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Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98
Vol. VII, núm. 146(079), 1 de agosto de 2003

TRABALHO COMO MEDIAÇÃO ENTRE A VIDA URBANA E A VIVENDA

Catia Antonia da Silva
Universidadedo Estado do Rio de Janeiro, Brasil


Trabalho como mediação entre a vida urbana e a vivenda (Resumo)

O trabalho é compreendido como meio de vida no espaço, assim, o trabalho torna-se a mediação da relação entre cidade e habitação no contexto do capitalismo. A modernização do espaço urbano é feita por interesses mercantis e a inserção à moradia é expressão da diferença entre as classes sociais. A proposta doartigo é destacaro trabalho, dotando-o da capacidade de ser, ao mesmo tempo, referência ontológica da vida urbana e da moradia que poder ser entendida, por exemplo, na construção da cidade do Rio de Janeiro (Brasil).

Palavras-chaves: trabalho, habitação, classe trabalhadora.

Work as interface between urban life and house (Abstract)

The work is included as a mean of life space, consequently the work is interposed in the the relation between city and housing in the capitalist context. The urban space modernization is made for market and the insertion in dwelling is expression of differences between social classes. The bid of this text is emphasize the work, endowing it with the capability of being, at same time, ontological reference of the urban life and the dwelling place about the Rio de Janeiro city construction for example.

Key words: work, huosing, working class.

Na compreensão da natureza epistemológica do espaço geográfico, o trabalho não seria apenas uma categoria existente nas entrelinhas das relações sociedade-natureza, mas conceito-chave fundante para a existência do espaço como construção social. A cidade, neste contexto, é ambiente construído, constituindo-se comoproduto e condição de existência do fazer-trabalho. É o lugar da vida coletiva - o espaço público - possui relação com o espaço da vivenda. A habitação somente existe e tem sentido de existir como abrigo da vida privada por causa das possibilidades que a vida urbana oferece. A cidade, portanto, tem como referência fundamental essa dimensão do fazer que é condição de sobrevivência dos habitantes. O presente artigo tem a intenção de refletir sobre a dimensão ontológica do trabalho na Geografia, com a finalidade de contribuir para o alavancamento de uma problematização que não é temática, mas epistemológica.

Nos contextos limitados deste ensaio, estaremos buscando caminhos para Geografia , tendo como referência o espaço e o sentido abrangente do trabalho.

O trabalho e o espaço da cidade

Paul Singer (1979), num texto clássico, nos ensina que a formação da cidade é fruto do excedente, ou seja, quando os trabalhadores no campo passam a produzir para além de suas necessidades de subsistência, permitem a reprodução de representantes de outras classes sociais, classes que se tornam dominantes por causa de sua legitimação existencial. Trata-se dos sacerdotes, dos guerreiros , dos administradores, entre outros e que necessitando legitimar sua ação, organizar e especializar seus fazeres, constroem templos, fortalezas, prédios de representação do poder estatal, criando formas com suas funções e compondo, assim, a materialidade da organização da vida coletiva e da dimensão societal do espaço da cidade.

O trabalho estaria, desse modo, na gênese do espaço geográfico. O trabalho é a força motriz subordinado aos diferentes modos de produção, relações de poder e relações de classe, interferindo profundamente na construção do espaço e, ao mesmo tempo, se refaz de acordo com as necessidades das classes hegemônicas e das dimensões econômica e política .

A materialidade da cidade seria, assim, fruto do trabalho humano. A cidade colonial é expressiva do trabalho escravo e das relações de poder deste período, por exemplo, no século XIX. a cidade do Rio de Janeiro, era o tinha o trabalho escravo e aí era, também o lugar de sua moradia (Vaz, 2002). Seu habitat confundia-se com a casa de seu senhor, quando este desempenhava atividades domésticas ou se estendia até a rua quando realizava nas atividades de comércio (escravo ao ganho).

A partir do fim do século XIX, a cidade do Rio de Janeiro experimenta os primeiros surtos industriais - era o período de transição da colônia para a República, marcada por transformações de ordem econômica, social, política e cultural, que repercutiam no espaço urbano, arquitetônico e habitacional da cidade. Seus aspectos fundamentais foram a instauração de relações de produção capitalistas, com a substituição do trabalho escravo pelo assalariado: a passagem da fase de economia mercantil-exportadora para a fase capitalista industrial (consolidada no século XX). Nesta passagem houve a decadência da cafeicultura escravista da província do Rio de Janeiro; o desenvolvimento dos setores secundário e terciário da economia urbana; o rápido aumento da população urbana; a definição de novas classes sociais; as transformações na organização política do Estado Brasileiro, que tornou-se Republicano e a difusão dos valores burgueses (Vaz, 2002).

A cidade do Rio de Janeiro se moderniza passando por sucessivos processos de modernização - surgimentos de fábricas, comércio, serviços públicos modernos - sistema de iluminação, de gás e de transportes. No início do Século XIX concentravam-se no Centro da cidade moradia e trabalho - porto, armazéns, manufaturas, oficinas, comércio, serviços e administração pública e para onde convergiam trabalhadores: funcionários, operários, carregadores, trabalhadores informais - a estrutura urbana da cidade se resumia nesta concentração de usos, de atividades econômicas e de profissões.

Grandes e pequenos capitais foram investidos em diversos setores: (capitais imobiliários, transportes e infra-estrutura urbana), engendrando na produção do espaço urbano, que teve início na Área Central se expandiu para a Zona Sul (apartamentos para classe alta e para a classe média, com fortes financiamentos do Estado). A classe baixa foi se expandido do Centro para as áreas mais distantes da cidade, incluindo os espaços dos municípios do entorno. Assim os trabalhadores de baixa renda vão se reproduzindo ao longo dos séculos, anteriormente moradores dos cortiços na área central e tornaram-se habitantes de favelas e loteamentos clandestinos, estes em direção aos espaços longícuos,periferia da cidade e em outros municípios metropolitanos. No entanto, o local de trabalho predomina em torno do Centro e da Zona Sul .

O Rio de Janeiro, como cidade moderna e capitalista apresenta as marcas nas suas formas do trabalho abstrato, alienado, que foi sendo conformado de acordo com a divisão social do trabalho, as formas feitichizadas da mercadoria e os mecanismos do consumo que levaram a alienação do viver na cidade: a separação entre o lugar do trabalho e o lugar da moradia. Desse modo, a dimensão material - o trabalho e a habitação - é compartilhada como os símbolos e as formas de propagação da ideologia, o que é fundamental para a manutenção da ordem social capitalista. O trabalho aparece no entendimento da relação entre sociedade e espaço como algo submisso à técnica, à economia e ao desenvolvimento capitalista e a habitação aparece como mercadoria a ser vendida no mercado imobiliário. Buscando dar maior organização de nossa análise, trataremos dessa questão dividindo-a em duas partes: primeiro o trabalho e depois a habitação.

Trabalho submerso à técnica, à economia e ao desenvolvimento capitalista

Segundo Landes (1994), o desenvolvimento das técnicas está inscrito num contexto social e econômico, onde algumas técnicas se tornam hegemônicas em relação às outras técnicas ou tecnologias.

É inegável que a técnica é agente importante de mudança, principalmente, na relação entre homem e natureza. Entretanto, quando se pensa em técnica como agente de mudança histórica é fundamental ter em mente que a técnica é social, é a instrumentalização do trabalho, e é a forma de subordinação do trabalho abstrato. Os domínios de um sistema técnico em cada período histórico são, na verdade, a hegemonia de uma determinada classe social, ou de um grupo, sob uma dada estrutura produtiva de acumulação de riquezas. De acordo com Munford (1971), quando uma determinada técnica se torna dominante, desvaloriza outras técnicas, e ocorre quando esta permite a ampliação da riqueza, acumulando mais excedentes, que no contexto do capitalismo, o objetivo fundamental é o lucro, tornando-se relevante o aumento da produtividade para atingir o mercado que cada vez é mais ampliado .

Se nos primórdios da história humana, as técnicas avançam em função da necessidade de sobrevivência da sociedade. Com o advento do capitalismo, os avanços da técnica, articulados em graus diferenciados da relação entre invenção e ciência, se devem à necessidade de acumulação do capital, portanto, não é a necessidade social, que alavanca o conhecimento e as invenções, mas a busca por maior produtividade, com menos trabalho (ação humana) e mais técnica.

Neste sentido, Marx já anunciava,

"(...) A própria manufatura tornou-se insuficiente; então o vapor e a maquinaria revolucionaram a produção industrial. A grande indústria moderna suplantou a manufatura; a média burguesia manufatureira cedeu lugar aos milionários da indústria, aos chefes de verdadeiro exércitos industriais, aos burgueses modernos" (O manifesto Comunista, Marx e Engels, Global Editora, 1988. P.78, )"

Com os avanços técnicos e tecnológicos (ciência orientando as técnicas) à medida que se modifica a relação técnica e divisão do trabalho entre campo e cidade toda a sociedade se modificava. Considerando apenas este aspecto da divisão do trabalho em diferentes momentos da história e em diferentes espaços. O trabalho organiza-se, divide-se de outro modo, de acordo com as relações sociais e sua relação com a técnica.

Segundo Marx:

"O moinho de vento pressupõe uma divisão do trabalho diferente do moinho a vapor. Portanto, querer começar pela divisão do trabalho em geral, para tratar em seguida de um instrumento específico da produção, a máquina, é opor-se à história. As máquinas não têm mais do que o poderia ter o boi que puxa a charrua, caráter de categoria econômica. As máquinas são apenas uma força produtiva. A oficina moderna, que assenta na aplicação das máquinas, é uma relação social de produção, uma categoria econômica" (Marx, 1990, p.82-83).

Os novos avanços permitiram maior dinamismo da produção, da circulação e do consumo das mercadorias e contribuíram para a construção do espaço, a remodelação das relações sociais e a consolidação de ideais capitalista. Dentre estes ideais está o trabalho, considerado como ação positivada, incorporada de sentidos de imanência e de transcendência do estar no mundo (Silva, 2002). Estes sentidos de trabalho, que não aparecem como fazer, mas como técnica ou como economia, estão nos projetos de modernização que organizam o espaço e que permitem fluidez de pessoas, mercadorias e de idéias em produção em larga escala. A ampliação espacial dos mercados é conseqüência social, econômica e política, que constroem novas necessidades coletivas, ou seja, engendraram a chamada sociedade de consumo de massa e novas formar de apropriação do espaço (Silva, 1994).

Num contexto geral, a dinâmica da sociedade e do trabalho é a dinâmica da economia, que no processo de acumulação de capitais é, cada vez maior, e cada vez mais monopolista. A técnica e a tecnologia, que aceleraram a acumulação de capitais e causaram efeitos enormes no espaço e nas relações sociais, são, ao mesmo tempo, fruto condicionado pela necessidade do capitalismo em acelerar a produtividade e aumentar a lucratividade. Portanto, conforme nos instrui Landes (1994), a tecnologia e a industrialização (processo ampliado de produção-circulação-consumo de bens, serviços e mensagens) passaram a ser definidas como formas de desenvolvimento, o que integra/desintegra, a organização interna das cidades e regiões no processo desigual de acumulação de capitais. Landes (1994) nos orienta para os riscos deste desenvolvimento histórico e nos mostra a importância da compreensão dos jogos políticos, institucionais e econômicos na história da competição internacional pela riqueza.

O desenvolvimento econômico é mola motriz do capitalismo. Tal desenvolvimento ultrapassa fronteiras, modifica as relações sociais e transforma ou cria o espaço em suas diversas escalas. A trilogia: desenvolvimento, relações sociais (trabalho na sua dupla dimensão: produção e consumo) e espaço inscrevem-se, na contemporaneidade, aos contextos paradigmáticos recortados teoricamente, construindo novas leituras dos processos concretos conceituados, por exemplo, no debate fordismo versus pós-fordismo e no confronto entre o projeto moderno e o do pós-moderno.

Na leitura sobre o fordismo vale destacar que Gramsci constrói esta conceituação na sua obra Cadernos do Cárcere apresentando o americanismo e o fordismo num contexto de "maior esforço coletivo até para criar, com velocidades sem precedentes e com uma consciência de propósito sem igual na história, um novo tipo de trabalhador um novo homem" (citação de Gramsci em Harvey, 1992).

Trata-se de implementação de novos métodos de trabalho, apoiado no taylorismo, que engendra a separação entre gerência, concepção, controle e execução. Além disso, a automação e a reorganização no processo produtivo produziriam um número maior de mercadorias, numa escala de produção em massa que necessitaria de ampliação do mercado, para além da fronteira dos Estados, constituindo as empresas transnacionais. Por outro lado, o fordismo se inscreve na produção do mercado consumidor, onde o trabalhador é também consumidor, criando a chamada sociedade de consumo de massa . Para tal, era necessário a ampliação dos salários e a criação dos salários indiretos (saúde, educação e em alguns países, habitação) realizado pelo Estado de Bem-Estar.

No caso brasileiro, a consolidação das relações capitalistas é acompanhada da implementação da industrialização baseada o princípio da substituição de importações e do desenvolvimentismo. As ações governamentais ficaram limitadas às políticas de crescimento do Produto Interno Bruto e aos investimentos econômicos no tripé empresas nacionais-multinacionais-estatais, atuando, principalmente, nos setores industrial, serviços e no crescimento das instituições financeiras, criando um contexto de modernização conservadora, porque não rompe com as estruturas de classe, e não se altera o quadro da distribuição de renda no país[1]. (tabela 1)

Tabela 1
Participação dos setores no PIB (%): 1955-1996
Ano
Indústria
Agropecuária
Serviços
Instituições Financeiras
1955
1960
1965
1970
1975
1980
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
25,64
32,24
31,96
35,84
40,37
40,58
38,73
39,87
38,51
37,92
34,49
32,83
32,06
31,10
31,90
32,36
31,57
31,67
23,47
17,76
15,86
11,55
10,75
10,20
9,00
9,24
7,73
7,60
6,91
6,90
7,05
7,50
7,12
7,38
7,41
7,46
50,89
50,01
52,18
52,61
48,88
49,22
52,27
50,89
53,76
54,48
58,60
60,27
60,89
61,41
60,98
60,26
61,02
60,86
3,36
2,71
3,43
6,02
6,55
7,91
11,02
7,60
13,14
12,67
19,5 1
13,38
11,35
13,09
16,30
13,01
7,62
n/d
Fonte:IBGE. Estatísticas históricas e Anuário Estatístico apud Vasconcellos et al., 1999.

A construção do Brasil moderno, ocorre, portanto, com a criação de um mercado de trabalho assalariado não dá conta da inserção de grande parcela da população:filhos, netos, tataranetosde ex-escravos e deindígenas, que experimentavam toda sorte da exclusão social ao longo dos séculos.

Na escala da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, o processo de modernização conservadora é reconhecido por meio da segregação sócio-espacial, excessiva instalações de infra-estruturas nos espaço de moradia dos ricos e pouco - em muitos casos nenhum -investimento em saneamento básico, segurança, saúde e educação. No que se refere ao lugar de trabalho o Centro da cidade, os centro de bairros dos ricos, tornam-se lugares privilegiados de atração de mão-de-obra. Mas na década de 1990 fica evidente o desemprego, que no Brasil é bastantecamuflado sob a forma do trabalho por conta própria e do trabalho sem carteira assinada (tabela 2).

Tabela 2
Rendimento médio real do trabalho principal, por posição na ocupação - JAN 94 - AGO 96
Período
Média geral
Setor de Atividade
 
 
Com carteira
Sem carteira
Conta própria
Empregadores
1994 
 
 
 
 
 
Julho
346,10
363,10
312,51
274,85
841,23
Agosto
365,95
363,98
334,06
254,68
1183,59
Setembro
344,67
350,53
307,62
256,41
996,43
Outubro
351,79
338,23
340,13
271,11
1237,87
Novembro
383,48
364,10
372,89
294,09
1227,00
Dezembro
388,92
371,56
385,38
300,03
1265,03
1996 
         
Janeiro
462,69
407,33
438,19
388,38
1599,82
Fevereiro
472,06
440,29
419,65
404,04
1414,76
Março
473,01
457,81
393,02
408,19
1476,67
Abril
468,94
451,29
413,71
410,93
1280,13
Maio
497,00
485,86
437,09
407,07
1454,29
Junho
493,03
468,45
443,15
401,72
1616,26
Julho
500,73
459,17
441,62
429,69
1639,44
Fonte:Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - Pesquisa Mensal de Emprego.
Nota: valores em reais.

È muito comum reconhecer que além de estarem num contexto de instabilidade crescente, os trabalhadores por conta própria e os sem carteira assinada ganham os mais baixos salários e sem garantia trabalhistas e de previdência social, o que se torna crítica seu futuro - envelhecimento. São esses trabalhadores que em geralvivem em favelas e nas periferias das cidades.

Vivenda e trabalho

A habitação está fundada no princípio liberal de propriedade, tanto no período do Desenvolvimento Econômico Fordista, quando no período atual de crise da economia e de hegemonia dos ideais neoliberais, o Estado não garante habitação sem o vínculo mercantil do imóvel (pagamento ou aluguel).

A vivenda, continua sendo analiticamente tratada como objetos fragmentados: separação exarcerbada por setores - qualidade de vida separada da saúde, separada do trabalho, separada do morar, separada da natureza. Istoocorre na cidade do Rio de Janeiro.

Como se deu a separação paradigmática entre trabalho e habitação?

O importante na orientação analítica e metodológica feita a partir de Gramsci é o reconhecimento, da (des)construção do trabalho num contexto abrangente para além do lugar do fazer, incluindo a dimensão do habitat, a esfera do consumo, os valores e as subjetividades em geral, que produzem o perfil do novo homem (trabalhador). A construção de um novo tipo de trabalhador inscreve-se, portanto, na modernização do espaço, na consolidação da cidade como lócus da industrialização (produção-circulação-consumo), engrendrando novas atividade urbanas, ampliando setores da economia, novas formas de trabalho, novas profissões e necessidade de qualificação profissional (apropriação de técnicas, manipulação de objetos tecnológicos e alteração comportamental diante da organização), complexificando, também, as formas de inserção do trabalhador na cidade, que vai desde a sua reprodução as formas habitacionais (favelização, periferização, loteamentos clandestinos, condomínios para as classes alta e média, morar na rua) até as estratégias de realização do fazer-trabalho no urbano (emprego, terciarização, conta própria). A cidade torna-se, desse modo, o contexto espacial das formas materiais e das formas sociais; o lugar de exercício do trabalho e de realização da vida.

O novo tipo de homem consiste, portanto, em novas formas de viver, de pensar e de sentir a vida e de transitar pela cidade. Este tipo interfere na vida do trabalhador no local do trabalho e fora dele, na família, na política, no consumo. Neste sentido, as condições favoráveis para a consolidação do fordismo começam a se inscrever na lógica das grandes corporações consolidando a fase do capitalismo monopolista, onde o livre mercado não consegue resolver as "irracionalidades" do mercado. Neste momento, o Estado passa a ser o principal agenteregulador das relações econômicas, das relações do mercado de consumo e do mercado de trabalho. O Estado é o agente responsável por criar condiçõesde existência da cidade e da vivenda; cria, por meio das políticas sociais,planos habitacionais,planejamento de emprego e renda, de qualificação profissional,tenta controlar da favelização e elegalizar loteamentos clandestinos. Mas o Estado não tem conseguido cumprir o projeto moderno. Na verdade, desde o período 1950-1980, as políticas habitacionais têm se constituído em políticas de mercado, ou seja, a moradia do trabalhador se realiza por meio do mercado, o que gera profundo quadro de exclusão social, fazendo com que os trabalhadores com baixa renda e com instabilidade no trabalho (por conta própria e/ou sem carteira assinada) a buscarem ocupar terrenos formando favelas, e isto ocorre de foram crescente, indo em direção dos terrenos desocupados. Nacidade do Rio de Janeiro a expansão de favelas iniciada próxima ao lugar do trabalho na década de 60, atualmente, crescem em direção às periferias (da cidade e da Região Metropolitana).

 
Figura 1. Favela da Rocinha.
Foto de Fábio Costa, 2002 in Magalhães, 2002
.
 

Rocinha é a maior favela da América Latina, cravada no coração do Bairro de São Conrado, Zona Sul do Rio de Janeiro, Zona predominada por moradia das Classes ricas, as encostas dessa área do Maciço da Tijuca, de frente para o Oceano Atlântico teve ocupação maciça nas décadas de 1960 e 1970, recebendo migrantes pobres que vinham trabalhar na cidade e que não podiam pagar um imóvel. Atualmente não é mais lugar de abrigo dos recentes migrantes. A inserção ao seu espaço passa pela lógica do mercado informal de compra, venda e aluguel de imóveis e pelas relações familiares. Além de abrigar número elevado de trabalhadores é também lugar de esconderijos de traficantes de drogas, tencionado sua relação com o restante do bairro, fato comum também em outras favelas.

A habitação que tem sua referência ontológica a propriedade privada, torna-se um campo da polêmica frente à questão de quem pode compra-la ou aluga-la no mercado imobiliário e quem não pode, o que consolida o processo de favelização e de periferização. Como a construção do novo tipo de homem passa pela cultura - conjunto de representações que os homens fazem de si e de sua materialidade - e, portanto, pelo controle da hegemonia - seria necessário a separação entre trabalho (fundamentando neste a ideologia da vocação profissional (Weber, 1997) e habitação ( a ideologia da casa própria). O Estado como principal agente da prática social e da manutenção da ordem social. Desse modo, na esfera do trabalho, o governo brasileiro passou-se, na década de 1990, a valorizar políticas de qualificação profissional que dê formação educacional e técnico estimulando o saber para o trabalho informal. Na esfera da política habitacional, reproduz-se as formas de inserção à moradia via a capitalização, o que favorece as classes sociais que tem ligação direta com o trabalho formal. Os trabalhadores precários ficam fora dessa política na maioria das vezes. Em geral, a prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, por meio de seu projeto Favela-Bairro,quetem criado infra-estruturas e embelezamento nas favelas mais próximas do Centro e da Zona Sul, lugares de maior visibilidade da cidade para os estrangeiros, são também os lugares onde o movimento social é mais organizado. As ações do Estado estão, portanto, compromissado com a imagem de seu governo e a imagem da cidade via escalas nacional e internacional. As favelas beneficiadas pelo projeto são lugares consolidados (na tem mais terrenos vazios) ao longo do tempo e que os novos pobres não tem acesso a não ser a reprodução familiar (filhos e netos constroem novos cômodos ou por meio da venda do imóvel, o que significa que os mais miseráveis e sem relações familiares são obrigados a morar na rua (nova categoria de viver na cidade) ou a deslocar-se os extremos da periferia.

Na cidade do Rio de Janeiro existem muitas políticas de habitação popular, mas que, na verdade não são acolhidas pelos mais pobres (com salários entre ½a 1 salário mínimo - em torno de 240 reais), visto que se compromete 50% do salário (Prefeitura do Rio de Janeiro, 2002).

"A Prefeitura do Rio, através da Secretaria de Habitação, divulgou na edição de terça-feira (03/09/02) do Diário Oficial, o edital de sorteio de candidatos inscritos no Programa de Arrendamento Residencial (PAR), da Caixa Econômica Federal e que apontaram como opção de moradia o projeto "Morando no Centro". Estão sendo oferecidas 23 unidades de sala-quarto, banheiro e cozinha, com taxa mensal de arrendamento no valor de R$ 135,00, no empreendimento localizado à Rua Senador Pompeu, 34 - Centro (fotos ao lado). O sorteio aconteceu no dia 04 de setembro (quarta-feira), às 18 horas, através de extração da Loteria Federal e o resultado publicado no DO de 06 de setembro.O imóvel, um casarão tombado pelo patrimônio histórico e construído em meados de 1880 (final do século XIX), foi o primeiro no País, a ser restaurado pelo Programa de Reabilitação de Sítios Históricos, da Caixa Econômica Federal. O trabalho que durou aproximadamente dois anos resgatou por inteiro as caraterísticas originais do antigo casarão. O empreendimento tem como atrativo a localização estratégica: próximo da Central do Brasil, de duas estações do Metrô (Presidente Vargas e Central), a 10 minutos da Avenida Rio Branco (centro financeiro do Rio) e também de Centros Culturais como o da Light, Banco do Brasil, Casa França Brasil, Teatros Carlos Gomes e João Caetano, além de bares, restaurantes e transporte para todas as regiões da cidade" (http:www.rio.rj.gov.br/pcrj/destaque/centro.htm).

O exemplo assinalado acima é apenas um entre milhares que poderíamos apresentar e que demonstra claramente a hegemonia construída pelos grupos dominantessobre a separação entre inserção do trabalhador e suas condições de trabalho e o acesso do mesmo à moradia digna, cidadã. Na ideologia alimentadora dos pressupostos das políticas habitacionais e das políticas de emprego separa o sentido e a prática do trabalho daprática do habitat. Trabalho e habitação são paralelos, não se cruzam. São duas totalidades excludentes. Está é uma construção ideológica que não resolve o problema, nem do trabalho, nem da habitação, em do viver na cidade, o que tem engendrado profundas desigualdades sócio-espaciais e grandes cisões (violência, narcotráfico, homicídios de jovens sem trabalho e moradores dos lugares pobres, insegurança na cidade como um todo).
 

Juntando os pedaços:trabalho e vivenda

É desafio metodológico e ontológico, o tratamento do trabalho como transformação da natureza humana, transformação, operado pelos mecanismos de produção da ideologia. Max Weber (2000), por exemplo, nos fornece instrumentos reflexivos que apontam para a relação entre sentidos eminente e transcendente da prática profissional. A eminência está presente na dimensão do sentido imediato, técnico e racional do fazer-trabalho, o que poderíamos explicitar a produção do capital, a produção do salário, da mais-valia. O sentido transcendental refere-se à busca da colonização do futuro, ou seja, a secularização - o estar no mundo e o fazer história. Ambos sentidos estão no pensamento dos gestores, dos intelectuais e dos homens comuns. A construção ideológicaé feita por quem opera o projeto. Daí a contra-ideologia, ou seja, a proposta de emancipação necessitaria reconhecer a (re)construção do projeto, tornando-o sensível aos anseios coletivos, aos valores compartilhados no estar no mundo e no fazer a história. O trabalho, portanto, enquanto fazer, refere-se ao fazer amplo e complexo em busca da emancipação humana e da ruptura com as formas fragmentadas de sentir a vida. Assim, a vivenda, entendida como o habitat, não poderia ser compreendida, simplemente, como conseqüênciadas condições da reprodução da classe trabalhadora, mas como o elo entre o espaço público e o privado; é o lócus que se configura e que reconfigura com o fazer trabalho, mesmo que este fazer se realize efetivamente fora deste lugar.Trata-se da busca analítica em que reconheça a vivenda com forma presente na cidade e por onde se realiza processos gerais de alienação, mas a possibilidade de processos novos de ruptura, de busca de sentidos, articulados ao viver e aos compartilhamentos coletivos de sobrevivência. Assim, se muitos estão no exército industrial de reserva, aparentemente sem trabalho, significa que estão presentes nas cidades, vivem a modernidade excludente, tem a referência do viver nas formas como se caracteriza o seu habitat e seu no transitar pela cidade; realizam ou buscam o trabalho, embora podemos não reconhecer isto ou aquilo como trabalho. Mas voltam para casa levando algo. É possível no interior destes contextos de exclusão e dessas conjunturas da modernização incompleta reconhecer a ruptura com o modelo capitalista de desenvolvimento? Creio que necessitamos de novas orientações paradigmáticas portadoras de visões de mundo e de metodologias que permitam responder esta questão. Orientações que possibilitem a reconstrução da teoria crítica, incorporando novos elementos, por exemplo, à compreensão dos valores sociais, sua origem, sua relação com a alienação e sua relação com a ruptura dessa mesma alienação, à identificação dos valores com relação à dimensão material do espaço, às formas e ao desejo de colonizar o futuro. Estas orientações poderão apontar os valores na dimensão na vida urbana e sua reprodução socialnos contextos metropolitanos.
 

O trabalho e a cidade

Para finalizar, buscamos reconhecer o espaço como a totalidade de todos, dos visíveis, dos mais visíveis, dos menos visíveis e dos que não podemos ver. É o lugar de todos, da racionalidade dominante e dos dominados, dos inseridos no trabalho abstrato e dos fora de qualquer formato de trabalho. Deste modo,a cidade, e sobretudo os espaços metropolitanos na empirização,é a existência específicado espaço, porque são formas-conteúdo específicas (Santos, 1996). Neste sentido, acreditamos que, enquanto categoria da existência da vida coletiva, os espaços metropolitanos são detentores da aceleração dos ritmos do tempo social, apresentam alto grau de expressão da modernização capitalista, por meio de sua arquitetura, dos fluxos de mercadorias, de dinheiro, de pessoas e de idéiase convivem e interagem com a massa de excluídos que, pela sua organização social e cultural, permite a reprodução da exclusão (Ribeiro, 1996).

Neste contexto, este espaço está organizado de forma estratificada e excludente, sendo essa estratificação intrinsecamente relacionada ao acesso dos grupos sociais aos meios de comunicação, equipamentos e saber instrumental.Essa desigual apropriação social e cultural das técnicas,altera as formas de manifestação dos vínculos sociais e estabelece novos condicionantes para a vida coletiva e para a ação social, a intervenção pública, os formatos organizativos, os mecanismos que constroem as identidades e identificações coletivas, as formas de difusão do conhecimento e o alcance da visibilidade pública por interesses e anseios coletivos, resultantedas modernizações conservadoras, as antigas e a modernização atual, que não romperam e não rompem com a estrutura concentradora de renda e de privilégios(Ribeiro, 1998), ao mesmo tempo, essa massa de excluídos reconstróiformas de sobrevivência na esfera da cultura pouco analisada naGeografia. A cultura é aqui entendida como conjunto de referências simbólicas que os homens fazem de si, de suas relações sociais e de sua relação com a base material (Canclini, 1983). A espacialidade urbano-metropolitana, concretizada por fenômenos demográficos,por atividades secundárias e terciárias epor novos modos de vida e de consumo, é lócus expressivo da modernidade, cujos conteúdos mudam no contexto da implementação do conjunto de modernizações desde sua base material até o contexto dos seus agentes engendradores, articulados aos impulsos globais da economia (Ribeiro et al., 1997). Entender a natureza do trabalho como referência ontológica e mediadora entre a vivenda e a cidade, reconhecendo os contextos de produção e reprodução da ideologia e os contextos possíveis de superação são os desafios dos nossos estudos e do nosso trabalho de pesquisa e de ensino.
 

Considerações finais

Desta forma, a relação entre trabalho, vivenda e espaço é desafio reflexivo profundo que remete à uma orientação epistemológica - filosófica do fazer ciência - que tem a responsabilidade derefazer o debate entre Geografia e a Teoria Social Crítica, tendo o método dialético como suporte, reconhecendo no espaço o trabalho e a moradae no trabalho a referência espacial do viver e do habitat, identificando a espacialização do trabalho dominado e do trabalho emancipatório, no desvendamento das diferentes formas assumidas no fazer trabalho no contexto espaciais. Neste bojo seria necessário reconhecer o trabalho em suas diferentes formas de realização, inclusive o nosso fazer. Poderia o nosso fazer-trabalho contribuir para a emancipação humana?
 

Nota

[1] Em 1955, o PIB da indústria e o dos serviços era, respectivamente,25,64% e 50,89%, mais elevado que o da agropecuária (23,47%), o que reflete o fato de que o processo de industrialização já havia sido engendrado com o grande impulso das políticas de desenvolvimento - primeiro, no governo de Getúlio Vargas (1930-1956) com a substituição de importações e a implementação das empresas estatais e, depois, com os programas de Juscelino Kubitschek (1956-1961). Entretanto, a consolidação da industrialização parece ocorrer, somente, na década de 70. A indústria contribui para a produção de riqueza em 40,49% em 1974, ano que faz parte do período do "Milagre brasileiro", orientado por políticas estatais dos governos militares (1964-1985) que dinamizam a economia urbana, num contexto amplo de políticas territoriais voltadas para a descentralização do parque industrial até então restrito à região Sudeste (período dos governos militares: 1964-1985).

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Ficha bibliográfica:
SILVA, C. A. Trabalho como mediação entre a vida urbana e a vivenda. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2003, vol. VII, núm. 146(079). <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-146(079).htm> [ISSN: 1138-9788]

 
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