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Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98
Vol. VII, núm. 146(056), 1 de agosto de 2003

AS CASAS URBANAS E A HERANÇA RURAL. UM OLHAR GEOGRÁFICO SOBRE AS HABITAÇÕES DA CIDADE DE JOO PESSOA-PB (BRASIL)

Doralice Sátyro Maia
Professora da Universidade Federal da Paraíba (Brasil)

As casas urbanas e a herança rural: um olhar geográfico sobre as habitações da cidade de João Pessoa-PB (Brasil) (Resumo)

O processo de urbanização brasileiro deu-se atrelado à herança rural. Esse passado foi dominantemente suplantado pela industrialização, mas nem por isso foi apagado, muito embora suas evidências tenham sido abafadas pelo aparato da sociedade moderna. Na cidade de João Pessoa-PB (Nordeste brasileiro), os impulsos à "modernização" eram dados pelas atividades agrícolas: cana-de-açúcar, algodão e pecuária bovina. O ritmo de crescimento da cidade era o ritmo das referidas produções: nos seus ápices, a cidade recebia incrementos e, nas suas retrações, a cidade estagnava-se. A sua urbanização, portanto, deu-se atrelada ao mundo rural. Esta ligação manifesta-se na forma urbana e, por conseguinte, nas suas habitações. Verificamos que muitas habitações luxuosas construídas em meados do século XX e outras mais simples encontradas nos subespaços rurais da cidade expressam uma herança rural.

Palavras-chave: urbanização, costumes rurais, habitação.

The urban houses and the rural heritage: a geographical review on the housing in the city of João Pessoa-PB (Brazil) (Abstract)

The Brazilian urban process had been linked to the rural inheritance. That past was supplanted by industrialization, but wasn't been extinguished, although its evidences have been hushed up by the modern society. In João Pessoa, PB (a city on the Northeast of Brazil), the stimulous to the "modernization" were given by the agricultural activities: sugar cane, cotton and cattle raising. The rhythm of the city's growth was the rhythm of the above production mentioned: on its top, the city received improvements and on retroactive city increase, it stopped developing. Therefore, the city urbanization was developed with the rural world.  That join is clear on the urban way and on its luxurious houses built by the twentieth-century and other simpler ones found on the city's small rural places express a rural inheritance.

Key words: urbanization, rural costumes, house.

Processo de urbanização e herança rural

O processo de urbanização brasileiro deu-se atrelado à herança rural. Com a industrialização, esse passado foi dominantemente suplantado, mas nem por isso foi apagado. A cidade de João Pessoa não foge a regra. Fundada em 1585 para assegurar o domínio português em terras potiguaras, serviu de base de apoio para os engenhos de açúcar que se expandiam pela nova capitania. Até a década de 50 do século XX, João Pessoa apresentava um ritmo de crescimento bastante lento e não possuía nenhuma atividade que lhe favorecesse maiores instigações à sua expansão. Os impulsos à sua "modernização" eram dados pelas atividades agrícolas: cana-de-açúcar, algodão e pecuária bovina. O ritmo de crescimento da cidade era o ritmo das referidas produções: nos seus ápices, a cidade recebia incrementos e, nas suas retrações, a cidade estagnava-se. Por isso, uma cidade de tempos lentos.

Na década de 60 do século XX, a efetivação de algumas intervenções públicas de caráter nacional contribuíram para as alterações significativas no crescimento dessa cidade. Essa expansão foi acompanhada de um aumento do seu contingente populacional, provocado por um forte fluxo migratório, proveniente especialmente da zona rural ou das cidades interioranas do estado. Tal processo é explicado de forma resumida pela seguinte afirmativa: a concentração fundiária somada à modernização agrícola empurram para as cidades pequenos proprietários e trabalhadores rurais destituídos das suas condições de sobrevivência e de muitos dos seus valores culturais. Na última contagem populacional feita em 2000 pelo IBGE, o município de João Pessoa apresentou um total de 597.934  habitantes e, no recenseamento de 1991, esse município deixa oficialmente de apresentar área rural. Contudo, a constatação de atividades tipicamente rurais nas cidades, particularmente na cidade de João Pessoa, dá-se a partir de um olhar mais atento a paisagem onde é possível encontrar - muitas vezes encobertos pelos incrementos urbanos - animais pastando nos lotes vazios ou vales de rios, carroças puxadas pelo burro entregando o leite in natura, homens levando capim para os animais ou até mesmo alguns cavaleiros que se aventuram pelas ruas da cidade.

A prática desses homens, geralmente de origem rural, manifesta-se na cidade em micro-espaços, com pequenas criações ou mesmo na manutenção de costumes que se mesclam à vida urbana. Todavia, tais costumes não se resumem às atividades praticadas, mas integram o que podemos denominar do seu modo de vida. Desta forma, a habitação destes homens, ou seja, a sua casa também expressa uma herança rural.

Para encontrarmos as raízes dessa herança rural resgatamos a história da cidade. Procuramos entender a origem desses costumes e dessa herança rural. Percebemos que não só aquelas casas encontradas nos subespaços rurais da cidade, mas também muitas casas pertencentes à elite paraibana expressavam a herança rural.

A cidade e as habitações: de casas singelas à casarões

A respeito do período colonial (1500 a 1822), parece uníssono a afirmativa de que as cidades brasileiras eram caracterizadas pela instalação de igrejas e conventos, pela simplicidade de suas outras construções e pelo desordenamento dos logradouros. Dessa forma, temos que, ao "lado das igrejas monumentais, as vultosas casas conventuais oferecem à fisionomia da cidade modesta o traço urbano marcante da edificação apurada, diferente do casario humilde da praça e das ruas." (Omegna, 1961, p. 80). Na então cidade de Nossa Senhora das Neves - atual João Pessoa - é notória a importância das congregações - jesuítas, franciscanos, beneditinos e carmelitas.

No período de 1635 a 1654, a cidade, que passou a ser denominada de Frederika , foi também marcada pela ocupação holandesa, sendo a Capitania da Paraíba administrada por governadores holandeses. Elias Herckmans, um desses administradores, deixou valiosa descrição sobre essa Capitania durante a sua administração (1636 a 1641). Herckman descreve a localização da cidade que se estende "ao comprido sobre a eminência do monte que fica defronte da Bahia do Varadouro." Ressalta a presença dos conventos e igrejas enquanto construções que se destacam diante da escassez de outras edificações.

Além das igrejas e conventos, Herckman menciona, na sua descrição, um prédio ao lado ocidental do convento de São Bento, que estava sendo construído pelo senhor de engenho Duarte Gomes da Silveira para servir-lhe de casa, mas que não estava acabado, achando-se "quase que somente em caixão, mostrando quão grande seria, se estivesse concluído". Além dessas construções, Herckman localiza "pouco mais ou menos no meio da cidade e do lado sul" a praça do mercado, a casa do Conselheiro e o pelourinho "que assinala o lugar das execuções na cidade." (Herckman, 1975, p. 6).

Nesse período, a cidade de Frederika contava com aproximadamente mil habitantes (Rodrigues e Droulers, 1981, p.15) e caracterizava-se por sua divisão de Cidade Baixa ou Varadouro, onde se concentravam as atividades comerciais, alfandegárias e portuárias, e a Cidade Alta, lugar das funções administrativa, religiosa e residencial.

Da mesma forma que em outras capitanias, os dois primeiros séculos de colonização do território paraibano foram  marcados pela ocupação dos canaviais e seus engenhos nas várzeas úmidas. Conforme Horácio de Almeida, os primeiros senhores de engenho da Paraíba saíram de Pernambuco, tendo chegado logo após a conquista, "trazendo os seus recursos em dinheiro e escravaria, a sua técnica de fundar safra e fabricar açúcar e por fim o seu estilo de vida." (Almeida, 1966, p.212).

Esses senhores de engenho, muito embora residissem nas suas propriedades rurais, faziam-se presentes nas cidades próximas às suas unidades produtivas, uma vez que necessitavam de proteção e também dos benefícios do mercado e do porto para a exportação do açúcar. Na história da cidade da Paraíba, ou ainda Filipéia, é ressaltado por muitos o desempenho de um dos primeiros senhores de engenho que financiou a construção da igreja da Misericórdia, além de ter oferecido prêmios em dinheiro para aqueles que edificassem casas na cidade. É o que diz Horácio de Almeida:

(...).Se a casa era de pedra e cal, dava dez mil réis de ajuda, mas se fosse sobrado, o prêmio seria de vinte mil réis. Para que se tenha uma idéia do prêmio, considere-se que uma arroba de açúcar, na época, valia coisa de oitocentos réis, menos de um cruzeiro da atual moeda. Tenha-se ainda em consideração que, um século depois, os senhores da Casa da Torre arrendavam sítios de uma légua de frente, às margens do São Francisco, ao preço de dez mil réis por ano. (Almeida, 1966, p. 213).

A respeito desse desequilíbrio entre o esplendor rural e a simplicidade urbana, Sérgio Buarque de Holanda afirma ser essa uma característica da colonização portuguesa, somada à fisionomia mercantil expressa no sistema de povoação litorânea ao alcance dos portos de embarque. (Holanda, 1996, p.107).

A fisionomia da cidade de Nossa Senhora das Neves, Filipéia, e até mesmo da Paraíba, como sendo "verdadeiro fundo de quintal dos engenhos e fazendas que lhe subjugavam as forças" (Mello, 1990, p. 22), foi destacada por viajantes e historiadores locais e persiste durante os três primeiros séculos, não ultrapassando os seus limites iniciais: do rio à colina.

Essas feições se estendem pelo século XIX, segundo descrições da época. É o que mostra a descrição de Henry Koster, escrita em 1815, ao visitar a Paraíba:

A cidade da Paraíba (lugares de menos população nesse país gozam deste predicamento) tem aproximadamente dois a três mil habitantes, compreendendo a parte baixa. Há vários indícios de que fora mais importante que atualmente.

A paisagem vista das janelas é uma linda visão peculiar ao Brasil. Vastos e verdes bosques, bordados por uma fila de colinas, irrigados pelos vários canais que dividem o rio, com suas casinhas brancas, semeadas nas margens, outras nas eminências, meio ocultas pelas árvores soberbas. As manchas dos terrenos cultivados são apenas perceptíveis.

A parte baixa da cidade é composta de pequenas casas, e situada ao lado de uma espaçosa baía ou lago, formada pela junção de três rios, fazendo a descarga de suas águas no mar por um longo canal. As margens dessa baía, como as de todos os rios salgados da região, são recobertas de mangues, tão úmidos e compactos que parece não haver saída. (Koster, 1942, p. 86).

E ainda acrescenta:

As casas, que podem ser consideradas excelentes comparando-as na região, foram erguidas pelos ricos proprietários dos arredores, para residência durante o rigor do inverno, ou estação das chuvas. ( Koster, 1942, p.87).

Este mesmo autor, faz menção a uma única rua pavimentada "com grandes pedras", embora precisasse ser reparada.  Quanto às residências, estas tinham geralmente dois andares, sendo o térreo utilizado para o comércio. Uma vez que os senhores de engenho residiam nas suas propriedades rurais, como bem escreveu Koster na citação acima, as casas da cidade - as que não eram vazias - pertenciam a comerciantes, a alguns funcionários públicos, ao clero e a artífices. Portanto, como explica o arquiteto Carlos Lemos, as "casas ricas", quando não eram segunda residência dos senhores das terras, eram quase sempre propriedade de comerciantes mais abastados, constituindo-se normalmente em casas assobradadas: "embaixo, a loja, os armazéns, os depósitos, ou então, os escritórios, no caso de gente compromissada tanto com a produção agrícola como com capitais e altas finanças." (Lemos, 1996, p.32). Ainda sobre as casas da cidade da Paraíba, no início do século XIX, o viajante Henry Koster chama atenção para as janelas com vidros, "melhoramento há pouco introduzido no Recife."(Koster, 1942, pp. 84-87). A introdução do vidro, nas janelas das casas brasileiras, deu-se a partir da transferência da família real para o Brasil, que trouxe, além de hábitos da nobreza, novas técnicas e novos materiais de construção, como "o vidro plano transparente para as janelas" até então material de difícil acesso. Carlos Lemos (1996) ressalta que, até a popularização das vidraças, vivia-se às escuras, uma vez que as "janelas residenciais eram providas somente de tábuas, os chamados "escuros", que eram sistematicamente fechadas nas horas de chuva ou muito vento, a qualquer hora do dia." (Lemos, 1996, p.45).

Já um outro autor, Nelson Omegna, ressalta o fato de que as casas, apesar de estarem situadas na cidade, tinham apenas as suas fachadas nos moldes de  uma "vida urbana", pois, diz Omegna, das "paredes externas para dentro continuam vivendas rurais, como sítios e granjas, com pomares, mangueirões, estábulos e roças." (Omegna, 1961, p. 23).

As transcrições acima mostram que a grande maioria dos aglomerados do Brasil, e, particularmente, a cidade da Paraíba, existia apenas para sediar congregações religiosas e para embarcar os produtos comercializados no campo. Esses aglomerados eram habitados geralmente por administradores civis e militares, comerciantes, religiosos e artesãos com pouca ou quase nenhuma dinâmica própria. A única atividade de maior impulso era o comércio importador e exportador. A vida sócio-econômica estava centrada nas propriedades rurais. Por conseguinte, as suas habitações eram pouco expressivas.

Nesse sentido, escreveu Sérgio Buarque de Holanda afirmando que, no Brasil colonial, "as terras dedicadas à lavoura eram a morada habitual dos grandes" e que eles só afluíam "aos centros urbanos a fim de assistirem aos festejos e solenidades. Nas cidades apenas residiam alguns funcionários da administração, oficiais mecânicos e mercadores em geral." (Holanda, 1996, p.90). Até o século XVIII, era essa a característica da "vida urbana brasileira" descrita por viajantes, inclusive a respeito da cidade de Salvador (Bahia). Tinha-se então, segundo Holanda, ainda durante o século XVIII, uma "punjança dos domínios rurais comparada à mesquinhez urbana". (Holanda, 1996, p.91).

Sobre a discrepância entre os dois espaços: o esplendor dos engenhos e a singeleza da cidade da Paraíba, descreve Juarez Batista:

(...), a cidade em matéria de falta de prestígio, parecia meris (sic) a cozinha da casa-grande, espécie de puxada, nem sempre bem cheirosa, que vivesse das sobras de comida e favor das salas de visita, dos alpendres, dos corredores. (...). Quem quisesse ver luxo não procurasse nas cidades. (Batista, 1951, p.57).

A concentração demográfica brasileira, durante os três séculos de colonização, vai estar centrada nas fazendas, nos engenhos e não nas cidades e vilas. Segundo Nelson Omegna, "a vida urbana é concebida pelos homens da zona rural como uma forma de parasitismo vegetativo. Além disso, citando o autor, "as figuras mais representativas da região moram na fazenda ou engenho. E se têm casa na vila, é só para as visitas esporádicas na época das festas da Páscoa e outras férias rápidas e fugazes." (Omegna, 196, p.114).

Dessa forma, se a centralização da vida sócio-econômica brasileira estava nas propriedades rurais, restando às cidades as funções administrativa, religiosa e comercial, esta última não se desenvolvendo, restava à cidade maior subordinação aos engenhos de açúcar e, posteriormente, também às fazendas de gado e de algodão.

O século XIX é apontado por muitos como marco do impulso das cidades, indústrias ou atividades urbanas, quando então se inicia o "desprestígio da aristocracia rural" (Freyre, 1968, p.17). Nesse período, o que  sempre se destaca nos relatos históricos, especialmente aqueles referentes à Paraíba,  é a alta do algodão, cujo ápice vai se dar entre os anos de 1864 e 68; e, por volta dos anos 80 desse século, a construção da estrada de ferro ligando a capital ao interior da província; o que fez aumentar o fluxo para a capital. Contudo, este século pouco difere dos séculos anteriores na cidade da Paraíba. A lentidão das transformações fazia com que essa cidade se mantivesse até então, "pequena, antiquada, carente de diversos equipamentos urbanos e que chama atenção apenas por aspectos exóticos da sua paisagem natural e peculiaridades de poucas edificações". (Vilar de Aquino, in: Aguiar & Mello, 1989, p.75).

Até o início do XX, a cidade da Paraíba encontrava-se ainda restrita a duas porções: alta e baixa. Mas, como disse Mariz (1978), já se viam muitos sobrados e casas nobres dos senhores de engenho que aqui vinham "invernar", como também dos negociantes "ricos do Varadouro que tinham suas vivendas residenciais na própria rua deste nome, depois Visconde de Inhaúma e hoje João Suassuna, e nas ruas das Convertidas, hoje Maciel Pinheiro, da Areia, Viração, Direita" ou ainda nos sítios de Tambiá e Trincheiras. "Os sobrados de três pavimentos da rua do Varadouro eram armazém, morada do negociante e dormida dos caixeiros, ao mesmo tempo." (Mariz, 1978, pp. 90-91).

No final do século XIX e início do século XX, o declínio do poderio agrário, segundo Sérgio Buarque de Holanda, coincide com a diminuição da importância da cultura canavieira na primeira metade do século passado, quando então se introduziu o café. Muito embora a região sudeste tenha sido a "eleita" para este novo produto agrícola, o estímulo à sua produção, mesmo em menor escala, estende-se até o nordeste brasileiro. No entanto, nunca chegando a competir com a produção açucareira ou mesmo algodoeira. (Joffily, 1977, p. 111).

Com essa nova cultura, a propriedade rural deixa de ser o "mundo do proprietário", o local de sua residência, passando a ser apenas "o seu meio de vida, sua fonte de renda e de riqueza". Nesse período, há uma passagem de local de residência da fazenda para a cidade, quando então esta ganha força e adquire vida própria. (Holanda, 1996, pp. 172-174).

Na Paraíba, como em todo litoral nordestino, não é a instalação das fazendas de café, mas a passagem do engenho para a usina de açúcar que vai marcar as alterações socio-econômicas no final do século XIX e início do século XX.  É, nesse tempo, que os engenhos de açúcar começam a substituir a roda d´água e o boi pelo "locomóvel a lenha". (Mariz, 1978, p.25).

A transformação dos engenhos em usinas, que ocorriam com "todo vapor" em Pernambuco, se processa na Paraíba mais lentamente. Mas, aos poucos, vão aparecendo usinas, principalmente no vale do Paraíba e com elas profundas mudanças ocorrerão, não só na casa-grande e na senzala, mas também na cidade. Até então, o crescimento da cidade da Paraíba dava-se sem maiores incrementos, marcada ainda pela divisão entre cidade alta e cidade baixa com poucos incrementos urbanos.

É a partir do momento em que sobrevirão mudanças no meio rural, na passagem do engenho para a usina, que a residência urbana dos seus senhores deixa de ser temporária, passando a permanente. Alguns proprietários fundiários vão viver de rendas e outros empregam-se no aparelho do Estado. É também nas primeiras décadas deste século que o algodão atinge, na Paraíba, a sua grande produção. Sendo, portanto, em "termos desse produto que se centrava a acumulação de capital da economia paraibana e a fonte dos recursos utilizados no embelezamento da Cidade da Parahyba." (Mello, 1990, p. 30).

Nessa linha de entendimento, Juarez Batista esboça o perfil de cidade do nordeste brasileiro ao descrever as novas residências dos senhores de engenho:

Sobrados que não permitiam a ninguém se dar a muitos dos luxos - alguns até quase asiáticos - que traziam as casas-grandes transplantadas intactas para os subúrbios das cidades, com seus hábitos irreverentes de todo-poderosos, pensando que em todo canto estavam no engenho, querendo falar com todo mundo por cima do ombro, como se estivessem gritando para os moleques de sua bagaceira. (Batista, 1951, p.7).

O engenho constituía-se em um mundo quase auto-suficiente, onde o que imperava era a autoridade do seu senhor. Gilberto Freyre em Casa Grande & Senzala e em Sobrados & Mucambos revela-nos a fundamentação da cultura canavieira, centrada no poderio da  família patriarcal. Com a usina, as relações de produção vão ser alteradas. Conseqüentemente, os seus senhores passam a residir nas cidades, havendo, portanto, uma transferência de valores, de costumes e, por que não dizer, de mentalidades do campo para a cidade. Da mesma forma que antes comandavam seus engenhos, esses senhores passam também a dominar a cidade. Assim, esse momento de grande impulso na urbanização brasileira, ao contrário de ser um processo transformador da sociedade brasileira, serve para perpetuar o antigo. Como afirmou José de Souza Martins:

(...) na sociedade brasileira, a modernização se dá no marco da tradição, o progresso ocorre no marco da ordem. Portanto,  as transformações sociais e políticas são lentas, não se baseiam em acentuadas e súbitas rupturas sociais, culturais, econômicas e institucionais. O novo surge sempre como um desdobramento do velho (...). (Martins, 1994, p.30).

Os antigos senhores de engenho, agora usineiros, ainda permanecem quase diariamente nas suas propriedades, mas a família passa a habitar a cidade. E o papel até então desempenhado pelas senhoras de engenho também não existia mais, já não se admitia o assistencialismo até então praticado por elas, mantendo seus moradores sempre por perto e na dependência delas. Com a usina, a presença dessas senhoras nas suas propriedades tornou-se desnecessária, sendo então transferidas para as residências mais luxuosas da cidade.

A vida da família do usineiro retratada por Rêgo em A usina, no quarto ano de safra, passa por mudanças radicais:

Os meninos já não estudavam na Paraíba. Haviam passado para os colégios caros do Recife. A casa-grande da usina era somente para veraneio, porque palacete de duzentos contos se erguia bonito na capital. D. Dondon não ia muito com esta ostentação. Mas o marido queria, o marido fazia questão de que a família dispusesse de todo o conforto. (idem, p. 47).

Como afirmamos anteriormente, nesse momento em que os engenhos de açúcar deixam de ser as unidades produtivas de ponta, despontando as usinas com todo seu maquinário, vão surgir na cidade residências de um padrão mais alto: os casarões. Essas edificações vão refletir, no urbano, a preponderância do meio rural, que era o promovedor dessa existência. As antigas casas temporárias vão sofrer reformas ou serão substituídas por outras maiores e mais luxuosas. A casa retrataria o poder do seu senhor.

Em João Pessoa, bastante indicativo desse momento, em que os então usineiros passam a construir suas residências permanentes na cidade, são os casarões da avenida João Machado, no antigo bairro das Trincheiras, construídos na década de trinta do século XX e, em sua maioria, pertencentes a famílias de usineiros,  assim como os da avenida Epitácio Pessoa, representantes de uma época posterior, década de 50 e 60, mas também construídos a partir de recursos provenientes da produção das usinas de açúcar. Essas construções foram projetadas por engenheiros e arquitetos de nome nacional, como Borsoi e Burle Marx, na década de 50 do século XX,  que traziam o que havia de mais "moderno" em termos de arquitetura, mantendo, portanto, a imagem de ostentação dos seus senhores.

Assim, ao mesmo tempo em que se iniciam as implementações modernas, residências vão sendo construídas desde o início do século. Esses casarões, pertencentes majoritariamente às famílias dos proprietários de usinas de açúcar, vão compor, juntamente com os templos religiosos e as sedes de órgãos públicos, os maiores destaques no conjunto de edificações da cidade.

Casas, currais e vacarias: costumes rurais na cidade

Atualmente, a herança rural na cidade de João Pessoa não se encontra apenas nas antigas casas dos senhores de engenho ou no seu centro histórico. Ainda permanecem nesta cidade subespaços rurais onde encontramos currais e vacarias. Geralmente dispostas ao longo dos vales dos rios e por detrás das grandes avenidas, essas unidades de produção, a despeito da constante pressão que a vida urbana lhes impõe, conseguem manter costumes trazidos da zona rural de onde foram expulsas, principalmente das regiões interioranas do estado da Paraíba e de estados vizinhos (Rio Grande do Norte e Pernambuco). Algumas já vieram de outros bairros da cidade de onde foram tangidas pela especulação imobiliária, outros pequenos produtores estão no local desde que para aqui migraram. A escolha do local dá-se a partir do valor do terreno a ser adquirido como também da constatação da existência de um grande número de lotes vazios ou mesmo antes do loteamento da área

A despeito das proibições, encontramos na malha urbana de João Pessoa, vacarias onde se mantém uma pequena produção e distribuição do leite "in natura". Além das vacarias, localizamos currais com gado bovino para engorda e corte e outros estabelecimentos de criação eqüina.[1] Essas unidades representam um conjunto de espaços onde encontramos a permanência de alguns costumes rurais na cidade de João Pessoa. Os currais e as vacarias localizam-se, de forma descontínua, na malha urbana; contudo, verificamos uma certa concentração ao longo dos vales dos rios. O número preciso desses estabelecimentos, não é computado por nenhuma instituição.

As vacarias e os currais encontrados constituem um universo bastante diversificado: desde  pequenos currais, nas áreas de favelas e pequenos quintais, com cerca de 50 - 60 m2 a propriedades pecuárias extensivas, como é o caso da Fazenda Cuiá[2]. Contudo, a grande maioria é de pequenas propriedades com menos de 1 hectare.

No Nordeste brasileiro, há uma distinção entre o habitat da zona canavieira, caracterizado pelas instalações dos engenhos (casa grande e senzala), tão bem apresentada por Gilberto Freyre, e o habitat das zonas semi-áridas onde se desenvolveu mais fortemente a cultura do boi. Manuel Correia de Andrade, na sua obra A terra e o homem do nordeste, fala-nos que, em contraposição às instalações dos engenhos de açúcar, as sedes das fazendas de gado eram bem mais simples. Estas eram de alvenaria e cobertas de telhas e, ao seu lado, ficavam as casas dos vaqueiros e agregados - muitas vezes de taipa e cobertas com telhas ou palha - os currais de  pau-a-pique e o pátio onde se concentravam as reses trazidas para o curral.

Um outro estudioso dos costumes do sertão faz uma descrição detalhada das casas por ele encontradas no sertão do Ceará. Escreve Gustavo Barroso:

Todas as casas sertanejas são humildes, quer sejam de palha só ou de palha e adóbe como a dos pobres, quer sejam de taipa e têlha como a dos abastados. São baixas, rebocadas rudentemente, rodeadas de alpendres, paredes caladas e nuas. Ao lado arrima-se-lhes o amplo telheiros da casa de farinha, atravancado de aviamentos; rompem mais adiante as cercas fortes dos curraes.

São sempre edificadas numa elevação de terreno, batidas do vento e do sol, com um amplo e limpo terreiro na frente, atraz um quintalejo cercado, um retalho de terra, onde se erguem canteiros rudes. (Barroso, 1912, p. 191).

A prática de atividades pecuárias no Nordeste brasileiro, em especial a bovina, é uma característica da área semi-árida, ou mais precisamente da região conhecida como sertão nordestino. De um modo geral, os estudos agrários mostraram que a casa das propriedades rurais, em especial aquelas com atividade pecuária, não estavam localizadas à margem das estradas, mas sim no interior das propriedades. Em outras palavras, o habitat disperso caracterizava o povoamento tradicional brasileiro dos sítios ou das fazendas. (Fukui, 1979, p.75).

Os habitats das áreas criatórias do semi-árido nordestino eram caracterizados pela casa do proprietário que, mesmo sendo de alvenaria, era destituída de acabamentos ou projetos mais elaborados; pelas casas do vaqueiro e dos agregados que, muitas vezes, eram de taipa e pelo curral "cercado de paus" como disse Aroldo de Azevedo, ou de "pau-a-pique" como preferiram denominar Manuel Correia de Andrade e Gustavo Barroso. Hoje, apesar de algumas mudanças, as fazendas de gado do sertão apresentam muito das características descritas pelos autores supracitados, em especial, no que diz respeito à distribuição: casa sede - casa do vaqueiro - curral.

As casas dos estabelecimentos pecuários encontrados na cidade de João Pessoa, muito embora não estejam localizadas na zona semi-árida e a despeito de certas alterações, apresentam algumas peculiaridades próprias das fazendas pecuárias, já descritas pelos autores acima. Todas são de alvenaria, cobertas com telhas, possuem o curral de madeira entrelaçado com arame - não mais de pau-a-pique - ao lado ou atrás da casa. Além dessas características comuns, a presença da varanda ou alpendre na frente ou na lateral da casa é uma particularidade que marca também a casa das propriedades rurais ainda hoje encontradas no sertão nordestino. Alpendre pode ser definido como sendo "o telhado que se prolonga para fora da parede mestra da casa e que é apoiado em sua extremidade por colunas, tendo como função precípua fazer sombra à construção, evitando que se acumule na alvenaria o calor do sol - refrescando, asssim, os interiores." [3](Lemos, 1996, p.27). No nosso campo de pesquisa, nós também encontramos o alpendre e ele representa o espaço permitido para o visitante. Sobre isso, Carlos Lemos nos fala:

(...) desde o começo nossas casas rurais coloniais necessitaram de um espaço aberto para receber estranhos, para abrigar hóspedes,  talvez até para proteger temporariamente da chuva produtos da colheita em processo de beneficiamento no terreiro. Não só os remanescentes coloniais antigos, como a pequena iconografia disponível mostram sistematicamente nossas sedes de fazenda portando a tal varanda entalada ou um alpendre.(Lemos, 1996, p.29).

Não obstante ser bastante comum no Nordeste encontrarmos as casas urbanas com alpendres ou terraços, esse estilo é uma herança rural que também se faz presente na maioria das casas das pequenas propriedades por nós visitadas. De acordo com o arquiteto Carlos Lemos (1996), a presença de uma varanda ou alpendre marcou também as casas dos engenhos de açúcar de Pernambuco, porém isso não bastou para caracterizar uma tipologia do engenho pernambucano. O referido autor afirma que os alpendres "são muito importantes e podemos dizer que são brasileiros devido à sua disseminação ampla pelo Brasil todo. Brasileiros por terem sido reinventados aqui entre nós desde os primeiros momentos." (Lemos, 1996, p.28).

Nos alpendres das casas, aqui tratadas, pudemos observar tanto a presença de redes armadas ao lado de algumas cadeiras, como também vários utensílios de montaria pendurados: arreios, selas, estribos e baldes de leite. Ao compararmos com as descrições daqueles autores que descreveram as casas das fazendas do sertão nordestino, sentimos falta da roupa de couro do vaqueiro, mas esta também não se encontra mais tão facilmente nas casas sertanejas[4]. Mesmo assim, as nossas observações nos fizeram lembrar as palavras de Gustavo Barroso: "As paredes e as forquilhas dos alpendres são cobertas de pregos e de ganchos onde o matuto arma redes para dormir e descansar, pendura arreios e todos os apetrechos necessários aos cavalos e ao gado." (Barroso, 1912, p.192).

Na maioria das casas por nós visitadas não adentramos além do alpendre, lugar onde fomos atendidos. No entanto, naquelas onde ganhamos maior confiabilidade dos seus moradores, passamos primeiramente do alpendre para a cozinha e depois para a sala. Note-se que esta passagem não se deu igualmente em todas as casas e nem se dá dessa forma com todas as "visitas". Por termos demonstrado interesse pelas atividades desenvolvidas naqueles estabelecimentos, os seus proprietários, muitas vezes, nos levavam para conhecer os espaços onde aquelas se desenvolviam: na cozinha ou nas dependências anexas, como a área para lavar os baldes (pia e balcão), a cocheira e o curral. Isso aconteceu quando fomos entrevistar o Sr. Macedo,  proprietário de vacaria no bairro do Bessa. A casa do Sr. Macedo foi construída sobre um lote de 86m de frente, 35m do lado esquerdo e 50m do lado direito. Apresenta um curto recuo frontal onde tem um pequeno jardim. É de alvenaria, coberta com telhas com caibros não serrados e tem, na sua lateral, um alpendre, um grande balcão com uma pia onde são lavados os tambores de leite e um quarto de depósito que serve para guardar utensílios, ração dos animais e que também é dormitório do ajudante. Esse mesmo alpendre ainda serve para entrada da carroça que segue até junto da cocheira de aproximadamente 8m de extensão. Nos fundos da casa, está a cocheira e atrás dessa o curral e um chiqueiro com alguns porcos. No primeiro dia, fomos recebidos no alpendre, localizado na lateral da casa. Nesse espaço, estão os tambores de leite, baldes e, nas suas colunas e paredes, encontram-se armadores de redes e alguns pregos nos quais são pendurados os acessórios de montaria. No segundo dia de visita, já fomos recebidos na cozinha, onde Sr. Macedo estava fazendo queijo de coalho[5]. Pudemos observar que o fabrico do queijo de coalho dá-se de forma bastante rudimentar, com um grande caldeirão, um tecido branco que coava o leite e uma prensa de madeira feita por um amigo seu. A cozinha possuía um fogão a gás, um balcão de cimento liso com pia e algumas prateleiras de madeira tosca onde estavam guardados pratos, panelas e bacias. Nesse espaço não encontramos o fogão à lenha, tão comum nas casas do sertão nordestino, mas a cozinha continua a acumular as funções de queijaria, e tal qual a descrita por Barroso, observamos que "rente às prateleiras pejadas de louça grossa, encostada à parede (...)", estava "a gasta prensa de fazer queijo." (Barroso, 1912, p. 193).

Em uma outra visita, passamos da cozinha para a sala, espaço amplo que se divide em dois ambientes: sala de estar com um sofá, duas poltronas já bastante gastas e uma mesinha com a televisão preto e  branco e a sala de jantar com uma mesa de madeira e seis cadeiras. Nas paredes dessas salas, existem armadores de rede que, no momento, serviam para pendurar algumas esporas e estribos. Por toda a sala, havia sacos de farelo espalhados pelo chão. Aqui também encontramos muitas semelhanças com as descrições feitas por Barroso : "O lugar mais importante é a sala ou o copiar. Das paredes pendem objectos de toda a sorte, cabrestos, peias, chicotes, cordas, arreios, sacos de sementes, chapéus de palha e couro (...)."(Barroso, 1912, p.192). Os dois quartos da casa abrem para estas salas. O espaço interno da casa é dividido por meias paredes e não é forrado. Um dado importante para a nossa análise é a semelhança da tipologia das casas por nós visitadas. Apesar de apresentarem algumas variações no que diz respeito ao número de quartos, em todas as casas, a cozinha encontra-se nos fundos e os quartos abrem para a sala. Em nenhuma delas encontramos o "corredor de circulação". Esta tipologia é comumente encontrada nas casas rurais simples do interior do Nordeste.

Essas similaridades das casas das vacarias de João Pessoa com as casas rurais simples do Nordeste brasileiro justifica-se pelo fato de seus proprietários serem provenientes do meio rural, em especial da zona semi-árida, que, ao se instalarem nesta cidade, além de manterem a atividade pecuária lá praticada, trazem também costumes que se revelam no vestir, na alimentação e no morar, portanto, no modo de vida[6]. Quando perguntamos se existem diferenças entre a casa onde hoje moram e a casa antes habitada na zona rural sempre afirmam haver muitas diferenças. Mas, ao perguntarmos por estas diferenças, as respostas mostram que elas correspondem  não aos espaços da casa, mas sim à propriedade, especialmente à extensão dos campos onde podiam deixar pastar o gado.

Diante do exposto, podemos dizer que a casa, enquanto elemento desses espaços rurais, na cidade, guarda muito dos costumes rurais. Portanto, trata-se de um espaço onde essas famílias conseguem manter o seu modo de vida: um modo de vida rural inserido na vida urbana.
 

Notas

[1] Alguns desses estabelecimentos apresentavam criação diversa, conciliando gado bovino e eqüino e ainda pequena criação de porcos. Porém, sempre havia uma predominância de um sobre os outros. A criação suína, em todas as unidades visitadas, apareceu como complemento e não enquanto produção principal. Por isso, não a privilegiamos na nossa pesquisa.

[2] Essa propriedade, apesar de já ter sido dividida entre herdeiros, possui no conjunto cerca de 100 hectares. Atualmente ela não tem criação, mas arrenda suas terras para pastagem de animais de engorda.

[3] Sobre a definição de alpendre e a sua variável - varanda - vale a pena transcrever as palavras de Lemos: "Como bangalô, varanda, também é palavra que tem origem oriental e foi incorporada no linguajar europeu pioneiramente pelos portugueses e espanhóis. Já em 1498, no roteiro de viagem de Vasco da Gama, há menção à palavra varanda, como sendo um local alpendrado de permanência aprazível. Por isso, sempre se confundiu alpendre com varanda e com certa razão. Alpendre é o nome de uma construção anexa à casa; varanda é um refrescante local de lazer, de estar, na casa tropical. Um alpendre pode vir a ser uma varanda, mas nem toda varanda é alpendrada. (Lemos, 1996, p. 29).  

[4] Hoje, é muito comum os vaqueiros usarem calça jeans, muito embora achem a roupa de couro mais adequada. A sua não utilização se deve ao fato do couro ser bem mais caro do que o jeans.

[5] Atualmente, começa-se a encontrar, nos supermercados, o queijo de coalho produzido no sertão após ter passado pelo processo de industrialização. Todavia, o mais comum ainda é encontrar o queijo de coalho no seu fabrico tradicional, conforme o feito pelo Sr. Macedo na ocasião da nossa visita.

 

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Ficha bibliográfica:
SÁTYRO, D. As casas urbanas e a herança rural: um olhar geográfico sobre as habitações da cidade de João Pessoa-PB (Brasil). Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2003, vol. VII, núm. 146(056). <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-146(056).htm> [ISSN: 1138-9788]

 
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