Menú principal

Índice de Biblio 3W

Biblio 3W
REVISTA BIBLIOGRÁFICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona 
ISSN: 1138-9796. Depósito Legal: B. 21.742-98 
Vol. XVI, nº 934, 30 de julio de 2011

[Serie  documental de Geo Crítica. Cuadernos Críticos de Geografía Humana]

 

A GEOGRAFIA E O DESAFIO DA MODERNIDADE: LA FRANCE DE L’EST (LORRAINE-ALSACE) CEM ANOS DEPOIS

 

Guilherme Ribeiro
Professor Adjunto I do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional da UFF – Campos dos Goytacazes.
geofilos@ig.com.br

Recibido: 30 de octubre de 2010. Aceptado: 5 de diciembre de 2010.

A Geografia e o desafio da modernidade: La france de l’Est (Lorraine-Alsace) cem anos depois ( Resumo)

Este artigo discute o livro La France de l’Est (Lorraine-Alsace), do geógrafo francês Paul Vidal de la Blache, a partir de duas dimensões pouco discutidas de seu pensamento: a de geopolítico e a de intérprete da Modernidade.

Palavras-chave: Vidal de la Blache, La France de l’Est (Lorraine-Alsace), História do Pensamento Geográfico, Geopolítica, Modernidade


Geography and the challenge of modernity: La france de l’Est (Lorraine-Alsace) hundred years after (Abstract)

This paper discuss La France de l’Est (Lorraine-Alsace), book by Paul Vidal de la Blache’s french geographer, from two aspects neglected of his thought: the geopolitical vision and the interpretation of the Modernity.

Keywords: Vidal de la Blache, La France de l’Est (Lorraine-Alsace), History of Geographical Thought, Geopolitical, Modernity    


“Que em muitos casos a fábrica esteja substituindo localmente a abadia,
isso pode parecer simbólico” (Vidal de la Blache, 1917).

 

La France de l’Est (Lorraine-Alsace), um dos principais livros do geógrafo francês Paul Vidal de la Blache (1845-1918), ainda não completou cem anos, já que foi publicado pela editora Armand Colin em 1917. No entanto, se cronologicamente não se pode falar de seu centenário, não há dúvidas de que as mudanças empíricas relativas ao “breve século XX” [1]  justificam o título acima. Todavia, nem por isso o livro em tela deixa de ser atual. Afinal, muitas questões por ele abordadas continuam fazendo parte da agenda geopolítica de nossos dias, tais como contendas territoriais, posse de recursos naturais, tratados internacionais, disputas econômicas entre Estados Nacionais etc. Além disso, trata-se de valiosíssimo documento da história do pensamento geográfico – história essa que há tempos deixou de ser factual e supostamente ingênua, tornando-se nos últimos 30 anos palco de intensas polêmicas político-epistemológicas[2].

Portanto, é num contexto de renovação dos estudos sobre história do pensamento geográfico que La France de l’Est será analisado. Como ponto de partida, tomaremos por base duas opiniões bastante difundidas sobre Vidal: a de que sua geografia era “um hino à França dos camponeses”[3] e, principalmente, que ele era o expoente máximo de uma disciplina “simplória e enfadonha” [4].

Um exame atento de sua obra como um todo nos leva a sugerir outra grade de leitura: estamos diante de um grande intérprete da Modernidade, que recolhe e examina as grandes questões que afligiam a Europa de então, tais como mapeamento e exploração do meio ambiente enquanto recurso econômico; papel das cidades como intensos centros de influência e de circulação “desterritorializando” antigas raízes camponesas; grande indústria como núcleo da organização espacial do mundo moderno; conflitos territoriais entre Estados Nacionais; relação entre território e identidade nacional; consolidação da escala-mundo. É esse geógrafo que tentaremos desenhar nas páginas seguintes [5].

Situando La France de l’Est na obra de Vidal de la Blache

Iniciemos com uma assertiva, no mínimo, inusitada: La France de l’Est (Lorraine-Alsace) não nos parece representar tão grande novidade tal como o é para o geógrafo francês Yves Lacoste. Responsável por sua “descoberta” e reedição em 1994, a chamada da capa é eloquente: “Um livro de geopolítica silenciado durante 60 anos”. No préfacio do mesmo, tal como havia feito em uma nova edição de seu famoso La Géographie ça sert, d'abord, pour faire la guerre, Lacoste praticamente pede desculpas aos seus leitores pelas ferozes críticas que fizera a Vidal, já que havia a ele imputado todos os males possíveis referentes à Escola Francesa de Geografia. E o faz em nome de um único e poderoso argumento: o desconhecimento de La France de l’Est (Lorraine-Alsace), obra que revela notória “ampliação do campo da geograficidade”[6] – ampliação que diz respeito, essencialmente, à incorporação da geopolítica na Geografia. Em outras palavras, o fato é que La France de l’Est se encaixava integralmente na concepção de Geografia preconizada por Lacoste. A saber, uma disciplina que deveria sublinhar a dimensão política dos fenômenos espaciais.

Esta não é a ocasião mais apropriada para discutirmos, com a seriedade que o tema exige, os impactos de La Géographie ça sert, d'abord, pour faire la guerre na interpretação que foi feita sobre o pensamento de Vidal. De qualquer maneira, não podemos nos furtar a pensar que tais impactos foram muito mais negativos do que positivos. Afinal, La France de l’Est e seu prefácio não foram traduzidos para o português, e a nova edição de seu livro, onde Lacoste tenta “reabilitar” Vidal, está longe de ter tido o mesmo peso que as críticas da primeira edição – que praticamente “sepultaram” a fortuna vidaliana.   

Igualmente, não estamos em condições de investigar aqui os motivos que teriam levado a Geografia francesa a negligenciar, durante tanto tempo, um livro daquele que foi o maior geógrafo de sua geração e cuja influência exerceu-se, pelo menos, até 1945. De todo modo, também não podemos deixar de apontar a responsabilidade (e os compromissos político-ideológicos) daqueles que escreveram a história do pensamento geográfico francês no século XX para com tal negligência.

Sim, pois qual a história “oficial” que acabou por ser consagrada? Principes de Géographie humaine, livro póstumo de Vidal organizado e publicado em 1921 por seu genro, o também geógrafo Emmanuel de Martonne, foi tomado como a síntese e o método do pensamento vidaliano[7]. Juntamente com La Terre et l’évolution humaine (1922), do historiador Lucien Febvre – que imputou os conceitos de “possibilismo” a Vidal e de “determinismo” a Ratzel e pregava uma geografia “modesta”, isto é, que não tocasse no Estado mas tão somente no solo[8] - o que temos é uma caracterização imprecisa e caricatural da obra vidaliana e da Escola Francesa de Geografia [9].

Dito isso, agora podemos retomar nossa assertiva inicial: La France de l’Est só pode se apresentar como novidade para quem operou uma leitura fragmentada da trajetória intelectual de seu autor. Sim, pois a geopolítica está longe de ser algo original ou pouco explorado por Vidal. Desde seus primeiros cursos em Nancy (logo após a guerra franco-prussiana) sobre a geografia comparada dos Estados europeus[10] e a preocupação com as fronteiras e os Estados ao redor da França reunida em États et nations de l’Europe. Les pays autour de France[11], passando pelas várias resenhas e textos dedicados à relação da França com suas colônias e com as principais potências imperialistas da época[12] até chegar aos artigos sobre a adaptação do território francês às demandas do mundo urbano-industrial e o papel do Estado nessa conjuntura[13], as dimensões da política, da estratégia e do território sempre estiveram presentes na démarche vidaliana.

De fato, não se pode nem mesmo afirmar que La France de l’Est seja novidade por sistematizar uma reflexão verdadeiramente geopolítica, já que aborda uma série de outros sub-campos da disciplina, tais como geografia econômica, geografia da indústria, geografia da população e geografia urbana. Aliás, se fosse preciso classificá-la, seria muito mais obra de geografia econômica do que de geopolítica. E, se existe nela algo que surpreende, diz respeito à abordagem ao redor da geografia agrária: nas duas primeiras partes – “A formação da França do Leste” e “A Revolução e o estado social” – interessa-lhe, sobretudo, a estrutura fundiária da Alsácia e da Lorena, bem como os impactos distributivos subsequentes à Revolução Francesa[14].

Na realidade, o que La France de l’Est representa é o amadurecimento do jovem campo da Geografia Humana tal como seu autor o fora concebendo no decorrer do tempo. Se por repetidas vezes ele usou uma linguagem organicista e uma abordagem mais fisicalista a ponto, inclusive, de ser visto como praticante de uma Ecologia do Homem[15], tudo indica que progressivamente isso foi ficando para trás. Nesse sentido, La France de l’Est é, por assim dizer, a síntese de um Vidal cada vez mais social, histórico, político e econômico.

A concordarmos com essa argumentação, talvez possamos admitir que o livro em tela simboliza a antecipação daquilo que seria a ciência geográfica nas décadas seguintes à sua publicação e até os nossos dias: uma disciplina muito mais próxima da História, Sociologia e Economia do que da Física, Biologia e Ecologia. Se nos for permitida outra sugestão, a comparação entre o Tableau géographique de la France de 1903 e La France de l’Est de 1917 também seria assaz elucidativa das metamorfoses sofridas pela geografia vidaliana nesse intervalo: a ênfase descritiva nas relações entre o homem e o meio físico ilustrada por cartas geológico-geomorfológicas[16] cedia lugar a uma análise estratégica das relações entre o homem e o espaço construído[17].

A geopolítica em La France de l’Est

É bem provável que La France de l’Est seja a ocasião onde Vidal tenha declarado, de maneira mais enfática, seu patriotismo e seu engajamento para com a empreitada colonial francesa. De todo modo, quase sempre suas análises acabavam convergindo na demonstração das múltiplas afinidades entre Alsácia, Lorena e França — e, naturalmente, nas divergências entre aquelas e a Alemanha. Numa escala mais ampla e tendo o Imperialismo como pano de fundo, o capítulo “Du principe de groupement dans l'Europe Occidentale” indica aguda percepção sobre a geopolítica européia. Muitas passagens são extremamente atuais: abordando o tema das identidades nacionais, defende a autonomia de pequenos Estados como Holanda, Bélgica, Suíça e Portugal; elogia os acordos políticos entre Inglaterra e Escócia e entre o Norte e o Sul da França após um passado de guerras; sustenta que a história da Europa é uma história de mistura de raças, numa argumentação útil contra a xenofobia e a favor do multiculturalismo; em nome das noções de liberdade e justiça, prega a rejeição da superioridade racial e do ressentimento de lutas passadas[18].

No entanto, o que mais se destaca é sua preocupação com a retomada da paz e com o desenvolvimento do capitalismo europeu. Para isso, era preciso restabelecer o status quo. Ainda que não diga explicitamente, sugere que o melhor caminho a ser seguido pela Europa não seria o expansionismo interno, mas sim o externo, numa partilha que respeitasse as conquistas históricas dos Impérios e se estruturasse a partir de acordos internacionais — o que favoreceria França e Inglaterra em detrimento da Alemanha. Esta deveria percorrer a mesma senda de Grã-Bretanha, França e Rússia, “que encontraram na África e na Ásia seus campos de expansão”[19].

Evidentemente, Vidal não tinha motivo algum para se sensibilizar com o outro lado do Reno. Afinal, a “mutilação de 1871” – era assim que ele se referia à perda da Alsácia-Lorena [20] – provocara claros prejuízos econômicos e “morais” ao Hexágono. Todavia, ao se opor aos métodos alemães de desenvolvimento (associados à extensão territorial, poderio militar e exploração de recursos naturais) e acusar o país vizinho de estar fora dos princípios políticos de cunho civilizatório que a Europa historicamente edificou[21], ele enxerga na ameaça alemã a possibilidade de uma aliança continental com as forças “do Leste e do Oeste”, numa Europa organizada sob “bases mais largas”[22].

Aqui, Vidal resgata uma questão clássica da geopolítica européia e assume postura importante, fazendo entrar em cena um ator temido porém incapaz de ser negligenciado: a Rússia. Ao destacar a força de seu território e de seus recursos, ele se opõe contra a posição de isolá-la, conclamando vigorosamente por sua participação na “comunidade européia”[23]. E, por conta de uma política externa “hesitante”, chega mesmo a responsabilizá-la pelo êxito das ambições alemãs – ao lado de uma França “desamparada” e de uma Inglaterra “ainda iludida” com o germanismo[24].

Entretanto, bastante preocupado com as conquistas territoriais e a centralidade do Império Alemão – mais bem localizado para a dominação do continente do que jamais tiveram o Império Romano ou Napoleão[25] – o que podemos deduzir é que não caberia a outra nação senão à Rússia papel cabal num provável conflito de proporções mundiais. Conforme seu registro:

“Diante do espetáculo destes formigueiros humanos, destas cidades crescentes por todos os lados, um observador poderia se perguntar se não estaria assistindo à formação de algo novo, de um Estado ultrapassando os quadros que a história parecia ter destinado à maioria dos Estados europeus, capaz de, um dia, disputar mesmo com a Rússia a vantagem da extensão. Se tal pensamento viesse acometer o espírito do visitante, imagine se ele arraigasse no espírito do alemão! O crescimento no sentido material, a extensão, o Raum — seguindo a expressão dos seus teóricos da geografia política —, é a medida da vitalidade e da saúde de um Estado” [26].        

Ora; ainda que redigido no calor da Guerra de 1914, ao chamar atenção da Europa para os perigos do imperium (o termo é dele) germânico, reprovar a incapacidade da “diplomacia ocidental” por não perceber as ambições alemãs, desmentir alguns de seus argumentos sobre a necessidade do expansionismo e convocar a Rússia como aliada, uma leitura em retrospectiva não teria dificuldades de acusar seu espectro profético: a iminência da II Guerra Mundial.

Numa verdadeira lição de diplomacia e de política externa, ele constata que o tempo do isolamento internacional havia terminado, reconhece a divergência de interesses e praticamente antevê a geopolítica atual – onde economia e política são indiscerníveis e a globalização consolidou o arranjo dos Blocos:

“Quando refletimos sobre as condições que a crescente complicação dos interesses internacionais criou entre os povos, não tardamos a nos persuadir que uma ação isolada não corresponde nem à ordem das coisas e nem a interesses particulares. Os tempos do ‘esplêndido isolamento’ passaram mesmo para aqueles que o Oceano parecia resguardar. Há muita repercussão nos negócios do mundo para que se possa eximir-se da preocupação de não estar seguindo seu progresso. Além disso, como estamos longe de ter alcançado um grau ideal de civilização onde antagonismos mais ou menos irredutíveis deixarão de preocupar, é mister se organizar para combinar os interesses que sejam conciliáveis e, ao mesmo tempo, para fazer frente às intenções adversas. É assim que agrupamentos são formados — não sob o reino de necessidades fugazes, mas como uma assistência mútua contraída com vistas ao futuro. A noção de grupos tende a substituir a noção de Estado na condução dos negócios mundiais[27].

Tomando tais reflexões num sentido mais geral, do desmembramento do Império Napoleônico à recomposição republicana do “mutilado” território francês, passando pelas perdas econômicas e políticas dele resultantes, distinguimos um geógrafo cujos argumentos caminhavam pari passu com o imperativo histórico que se apresentava diante de seus olhos: as fronteiras francesas foram e continuariam sendo delimitadas na arena política dos conflitos sociais. Não havia uma providência metafísica que ligasse o destino da França a um espaço exclusivamente seu.

Se o conceito moderno de Europa nascera exatamente em função de uma nova forma de organização espacial – os Estados Nacionais – onde o território era um dos principais pilares, Vidal sabia que malogros militares e diplomáticos teriam um significado negativo[28]. Por isso ele lamentara o tratado de 1814, que custou treze departamentos na Bélgica e no lado esquerdo do Reno, e a decisão diplomática do Conselho Federal Suíço em 1900, que cedera parte do território da Guiana Francesa ao Brasil. Pelo mesmo motivo, fora veemente no tocante à participação ativa da França na confecção da carta internacional do mundo ao milionésimo em 1909, sob o risco de ver suas colônias sendo mapeadas por países como Inglaterra, EUA e Alemanha[29].  

De qualquer maneira, a vitalidade geopolítica do livro não supera o fato de que, para nós, seu leitmotiv é majoritariamente econômico. Se é verdade que os fins justificam os meios, Vidal o fez operando o território como meio para atingir um fim econômico. É assim que a relevância da “Alsácia-Lorena” para a França é menos cultural e identitária do que econômica. Não que ele não estivesse atento àqueles aspectos, muito pelo contrário. Construindo uma visão “parisiense” um tanto quanto ingênua e ideal sobre a Lorena[30], sua obstinação nacionalista em engendrar um discurso científico que justificasse em definitivo os vínculos desta e da Alsácia à França o levou a acusar de “pangermanista”[31] o geógrafo Bertrand Auerbach – à época professor de geografia na Faculdade de Letras de Nancy e que já havia publicado nos Annales, periódico criado pelo próprio Vidal de la Blache! –, que admitia a separação da Alsácia germanófila frente à Lorena. Outros geógrafos de Nancy também reconheciam certas especificidades desta última e seu distanciamento para com a França[32].

Todavia, cremos que sua inquietação não reside tanto no caráter estratégico da “França do Leste”, mas sim no fato de que sua perda acarretou diretamente o enfraquecimento da economia nacional. Após o Tratado de Frankfurt, a fração territorial que coube à França lhe parecia incapaz de sustentar por si mesma a força industrial de outrora: eram as filatures alsacianas que alimentavam os tecidos vosgianos; os centros metalúrgicos mais ricos da Moselle agora eram alemães. “O que nos restou senão migalhas?”, indignava-se[33]. No entanto, para ele, os laços econômicos entre Alsácia e Lorena seriam fortes o suficiente para que uma espécie de “continuidade regional pudesse sobreviver à separação política”[34]. De maneira semelhante, ao abordar as colônias ele é categórico: face aos “desafios econômicos”, há que se tirar “todo proveito possível” de seus territórios[35].

A ascensão do mundo urbano-industrial e seus impactos no território francês

A mudança metodológica entre o Tableau e La France de l'Est anteriormente identificada está diretamente ligada à principal mudança fenomênica constatada por Vidal no que tange a uma nova dinâmica geográfica: o advento da grande indústria. A partir dela, distâncias diminuem; formas rurais vão incorporando traços da vida urbana; desloca-se a mão-de-obra para os centros industriais; cidades pequenas transformam-se velozmente em grandes cidades; antigos eixos comerciais são substituídos por novas rotas; escalas incomunicáveis passam a se articular.

Esse movimento de ascensão do mundo urbano-industrial vinha sendo notado, pelo menos, desde A travers l’Amérique du Nord, de 1905, texto onde relata sua experiência nos Estados Unidos. Antes mesmo de conhecê-lo, seu processo de ocupação territorial já o havia impressionado: a grandiosidade do espaço, as longas missões de exploração e a restrição dos acidentes físicos não foram suficientes para conter a energia e a vitalidade dos procedimentos de indústria e engenharia lá aperfeiçoados[36]. Por intermédio da técnica, a hostilidade geográfica inicial foi convertida em matriz para o progresso ulterior:

“O desenvolvimento da força mecânica, sob todas as formas (vapor ou força hidráulica) e níveis (do elevador gigantesco às aplicações mais minuciosas e delicadas), tornou-se a marca do Americanismo. A existência de um instrumental de transporte incomparável não deixou de influenciar a mentalidade americana. Às facilidades de locomoção, são adaptados hábitos de vida distintos dos nossos”[37].

Absolutamente surpreendido com a brutal transformação da natureza, a ausência do antagonismo campo-cidade, o tamanho dos subúrbios, a articulação entre as grandes cidades formando uma “região urbana”[38], os arranha-céus, o predomínio dos transportes coletivos, a especulação imobiliária e as diferentes temporalidades entre Paris e Nova Iorque – a “Babel insaciável”[39] –, um certo desconforto estético não impediu seu encantamento com aquela civilização das máquinas, das técnicas e das novidades aportadas pelo progresso. Ele registrava movimento e pujança, tal como um expectador privilegiado ao assistir à “preparação do futuro”[40]. Afinal, “a América não é a terra do passado”[41]. Estaria antevendo os EUA como símbolo da modernidade do século XX e de uma nova etapa da relação homem-natureza?

Embora a urbanização e a industrialização não se manifestassem com a mesma força e tampouco com as mesmas características na França, Vidal vinha analisando-as com frequência, tal como atestam Régions françaises, La relativité des divisions régionales, Évolution de la population en Alsace-Lorraine et dans les départements limitrophes e La rénovation de la vie régionale[42]. Porém, num país cujas estruturas rurais se confundem com sua própria identidade [43] e onde a Revolução de 1789 mexeu vigorosamente na distribuição das terras [44], ele não poderia negligenciar o peso das cidades e das indústrias no campo. Este e suas especificidades locais estavam sendo amplamente revolvidos pela penetração capitalista das primeiras décadas do século XX: uma vez que seus produtos eram consumidos não mais apenas sur place, a agricultura precisava escoá-los para um mercado de maior abrangência. Como se não bastasse, ela não mais podia contar com a prodigalidade da natureza, sendo portanto impelida a aceitar a intervenção da ciência – o que a aproximava, em termos logísticos e de gestão, da indústria. Sua constatação aponta a modernidade e a atualidade de seu pensamento, parecendo ter sido enunciada no século XXI:

“Pela seleção dos afolhamentos, emprego adequado de fertilizantes químicos e melhor compreensão da especialização dos cultivos, foi quebrada a rotina. Parece que compreendemos que o campo é uma espécie de laboratório químico onde a natureza trabalha sob a direção do homem”[45].

Os contrastes entre regiões onde o regime agrícola ainda prevalecia e regiões atingidas pela indústria eram nítidos: nas primeiras, poucos habitantes, autonomia de existência e relativa distância entre as aldeias; nas últimas, rápido aumento populacional, aguda circulação de mercadorias e transportes e aglomeração espacial. Aqui, temos novamente a chance de atentar para as tramas entre transformação empírica e transformação metodológica: se o conceito vidaliano de gênero de vida possui matiz essencialmente rural[46], anos mais tarde ele seria retrabalhado a partir da indústria.

“Nosso departamento do Sarre não tardou a assumir algo da fisionomia tão característica que a indústria metalúrgica moderna imprime às regiões por ela tocadas (...) Um novo gênero de vida, o dos agrupamentos industriais especializados e ligados à fabrica, se erguia diante de gêneros de vida semi-agrícolas, semi-industriais, que deitavam raízes profundas entre os povos (...). [Em Lorena], o que definitivamente se implantou foi um novo gênero de vida — com todas as suas consequências (...) Onde a fábrica foi instalada, a antiga aldeia rural foi engolida[47].

Sim; La France de l'Est versa sobre o futuro da França. Um futuro que seria arquitetado através da incorporação de elementos modernos ao território nacional. Dentre estes, caberia à indústria papel central. Como geógrafo atento às relações que as escalas estabeleciam umas com as outras[48], nosso investigado registrara que a dinâmica industrial atuava como uma cadeia que punha em movimento todo o arranjo espacial – ao seu redor e à distância.

Plenamente ciente da internacionalização do capital e da concorrência dela resultante, as menções aos EUA, à Inglaterra e à Alemanha – mistos de rivalidade e de exemplos a serem seguidos – e a argumentação ao longo do livro supracitado não deixam dúvidas quanto à sua posição: para que a França não perdesse terreno no cenário econômico e acompanhasse as demais nações de ponta, posto que não poderia ficar submetida “à mercê do mercado estrangeiro”[49], era condição sine qua non a adaptação de seu território às demandas do mundo moderno. Daí sua ênfase no poderio econômico da Alsácia e da Lorena, cujas riquezas minerais e cujas modificações carreadas pela indústria as tornavam um símbolo do progresso e de uma estrutura que, mais tarde, se espraiaria por todo o território.

Definitivamente, Vidal sabia que a França não estava no mesmo ritmo daquelas nações [50]. Para alcançá-las, seu território deveria abrir grandes vias de circulação, interligando a si mesmo e conectando-se às principais rotas da Europa e às colônias, além de explorar e ampliar as potencialidades regionais à luz do par industrialização-urbanização. Resgatando a surpresa de Estrabão com a articulação entre as partes do território gaulês, porém em tempos modernos haviam várias e graves imperfeições a serem corrigidas. Ele não faz questão de escondê-las. Como geógrafo, uma de suas funções é identificá-las:

“É de se prever que impor-se-á com a máxima urgência a necessidade de adaptarmos nossas vias de comunicação, meios de transporte, tarifas, enfim, o conjunto do mercado, aos novos núcleos de atividade industrial. A circulação geral, ainda muito imperfeita entre as diversas partes de nosso território, deverá ser ramificada, multiplicada de forma a se insinuar por todos os lugares sem atrito. Seguindo a pitoresca expressão americana, é mister que as correntes comerciais estejam em estado de constante fluidez; é mister impedir que elas não esfriem [51]. Talvez teremos muito a fazer para conferir a rodagens muito rígidas e muito acostumadas a não agir em conjunto a agilidade necessária. (...) em vista do mar, nossa rede ferroviária não foi suficientemente ajustada. Temos que corrigir esses defeitos, preencher as lacunas de nossa organização econômica. Nossos principais portos marítimos deverão cessar de serem órgãos quase exteriores e entrar em contato mais íntimo com o conjunto do mercado”[52].

Seguindo raciocínios análogos, muitas partes de La France de l'Est podem ser assimiladas como se fossem propostas de aménagement du territoire, de uma visão efetivamente estratégica sobre o que seria uma moderna gestão territorial. Daí sua concentração em ferrovias, indústrias, portos, circulação, vias marítimas, concentração urbana, migrações da força de trabalho, subúrbios, estradas, fontes de energia, aplicação científica. Por sua vez, tal visão está ligada ao predomínio que as questões econômicas assumem no decorrer de seu pensamento. Assim, combinando uma leitura econômica, histórica e sociológica, examina o desenvolvimento da indústria manufatureira e seus efeitos, tais como a complementação da renda junto à agricultura e a concorrência frente ao trabalho domiciliar em Chaptal e Mulhouse; os prós e os contras da localização fabril nas planícies e montanhas; o aumento dos salários após a Revolução de 1789 e o afluxo de trabalhadores alemães no departamento da Moselle; a tradição patriarcal das indústrias em Lorraine e Mulhouse; e a formação da “pequena Inglaterra” na bacia carbonífera do Ruhr[53].

Tentando explicar toda essa realidade, Vidal lançará mão de novos vocábulos, como “nodalidade” (emprestado do geógrafo britânico Mackinder) e “cidade regional”[54], bem como ressignifica o conceito de região, caracterizada não mais pela homogeneidade interna, mas sim pela capacidade de se relacionar externamente [55]. Porém, vai além quando registra que minas, indústrias, maquinismo e sobretudo ferrovias foram responsáveis não apenas pela retirada da população de seus quadros habituais, mas também pelo que chamou de “fenômeno da diminuição”[56], referindo-se assim às atuais relações estabelecidas entre as diversas frações do Hexágono[57]. Com o aperfeiçoamento das trocas e do deslocamento dado pelos meios de transporte e com as técnicas de engenharia sobrepujando os obstáculos naturais, o tamanho do território já não era mais o mesmo. Portanto, não havia sentido para que a gestão permanecesse fixada ao passado.

Assim, desempenhando o papel de aménageur, Vidal conformar-se-ia num dos principais críticos da centralização política e econômica ao redor de Paris, tornando-se inclusive fonte de legitimação intelectual de movimentos regionalistas durante a III República[58]. Reclamando da rigidez e da lentidão do Estado no acompanhamento das atividades econômicas, acenava que o papel econômico das cidades exigia uma nova regionalização [59] e que a centralização política ao seu redor deveria ser substituída por uma organização mais flexível adaptada às demandas modernas[60]. Conforme suas próprias palavras:

“Exercido diretamente sobre o departamento, o poderio do Estado é um contrasenso na vida moderna. Diante de um formalismo administrativo, para quem toda iniciativa regional é uma usurpação, ele ergue um espírito chauvinista que sujeita tudo à sua medida. O momento não é mais o de procurar, na centralização política, o segredo da força. Seria enxergar adiante substituir um mecanismo tenso e rígido por um organismo mais elástico que emprestasse à vida algo da força de resistência que ela empresta a todas as suas criações”[61].

Considerações Finais

Neste artigo, esforçamo-nos em trazer um Vidal de la Blache diferente do que foi consagrado pela história do pensamento geográfico. O interesse pela geopolítica e pela emergência do mundo urbano-industrial já podia ser observado em alguns trabalhos anteriores, mas La France de l'Est sintetiza e aprofunda tais aspectos de maneira notável. Manejando complexos elementos metodológicos como totalidade, articulação passado-presente e comparação, ele antecipa algumas feições que se consolidariam somente no decorrer da 2ª metade do século XX, tais como a penetração capitalista no campo e os blocos internacionais de poder.

Em meio à I Guerra Mundial, a economia, a sociedade e o território falaram mais alto. La France de l'Est (Lorraine-Alsace) pode ser interpretado de várias formas, mas nunca apenas do ponto de vista de uma região fronteiriça motivo de conflito entre dois Impérios. Trata-se de riquíssima perspectiva sobre o território francês e seus laços com o continente europeu, tecida histórica e geograficamente sob os olhares atentos do Colonialismo.

Vidal de la Blache enganou a muitos. Melhor dizendo, aqueles de análise superficial e apressada. Seu pensamento não se dá de uma só vez, à primeira vista. Suas lições de método estão dispersas. Suas referências científicas não são facilmente ressaltadas. Talvez por isso, pela ânsia de serem reconhecidos como insiders e por restrições ideológicas, os críticos caricaturaram seu pensamento, fragmentando e fragilizando reflexões epistemológicas que foram sendo cuidadosamente elaboradas ao longo dos anos. No entanto, em sua época, poucos intelectuais compreenderam com tanta transparência o significado das Ciências Humanas e o métier do geógrafo. O livro que acabamos de apreciar é um belo exemplo disso.

Agradecimentos

Agradeço muito a leitura crítica e os comentários de Paul Claval sobre esse artigo.


Notas

[1] Hobsbawm, 1995 [1994]

[2] Claval, 1998; Soja, 1993 [1992], Berdoulay, 1981; Soubeyran, 1997; Deprest, 2009; Quaini, 1992 [1983]; Robic, 2006.

[3] Thrift, 1996 [1994]

[4] Lacoste, 1988 [1976]

[5] Tal como vimos fazendo em outros artigos (Ribeiro, 2008, 2008a, 2010). 

[6] Lacoste, 1994, p. XXXI

[7] Vidal de la Blache, 1954 [1921].

[8] Febvre, 1991 [1922]

[9] Uma crítica à interpretação de Febvre sobre Vidal de la Blache foi efetuada em “Para ler Geografia ou A Geografia segundo Lucien Febvre” (Ribeiro, 2009).

[10] cf. Andrews, 1986

[11] Vidal de la Blache, 1889

[12] Vidal de la Blache, 1901, 1906, 1908, 1911c

[13] Vidal de la Blache, 1910, 1911, 1917

[14] Vidal de la Blache, 1994 [1917], p. 1-105

[15] Robic, 1993, p.141

[16] Vidal de la Blache, 2007 [1903]

[17] Vidal de la Blache, 1994 [1917]

[18] Vidal de la Blache, 1994 [1917], pp. 205-213

[19] idem, p.197

[20] ibidem, p.149

[21] ibid., p.208-209

[22] ibid., p.210

[23] ibid., p.213

[24] ibid., p.196

[25] ibid., p.196

[26] ibid., p.197. Eis que, nas entrelinhas, emerge uma questão crucial do ponto de vista da história do pensamento geográfico — e de como tal história não pode ser conduzida à luz de textos “canonizados” e de um debate onde a epistemologia esteja apartada da política. Sendo um geógrafo de uma potência imperialista ameaçado por um vizinho que havia tomado uma porção de seu território, a conjuntura de então seria absolutamente perfeita para censurar Ratzel e sua geopolitik. Contudo, Vidal reprova os historiadores Theodore Mommsen e Heinrich von Treitsche, mas não se remete uma única vez ao geógrafo alemão — o que é um indício fortíssimo no combate à falsa polarização entre ambos promovida poucos anos depois por Febvre no já citado La Terre et l’évolution humaine. Uma investigação crítica acerca desse livro e do que Febvre pensava da Geografia pode ser encontrada em Ribeiro (Ribeiro, 2010).

[27] ibid., p.205, grifo nosso

[28] Ribeiro, 2010a

[29] Vidal de la Blache, 1919, 1901, 1910a, respectivamente

[30] Bonnefont, 1993

[31] Vidal de la Blache, 1994 [1917], p.88

[32] Bonnefont, 1993

[33] Vidal de la Blache, 1994 [1917], p.146

[34] idem, p.150

[35] ibidem, p.261

[36] Vidal de la Blache, 1899, p.104

[37] Vidal de la Blache, 1902, p.20, grifo nosso

[38] Vidal de la Blache, 1905, p.521

[39] idem, p.526

[40] ibidem, p.531

[41] ibid., p.515

[42] Vidal de la Blache, 1910, 1911, 1916, 1917, respectivamente

[43] Braudel, 1989 [1986], p.14

[44] Há que se mencionar a avaliação bastante positiva de Vidal diante da Revolução Francesa — sobretudo no tocante às mudanças sociais para os camponeses . “Era necessário que a propriedade rural se abrisse a um número maior de participantes” (Vidal de La Blache, 1994 [1917], p.78), dizia ele. Em outra ocasião, vinculando a divisão de terras ao nacionalismo, chega a assinalar que “A consistência de toda essa França do Leste reside no conjunto de pequenos proprietários fortalecidos pela Revolução, detentores apaixonados do território nacional” (idem, p. 93). Destaca ainda os problemas agrários enfrentados pelos camponeses face aos privilégios feudais; a soberania territorial do Antigo Regime e seus liames com os senhores de terras; o assalariado loreno e sua ambição pela terra; a propriedade comunal; a fragmentação da propriedade pós-1789, que permitiu a compra e provocou até mesmo a especulação, entre outros. Por razões de espaço, não discutiremos estas questões. 

[45] Vidal de la Blache, 1910, p.12

[46] Vidal de la Blache, 1911a, 1911b

[47] Vidal de la Blache, 1994 [1917], pp. 137-140 e 159, grifo nosso

[48] cf. Vidal de la Blache, 1996-97 [1902]

[49] Vidal de la Blache, 1994 [1917], p.242

[50] “Sem dúvida, a França não está destinada a tornar-se um Estado exclusivamente industrial tanto quanto certas nações vizinhas; porém, através de certos indícios, pode-se prever que, sob as diversas formas ditadas pelas condições de solo e de clima, sua atividade será cada vez mais impregnada por uma aparência industrial. O uso de máquinas deverá se generalizar em nossa agricultura” (Vidal de La Blache, 1994 [1917], p.248).

[51] Para Claval, o papel das cidades e vias férreas no pensamento vidaliano é tributário da experiência americana, que o teria convencido que a estrutura de comunicações e a organização regional influenciavam no desenvolvimento econômico de uma nação (Claval, 2007, p.71). 

[52] Vidal de la Blache, 1994 [1917], p. 249

[53]Vidal de la Blache, 1916, 1994 [1917]

[54] Vidal de la Blache, 1910, pp.14 e 21

[55] Em 1911, afirmava que “O princípio de agrupamento não mais é fundado sobre a homogeneidade regional, mas sobre a solidariedade entre regiões diversas” (Vidal de La Blache, 1911, p.6). Anos mais tarde, complementava: “Sob sua forma moderna, a idéia regional é uma concepção da indústria; ela se associa à idéia de metrópole industrial” (Vidal de La Blache, 1994 [1917], p.163). 

[56] Vidal de la Blache, 1994 [1917], p.142

[57] Guardadas as devidas proporções, não é difícil fazer um paralelo entre o “fenômeno da diminuição” de Vidal e a “compressão do tempo-espaço” de Harvey 72 anos depois (HARVEY, 1992 [1989], p.219-220).

[58] Thiesse, 1995; Ozouf-Marignier & Robic, 1995

[59] Vide o mapa de sua proposta de regionalização no artigo Régions françaises (Vidal de La Blache, 1910). 

[60] Vidal de la Blache, 1910, 1911, 1917, 1994 [1917]

[61] Vidal de la Blache, 1910, p.31

 

Bibliografia

ANDREWS, Howard F. Les premiers cours de géographie de Paul Vidal de la Blache à Nancy (1873-1877). Annales de Géographie, vol. 95, n.529, 1986, p.341-361, 1986. 

BERDOULAY, Vincent. La formation de l’école française de géographie. Paris: Éditions du CTHS, 1995 (1981). 435 p.

BONNEFONT, Jean-Claude. La Lorraine dans l'oeuvre de Paul Vidal de la Blache. In: CLAVAL, Paul (dir.). Autour de Vidal de la Blache. La formation de l’école française de Géographie. Paris: Éditions du CNRS, 1993.

BRAUDEL, Fernand. A Identidade da França: os Homens e as Coisas - Vol. 3. São Paulo: Globo, 1989 (1986). 435 p.

CLAVAL, Paul. Histoire de la Géographie française de 1870 à nos jours. Paris: Nathan, 1998. 543 p.

CLAVAL, Paul. Géographies et géographes. Paris: L'Harmattan, 2007. 384 p.

DEPREST, Florence. Géographes en Algérie (1880-1950). Savoirs universitaires en situation coloniale. Paris: Belin, 2009. 348 p.

FEBVRE, Lucien. A Terra e a Evolução Humana. Introdução Geográfica à História. 2ª ed. Lisboa: Cosmos, 1991 (1922). 339 p.

HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 1992 (1989). 349 p.

HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Paz e Terra, 1995 (1994). 598 p.

LACOSTE, Yves. A Geografia ¾ isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas: Papirus, 1988 (1976). 263 p.

LACOSTE, Yves. Préface. In: VIDAL DE LA BLACHE, Paul. La France de l’est (Lorraine-Alsace). Paris: La Découverte, pp.V-XXXVIII, 1994.

QUAINI, Massimo. A Construção da Geografia Humana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992 (1983). 158 p.

RIBEIRO, Guilherme. Modernidade e espaço, pós-modernidade e mundo: a crise da Geografia em tempos de globalização. X Colóquio Internacional Geocrítica, Barcelona, maio, 2008.

RIBEIRO, Guilherme. Para além da ingenuidade: releituras vidalianas. Geographia, 2008a., vol. 10, n.20, p.124-131.

RIBEIRO, Guilherme. Para ler Geografia ou A Geografia segundo Lucien Febvre. Terra Livre, n.32, p.121-136, 2009.

RIBEIRO, Guilherme. Interrogando a ciência: a concepção vidaliana de Geografia. Confins (On line), n. 8, 2010. <http://confins.revues.org/629>. Acessado em 17 de março de 2010. 

RIBEIRO, Guilherme. La géographie vidalienne et la géopolitique. Géographie et Cultures, 2010a. No prelo.

ROBIC, Marie-Claire. L’invention de la “Géographie Humaine” au tournant des années 1900: les vidaliens et l’écologie. In: CLAVAL, Paul (dir.). Autour de Vidal de la Blache. La formation de l’école française de Géographie. Paris: Éditions du CNRS, pp.137-147, 1993.

ROBIC, Marie-Claire. (coord.). Couvrir le monde. Un grand XXème siècle de géographie française. Paris: Association pour la diffusion de la pensée française, 2006. 232 p.

ROBIC, Marie-Claire, OZOUF-MARIGNIER, Marie-Vic. La France au seuil des temps nouveaux. Paul Vidal de la Blache et la régionalisation. L’ Information Géographique. Paris, vol. 59 (2), p.46-56, 1995.

SOJA, Edward. Geografias Pós-Modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993 (1992). 342 p.

SOUBEYRAN, Olivier. Imaginaire, science et discipline. Paris: L’Harmattan, 1997. 482p.

THIESSE, Anne Marie. “La petite patrie enclose dans la grande”: regionalismo e identidade nacional na França durante a Terceira República (1870-1940). Estudos Históricos, Rio de Janeiro, 1995, vol. 8, n. 15, p.3-16.

THRIFT, Nigel. Visando o âmago da região. In: GREGORY, Derek, MARTIN, Ron, SMITH, Graham (orgs.). Geografia Humana: Sociedade, Espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1996, p. 215-247 (1994).

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Etats et nations de l’Europe autour de la France. Paris: Delagrave, 1889. 567 p.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Leçon d’ouverture du cours de Géographie. Annales de Géographie, VIII année, nº 38, 1899, p.97-109.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Le contesté franco-brésilien. Annales de Géographie, année X, nº 49, p.68-70, 1901.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Les conditions géographiques des faits sociaux. Annales de Géographie, année XI, nº 55, pp.13-23, 1902.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Routes et chemins de l’ancienne France. Strates [En ligne]. Crises et mutations des territoires, nº 9, 1996-97 (1902). <http://strates.revues.org/document620.htm> . Acessado em janeiro de 2004.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. La France. Tableau géographique. In: RIOUX, Jean-Pierre. Tableaux de la France. Michelet, Duruy, Vidal de la Blache et Bruno. Paris: Omnibus, pp.327-783, 2007 (1903). 

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. A travers l’Amérique du Nord. Revue de Paris, avril, pp. 513-532, 1905.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. La mission militaire française au Pérou. Annales de Géographie, année XV, nº 79, pp. 78-82, 1906.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. La Colombie Britannique, par A. Métin. Annales de Géographie, année XVII, nº 94, pp. 364-366, 1908.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Régions françaises. Revue de Paris, décembre, pp. 821-849, 1910. 

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. La carte internationale du monde au milionième. Annales de Géographie, année XIX, n. 103, pp.1-7, 1910a.  

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. La relativité des divisions régionales. Athéna, Conférence à l’École de hautes études sociales, pp. 1-14,1911.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Les genres de vie dans la géographie humaine. Premier article. Annales de Géographie, année XX, nº 111, pp.193-212, 1911a.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Les genres de vie dans la géographie humaine. Deuxième article. Annales de Géographie, année XX, nº 112, pp.289-304, 1911b.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Les confins algero-marrocains, d’après le livre de Augustin Bernard. Annales de Géographie, année XX, nº 114, pp. 448-452, 1911c.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Évolution de la population en Alsace-Lorraine et dans les départements limitrophes. Annales de Géographie, XXV année, nº 133, pp.97-115, 1916.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. La rénovation de la vie régionale. Foi et Vie, Les questions du temps présent, Cahier B, n.9, mai, pp. 103-110, 1917.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. La France de l’est (Lorraine-Alsace). Paris: La Découverte, 1994 (1917). 285p.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. La frontière de la Sarre, d’après les traités de 1814 et de 1815. Annales de Géographie, XXVIII année, nº 151, pp.249-267, 1919.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Princípios de Geografia Humana. Lisboa: Cosmos, 1954 (1921). 387p.

 

© Copyright Guilherme Ribeiro, 2011
© Copyright Biblio3W, 2011

 

[Edición electrónica del texto realizada por Nara Santos]

 

Ficha bibliográfica:

RIBEIRO, Guilherme. A geografia e o desafio da modernidade: La France de l’Est (Lorraine-Alsace) cem anos depois. Biblio 3W. Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 30 de julio de 2011, Vol. XVI, nº 934. <http://www.ub.es/geocrit/b3w-934.htm>.[ISSN 1138-9796].