
da história dos homens, nos propomos a reforçar por meio de nossa pesquisa
os estudos sobre o trabalho, justamente por verificar a importância de decifrar
as relações estabelecidas na sociedade, quando da intervenção do homem ao
meio ambiente, pois essas relações são envolvidas por muitas contradições
de classes, e tem por isso repercutido diferencialmente no território, segundo
as classes sociais, raça, sexo, etnia, etc.
Segundo Thomaz (2002):
a
Geografia do trabalho deve chamar para si a tarefa de apreender o mundo do
trabalho através do espaço geográfico, entendido, pois, como uma das características
do fenômeno, e da rede re relações categoriais/teóricas/escalares, ou seja,
a paisagem, o território e o lugar de existência dos fenômenos, num vai e
vem de múltiplas determinações. (Thomaz: 2002, 05)
Entendemos que as mulheres
assim como outros grupos sociais “marginais” têm sofrido ao longo da história
muitas subjugações em relação ao homem branco e a condição se agrava quando
situamos tais questões numa sociedade de classes como a capitalista. Às mulheres,
independentemente da classe social, tem exercido as funções domésticas e
cuidado com os filhos.
Segundo Saffioti (1987)
há um processo de naturalização dos processos socioculturais, pois essas
funções foram criadas socialmente quando a família se estruturou dessa forma,
com a mulher exercendo “naturalmente” sua função de mãe e no cuidado com
o lar. Enquanto que ao homem, quando do surgimento da divisão social do trabalho,
com a geração do excedente, separando o espaço da produção e o da reprodução,
coube o exercício dos afazeres fora do âmbito privado do lar. A partir daí
a identidade social, segundo a autora foi socialmente construída.
É de extrema importância
compreender como a naturalização dos processos socioculturais de discriminação
contra a mulher e outras categorias sociais constitui o caminho mais fácil
e curto para legitimar a “superioridade” dos homens, assim como a dos brancos,
a dos heterossexuais, a dos ricos. (Saffioti, 1987:11)
Nesse sentido, nos propomos
a entender como a mulher tem convivido com essa situação e como tem se dado
sua inserção no mercado de trabalho, haja vista que, como vimos, as mulheres
são as únicas responsáveis pela manutenção da reprodução da família. Importante
frisar que a inserção no mercado de trabalho pode trazer de certa forma a
autonomia financeira, sendo que, muitas mulheres têm sido as principais responsáveis
pelo sustento da casa, seja pelo falecimento do marido ou pela sua própria
opção pessoal. A inserção no mercado de trabalho tem trazido novas experiências
para as mulheres acostumadas a terem seus horizontes restritos a manutenção
da família. A família, nesse sentido, tem tomado novas configurações, com
o surgimento da família monoparental, onde somente um dos cônjuges vive no
domicílio, surgindo o que Castells (1999) fala da crise da família patriarcal,
na medida em que o comando da casa deixa de ser função exclusivamente do homem.
Segundo uma pesquisa
feita por Gois (2001) baseada nos primeiros dados obtidos com o censo 2000,
a mulher atualmente, é a responsável por um em cada quatro domicílios no Brasil,
com cerca de 11,1 milhões de mulheres (ou 24,9% do total) e essa presença
é maior no Nordeste, onde, por conta da migração dos maridos, acaba ficando
para a esposa a responsabilidade da casa e dos filhos. Os maiores índices
são nas cidades de Maceió em Alagoas com 47,9% e em Teodoro Sampaio no estado
da Bahia com 42,7% dos domicílios sendo comandados pelas mulheres. Em Sucupira
em Tocantins, temos o maior percentual de crianças que vivem em domicílios
chefiados somente por mulheres (42,1%).
Porém, em detrimento
disso as mulheres continuam ganhando menos do que os homens, segundo Gois
(2001), metade das mulheres que são responsáveis pelo domicílio recebem de
meio a um salário mínimo e ainda tem mais crianças sob suas responsabilidades
em comparação ao ano de 1991, passando de 10,5 per cento para 14,4 per cento
em 2001, um aumento de 35 per cento do número de crianças.
Em Presidente Prudente
temos uma média de 55,3 per cento das trabalhadoras pesquisadas que ganham
até três salários mínimos, e que estão concentradas no SIEMACO onde se encontram
29 mulheres, 19 no SEC e no SSM temos 21 trabalhadoras do total pesquisado
nessa categoria, que recebe até três salários mínimos.
A inserção da mulher
no mercado de trabalho, fortemente incentivada pela crise econômica tem trazido
novas configurações para a população mundial, com reduções de taxa de fecundidade,
adiamento do nascimento dos filhos e redução do número de filhos. E assim
novos padrões familiares tem sido desencadeados com o surgimento de famílias
dirigidas por mulheres, ou somente um membro responsável pela família com
o surgimento de mães ou pais solteiros, além de muitos casais sem filhos(3).
Da mesma maneira novos
padrões de comportamento também têm surgido, com a inserção no mercado de
trabalho de mulheres cada vez mais escolarizadas.
Segundo uma pesquisa
feita por Toledo (2002), as mulheres têm levado vantagem em relação ao nível
de escolaridade, já que os homens ingressam no mercado de trabalho a partir
dos 13 anos e a mulher por volta dos 14,4 anos. Isso é explicado pelo fato
de que existe uma pressão maior da sociedade para que o homem se insira no
mercado de trabalho para ajudar no orçamento doméstico, enquanto as mulheres
ficam em casa para ajudar nas funções domésticas. Segundo essa mesma pesquisa,
cerca de 18 per cento dos homens entraram no mercado de trabalho antes dos
9 anos de idade enquanto que 13 per cento das mulheres tiveram o mesmo caminho
e cerca de 53 per cento dos homens e 43 per cento das mulheres entraram no
mercado de trabalho, na faixa etária dos 10 aos 15 anos. Porém, a boa notícia
apresentada pela pesquisa é que apesar de lenta, há uma tendência de adiamento
do ingresso da população no mercado de trabalho.
Em consonância com a
pesquisa citada, das mulheres pesquisadas, percebemos um fato interessante,
onde a maioria das mulheres, ou seja, 92 mulheres possuem acima do 2º grau
de escolaridade e encontram assim distribuídas: 38 delas tem o 2º grau completo
e estão concentradas nas categorias referentes ao SEC e SSM, 35 delas possuem
o 3º grau completo e estão concentradas nas categorias da APEOESP e SSM,
14 possuem 3º gráu incompleto e estão no SEC e SSM e as outras 5 possuem pós-graduação
sendo que 4 delas se concentram no SSM. As 38 trabalhadoras restantes, localizam-se
abaixo da faixa do 2 º gráu completo e estão assim distribuídas: 2 analfabetas
e localizadas no SIEMACO, 22 que não possuem o 1º gráu completo e que na
sua grande maioria (19) também estão no SIEMACO, das 10 mulheres que possuem
o 1º gráu completo, 6 delas também estão no SIEMACO. Significando que nessa
categoria, se encontram as mulheres menos alfabetizadas perante as demais
categorias e são também as que recebem menos.
Temos como pressuposto
de que, com o aumento do número de mulheres no mercado de trabalho, também
por outro lado esse contingente deveria encontrar respaldo no sindicato de
cada categoria, haja vista que o sindicalismo, principalmente no caso da
CUT, tem propagado que o sindicato deve estar sintonizado com os anseios
e necessidades da classe trabalhadora(4)
Assim investigamos a
forma de inserção nesse espaço, majoritariamente masculino, tendo em vista
as relações estabelecidas, não somente por ser um reduto masculino, mas pelas
relações patriarcalistas criadas na sociedade, que direcionaram as funções
domésticas como sendo exclusivas da mulher. Com isso, a inserção no mercado
de trabalho e no meio político, torna-se mais oneroso para a mulher, já que
traz “inerente” a si a dupla e tripla jornada de trabalho, sendo que na maioria
das vezes é a mulher que fica encarregada das funções domésticas, e muitas
vezes é destinada essa função a outro membro da família como irmã, os filhos
ou a mãe.
Lembrando que quando
falamos em relação de gênero, é no sentido das conotações criadas pela sociedade
para designar o homem e a mulher, sendo que a condição do homem é aquela
apoiada nos estereótipos onde cabe ao homem a função de provedor da casa
e por isso detentor do poder econômico do lar, enquanto que a mulher por
isso deve obediência e arcar com as funções domésticas e cuidado com filhos.
Das entrevistas realizadas
com os sindicalistas, mulheres e homens, percebemos que as questões do sindicato
têm sido direcionadas para as políticas mais emergenciais, como salários
e direitos trabalhistas e as discussões acerca da questão de gênero no interior
dos sindicatos têm sido mais freqüentes nos sindicatos formados pela maioria
de mulheres. Ou seja, nos sindicatos presididos por homens e onde as diretorias
na sua maioria, são formadas por homens, não tem havido a preocupação em
debater a participação da mulher nos sindicatos, no âmbito da diretoria ou
mesmo essa inserção como pauta das assembléias realizadas com a base.
Percebemos por outro
lado, que em consonância com os sindicalistas, estão a maioria das trabalhadoras
da base ao optarem pela busca por melhores salários. Pois na questão levantada
sobre quais deveriam ser as lutas em que o sindicato deveria se empenhar,
ficou em primeiro lugar a alternativa de que os sindicatos deveriam lutar
para a melhoria dos salários, em segundo lugar, ficaram as reivindicações
por mais direitos trabalhistas e a questão da integração com a categoria,
ficando em terceiro lugar, sendo acompanhada pela luta por mais convênios
médicos. Demonstrando que a base trabalhadora reivindica aquilo que foi acostumada
a ter e aquilo que foi colocado como sendo a função do sindicato.
Encontramos a preocupação
sobre a questão de gênero nos sindicatos presididos pelas mulheres, com mais
significado no sindicato dos Servidores Municipais, mesmo existindo boa parte
dos sindicalistas que conhecem a política de cotas da CUT. Os sindicatos
presididos pelas mulheres que tem tido a preocupação em cumprir a cota, são
também os que têm tentado apresentar para sua categoria, alguma forma de
conscientização sobre a condição da mulher trabalhadora na sociedade, ou,
segundo as próprias sindicalistas, em discursos de incentivo e apoio às mulheres
durante as assembléias.
Através de questionários
aplicados às trabalhadoras das categorias dos oito sindicatos pesquisados,
pudemos dimensionar a situação vivenciada pela mulher-mãe-trabalhadora, bem
como a percepção sobre sua condição de dupla jornada e como resolvem essa
questão para atuarem no mercado de trabalho, já que do total de 130 questionários
aplicados, temos um percentual de 59,2per cento das mulheres casadas, sendo
que somente 23 per cento delas não possuem filhos, ou seja além das casadas,
existem as separadas, as viúvas, as desquitadas e as solteiras que possuem
filhos.
Pressupomos inicialmente
que se através do conhecimento da política de cotas da CUT, ou ainda do envolvimento
na diretoria sindical e filiação partidária, poderíamos captar se existe
a percepção das trabalhadoras em relação a sua dupla jornada e se há por
parte das trabalhadoras a noção de que por meio do sindicato, poderiam buscar
apoio para tentar resolver essa questão e outras questões que afligem a mulher
trabalhadora.
Nesse sentido obtivemos
dos questionários aplicados o seguinte apontamento: as trabalhadoras desconhecem
o número de diretoras de seu sindicato, bem como uma minoria que já havia
ouvido falar na política de cotas da CUT, ou seja cerca de 14per cento ou
17 mulheres apenas conheciam a política. Da mesma forma obtivemos um número
muito baixo, de 9 mulheres que já participaram da diretoria sindical, e 3
mulheres do total de 130, que são filiadas a partido político.
Tentamos investigar também,
a interação das trabalhadoras com o sindicato que as representam por meio
do conhecimento sobre dias e horários das assembléias realizadas pelos sindicatos.
Verificamos que em sua maioria, as mulheres não sabem dizer com exatidão
o horário das assembléias, já que conforme os próprios sindicalistas expuseram,
não há ordinariedade de assembléias, o que tem ficado mais definido com os
trabalhadores são os dias das assembléias apenas.
Avaliamos que o movimento
sindical, no que diz respeito às lutas pelas conquistas trabalhistas, tem
estado inerte, pois a luta tem sido pela manutenção delas. A questão de gênero,
sob esse prisma, fica aquém das reivindicações e lutas, predominando no calendário
sindical de mobilizações, as questões referentes a salário, cestas básicas,
atendimento médico, judiciário e odontológico. A mulher tem sido lembrada
pelos sindicatos estudados, no dia oito de março, em que são parabenizadas
pelo seu dia, o que acaba reforçando publicamente a divisão sexual do trabalho.
Ou seja, o fato de homenagearem as mulheres trabalhadoras por serem mães,
donas-de-casa e ainda trabalharem fora do lar, pode implicar na maior aceitação
de sua situação de subordinada duplamente, ao lar e ao patrão e, portanto
ao sistema capitalista. Pois essa dupla subordinação se torna eficiente ao
auferir da mulher o trabalho realizado em casa, necessário para a reprodução
dela, filhos e marido, sem que lhe seja remunerado.
Nesse sentido será que
a estrutura sindical poderia ser acusada de impedir maiores avanços nas discussões
sobre gênero no sindicato, pois cooptada e sem autonomia, reproduz um círculo
vicioso de agir institucionalmente sem discussão com a base e, portanto sem
tempo para inserir políticas de conscientização sobre as questões secundárias
(ou mesmo questões terciárias), como a questão de gênero?
Seria, então, o sindicato
responsável pela reprodução da divisão sexual do trabalho ao hierarquizar
as funções conforme o sexo, atribuindo as funções de secretaria para as mulheres,
dessa forma fazendo com que muitos sindicatos cumpram a cota proposta pela
CUT? Dessa forma, o elemento diferente para ser aceito no meio masculino
deve, então, anular suas especificidades de dupla e tripla jornadas de trabalho.
Assim se explica o fato de muitas mulheres sindicalistas se encontrarem desquitadas,
separadas ou solteiras.
Para Antunes (1999),
a luta das mulheres contra as formas históricas e sociais da opressão masculina,
será, além disso, uma luta pós-capitalista, pois o fim da sociedade de classe
não significa o fim da opressão de gênero, pois esta é pré-capitalista.
Assim seria possível
o sindicato caminhar no sentido de emancipação da classe trabalhadora, levando
em consideração as especificidades de gênero?
No entanto é pelo consentimento
da investidura sindical, que o sindicato se torna subordinado aos desígnios
do Estado, sendo nesse ponto, que se iniciou a sua subserviência, desencadeando
na contribuição compulsória e na unicidade sindical.
A caminhada rumo à organização
de um movimento alternativo e independente do Estado, talvez seja a saída
para o reencontro dos sindicatos com sua base, onde os trabalhadores assumiriam
as regras de funcionamento do sindicato, e onde possa haver a possibilidade
das contribuições serem negociadas diretamente com os trabalhadores, o que
daria fim aos sindicatos pelegos, assistencialistas, etc.
Nesse sentido podemos
pensar como construir a emancipação da sociedade para além do capital se
a questão de gênero não tem sido tratada com a devida atenção e dedicação
por parte dos sindicalistas e destes com a base, ao contrário vemos que as
próprias mulheres sindicalistas não tem tido a visão que como líderes são
formadoras de opinião e de consciência.
Notas
1
As reflexões contidas neste artigo são encontradas também no relatório de
Qualificação do projeto de pesquisa em nível de Mestrado, “Gênero, Trabalho
e Território. A Mulher Trabalhadora nos Sindicatos de Presidente Prudente”,
sendo que contamos com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP), sob a orientação do professor Antonio Thomaz
Júnior, Bolsista FAPESP; membro do Grupo de Pesquisa “Centro de Estudos de
Geografia do Trabalho” CEGeT.
2 Dos trinta
e sete sindicatos sediados (ou com subsede) em Presidente Prudente, escolhemos
oito como objeto de nossa pesquisa, são eles: Sindicato dos Servidores Municipais
de Presidente Prudente (SSM), Sindicato dos Bancários e Financiários de Presidente
Prudente e Região (SEEB); Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil
e Pesada, Terraplanagem, Instalação Elétrica e Hidráulica, do Mobiliário
e Material Cerâmico de Presidente Prudente e Região (SINTCON); Sindicato
dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêutica e de Fabricação
de Álcool de Presidente Prudente e Região (SINDIÁLCOOL); Sindicato dos Empregados
em Empresas de Asseio e Conservação de Presidente Prudente e Região (SIEMACO);
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Artefatos e de Curtimentos
de Couros e Peles do Oeste e Sudoeste do Estado de São Paulo (STIAC); Sindicatos
dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP); Sindicatos
dos Empregados no Comércio de Presidente Prudente e Região (SEC).
3 Para mais
detalhes ver: CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. São Paulo: Paz e
Terra, 1999.
4 A Cut em 1991
lança a política de cotas, como forma de incentivar a maior participação
das mulheres nos sindicatos, onde a diretoria sindical deveria ser composta
de no mínimo 30 per cento de mulheres.
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© Copyright: Terezinha Brumatti, 2002.
© Copyright: Biblio 3W, 2002.
Ficha bibliográfica
BRUMATTI. T Gênero
e trabalho: a participação da mulher nos sindicatos de Presidente Prudente
SP Biblio 3W,
Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales, Universidad de
Barcelona, Vol. VII, nº 416, 15 de diciembre de 2002. <http://www.ub.es/geocrit/b3w-416.htm>
[ISSN 1138-9796]
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