Scripta Nova  Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales.
Universidad de Barcelona [ISSN 1138-9788] 
Nº 45 (7), 1 de agosto de 1999
 

IBEROAMÉRICA ANTE LOS RETOS DEL SIGLO  XXI.
Número extraordinario dedicado al I Coloquio Internacional de Geocrítica (Actas del Coloquio)

DO ESPAÇO COLONIAL AO ESPAÇO DA MODERNIDADE: OS ESPORTES NA VIDA URBANA DO RIO DE JANEIRO

Gilmar Mascarenhas De Jesus
Departamento de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Doutorando em Geografia Humana, Universidade de São Paulo. 


Resumo

A incipiente urbanização brasileira colonial conformou um cenário de parcos e pouco dinamizados espaços públicos. O processo geral de modernização urbana, que se verifica principalmente a partir de meados do século XIX, permite uma crescente renovação de usos dos espaços públicos da cidade, e neste processo inserimos a adesão maciça aos esportes. Tomando a cidade do Rio de Janeiro durante as primeiras décadas da República como estudo de caso, procuramos apresentar este movimento de adoção e exibição de práticas esportivas e contextualiza-lo no tempo e no espaço.

Abstract

The weak structure of Brazilian colonial urbanization was characterized by few public spaces, with limited uses. The general modernization process, which started in middle 19th century, sped up urbanization and increased the dinamization of urban public spaces. We believe that the massive introduction of sports in urban life is an expression of this movement. In this paper we study Rio de Janeiro city between 1890 and 1920, using it as an example of the process of adoption of sports, its exibition and its context in time-space. 


Que espécie de sociedade é esta onde cada vez mais pessoas utilizam parte de seu tempo de lazer na participação ou na assistência a estes confrontos regulados de habilidades corporais a que chamamos esportes?(1).
 

Este trabalho tem dois objetivos centrais. O primeiro é tentar demonstrar, através de dados e situações concretas, que a cidade do Rio de Janeiro vivenciou, no período que se estende pelas três primeiras décadas de vida republicana, uma rica atividade esportiva, caraterizada pela introdução e multiplicação de novas modalidades e pela ampla proliferação de clubes. O segundo objetivo é levantar hipóteses que expliquem tal fenômeno. Buscamo-las não apenas na escala local, mas também no contexto europeu, de onde se originou a onda mundial de glorificação do fisiculturismo e dos esportes, como entretenimento e como via de obtenção uma vida saudável, e ainda como espetáculo para a nascente indústria do entretenimento urbano.

Para atingir o primeiro objetivo mergulhamos na bibliografia específica da história do lazer e dos esportes no Rio de Janeiro, e recorremos também à leitura de periódicos de época e aos códices relacionados a diversões públicas e esportes no Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro. Obviamente, contamos com todo o panorama contextualizador de tais eventos, oferecido pelo curso que originou este artigo e sua ampla bibliografia.

O segundo objetivo necessitou da leitura de fontes internacionais, particularmente do Sir Norman Chester Centre for Football Research (sediado em Leicester University, U.K.), que permitiram mapear um pouco da evolução dos esportes e os fluxos de exportação desta inovação, através do comércio internacional, das firmas inglesas aqui atuantes e em geral de toda a atmosfera de europeização que vivia a classe dominante da cidade do Rio de Janeiro no período em foco.

Uma preocupação que atravessa todo o trabalho é a de relacionar o amplo movimento supracitado com as mudanças na forma e dinâmica urbanas. Queremos vincular o surto da febre esportiva ao momento em que a cidade finalmente está apta a vivenciá-la. A análise do material obtido nos sugere que a cidade levou algumas décadas para "responder" positivamente aos apelos quanto ao desenvolvimento dos esportes, que nos chegavam pela zona portuária e pelos jovens bacharéis recém-vindos da Europa, mas que também já ocorriam no interior da vida urbana carioca, através dos ingleses que aqui viviam.

Com esta preocupação procuramos ainda enfatizar o papel dos espaços públicos, que aqui aparecem como logradouros em geral, baldios, praias e também como equipamentos de uso coletivo destinados (ou apropriados) ao lazer. Entendemos que a relativa demora da cidade em absorver o modismo europeu de esportização(2)

.se explica em parte pela situação e uso de seus espaços públicos: o estado precário de conservação, o porte acanhado, a tradição cristã de uso ritualizado (sacralização), o aparato de controle e vigilância da Igreja e da burocracia estatal, e por fim a escravidão, ao dotar tais espaços de um significado predominantemente pejorativo e repelente às parcelas dominantes da sociedade.

E assim o trabalho se divide em dois segmentos. No primeiro, tratamos da cidade colonial brasileira, e em particular do Rio de Janeiro (até meados do século XIX), como um urbano pouco permeável à introdução da atividade esportiva. A rigidez que caracterizou o uso de seus (poucos) espaços públicos, imprimiu uma sociabilidade(3) restrita e muito pouco aberta a novas formas de comportamento. O objetivo é exatamente contrapor um cenário urbano colonial "fechado" a um outro, posterior, caracterizado (ao menos no plano ideal) pela abertura a novas idéias e atitudes, algo que Bergam(4) definiu como euforia da modernidade: exacerbação dos prazeres mundanos, atmosfera de agitação e turbulência, aturdimento psíquico e embriaguez, expansão das possibilidades de experiência e destruição de barreiras morais. Ainda que tal atmosfera tenha se implantado por aqui de forma bastante incompleta (ou mesmo artificial), ela ajuda a explicar a velocidade pela qual a cidade passou a absorver os esportes, na virada do século.

No segundo segmento, tratamos de descrever a ampla ocorrência de atividades esportivas (e congêneres) na cidade no início do período republicano, visando atingir o primeiro objetivo central já aqui mencionado. Novamente, procuramos inserir tal movimento no contexto da dinâmica sócio-espacial urbana de então.

Cabe lembrar que não nos intimidamos com o fato de recortar um objeto de estudo que apenas levemente afeta a materialidade urbana, com exceção dos grandes estádios, que entretanto somente aparecerão mais tarde. Concordamos que "toda uma história ainda está por ser escrita do medo do imaterial na investigação geográfica"(5). A tradição da imaginação geográfica em se deter aos objetos visíveis da sociedade tem raízes, como sabemos, na busca positivista da legitimidade científica por parte de uma disciplina tradicionalmente pouco afeita à teorização.

Não é portanto casual que temas como o lazer, o turismo e os esportes historicamente receberam pouca atenção por parte dos geógrafos, ainda que venham apresentando pleno desenvolvimento nas últimas duas décadas, libertando-se de velhas abordagens atadas à mera distribuição espacial dos fenômenos. No âmbito maior das ciências sociais, o tema também reconhecidamente carece de um consistente esforço conjunto de entendimento, situando-se no amplo universo temático que apenas recentemente vem conquistando certa legitimidade acadêmica(6). Ao mesmo tempo, produziu-se sobre os esportes ampla literatura não-acadêmica. Enfim, estamos lidando com um objeto de estudo sobre o qual pesa uma bibliografia de delicado manejo.

Neste trabalho, nos inserimos na linha de investigação que procura contextualizar a vida recreativa nos marcos de uma sociedade e espacialidade historicamente constituídas. Ao eleger os esportes e o entretenimento em geral, operamos com uma parcela do amplo conjunto de transformações vivenciado pela cidade no início do período republicano, que afetou decisivamente a dinâmica de seus espaços públicos e que tem na Reforma Passos seu ponto central.
 

Corpo e espaços públicos na cidade colonial: rigidez na economia de gestos.
 

Excetuando-se o vasto mundo rural, podemos dizer que no urbano colonial brasileiro a disponibilidade de espaços abertos para as manifestações coletivas era muito pequena. Ademais, muitos destes espaços estavam associados diretamente à Igreja e seu consistente aparato de vigilância, apesar de ser o adro "o único largo generoso ou capaz, ainda que modesto, de abrigar todos do lugar e das redondezas", afirma Murilo Marx(7). A vigilância quotidiana também se realizava através do forte controle do poder estatal: somente a presença ameaçadora do pelourinho, instituição medieval portuguesa que dotava o espaço circundante de silêncio e terror, poderia elevar um povoado brasileiro à condição de vila ou cidade(8). Trata-se de um mundo de pouca flexibilidade no domínio da "economia de gestos".

As limitações de sociabilidade não se restringem às praças, rossios e largos da cidade colonial: as ruas, segundo Reis Filho(9) não apenas apresentavam o por demais conhecido aspecto medieval de escassa largura e grande irregularidade como também não tinham, na maior parte dos casos, qualquer significado como local de permanência:

Não se vivia, definitivamente, dentro dos perímetros urbanos, com exceção dos administradores da Coroa ou dos artesãos (...)muitos viajantes estrangeiros, que cruzaram o interior do país (foram levados) a interpretar as cidades brasileiras como simples pontos de reunião dominical dos latifundiários da área(10).

Apesar da citação acima se adequar mais a pequenas vilas do que a uma cidade de trinta mil habitantes e capital do vice-reino como o Rio de Janeiro em 1800, não podemos ignorar a debilidade da vida social urbana no quotidiano dos espaços públicos cariocas de então, sobretudo no âmbito do segmento social detentor de posses e títulos de nobreza. Certamente, entre negros escravos, índios e brancos pobres haviam outras formas de sociabilidade, que não convém entretanto tratar aqui.

Delgado de Carvalho(11) comenta a falta de dinamismo social nas ruas ao apontar para o fato de inexistir nas elites e classes médias do Rio de Janeiro até meados do século XIX o hábito de sair de casa, exceto a freqüência socialmente obrigatória à missa dominical. A atitude das classes dominantes é bastante clara neste aspecto: deixar evidente a profunda diferença para com aqueles que, desprovidos de qualquer nobreza, necessitam trabalhar com base no esforço muscular. Tal atitude deixará profundas marcas nos espaços públicos de nossas cidades: durante a maior parte do tempo estes serão povoados quase que exclusivamente pelas massas de negros escravos em sua pesada labuta quotidiana.

Benchimol(12), em seu exaustivo levantamento sobre as condições materiais da cidade às "vésperas" da Reforma Passos, comenta que os escravos dominavam a paisagem das ruas, em trajes indecentes para os padrões familiares. Outros aspectos como o mau cheiro, o tráfego intenso, barulhento e perigoso dos carroceiros, além do péssimo estado do calçamento das ruas, tornavam os espaços públicos muito pouco convidativos, sobretudo para as senhoras brancas, que praticamente viviam enclausuradas em seus lares.

O quotidiano do Rio de Janeiro sofrerá incremento dinamizador com a chegada da corte portuguesa em 1808, habituada que estava esta a uma vida social urbana mais intensa desde a reforma pombalina na cidade de Lisboa(13). Entretanto, ainda assim o Rio de Janeiro manterá as estruturas quotidianas básicas da sociedade de ordem: religiosos e militares alimentam as procissões e cerimoniais públicos que preenchem o dia-a-dia da cidade com rigorosos rituais espetacularizados ao longo do rico calendário anual de feriados. Silva(14) alerta para o depoimento de viajantes europeus que vêem o Rio de Janeiro da época como cidade monótona e sem diversões ou reuniões sociais.

Para se engajar no modismo europeu das práticas esportivas (como veremos no próximo segmento), a sociedade brasileira precisou superar seu forte preconceito em relação às atividades que exigem esforço muscular. Tal preconceito advém naturalmente de uma sociedade amplamente fundada no escravismo, e que aliás muito resistiu, como é bastante sabido entre nós, a superar tal estágio e adotar o assalariamento progressivo da força de trabalho. Durante três séculos e meio, qualquer atividade física mais exigente era encarada como moralmente degradante, incluindo-se até mesmo o mero ato de transportar às mãos um pequeno pacote, conforme atestam inúmeros relatos de viajantes europeus ao Brasil. Gilberto Freyre, em seu clássico Sobrados e Mocambos(15), faz referência a esta aversão da sociedade patriarcal brasileira aos exercícios físicos, recorrendo às palavras condenadoras do médico Lima Santos:

metidos em casa, e sentados a mor parte do tempo, entregues a uma vida inteiramente sedentária, não tardam que não caiam em um estado de preguiça mortal (...) sahir à rua o menos possível, ser visto o menos possível, e se confundir o menos possível com essa parte da população que chamam de povo e que tanto abominam.

Não podemos entretanto imputar apenas ao modelo de sociedade escravista, ao desenho urbano e à insuficiência da vida social nas cidades do Brasil Colonial a responsabilidade pela preponderância de uma conduta individual fisicamente passiva ou acomodada ao conforto e privacidade dos lares. Até mesmo porque tal comportamento não era uma especificidade brasileira, pelo contrário, havia se consolidado pela Europa desde o início da era medieval, através da difusão do ideário cristão.

Por enquanto, o que nos importa é frisar a transição vivida pela cidade do Rio de Janeiro, no tocante à experiência corporal pública e socializada. A partir de um determinado momento, a tradicional rigidez de nossos espaços públicos, vigente durante a maior parte do ano, tornara-se coisa do passado. Segundo Roberto Moura(16).

A complexidade crescente da cidade do Rio de Janeiro e a diversificação social de sua população geraria nos últimos anos do século um público novo, a quem não mais satisfaria, em sua ânsia de divertimentos, os dias de entrudo e as festas religiosas ao longo do ano cristão oferecida pelas paróquias.

Na última década do século XIX, o movimento de adesão aos esportes e ao lazer ao ar livre vai adquirir força e velocidade inéditas. Várias modalidades esportivas conquistaram então ampla aceitação em nossos principais centros urbanos. A nascente indústria de entretenimento popular, particularmente na cidade do Rio de Janeiro, apresenta neste período um formidável ritmo de expansão. Novos hábitos vão sendo rapidamente incorporados ao cotidiano das cidades brasileiras, expandindo as formas de lazer e refuncionalizando os espaços públicos, num processo que alguns autores definem como laicização ou dessacralização da vida cotidiana. Buarque(17), nos lembra que a própria noção de mundano se altera radicalmente entre o século XVIII e o final do século XIX: de algo ilícito como o que segue a máxima e o ditame contrários à lei de Cristo, torna-se algo muito mais aceito (e até louvável, dentro do espírito capitalista) como o que se ocupa demasiado da coisas do mundo.
 

Corpos são máquinas em movimento: o frenesi da cidade moderna.
 

A modernidade urbana, segundo Marshall Berman, se configura nas principais cidades européias do final do século XIX enquanto atmosfera de excitação e entusiasmo pelas novas formas aceitáveis de conduta em público. Os esportes são componentes deste movimento, e não escaparam às observações de Marcel Proust:

sobretudo depois da voga da cultura física, a ociosidade assumiu um caráter esportivo a traduzir-se, ainda fora das horas de exercício, por uma vivacidade febril que imagina não deixar ao tédio nem tempo nem lugar para desenvolver-se (18).

A adesão coletiva aos esportes começa a se esboçar lentamente um século antes da torrente hedonista da Belle Époque, por razões associadas ao desenvolvimento saudável do corpo. Na segunda metade do século XVIII, torna-se habitual nos colégios ingleses a prática de jogos viris (que freqüentemente exigem mais empenho muscular que propriamente habilidades mais nobres como destreza e equilíbrio), extraídos e reelaborados pelos jovens a partir de jogos da tradição popular, como o folk football. A elite agora iniciava-se em práticas esportivas diferentes daquelas consideradas próprias da nobreza: a esgrima, a equitação, a caça, o arco, o salto, etc.(19). Tal mudança comportamental se insere no movimento crescente de resgate de valores clássicos que encontram a melhor tradução em mens sana in corpore sano.

Em 1830, a educação física encontra-se plenamente inserida nas public schools inglesas, e com ela, o incentivo oficial à prática de jogos populares que, submetidos a uma crescente regulamentação, resultará na "invenção" de diversas modalidades esportivas de ampla aceitação mundial posterior, como o futebol, o rugby e o cricket. Entre 1820 e 1870, as escolas públicas inglesas funcionaram como laboratórios de invenção dos esportes modernos(20). Tais esportes logo ultrapassaram os muros escolares para conquistar os amplos espaços abertos criados pelo urbanismo vitoriano a partir de 1845 e amplamente disseminados a partir de 1880 como recreation grounds (21).

Cumpre não esquecer que no século XIX os ingleses chegaram a dominar ¼ do planeta(22), e que das Ilhas Britânicas partiu mais de un tercio da volumosa onda migratória européia entre 1850 e 1890, período que coincide exatamente com a consolidação dos esportes ingleses(23). Tais fatores contribuem para explicar o sucesso dos sports em sua difusão pelo mundo(24).

Entre 1808 e 1924, excetuando-se os anos da primeira guerra mundial, os ingleses efetivamente dominaram o comércio exterior brasileiro: ao longo do século XIX, o porto do Rio de Janeiro avistará mais bandeiras inglesas que as de todas as demais nacionalidades somadas, inclusive portuguesas e norte-americanas(25). Segundo o olhar original de Gilberto Freyre, no imaginário popular os navios ingleses "roubaram o mar do domínio de iemanjá"(26). E pelo litoral do Brasil penetram não apenas os numerosos produtos da poderosa indústria inglesa, mas também os valores e comportamentos considerados civilizados, entre os quais, a prática esportiva(27).

Por volta de 1850 ou 1860, através das zonas portuárias e dos empreendimentos britânicos, começam a chegar ao Brasil com maior freqüência informações sobre os novos sports e seu pretenso papel de fortalecer o corpo e simultaneamente o espírito(28). Os próprios ingleses procuram entre si praticar esportes ao ar livre, gerando curiosidade popular. Em 1865, o Cricket Clube solicita à Câmara Municipal do Rio de Janeiro permissão para praticar no Campo da Aclamação um divertimento inglês, "não necessitando para tal fim mais do que alisar o terreno que lhe for demarcado"(29).

O remo é praticado na cidade desde pelo menos 1851, quando se funda o grupo "os mareantes". Nas últimas duas décadas do século XIX, multiplicam-se os clubes de regatas e se realizam competições muito disputadas(30). É neste momento que a utilização das praias para fins de banho vai adquirir uma conotação mais ampla, ultrapassando o conceito estrito de banhar-se somente por prescrição médica para sanar problemas dermatológicos. Até aproximadamente 1850. quando se inicia a expansão do uso terapêutico dos banhos de mar, as praias eram utilizadas basicamente como depósito de dejetos urbanos, e para coleta de mariscos e pesca para os setores socialmente marginalizados. Mesmo a prescrição médica encontrava alguma resistência por ser o mar um domínio particularmente denso de crenças mágicas.

Com a difusão do banho de mar para fins terapêuticos, inicia-se um processo de apropriação da praia como local de lazer. Em 1896, uma crônica na imprensa alertava para a excitação e alegria de banhistas, que começam a freqüentar diariamente a praia por prazer(31). Trata-se de uma mudança comportamental que afetará fortemente (e será também impulsionada) pela atuação do capital imobiliário, imprimindo à cidade um novo padrão de distribuição interna das classes sociais, radicalmente distinto daquele vigente até aproximadamente 1890, pela difusão da ideologia do morar à beira-mar como estilo de vida moderno(32).

Este movimento de refuncionalização completa das praias cariocas se insere, ao nosso ver, no processo mais amplo de adesão a novas práticas corporais de entretenimento, que glorificam a atividade muscular ao ar livre. O uso medicinal do banho de mar se vincula a descobertas científicas de meados do século XVIII, que apontam para seus benefícios físicos, mas sua intensificação com fins de lazer é um dado cultural do século XIX, quando se desenvolve toda uma "arquitetura do mar"(33). Neste sentido, parece ter também origem inglesa: a conexão ferroviária entre a grande metrópole londrina e o balneário de Brighton, em 1841, propiciou paulatinamente a formação de um fluxo maciço de banhistas de veraneio, como nova forma de entretenimento(34). Tal informação nos chegou, tal qual as atividades esportivas, como mais uma grande novidade civilizadora.

Neste movimento, o turfe merece destaque. Em 1850 já existe no Rio de Janeiro uma pista situada entre Benfica e a Quinta da Boa Vista onde se realizam espetáculos turfistas com movimento de apostas, promovidos por ricos comerciantes, eles mesmos proprietários dos cavalos. A atividade evolui rapidamente, e no ano de 1868 se edifica por iniciativa privada um verdadeiro hipódromo (pista dotada de arquibancadas), o Prado Fluminense, próximo à estação ferroviária de São Francisco Xavier(35). Já no ano seguinte, são ali realizadas corridas que atraem até quatro mil pessoas e toda a elite imperial. Segundo Renault(36), em 1886 já existiam na cidade quatro hipódromos, com 63 páreos e grande movimento de apostas, além de uma revista especializada, "O Jóquei".

O ciclismo, que já se difundira na Europa a ponto de ser considerado o primeiro esporte de massa na escala continental(37), gozou também de enorme popularidade no Brasil, no final do século passado. Os fabricantes de bicicleta na Europa conseguiram alça-la à condição de um dos símbolos máximos da liberdade individual, baseados em sua grande mobilidade(38). Também investiram na promoção de corridas, para fins de publicidade, edificando no Rio de Janeiro do final do século XIX o Velódromo Nacional. Também no Passeio Público e no Parque de Vila Isabel se realizavam corridas de bicicleta(39).

Também o futebol se insere nesta onda de adesão a uma vida atlética e sã. Este esporte aporta no Brasil no final do século XIX (assim como o basquetebol, o tênis e a natação) e já encontra nas grandes cidades uma cultura esportiva bastante disseminada. Neste sentido, importante notar que muitos clubes de futebol no Rio de Janeiro se originaram de clubes preexistentes, sejam de regatas (C.R. Flamengo, C.R. Vasco da Gama), de crícket (o Paissandu), de ciclismo e corridas a pé (América FC) ou mesmo de extintos clubes excursionistas, como o Botafogo F.C (40). Curiosamente, este ambiente favorável que o futebol encontrou para sua aceitação é freqüentemente ignorado pela historiografia futebolística no Brasil.

O futebol carioca somente ultrapassará o remo em popularidade no transcorrer da década de 1910. Vale observar a resistência do remo em se deixar suplantar por um esporte que já alcançara na Bahia, no Rio Grande do Sul e em São Paulo a suprema aceitação popular(41). Podemos levantar aqui a hipótese de que a Reforma Passos, ao privilegiar o embelezamento da orla e sua acessibilidade, favoreceu a prática e o espetáculo das regatas, que passaram a reunir multidões. Os esportes, como qualquer outra atividade econômica, dependem fundamentalmente da materialidade urbana e da organização interna da cidade. Relativamente beneficiado pela reforma urbana, o remo retardará no Rio de Janeiro a ascensão praticamente inevitável do futebol à condição de esporte prìncipal na preferência popular.

Enfim, vimos como a adesão aos esportes se insere na perspectiva de retomada dos espaços públicos e liberalização dos costumes: a ascensão da figura do sportsman, que aposenta o pince-nez e o vestuário pesado para expor publicamente seus músculos. Segundo Luis Edmundo(42), esta nova geração é bem distinta daquela que proclamou a República, formada de homens lânguidos e raquíticos, sempre enrolados em grossos cache-nez de lã.
 

Conclusão
 

Pretendemos agora meramente elencar alguns dos fatores que, julgamos, contribuíram para a conformação desta epidemia. Em primeiro lugar, destacaremos os fatores extra-locais, examinando qual parcela do mundo se projeta sobre o lugar Rio de Janeiro, tomando de Milton Santos(43) os conceitos de lugar e mundo. A seguir, levantaremos algumas condições locais que provavelmente colaboraram na importação de novos comportamentos, bem como lhe imprimiram uma singularidade inerente ao lugar.

São alguns fatores extra-locais:

a) A progressiva retomada, desde o Renascimento, de valores greco-romanos, dentre eles a valorização da estética muscular, dentro de um modelo de fisiculturismo acoplado ao desenvolvimento do espírito.

b) A introdução sistemática da educação física nas escolas européias do início de século XIX, e sua crescente vinculação aos interesses do estados nascentes (discurso nacionalista).

c) A adaptação, no mesmo período, no interior das escolas inglesas, de jogos populares remanescentes do período medieval, tornando-os menos violentos, e dotando-os de regras que posteriormente se internacionalizaram.

A cidade do Rio de Janeiro, que desde 1808 abriu seu movimento portuário às influências (não apenas materiais) do mundo dito civilizado, passou a receber contínuas informações sobre as novidades européias, e aderiu a muitas delas. Entretanto, no tocante ao desenvolvimento dos sports, que começam a se insinuar mais efetivamente pela cidade por volta de 1850 (através de ingleses que trabalham em firmas britânicas aqui atuantes), a receptividade carioca foi mais lenta. Este período de relativa rejeição ao modismo europeu de apologia ao fisiculturismo (e a decorrente refuncionalização dos espaços públicos) parece se estender na cidade até aproximadamente 1890. Sugerimos os seguintes fatores como explicadores desta relativa inércia local.

a) A força da tradição: em todo o período colonial o Brasil não desenvolveu uma vida social urbana tão intensa quanto à verificada na fase seguinte (a da modernização urbana), seja pelo porte e natureza de nossas vilas e cidades, seja pelo aparato de vigilância montado pela coroa e pela Igreja.

b) A persistência, até 1888, do regime escravista, fator de desvalorização do esforço muscular. Ainda que a abolição encontrasse uma situação praticamente definida quanto ao término deste regime, havia toda esta poderosa ideologia em vigor, montada em três séculos de escravidão. E no Rio de Janeiro, o contingente negro era muito significativo.

c) A presença vigorosa do imaginário cristão, a atribuir ao corpo uma atitude de autocontrole severo dos instintos, e desvalorizá-lo em relação ao papel preponderante da "alma".

Quanto aos fatores que permitiram, no final do século passado, uma adesão maciça aos esportes no Rio de Janeiro, temos os seguintes::

a) Uma atmosfera particularmente favorável à adoção de modismos europeus, como forma de ruptura republicana com o passado, onde o índio, o negro, o mestiço e mesmo o lusitano são vistos como elementos retrógrados, que emperram o progresso.

b) A própria necessidade de novas formas de lazer por parte do segmento populacional proveniente da zona rural, geralmente emigrantes das decadentes zonas cafeicultoras fluminenses, incluindo negros libertos. A vida no campo oferece oportunidades de entretenimento baratas ou mesmo gratuitas (pesca, caça, banho em rios e cachoeiras, etc.) que o ambiente urbano nega ou dificulta, suscitando ali iniciativas improvisadas de entretenimento.

c) A dessacralização dos espaços públicos e da vida social urbana em geral, impulsionado pelo ambiente hedonista da Belle Époque e pelos ventos positivistas republicanos, de ruptura com o domínio paroquial da Igreja.

d) A Reforma Passos que, mesmo sem destinar aos esportes qualquer papel substantivo (diferentemente do Plano Agache), dotou a orla marítima de maior acessibilidade e, mais que isto, tornou-se lugar central no novo estilo de vida que se impõe, estimulando o uso recreativo das praias e os esportes náuticos. Certamente, a Reforma Passos já foi estudada sob os mais diversos ângulos, mas sua contribuição ao desenvolvimento da atividade esportiva da cidade é ainda uma pequena lacuna.

Não podemos deixar de frisar o caráter elitista que todo este movimento assumiu inicialmente: a imposição de uma nova atitude corporal, através da assimilação de esportes importados, se insere plenamente no projeto civilizador da classe dominante. Sevcenko (1983) aponta para a intolerância de nossa Belle Époque para com a cultura popular, e não apenas para com o passado colonial. A europeização do carnaval carioca, o cerceamento a festas populares (da Penha, da Glória), e "mesmo a forma de jogo popular mais difundida, o jogo do bicho, é proibida e perseguida, muito embora a sociabilidade das elites elegantes se fizesse em torno dos cassinos e do Jockey Club"(44). Índios, ciganos, imigrantes nordestinos e negros são elementos que o projeto de "cidade moderna" é, a princípio, incapaz de absorver.

A febre esportiva vivenciada pela cidade, que aqui apenas delineamos em certos aspectos, merece ser estudada mais aprofundadamente. Trata-se de um momento que sinalizará um marco na evolução urbana da cidade. O uso recreativo das praias, que têm no apelo esportivo algo de essencial, modificou completamente o padrão de organização do espaço urbano carioca, contribuindo para definir um modelo de segregação vigente ainda hoje. Nos interessa investigar como o esporte pode redefinir os usos do espaço urbano, ou mesmo intervir em sua forma, através da introdução de novos objetos na paisagem: os estádios. São objetos dotados de significativa centralidade no imaginário popular e capazes de cumprir papel relevante na reprodução social da cidade.
 

Notas
 

1. ELIAS & DUNNING, 1985:40

2. Conceito utilizado em ELIAS & DUNNING (1985) para abarcar o amplo processo de transição dos jogos (da tradição local, sem regras escritas) para os esportes (fenômeno explicitamente regulado e aceito mundialmente).

3. O conceito de sociabilidade encontra na literatura acadêmica usos diversos. Temos a definição sumária do especialista Maurice AGULHON (1994: 55): "capacidade de viver em grupos e consolidar os grupos mediante a constituição de associações voluntárias". LOUSADA (1995), por sua vez, faz um interessante levantamento das diferentes apropriações deste conceito, e conclui que sobre ele prevalece grande indefinição. Entretanto, não deixa de tomar a sua própria: "formas de convívio e de interação exteriores aos quadros elementares e de alguma forma compulsórios da vida social e coletiva". Em ambos os autores, está implícito, pela voluntariedade ou desobrigação, a noção de uso coletivo do tempo livre. E entendemos aqui entram as associações esportivas amadoras.

4. BERMAN (1986:18

5. PHILO, 1996:274

6. GUEDES, 1982:61

7. MARX 1991:54

8. ABREU (1996:155) nos alerta para a inconsistência da tradicional concepção de que o urbano na América Portuguesa tenha sido menos planejado/controlado que na colonização espanhola, afirmando que "na verdade, o Estado Português se insinuava por todas as dimensões da vida urbana, e muito especialmente nas cidades reais".

9. REIS FILHO 1968: 130-1

10. ZANCHETI, 1986:13

11. CARVALHO 1994:105

12. BENCHIMOL 1990:28-32

13. LOUSADA, 1995

14. SILVA 1978:67

15. FREYRE, 1951:171-2

16. MOURA 1995:76

17. BUARQUE 1995:16-7

18. PROUST, 1995:13

19. DUNNING & SHEARD, 1979:1-3

20. AUGUSTIN, 1995:20

21. LAVERY, 1971:112

22. SAID, 1995

23. HOBSBAWM & RANGER, 1984

24. Em 1844, um alemão escrevia sobre os sports: "não temos palavra para isso, e somos quase forçados a introduzir o termo em nossa língua". Mais tarde, a expressão sport estará consagrada não apenas na Alemanha, mas em todo o planeta: "a terminologia inglesa se difundiu tal qual os termos técnicos italianos no campo da música" (ELIAS & DUNNING, 1985:188).

25. MANCHESTER, 1973:261

26. FREYRE, 1948:55

27. Gilberto FREYRE (1948:56-7) lista uma infinidade de contribuições inglesas em nossa vida quotidiana, abrangendo desde produtos de vestuário, alimentação e bebida até práticas sociais como o footing, os clubes, vários esportes, o escotismo e o pic-nic, para não falar do romance policial e da fala em baixo tom.

28. Um belo trabalho sobre o período que antecede o que chamamos aqui de febre esportiva, e que justamente aponta a conformação de um quadro de aceitação crescente dos esportes nobiliárquicos pela elite carioca, é a já citada dissertação de BUARQUE (1994).

29. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, códice (1730) 45-2-44. As expressões utilizadas pela associação inglesa Cricket Club denotam a necessidade de explicações (sobre as condições de terreno, por exemplo) ao poder público, até então completamente alheio àquela novidade. No mesmo processo, aliás, um vereador solicitou esclarecimentos sobre o que se trata (esse tal "divertimento inglês").

30. MELO, 1997:232

31. ARAÚJO, 1995:322

32. ABREU, 1987:47

33. CORBIN, 1989: 274-80

34. MORRIS, 1984:323

35. RIBEIRO, 1944

36. RENAULT 1982:200

37. HOBSBAWM & RANGER, 1984:188-9

38. BIRLEY (1995:163) nos ajuda a visualizar o grande impacto da difusão da bicicleta no quotidiano das grandes cidades européias no final do século passado, sobretudo para as mulheres: a publicidade anunciava tal inovação como "quase equivalente a voar" e capaz de nos livrar da preguiça e depressão.

39. ARAÚJO, 1995:330-1

40. MATTOS, 1997:46

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