Menu principal
Biblio 3W
REVISTA BIBLIOGRÁFICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona
ISSN: 1138-9796. Depósito Legal: B. 21.742-98
Vol. VIII, nº 449, 30 de mayo de 2003

SUERTEGARAY, D. M. A.,  GUASSELLI, L. A. & VERDUM, R. (org.) Atlas da Arenização: sudoeste do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da Coordenação e Planejamento do Governo do estado do Rio Grande do Sul, 2001, 1. V. Mapas, 84 p.

Nina Simone V. Moura Fujimoto
Instituto de Geociências da UFRGS


Palabras clave: Atlas, arenización, Río Grande do Sul (Brasil)

Key words: Atlas, sandification, Rio Grande do Sul (Brazil)


Respeitados por professores e pesquisadores brasileiros, elogiados por políticos regionais e, sobretudo, pioneiros de uma discussão democrática a respeito da arenização no sudoeste do Rio Grande do Sul, um grupo de professores/pesquisadores do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com a colaboração do Governo do Estado do Rio Grande do Sul lançou, no ano de 2001, a obra: Atlas da Arenização: sudoeste do Rio Grande do Sul. Os autores discutem a problemática dos areais, descrevendo a paisagem local e apresentando os elementos que explicam a origem, a distribuição, a dinâmica e a recuperação destas manchas de areia nos municípios localizados à sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Trata-se de uma publicação que representa o estudo da distribuição espacial dos fenômenos naturais e sociais relacionados ao processo de arenização, suas relações e suas transformações ao longo do tempo, por meio de representações cartográficas que reproduzem este ou aquele aspecto da realidade de forma gráfica e generalizada. As representações demonstram o profundo conhecimento dos fenômenos que estão representados, bem como o suporte metodológico e operacional que fizeram seu estudo.

Estruturado em quatro etapas, traz importantes esclarecimentos sobre a gênese dos areais e os processos envolvidos na sua formação; a distribuição espacial do processo de arenização, contendo a quantificação das manchas de areia e de diferentes variáveis analisadas e a caracterização do processo de ocupação, a partir da estrutura fundiária e da evolução da produção agrícola no sudoeste do Rio Grande do Sul. Traz, ainda, os procedimentos de avaliação e mensuração da erosão superficial e controle de ravinas e voçorocas desenvolvidas ou em andamento, além de considerações sobre os impactos do plantio do eucalipto na região.

Inicialmente, esclarece que o conceito de desertificação, usado para identificar os processos de formação das manchas de areia é inadequado, sob o ponto de vista climático, adotando o conceito de arenização para esta região. A dinâmica dos processos envolvidos na arenização requer disponibilidade de água, ou seja, está relacionada ao clima úmido.

Em seguida, explica que os resultados de pesquisas realizadas sobre a ocupação histórica da área e de dados provenientes da arqueologia, indicam que a ocorrência dos areais decorrem da dinâmica da natureza na sua origem, explicando o seu surgimento pela evolução paleoclimática da área, a partir da relação entre litologia e dinâmica hídrica, ainda que a ação do homem possa intensificar este processo.

Os areais ocupam predominantemente os setores médios e inferiores das vertentes das colinas e/ou relevos tabulares e estão sobre unidade litológica oriunda de deposição eólica pretérita. Nestes setores dominam processos de ravinamento e voçorocamento que, na interpretação construída, a partir de estudos geomorfológicos, de dinâmica hídrica e eólica, dão origem aos areais.

O mapeamento da distribuição espacial do processo de arenização, tendo como referência a bacia hidrográfica e os municípios do sudoeste do Rio grande do Sul, permitiu a quantificação da área de ocorrência dos areais. Neste sentido, é representada a distribuição espacial e a extensão dos areais para cada município do sudoeste do Rio Grande do Sul, que são: Alegrete, Cacequi, Itaqui, Maçambará, Manuel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, São Borja, São Francisco de Assis e Unistalda.

As bacias hidrográficas com maior ocorrência de areais estão representadas e, para cada uma, foram elaborados, o MNT (Modelo Numérico da Terreno), mapas de uso do solo e de cobertura vegetal (incluindo a distribuição espacial e a extensão das manchas de areia), mapas de declividade e mapas de orientação de vertentes. A partir do cruzamento dos dados de orientação e declividade com o mapa de uso do solo foi possível verificar as principais faixas de declividade e orientação com ocorrência de arenização. Neste sentido, em todas as bacias hidrográficas representadas a presença dos areais foi constado em vertentes de baixas declividades, indicando que a arenização está associada a relação entre litologia (formações superficiais frágeis) e processos hídricos. A disposição dos areais, de acordo com a orientação das vertentes, indicam uma relação entre a direção da drenagem e dinâmica dos areais.

Após a constatação da fragilidade da paisagem local aos processos de arenização, o atlas procura caracterizar o território como espaço de reprodução social. O processo de ocupação das terras no sudoeste do Rio Grande do Sul estruturou-se, e se mantém até hoje, na exploração extensiva de grandes extensões de terra. Vê-se nesta região a apropriação do espaço sob duas formas principais: a atividade pecuária baseada na criação extensiva de bovinos e ovinos (latifúndios pecuaristas) e a atividade agrícola através do cultivo do arroz e da soja.

Ao tratar dos procedimentos de controle de ravinas e voçorocas e dos impactos do plantio do eucalipto na região, o grupo posiciona-se favorável a formas alternativas e de baixo custo na recuperação das áreas degradadas, cujas as experiências realizadas indicam a gramínea como melhor alternativa. A recuperação dos areais assentada no florestamento arbóreo (plantio de eucaliptos) tem resultado em uma série de impactos ambientais, sugerindo a necessidade de uma discussão ampla sobre as propostas de recuperação.

Para finalizar, cabe ressaltar que a cartografia temática associada as tecnologias computacionais desenvolvida no atlas, através técnicas de sensoriamento remoto, classificação digital de imagens e geoprocessamento, fazem deste trabalho um instrumento de grande aplicação educacional e científica. A partir de uma efetiva interação entre o usuário e as representações gráficas pode-se esperar um grande avanço no ensino e nas futuras pesquisas científicas e tecnológicas referentes a temática da arenização.
 
 

© Copyright: Nina Simone V. Moura Fujimoto, 2003.
© Copyright: Biblio 3W, 2003.

Ficha bibliográfica

MOURA FUJIMOTO, Nina. Suertegaray, D. M. A. Guaselli, L. A. & Verdum, R. (org.) Atlas da Arenização: sudoeste do Rio Grande do SulBiblio 3W, Revista  Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales, Universidad  de Barcelona, Vol. VIII, nº 449, 30 de mayo  de 2003. <http://www.ub.es/geocrit/b3w-449.htm> [ISSN 1138-9796]



Volver al índice de Biblio 3W


Volver al menú principal