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Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona.
ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98
Vol. VIII, núm. 170 (11), 1 de agosto de 2004

AS ATIVIDADES FARMACÊUTICA, TELEMENSAGEM E DE TURISMO NO ENFOQUE DO TELETRABALHO NA CIDADE DE NATAL - RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL.

Anelino Francisco da Silva.
Departamento de Geografia - CCHLA.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil.


As atividades farmacêutica, telemensagem e de turismo no enfoque do teletrabalho na cidade de Natal - Rio Grande do Norte, Brasil (Resumo)

Trabalha-se a imagem organizada por novas metáforas de uma rede tridimensional, desvinculada do tempo definido e do espaço limitado. A quantidade e qualidade das idéias e bens produzidos são cada vez menos ligadas a um lugar e a um tempo fechado e preciso de produção,  em que  novas tecnologias informáticas estabeleceram outro entendimento de distâncias flexibilizando o trabalho, possibilitando informações suscetíveis, por natureza, à máxima transferência em tempo real. Nesta perspectiva, tem-se consciência das oportunidades revolucionárias da tecnologia, que permitiu flexibilizar a forma de se trabalharem as atividades de modo geral -trabalho intelectual- diagnosticando o/um teletrabalho modificado em sua essência. Nossa proposta assenta-se no explicitar como funciona o teletrabalho na cidade de Natal, no tocante à atividade de comércio, destacando as redes de farmácias, os serviços de telemensagem e agências de turismo.

Palavras chave: Teletrabalhador, Comércio, Flexibilização, Mercado de Trabalho, Mudanças Tecnológicas.


The pharmaceutical, telemessage and of tourism activities in the approach of tele-work in the city of Natal - RioGrande do Norte, Brazil (Abstract)

It works the image organized for new metaphors of a three-dimensional net, disentailed of the definite time and the limited space. The amount and produced quality of the ideas productied goods are less each time connect to the one place and the one close time and need of the production, where new informatics technologies had established another agreement of distances flexibiliting the work, making possible susceptible informations, for nature, to the maximum transference in real time. In this perspective, is had conscience of the revolutionary chances of the technology, that allowed a flexibility the form of work in the activities in general way - intellectual work - diagnosising the/a modified telework in its essence. Our proposal is based in clear as telework in the city of Natal functions, in regards  to activity of commerce, detaching the pharmacy nets, the services of telemessage and travel agencies.

Key words: Telework, Commerce, Flexibility, Market of Work, Technological Changes


A imagem do trabalho e da empresa é fruto da nossa experiência e dos paradigmas sucessivamente elaborados pela ciência organizativa e passa pela idéia de progresso que dela fazemos. A década de 90 passou impetuosamente desfazendo a imagem do trabalho, com hora marcada de chegada à empresa e com o deslocamento enfadonho que se era obrigado a repetir diariamente. Isso através de novas metáforas e por pensar a empresa não mais como uma esfera cilíndrica concluída, mas como uma rede tridimensional, desvinculada do tempo definido e do espaço limitado.

O trabalho é uma atividade que altera o estado dos materiais disponíveis na natureza para melhorar a sua utilidade. Sendo assim, o trabalho passa a ser concebido como sendo peculiar à espécie humana. Todas as formas de vida desenvolvem atividades de forma a utilizar os recursos naturais em seu proveito, mas o ser humano atua sobre a natureza de modo a transformá-la para melhor satisfazer suas necessidades.

No fim do processo do trabalho humano, aparece um resultado que já existia na imaginação do trabalhador, ou seja, o trabalho se instaura a partir do momento em que seu agente antecipa mentalmente a finalidade da ação. O trabalho humano é uma ação intencional e o trabalho dos outros animais é instintivo. Assim, o trabalho como atividade proposital, orientado pela inteligência é, por excelência, da espécie humana. Mas, por sua vez é produto especial da forma de trabalho.

Graças aos avanços tecno-científicos, que vêm provocando uma reestruturação na economia mundial e a "lenta morte da distância", é possível ligar as máquinas a um número crescente de tarefas físicas e intelectuais. Assim, a quantidade e qualidade das idéias e bens produzidos são cada vez menos ligadas a um lugar, a um tempo fechado e preciso de produção. Isso implica numa redefinição de tempo e espaço e, conseqüentemente, numa mudança na organização e desenvolvimento do trabalho que será transformado em teletrabalho, caracterizado pela utilização da tecnologia da informação e da comunicação no desenvolvimento de atividades. E perfeitamente condizente com as flexibilizações no trabalho, assim como está em conformidade com a demanda do homem moderno.

O local de trabalho não constitui mais uma variável independente do teorema organizacional; o horário rígido sincronizado não constitui mais uma exigência do trabalho. A tendência do mundo do trabalho, neste milênio, é a de que as empresas se localizem em áreas de periferia, próximas dos núcleos que abrigam a mão-de-obra. Isso será fundamental para que sejam resolvidos os maiores problemas da civilização urbana da atualidade: o congestionamento do trânsito, a poluição e a deterioração urbana das cidades ( Pastore, 1994).

O movimento em direção à periferia deve avançar e serão as novas tecnologias básicas do tipo telefone, computador, fax e Internet que viabilizarão o trabalho à distância - o teletrabalho. Ele inverte a equação: em vez de o trabalhador se deslocar para o local de trabalho, este vai até o trabalhador, o que possibilita ao teletrabalho ser executado por pessoas que trabalham em tempo integral ou em tempo parcial, por trabalhadores qualificados e em várias condições. Em Natal - RN, esse tipo de trabalho vem crescendo, principalmente, a partir da década de 90, do século XX, nos ramos de serviços comerciais - farmácias, agências de turismo e telemensagem.

Objetivos originais

O mundo do futuro será o mundo da integração de forças, o qual será proveitoso a quem souber interagir e tirar proveito das interfaces. Esse mundo exigirá novas instituições para articular os seres humanos com o conhecimento e as tecnologias.

Nesse contexto, o estudo analisa a rede de teletrabalho, que se espacializa em Natal/RN, ressaltando a emergência desse novo tipo de trabalho e o modo de vida por ele reestruturado. Os esforços são em apreender o processo e a estrutura que possibilitam a atividade do teletrabalho no mercado local. Assim, temos por objetivos específicos: 1 - Caracterizar o processo do teletrabalho e importância econômica; 2  - Diagnosticar a dimensão socioespacial do teletrabalho e caracterizar a compreensão que a sociedade tem da atividade dos teletrabalhadores; 3 - Analisar os impactos de ordem trabalhista, econômica e social provocados por esse tipo de atividade de serviço; 4 - Analisar o processo de crescimento da rede de teletrabalhadores, dando ênfase, sobretudo, às qualidades de trabalho e de vida desses trabalhadores.

As mudanças que se processam no trabalho

Vivem-se um momento histórico de intensas transformações na vida social. Essas transformações tem sido moldadas pela inovação tecnológica, principalmente pela expansão eletrônico-informacional, que vem redimensionando os diversos ramos da atividade humana. É percebível essa alteração no ceio das organizações. No curso dos últimos tempos, o espaço-tempo do trabalho tem se alterado, como uma decorrência da revolução da técnica e da ciência. O ser humano parece reproduzir-se socialmente sem trabalhar fora de casa, sem precisar ir ao mundo do trabalho formal, ou melhor, a uma empresa. Esta por sua vez tem sofrido mudanças que revolucionou a sua estrutura organizacional: o trabalho pode acontecer em qualquer espaço geográfico, na rua, num bar, por meio de ações que fogem a nossa visão, são atividades reais e virtuais em desenvolvimento por outro tipo de trabalhador.

As mudanças que ora vivencia-se estão em consonância com as tendências do mundo moderno. A máxima da reprodução capitalista põem em tela a flexibilidade do trabalho, a reestruturação produtiva e um novo modo de financeirização capitalista que molda todas as relações sociais. O trabalho é uma das dimensões da vida humana que sofre essa moldação. Nas palavras de Pastore, isso fica evidente, pois o "emprego tem sido encolhido, intensificado por novas modalidades de trabalho: tempo parcial, subcontratação, terceirização, horário flexível, trabalho a distância, teletrabalho etc"(PASTORE, 1998, p.143). Essas são imagens tão comuns nas realidades geográficas atuais que por só expressam um mundo em transformação. Um outro estudioso da era da informação, como o Martin Carnoy (2001), salientou que a competência global e a difusão da tecnologia da informação estão reorganizando o trabalho em torno da gestão descentralizada, da individualização do trabalho e o emprego em curto prazo e tempo. A nosso ver, estar-se diante de profundas transformações que trazem preocupações sociais e espaciais aos estudiosos das humanidades, em espacial a nós geógrafos.

Frances Cairncross (2000) analisando o efeito dessas mudanças, destaca que o fim das distâncias traz implicações enormes sobre o mercado de trabalho. Esse fim sinaliza para mudanças espaço-temporal que leva ao encurtamento das distâncias entre objetos e ações artificiais, não é que não se tenham mais distâncias entre os territórios, pelo contrário elas existem, mas foram reduzidas pelas ações das novas tecnologias da informação.  A segunda metade do século XX testemunhou uma enorme migração de empregos, devido às mudanças no custo de transporte e na queda das barreiras comerciais. Atualmente, os setores produtores de bens e serviços que passam a serem vendidos on-line, não precisam mais estar perto de seus mercados consumidores. Na verdade, eles podem se estabelecer em qualquer lugar onde encontrarem as habilidades adequadas ao preço certo. O resultado será a distribuição de oportunidades de trabalho entre países, e novos temores de perda de emprego.

Ainda é F. Cairncross (2000, p. 255) a ressaltar que, "dentro de cada país, as comunicações afetam o relacionamento entre as diversas regiões. As empresas tendem a se concentrar nos centros urbanos, ao passo que a população se espalha pelo país todo". Ao mesmo tempo, as regiões distantes dos centros tradicionais ganham novas oportunidades para competir. As centrais de chamadas, um dos novos negócios independentes no mundo das comunicações de baixo custo, podem se estabelecer praticamente em qualquer lugar. Elas permitem que bancos, empresas de vendas por correspondências, empresas aéreas, de turismo e hotéis instalem centrais capazes de receber eletronicamente diversas chamadas em um único número de telefone, que são transferidas para uma pessoa que reúne informações enquanto o cliente aguarda a conexão.

Algumas empresas são especializadas em gerenciar essas centrais de chamadas para outras empresas, gerando oportunidades de empregos; outras de menor porte empresarial gerenciam as centrais de chamadas, oportunizando as potencialidades de serviços específicos, como por exemplo: as farmácias, as agências de turismo e as micro-empresas de telemensagens em Natal - Rio Grande do Norte.

Empregos e habilidades

Se as pessoas forem versáteis e se regulamentações governamentais não inibirem os empresários, surgirão novos empregos, freqüentemente em setores que não existiam há uma década ou duas. Entretanto, à medida que os padrões de emprego se alteram, os padrões de salários também serão modificados.

Porém esses empregos requerem habilidades como boa comunicação, cortesia, criatividade, exatidão e desembaraço, habilidades essas que as escolas e universidades precisam ajudar seus alunos a desenvolver. Essas habilidades, que não são específicas a um sexo, idade ou raça, resultarão em ambientes de trabalho mais competitivos. As oportunidades serão maiores, mas uma maior quantidade de pessoas estará apta a competir por elas em igualdade de condições.

O fim das distâncias afetará os rendimentos de forma que, a princípio, parecerão paradoxais. Em países diversos, os rendimentos serão mais uniformes e, dentro de cada país, os rendimentos serão mais desiguais. Em toda parte a valorização da criatividade, habilidade e da inteligência crescerá.

O maior impacto do fim das distâncias será o de tornar mais convenientes a comunicação e o acesso a informações em todas as suas formas. O resultado certamente será bom para todas as sociedades, embora a natureza do efeito dependa do motivo que levará as pessoas a se comunicarem, do tipo de conhecimentos que elas vão escolher e de como elas usarão esses conhecimentos.

Novos tipos de comunidades serão desenvolvidos, ligados eletronicamente através da distância, partilhando trabalho, interesses domésticos e experiências culturais. Portanto, as sociedades estão diferentes.

No século XX, principalmente, na primeira metade, o tamanho da fábrica e, depois, do escritório, tendeu a aumentar. Já em fins do século XX e início do século XXI, a natureza da vida profissional está a mudar novamente. Uma alteração básica do local de trabalho afetará três categorias de atividades: de teletrabalho rotineiro, as baseadas em veículos de transporte e as que envolvem contatos pessoais de alto nível.

As atividades de teletrabalho, inicialmente, se concentrarão em grandes instalações. Os bancos não mais precisarão de tantas filiais. Essas atividades estão sendo executadas por uma simples central de chamadas. A atividade torna-se centralizada, mas o local de trabalho torna-se descentralizado.

Alguns telefuncionários trabalharão em casa. Muitas experiências mostram que há uma série de vantagens em se trabalhar em casa. Uma experiência na Northern Telecom, em 1994, resultou em 30% de aumento de produtividade no período em que 500 funcionários trabalharam em casa pelo menos três dias por semana" (CAIRNCROSS, 2000, p. 277). Outro benefício é o aumento de flexibilidade no horário de trabalho.

Mudanças tecnológicas

 No mundo, é preciso buscar novas formas de trabalho, meios alternativos, compatíveis com as mudanças que as novas tecnologias e a globalização da economia impõem. Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), o teletrabalho é praticado por 08 milhões de pessoas nos Estados Unidos da América, é o moderno método adotado em 23% das atividades de vendas e marketing na Europa. É o mundo mudando o mundo. Por isso, urge humanizar as nossas cidades, sobretudo nessa fase de cultura de "shopping-center" e de outros produtos consumíveis - descartáveis. Esta realidade contemporânea, pelo qual embarca-se meio trôpegos, meio alienados, é dada pelas profundas alterações que têm provocado modificações de grande sensibilidade nas relações de trabalho.

Tais mudanças, incluindo às de natureza geográfica e ideológica, criam grandes conflitos no sentido de que, desregulamentando a ordem trabalhista, completamente, desprotegem os trabalhadores. Preservar certos direitos do trabalhador é necessário, visto que "todas as grandes conquistas que a história do direito registra (...) foram alcançadas às custas das lutas ardentes, na maior parte das vezes, continuadas através dos séculos" (IHERING, 1972, p. 30). É assim que os direitos trabalhistas não fugiram à regra e foram conquistados lentamente, mediante a superação de uma série de dificuldades.

O princípio da estabilidade no emprego foi a base do conceito de proteção ao trabalhador e ajustes, como o contrato a prazo e o de experiência, só são admitidos como exceção.

Ainda assinala-se a importância da Convenção nº 158 da Organização Internacional do Trabalho, aprovada na 68ª Conferência Internacional de Trabalho (de 2.6.1982), complementada pela Recomendação nº 166/82, cuidando de dispensa arbitrária. Vigente no plano internacional (em 1985), foi ratificada pelo Brasil em janeiro de 1995 e entrou em vigor em doze meses após a ratificação, através do art. 16, parágrafo 3, donde somente a partir de janeiro de 1996 foi possível ser utilizada, apenas como recomendação.

A Convenção consagra o princípio da justificação para a dispensa (art. 4) e o empregado despedido pode recorrer ao Judiciário ou à arbitragem individual (art. 8), cabendo ao empregador o ônus da prova da falta grave (art. 9, 2, a), ao que o trabalhador poderá ser readmitido ou indenizado (art. 10). Por conseguinte, o empregado despedido sem motivo justificado tem direito à indenização de antigüidade e ao seguro-desemprego (art. 12), reiterado pela Recomendação 166/96 (art. 18, I, b) e que existe no direito brasileiro (Lei nº 7.998/90, inclusive sendo mandamento constitucional, art. 7, nº 11, da Constituição). A Recomendação prevê, também, que o trabalhador deve gozar de tempo livre, durante o período do aviso prévio para buscar outro emprego (art. 16), também garantido através da CLT brasileira, no art. 488.

Desse modo, a ratificação é altamente salutar para coibir ou minimizar dispensa arbitrária, tentando reduzir o nível de desemprego que humilha o trabalhador e a família. O subemprego está a revelar números espantosos. Dados da Organização Internacional do Trabalho dão conta de que 41,6% da população ativa da América Latina ganham menos que um salário mínimo.

A realidade de final de milênio volta-se para o mercado informal. Se a economia informal acelera-se em todas as cidades, gerando uma completa desproteção para o trabalhador, o que será que deve ser feito para o enfrentamento coerente dessa realidade, ante a impossibilidade de se sustentar a inalterabilidade das regras anteriores? O espaço ocupado pelos trabalhadores informais é crescente e sua desproteção é absoluta.

É preciso o estabelecimento de uma sociedade no qual o cidadão não precise ir à economia informal para sobreviver. Devem "ser implantados mecanismos para garantir um standard minimum, que inclua, necessariamente, o direito a uma vida digna" (Franco Filho, 1998, p. 111). É a dignidade do trabalhador que faz prevalecer os seus direitos. Esses mecanismos incluem "a necessidade de que se reconheça ao homem trabalhador o direito a uma retribuição condigna e suficiente, que lhe permita prover a subsistência própria e a dos seus". (Costa, 1995, p. 593).

Carrion (1995) e Franco Filho (1998, p. 112) tratam de afirmar que desregulamentar significa deixar que o sistema econômico estabeleça as condições de contratação "laboral". A sua adoção pura e simples traria danos aos trabalhadores. Porém, o excesso de regulamentação é outro embaraço. É preciso que enfrentemos a realidade e não devamos contemplar o corporativismo que caracteriza o passado das relações de trabalho no Brasil.

Se mudanças devem ser feitas, a partir de movimentos internos ou através de providências na ordem internacional, de qualquer sorte, deve ser conservado o direito de resistência, direito secundário que intervém quando violados os direitos primários - liberdade, propriedade, segurança (Bobbio, 1992). Mas é necessário ver o processo de flexibilidade. Daí o alcance da flexibilização nas relações trabalhistas dar-se porque "vincula-se à necessidade de conceder às regras obreiras maior plasticidade, maleabilidade, destituindo-as da rigidez tradicional" (Nassar, 1991, p. 15).

A flexibilização é um fenômeno novo do capital que vem moldando o trabalho em todos países e nações. Passam a ter, no curso dos últimos tempos, alterações na legislação trabalhista. As reformas nos direitos trabalhistas objetivavam melhorar o mercado de trabalho, desregulamentando-o, para que contribuísse com a redução da taxa de desemprego elevada que é uma realidade nesta contemporaneidade. Isso ainda não é uma realidade em nosso espaço vivencial, pois essa desregulamentação não tem proporcionado uma ampla geração de empregos para populações atuais. O desemprego tem se agudizado e deteriorado numa informalidade nunca antes vista.

No Brasil, a flexibilização apresenta grande dificuldade de implementação devido, termos uma realidade geográfica diversa. São muitos os Brasis no território brasileiro. Têm-se grandes áreas territoriais de grande dinamismo econômico, enquanto outras vivem a margem da economia nacional. Um dos Brasis dinâmico está na região concentrada do país, mais precisamente, nas áreas do sudeste e sul e em algumas ilhas de modernidade fora dessas duas regiões. Enquanto em outras, como o Norte e Nordeste brasileiro e o restante das áreas pobres do país o que se tem visto é uma ampla seletividade e exclusão socioespacial. Esse cenário tem dificultado uma implantação verdadeira da flexibilidade do trabalho, até porque nas áreas mais pobres a luta tem se dado pela sobrevivência, pela reprodução da vida social, material e espiritualmente condigna da sociedade.

Em virtude disso tem sido difícil uma maior implementação de mecanismos flexíveis no sistema trabalhista brasileiro, dado a grande desigualdade socioespacial que ora se conforma no país. Esses mecanismos existem na realidade geográfica em pauta, isso é inegável. Mas, ainda são incipientes as formas de flexibilidade no mercado trabalhista brasileiro.  Na atualidade há uma convivência de várias relações de trabalho. Dada a diversidade brasileira, tem-se a presença desses mecanismos mais modernos, mas também, mantêm-se relações pretéritas. Isso é pontuado por Franco Filho (1998), quando nos fala que,
há sistemas muito peculiares de relações de trabalho, distintos de região para região. O truck system, embora condenado, ainda é encontrado. Na Amazônia brasileira, (...) existe o aviamento, similar ao que é encontrado na Colômbia (endende) e no Peru (enganche), espécie de trabalho forçado característico da região. Além das atividades desenvolvidas em áreas de garimpo e aquelas prestadas aos índios, que têm enfrentado diversas ações na Justiça do Trabalho (Franco Filho, 1998, p. 116).

O Direito do Trabalho deve se adaptar ao mundo moderno, sem esquecer que o ser humano encontra-se carente de proteção efetiva mínima para uma sobrevivência digna. O Brasil precisa corrigir distorções e adequar-se à realidade dos dias correntes, inclusive quanto à adoção de mecanismos mais modernos para solucionar conflitos coletivos. É preciso transformar para progredir. Esse é o destino irreversível das relações de trabalho no Brasil.

Desemprego e o trabalho extraordinario

A legislação brasileira facilita a prática das horas extras, dificulta a obtenção e a conservação do emprego, agravando o desemprego. O trabalho extravagante tem representado, realmente, mecanismos impeditivos do surgimento de novos postos de trabalho. Do ônus com novas admissões, tem sido preferível à ampliação da jornada de trabalho à contratação de outros empregados.

E o desgaste físico do trabalhador irá reduzir seu tempo de atividade útil, fragilizando-o. Como corolário, a qualidade dos produtos e dos serviços será reduzida na proporção inversa à fadiga e ao cansaço do trabalhador.

A diminuição da jornada de trabalho como instrumento redutor dos níveis de desemprego tem sido o argumento utilizado pelas organizações de trabalhadores. Não apenas como forma de minorar o desemprego que aflige o mundo, mas por razões outras, como de diminuir o desgaste do organismo, de combater o stress e de reduzir o número de acidentes de trabalho.

O que ocorre é que, no Brasil, a partir da Constituição de 1988, a jornada semanal foi reduzida de 48 para 44 horas, mantida a jornada diária em oito horas (art. 7, n. XIII). Há um levantamento sobre a posição legislativa de vários países, acerca de jornada de trabalho, apontando, inclusive, que há casos em que o trabalho não se exaure na atividade mesma, como o caso dos professores, que se dedicam, também, a horas de preparação de aulas, invariavelmente impagas.

Entendem os empresários ser melhor para as empresas pagarem horas extras que admitir outro empregado, porque o ônus seria maior. De fato, os encargos com a contratação de um empregado são muito grandes. Nesse particular, nota-se que o aumento do percentual da sobrejornada, que antes era de 25% (art. 61, § 2º, da CLT), alterou-se para 50% com a Constituição de 1988, mas não ensejou redução de número de horas trabalhadas, nem aumentou o número de postos de trabalho. Pode-se inferir pelo menos três pontos: a) há um aumento nominal da remuneração do empregado; b) não ocorre reposição de seu desgaste físico, o que importa na redução de sua vida útil; c) não há aumento do número de vagas no mercado de trabalho. Portanto, essa prática deve ser coibida.

Para Robortella (1995, p. 61), "a tendência moderna é no sentido de redução de jornada, que implica, necessariamente, a proibição ou severa restrição ao trabalho extraordinário". Nesse sentido, a redução das horas de trabalho tem sido implantada mais em épocas de bonança econômica do que em épocas de recessão, conquanto seja certo que a redução tem sido tentada no Brasil em momento de crise para conseguir mais postos de trabalhos. Verifica-se uma tendência mundial no sentido da anualização da jornada de trabalho, a atender às reais necessidades da comunidade em geral.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma nova forma de vida laboral para o trabalhador é o horário de trabalho flexível, que vem sendo adotado nos países industrializados. Existem vários tipos de trabalho flexível: trabalho a tempo parcial; trabalho compartido; horário escalonado; redução da semana de trabalho; horário ajustado e trabalho em turnos. Esses tipos de trabalhos apresentam vantagens tanto para os empregadores como para os trabalhadores. Para os primeiros, há melhor aproveitamento do capital, mais flexibilidade da produção, aumento de produtividade e melhor atendimento aos consumidores. Para os trabalhadores, menos horas de trabalho, jornada mais aproveitada e maior satisfação do trabalho. Essas formas de redução da jornada criam novos postos de serviço.

A divisão do trabalho

Todas as sociedades conhecidas dividiram seu trabalho em especialidades produtivas. Entretanto, nenhuma sociedade antes do capitalismo subdividiu sistematicamente o trabalho de cada uma dessas especialidades em operações limitadas. A divisão do trabalho na indústria capitalista é totalmente diferente do fenômeno da distribuição de tarefas, ofícios ou especialidades da produção nas sociedades primitivas.

Herskovits (1960), apud Braverman (1977), descreve a divisão do trabalho nas sociedades primitivas da seguinte forma:

"Só raramente existe divisão de trabalho dentro de uma atividade - ou, como poderia ser designada, subdivisão do trabalho -entre povos sem escrita. Essa especialização intra-industrial seria encontrada apenas na produção de bens de capital maiores, casas, embarcações e represas de pesca. Mesmo neste caso, é regra em tais culturas que uma organização deste tipo seja temporária; ademais, cada trabalhador ao dedicar-se a uma parte de certa tarefa específica é na maioria das vezes capaz de executar outras fases do trabalho além daquela na qual está no momento empenhado... Assim, em grupos onde a divisão primitiva do trabalho se dá de acordo com o sexo, todo homem ou mulher não apenas saberá fazer todas aquelas coisas que homens e mulheres usualmente fazem entre si como também devem ser capazes de fazê-las eficientemente. À medida que mudamos para sociedades de complexidade econômica um pouco maior, descobrimos que certos homens podem gastar parte maior do seu tempo do que outros a fazer escultura em madeira ou trabalho em ferro, ou certas mulheres fazendo potes ou tecendo pano; mas, todos os membros do grupo terão alguma competência nas técnicas controladas por aqueles de determinado sexo. Ainda em outras sociedades primitivas, certos homens e mulheres se especializam não apenas numa técnica, mas em certos tipos de produto, como, por exemplo, naquelas em que uma mulher dedicará seu tempo à produção de potes para uso diário e outra faz potes exclusivamente para ritos religiosos. Deve-se ressaltar novamente que exceto em circunstâncias muito fora do comum, não encontramos o tipo de organização em que uma mulher caracteristicamente se especialize em juntar argila, outra em modelá-la e uma terceira a cozer os potes; ou em que um homem se dedique a arranjar madeira, um segundo a conformar rusticamente o bloco nas proporções de uma figura ou tamborete e um terceiro a dar-lhe acabamento" (Herskovits, 1960, p. 70-71).

A divisão do trabalho em que homens ou mulheres possam usualmente estar relacionados com a confecção de certos produtos, não dividindo as diferentes operações do processo de produção de cada produto, é o que pode ser chamado de Divisão Social do Trabalho. Essa divisão é aparentemente inerente ao trabalho humano tão logo ele se converte em trabalho social, ou seja, trabalho executado na sociedade e através dela.

Ao contrário dessa divisão, tem-se a divisão do trabalho em pormenor, que é a divisão manufatureira do trabalho. Esta é o parcelamento dos processos implicados na confecção do produto em numerosas operações executadas por diferentes trabalhadores.

A divisão do trabalho na sociedade é característica de todas as sociedades desse modo. A divisão do trabalho na oficina é produto peculiar da sociedade capitalista. A divisão social do trabalho divide a sociedade em ocupações, cada quais apropriadas a certo ramo de produção; a divisão pormenorizada destrói ocupações consideradas neste sentido e torna o trabalhador inapto a acompanhar qualquer processo completo de produção. No capitalismo, a divisão social do trabalho é forçada caótica e anarquicamente pelo mercado, enquanto a divisão do trabalho na oficina é imposta pelo planejamento e controle.

Ainda no capitalismo, os produtos da divisão social do trabalho são trocados como mercadorias, enquanto os resultados da operação do trabalhador parcelado não são trocados dentro da fábrica como no mercado, mas são todos possuídos pelo mesmo capital. Enquanto a divisão social do trabalho subdivide a sociedade, a divisão parcelada do trabalho subdivide o homem, e enquanto a subdivisão da sociedade pode fortalecer o indivíduo e a espécie, a subdivisão do indivíduo, quando efetuada com menosprezo das capacidades e necessidades humanas, é um crime contra a pessoa e contra a humanidade (Braverman, 1977).

O trabalhador e a revolução técnico-cientifica

A técnica envolvida no processo de produção é, primeiramente, a da especialidade, do ofício, e depois assume um caráter cada vez mais científico à medida que o conhecimento das leis naturais aumenta e destitui o conhecimento fragmentário e as tradições fixas do ofício. A transformação do trabalho de uma base de especialidade para uma base de ciência pode-se, pois, considerar como incorporando um conteúdo fornecido por uma revolução científica e técnica, dentro de uma forma dada pela rigorosa divisão e subdivisão de trabalho patrocinada pela gerência capitalista.

Com o advento da indústria moderna, Marx escreveu que as "formas diversas, aparentemente desconexas e petrificadas dos processos industriais agora se dissolveram em tantas outras aplicações conscientes e sistemáticas da ciência natural para a consecução de efeitos proveitosos" (Braverman, 1977 p. 137). As duas últimas décadas do século XIX constituem um divisor de águas assinalando tão grande mudança no papel da ciência na produção que o contraste - apesar das semelhanças que ligam ambos os períodos do capitalismo - dificilmente pode ser exagerado.

A ciência também se converte num auxiliar do capital e nada custa ao capitalista. Isso porque ele apenas explora o conhecimento acumulado das ciências físicas. Posteriormente, esse mesmo capitalista organiza sistematicamente e ornamenta a ciência, custeando a educação científica, a pesquisa, os laboratórios etc. com o imenso excedente do produto social que ou pertence diretamente a ele ou que o capitalista dispõe como um domínio total na forma de rendas de tributos.

O contraste entre ciência como uma propriedade social generalizada ocasional na produção e ciência como propriedade capitalista no pleno centro da produção é o contraste entre a Revolução Industrial, durante a metade do século XVIII e o primeiro terço do século XIX. O papel da ciência na Revolução Industrial foi indiscutivelmente grande. A época do avanço científico durante os séculos XVI e XVII ofereceu algumas das condições para a Revolução Industrial, mas a conexão era indireta, geral e difusa - não apenas porque a ciência não estava ainda estruturada diretamente pelo capitalismo nem dominada pelas instituições capitalistas, mas também devido ao importante fato histórico de que a técnica desenvolveu-se antes e como um requisito prévio para a ciência.

A respeito do artesanato das fábricas que precederam a Revolução Industrial Marx escreveu: "na manufatura, a revolução no modo de produção começa com a força de trabalho; na indústria moderna ela começa com os instrumentos de trabalho". Isso quer dizer que no primeiro estágio do capitalismo o trabalho tradicional do artesão é subdividido em suas tarefas constituintes e executada em série por uma cadeia de trabalhadores parcelados, de modo que o processo muda pouco; o que mudou foi a organização do trabalho (Braverman, 1977, p. 148). Entretanto, na maquinofatura, o instrumento de trabalho é retirado das mãos do trabalhador e transferido para um mecanismo acionado por energia da natureza captada para este fim que, transmitida à ferramenta, atua sobre o material para produzir o resultado desejado; assim, a mudança no modo de produção neste caso advém de uma mudança nos instrumentos de trabalho.

Na indústria coexistem todas as formas de trabalho: o ofício, o trabalho manual ou mecanizado, a máquina automática ou o processo continuado. Mas muito mais importante que esta relativa restrição na operação do princípio é a resultante alternância contínua de emprego. O próprio êxito da gerência em aumentar a produtividade em algumas indústrias leva ao deslocamento do trabalho em outros setores, onde ele se acumula em grandes quantidades devido a que os processos empregados ainda não foram objeto - e em alguns casos podem ser objeto no mesmo grau - da tendência de mecanização da indústria moderna. O resultado, portanto não é a eliminação do trabalho, mas seu deslocamento para outras ocupações e atividades.

A redução do trabalhador ao nível de instrumento no processo produtivo não está, de modo algum, exclusivamente associada com a maquinaria. Deve-se também observar, ou na ausência de maquinaria ou em conjunção com máquinas operadas individualmente, a tentativa de tratar os próprios trabalhadores como máquinas.

Com a sistematização, o trabalho passa a ser visto qualitativo e quantitativo, de modo que até o esforço humano passa a ser calculado como o rendimento esperado de uma máquina. Entretanto, a gerência poupa ao trabalhador o conhecimento de que o movimento, o tempo, o custo do trabalho para ele ou sua função foram pré-calculados, com margens "humanas" para repouso, necessidades fisiológicas e cafezinho, antes que alguém seja contratado e até mesmo antes que, por exemplo, o edifício seja construído. O ser humano é considerado nesse caso como um mecanismo articulado por dobradiças, juntas e mancais de esfera etc. Daí, como elemento no sistema de controle o homem pode ser considerado uma cadeia, porque consiste de (1) dispositivos sensoriais; (2) um sistema de computação que reage com base na experiência anterior; (3) um sistema amplificador - os terminais nervomotores e músculos e (4) instalações mecânicas pelas quais o trabalho muscular produz efeitos observáveis externamente. . (Braverman, 1977).

Nisso se percebe não apenas os termos de uma analogia com a máquina, empregados para fins experimentais, não apenas uma metáfora didática ou dispositivo de ensino, mas, no contexto do modo capitalista de produção, uma teoria atuante pela qual pessoas de uma classe são postas em movimento por pessoas de outra classe. É a fórmula redutiva que exprime como o capital emprega o trabalho e o que ele faz da humanidade. Essa tentativa de conceber o trabalhador como uma máquina para todos os fins, operada pela gerência, é um dos muitos modos assumidos para o mesmo alvo: o deslocamento do trabalho como o elemento subjetivo do processo do trabalho e sua transformação num objeto.

Novas formas de emprego

As grandes transformações do mundo (exigências do consumidor, melhor produtividade, inovação tecnológica) coincidem com a expansão do desemprego e do desenvolvimento. No entanto o direito de trabalhar e a proteção contra o desemprego são garantias contempladas na Declaração Universal dos Direitos Humanos (Nações Unidas, 1948, art. XXIII, 1), e todos os aspectos têm sido objeto de crescente preocupação nos dias correntes.

No Brasil, são evidentes as causas conjunturais e estruturais do desemprego. Conjunturalmente podem ser identificados os elevados encargos sociais, as diferenças cambiais, as altas taxas de juros e a falta de investimentos efetivos no campo, de modo a empregar o trabalhador rural. Do ponto de vista estrutural as causas são: globalização da economia, com todos os efeitos sobre a competitividade dos mercados, inclusive a dos produtos importados entrados regularmente ou não no mercado interno de consumo; falência do Estado, que não conseguiu reduzir sua imensa máquina; rigidez da legislação trabalhista e obsolescência do Direito, com excesso de normas pouco eficazes e recente utilização de novas técnicas, incluindo a automação e a informatização.

Os novos métodos de produção usam pouca mão-de-obra, mas não são a única causa determinante dos crescentes níveis de desemprego, que também é causado pelo pouco capital de investimento e pela falta de trabalhadores qualificados. De mais a mais, a automação ganha corpo e os únicos trabalhadores que continuaram sendo recrutados em grandes quantidades são os robôs, na certa "... grandes competidores dos seres humanos no mercado de trabalho" (PASTORE, 1994, p. 403), como resultado do impacto da revolução da eletrônica, principalmente da cibernética, com todos os agravantes da robotização. E é justamente o desemprego estrutural que mais tem atingido a massa trabalhadora, principalmente o trabalhador menos qualificado.

Assim, os avanços da ciência e da tecnologia ocasionam o desemprego, fruto, em boa parte, do despreparo, do baixo nível da educação, sobretudo nos países em vias de desenvolvimento. Nesse particular, o desemprego tem gerado questionamentos acerca de suas causas e propostas no sentido de buscar solução para suas conseqüências danosas.

Tecnicamente existem quatro tipos de desemprego. O sazonal, que é aquele presente ao final de determinadas temporadas. O ficcional, envolvendo mão-de-obra não-qualificada, que, por corolário, deixa de ocupar postos de trabalho. O conjuntural, fruto de crises econômicas internas e externas e o estrutural, que decorre do advento de novas tecnologias.

No chamado desemprego estrutural podemos situar, em um primeiro momento, o teletrabalho, que surgiu no início dos anos 80, corolário das novas tecnologias que geram desemprego, porque criam novas formas de emprego, para as quais, com muita freqüência, inexistem pessoas habilitadas.

O teletrabalho, na definição Di Martino e Wirth (1990, p. 471), é "el trabajo efectuado en un lugar donde, apartado de las oficinas centrales o de talleres de producción, el trabajador no mantiene contacto personal com sus colegas, pero está en condiciones de comunicar com ellos por medio de las nuevas tecnologías". Incluídas aqui, estão as telecomunicações e a teleinformática, atividades que podem ser transferidas para casa, as práticas usando o computador e o telefone etc., ou com a ajuda de tecnologia ainda mais ágil, como o correio eletrônico.

Esse tipo de trabalho é fruto do impacto da revolução da eletrônica, principalmente, da cibernética; é muito maior do que a própria substituição do homem pela máquina, do tempo da revolução industrial. E segundo OIT - Organização Internacional do Trabalho, "cada vez és más evidente que las innovaciones técnicas demandan adaptaciones rápidas y incesantes y, por ende, una fuerza de trabajo motivada y competente" (OIT, 1994, p. 49).

Porém não se deve confundir o teletrabalho, nem os teletrabalhadores com as atividades desenvolvidas nos setores da informática e no tratamento da informatização. Os empregados deste setor são: no primeiro, analistas e programadores; no segundo (informatização), digitadores e operadores. No teletrabalho, existem empregados comuns, apenas com as tarefas sendo executadas fora do ambiente regular da fábrica, utilizando os modernos recursos da informática.

Para Gbezo (1995, p. 5) o teletrabalho constitui-se em um setor de atividade, onde "las empresas de teletrabajo suministran y comercializan productos o servicios a através de las redes de telecomunicaciones".

Decerto que tais empresas virtuais, cujas atividades podem ser realizadas à distância, vão tomando conta do mercado. A incidência de teletrabalho tem sido verificada em companhias aéreas e de seguro, em bancos, em empresas de informática, em indústria, na aeronáutica, na imprensa, na venda por correspondência, na tradução de documentos, etc.

A abrangência desse novo tipo de trabalho é grande. Tanto assim que é possível falar no Brasil nos telecursos em nível fundamental e médio transmitidos via televisão em que os usuários para acompanhar as aulas diariamente, basta estar atentos aos horários de programação televisiva. E como foco de análise tem-se a cidade de Natal, Estado do Rio Grande do Norte - Brasil, o teletrabalho vem se projetando através de micro-empresa e de mini-empresa doméstica, prestadora de serviços.

O caso das mensagens fonadas tem tido uma expansão extraordinária na capital potiguar. E a possibilidade de sucesso pode ser medida pelos anúncios de divulgação registrados nos meios de comunicação local, como os jornais Tribuna do Norte e o Poti e, mais fortemente, por meio de cartões-impressos distribuídos pelos trabalhadores do teletrabalho. Nesse momento, o teletrabalho tem como aliados as escolas de informáticas e centros tecnológicos que funcionam em Natal.

Essa nova forma de trabalho, objeto de observação, é denominada de "mensagem - fonada" e compreende mensagens a aniversariantes, recados de cumprimentos agendados e outras; é um empreendimento em que o investimento é aparentemente zero. Porque o investidor não contabiliza os gastos com o telefone fixo residencial, o aparelho de computador e com a assinatura do provedor. Sem essa infra-estrutura ou plataforma tecnológica de base, o empreendimento inexiste, porém os novos empresários que demandam essencialmente por essa tecnologia deixam de contabilizar os impulsos telefônicos, o uso do provedor e o emprego da força de trabalho, que no final são gastos que precisam ser contabilizados e assim indicar se de fato vale apena estar no negócio.

Percebe-se que os novos empresários trabalhadores do teletrabalho são aposentados provenientes de atividades do ramo e estudantes que buscam uma atividade lucrativa, quase sempre possuem formação técnica ligada à informática.

Essa nova forma de trabalho apresenta alguns complicadores ou riscos e dentre os riscos mais destacados, está o isolamento do trabalhador, que perde contato direto com seus colegas e com seus superiores. E quanto à saúde, são graves os danos que podem ser causados ao trabalhador. Problemas ergonômicos são verificados, porque o trabalhador fica longo tempo à frente da tela do computador. A agilidade nos processos de digitação provoca doenças profissionais, irreversíveis, as chamadas lesões por esforço repetitivo, com grande incidência de tenossinovite (tendinite, paratendinite, epicondilite, síndrome do túnel do corpo e lesões musculares) que no Brasil possui norma regulamentadora - Portaria GM-MPAS nº 4.062/87. De acordo com essa portaria, a tenossinovite passou a ser considerada doença ocupacional, mas apenas digitadores, datilógrafos, pianistas e outros profissionais que exercitam movimentos repetitivos do pulso estão protegidos.

Outro ponto negativo do teletrabalho dá-se com a quebra de privacidade, face às características mesmas dos sistemas internacionais de computação. É importante considerar o risco de atentar contra as liberdades individuais e o direito de privacidade, garantido a todas as pessoas.

Tais aspectos contrários devem ser superados mediante mecanismos legais, sobretudo quando se passam a considerar as vantagens do novo e moderno modelo de trabalho. Franco Filho (1998, p. 137-8), ao analisar o teletrabalho, destaca certas vantagens deste setor e elenca: 1) trata-se de meio de luta contra o desemprego, à medida que novos postos de trabalho podem ser abertos, (...); 2) oferece formas inovadoras de atividade, com novos campos surgindo; 3) permite mais rapidez na circulação de atividades e de informações empresariais; 4) enseja a redução, e em alguns casos, a eliminação do tempo de deslocamento dos trabalhadores de suas residências aos respectivos locais de trabalho, e, em conseqüência, reduz o consumo de combustível e dos níveis de contaminação do meio-ambiente, mediante a diminuição do volume de veículos circulando (...); 5) possibilita a ampliação dos níveis de relacionamento do trabalhador com sua família.

Essas vantagens têm incrementado o teletrabalho, embora sejam notórios os riscos e dificuldades encontradas.

A Constituição da República Federativa do Brasil (1988) prevê, no art. 7, nº XXVIII, a proteção do trabalhador em face da automação. O preceito ainda não foi objeto da indispensável regulamentação legislativa, no entanto, quando vier a ser, certamente abrirá espaço para as questões relativas ao teletrabalho; é dentro da automação, sem dúvida, que esse novo mecanismo se inclui.

Vê-se que, no Brasil, a década de 90, vivenciou transformações profundas nas relações sociais, sendo urgente que se adotem efetivos mecanismos para que, sem prejudicar o trabalhador e sua família, possam ser garantidos o progresso e o desenvolvimento que os avanços científicos estão proporcionando.

No caso do teletrabalho, a difusão está se revelando particularmente laboriosa e lenta, mas que se adequa às perspectivas, graças às novas tecnologias e às novas necessidades de uso. Na cidade de Natal, essa nova forma de trabalho não se apresenta da forma conceitual que se entende por teletrabalho. No estudo empreendido, a atividade teletrabalho sofreu modificação, o que fez entender que houve uma descaracterização do teletrabalho clássico.

O teletrabalho na cidade de Natal

A atividade do teletrabalho em Natal é uma variação do teletrabalho surgido nos anos 80. Essa descaracterização, de certa maneira, possibilitou o surgimento de uma nova forma de trabalhador diferente do que se tem conhecimento.

Essa descaracterização apresenta-se da seguinte maneira: em Natal o teletrabalho está mais ligado ao setor de tele-vendas, para o qual o cliente liga para obter serviços ou produtos em sua residência. Essas empresas, algumas domésticas, contratam funcionários (teletrabalhadores) para atenderem por telefone a demanda dos clientes e outros funcionários para fazerem a entrega ou prestar algum tipo de serviço.

Dentro dessa perspectiva serão analisados os teletrabalhadores de empresas do tipo: farmácias, agências de turismo e as empresas de telemensagens.

As grandes redes de farmácias e algumas de porte médio disponibilizam para os seus clientes serviços e entrega em domicílio, monitorados pelas centrais de atendimento da própria empresa comercial.

As agências de turismo trabalham com venda e reserva de passagens ou pacotes turísticos por telefone e empregam uma grande parte dos teletrabalhadores natalenses.

As empresas de telemensagens são, na sua maioria, empresas domésticas que prestam serviços de mensagens enviadas por telefone com temas os mais variados possíveis, dentre os quais podem ser citados: datas comemorativas, aniversários, agradecimentos, mensagens de amor, pedido de desculpas, entre outros. Esse tipo de empresa vem crescendo muito em Natal, haja vista a divulgação feita em jornais impressos, panfletos e cartões de apresentação que são distribuídos pela cidade.

Através de pesquisa feita na lista telefônica "Encontre & Compre" da listel (2003)"diagnosticou-se que das 239 farmácias catalogadas, aproximadamente 70% disponibilizam o serviço de entrega em domicílio. Pode-se ressaltar ainda que na maioria das vezes esse serviço é oferecido gratuitamente. Quanto às agências de turismo, 100% delas executam o serviço de venda e entrega em domicílio. Também foram identificadas 45 empresas que oferecem serviços de telemensagens a usuários.

Com esses números, constata-se que o teletrabalho como atividade em Natal está em processo de desenvolvimento. A principal barreira para a efetivação do teletrabalho é a mudança no modo tradicional de se trabalhar. Quanto mais rápida for a mudança na mentalidade cultural e profissional das pessoas, mais rápida será a expansão dessa forma de trabalho.

"As novas gerações que começam a entrar no mercado de trabalho são as gerações do computador. A sua atitude em relação à tecnologia é mais natural do que a ocorrida com a geração passada. Sendo assim, os jovens têm uma melhor aceitabilidade ao teletrabalho" (PASTORE, 1998), o qual é uma atividade que desde a sua gênese envolve tecnologias disponíveis no mercado e que sejam satisfatórias para cada tipo de atividade que o teletrabalhador venha a desempenhar.
 

Redes de farmácias em Natal

Há diferentes estratégias para observar e acompanhar os processos de subjetivação e novos agenciamentos de uma dada tecnologia. No caso das redes de farmácias, o foco recai sobre os agenciamentos às subjetividades dos usuários conectados na interação à distância, enquanto sujeitos de um processo - compra de serviço.

Em tais circunstâncias as redes de farmácias, tendo aqui, como objetos as farmácias Amadeus, Globo, Irmã Dulce, Saúde, Michelle, Paiva e Pague Menos, que constituem e configuram uma rede em expansão, prestadora de serviço, através do tele-entrega.

Repousando no objeto implícito da rede de farmácias, vamos verificar que a lógica desta rede circunscrita ao atendimento de um serviço comercial especializado é baseado no atendimento de entrega de remédios e outros produtos. A formação da rede criou no espaço cibernético a possibilidade de interatividade, porque tem uma matriz para cada grupo de farmácias que passa a gestar e monitorar a rede. Nesse momento, a dimensão da comunicação e da informação, então, está se transformando numa esfera informatizada. Daí é pensar no que diz Pierre Levy: "O interesse é pensar qual o significado cultural disso" (Levy, 2000, p. 13) e que vantagens a sociedade apreende da atividade, agora disponível através da rede.

O espaço cibernético envolve a numerização que implica de que maneira as mensagens são postas em rede e passam a permitir o fluxo. Desse modo, a configuração da rede de farmácias, objeto de nossa análise, exprime uma tendência de relação de atividade comercial com a tecnologia, na busca da efetivação do uso de serviços mais eficientes e garantidores de qualidade. Este serviço é interessante ao cliente pela facilidade em adquirir produtos.

Temos, portanto, nessa rede, empresas que se filiaram à viabilização de um processo em que pequenos e médios empresários unem-se na geração de um novo instrumento de organização e gestão. O construir dessas relações só foi possível dada a carga de apreensão que os empresários fizeram da demanda do mercado e, conseqüentemente, do crescimento do serviço que a sociedade está a requerer.

Dentro dessa concepção de rede o cliente liga para qualquer das farmácias, solicitando produto x; a empresa (farmácia), através do teletrabalhador, vai entregar no local solicitado. Esse trabalhador, na pesquisa de campo verificou-se, está registrado com outras denominações trabalhistas - office-boy, motoentregador, motoqueiro, etc.

A tecnologia do teletrabalho tende a aumentar as redes de teletrabalhadores que se comunicam entre si e que resolvem problemas, tomam decisões, executam tarefas, dada a flexibilização do trabalho. Na cidade de Natal, a distribuição espacial da rede de farmácias está em todas as regiões administrativas.

Para as empresas, o teletrabalho resolve problemas de espaços, equipamentos, manutenção, ociosidade, assim como elimina o choque direto entre chefes e subordinados, reduz as reclamações trabalhistas, diminui custos fixos em relação aos empregados e à administração, argumenta Pastore (1994, p. 70).

Nesse processo, as redes de pessoas e empresas passam a articular-se num processo imbricado, em que vem a ter como conseqüência a confrontação e o reajustamento das redes.

O avanço tecnológico, o crescimento econômico e a demanda por serviços especializados criaram as condições para o desenvolvimento do teletrabalho. É através das redes (estruturas flexisíveis e cadenciadas que se estabelecem por relações horizontais, interconexas e dinâmicas que se caracterizam como um recurso organizacional, podendo se aplicar nas relações pessoais e na estruturação de uma sociedade) que se verifica a tomada de decisões, de estruturas apropriadas para softwares importantes de acesso e uso de dados, e a construção de modos inovadores de consenso pessoal que até este momento não se desenvolveram amplamente na sociedade como um todo. Assim, a rede fornece uma nova estrutura para ação que envolve um desenvolvimento verdadeiramente diferente das instituições pela sociabilidade. De certa maneira, os elementos deste tipo de interação já fazem parte do consumo e produção, utilizando o inter e intranets, mas o uso mais comum está normalmente voltado para objetivos simples e claros.

Como vemos o teletrabalho em Natal

O teletrabalho, trabalho à distância ou ainda "telecommuting", são expressões utilizadas para designar o trabalho daqueles que utilizam um computador equipado com modem e linha telefônica e fazem parte ou não do quadro de empregados de uma empresa, e não precisam comparecer às instituições dela para desempenhar suas atividades (Beer e Blanc, 1984).

Por outro lado, a possibilidade de realização do trabalho em casa assenta no desenvolvimento e modernização das tecnologias, que permitem disponibilizar a informação em qualquer local onde nos encontremos e devidamente implementada, redefinem tarefas, bem como novas formas de as executar.

Os aspectos técnicos do teletrabalho doméstico são sensivelmente diferentes daqueles do teletrabalho descentralizado porque, no domicílio, o meio tecnológico é menos homogêneo e mais constrangedor. As diferenças entre o trabalho em domicílio e o trabalho descentralizado são quanto às redes. A comunicação no teletrabalho no domicílio via rede é quase impossível, devido ao alto custo a ser despendido com equipamentos. Portanto, nesse caso, utiliza-se o recurso de rede telefônica comutada.

Ainda quanto às redes, as empresas têm utilizado a Intranet, que são redes internas de computadores que usam a tecnologia da Internet.

A viabilidade do teletrabalho está a depender da evolução e consolidação dessa forma de trabalho. E pensando que teletrabalho traz a oportunidade de favorecer um desenvolvimento econômico local, cria-se, no teletrabalho a possibilidade de geração de empregos e desenvolvimento econômico e social.

Com o teletrabalho, passa-se a perceber que as empresas/organizações estão num processo de mudança cultural. A sua expansão deriva do fato que parece beneficiar a todos os interessados: empregadores, teletrabalhadores e as comunidades nas quais eles vivem.

Pela estrutura de gestão de trabalho nas empresas de farmácias, telemensagens e agências de turismo os trabalhadores puderam ser caracterizados de teletrabalhadores, em razão do tipo de tecnologia disponível nas empresas, para execução da atividade.

Na análise dos dados coletados foi constatado que 100% das farmácias em que se realizaram entrevistas utilizam computador, telefone, Internet e o fax modem, tendo na moto o veículo para entrega em domicílio. Registrou-se, ainda, que 6,74 % dessas farmácias utilizam o fax, como pode ser observado no gráfico 1. Além disso, verificou-se que 100% dos teletrabalhadores das farmácias preferem trabalhar no escritório e têm registro profissional como motoqueiro o que caracteriza o desconhecimento quanto a categoria profissional - teletrabalhador - pelos empresários investigados.

Gráfico 1
Instrumentos do teletrabalho utilizados pelas redes de farmácias

Nas microempresas de telemensagens, observou-se que elas utilizam instrumentos básicos como o computador (76,92%); o telefone (92,31%); a internet (61,54%); o fax e o fax modem (30,77%). Nestas microempresas, utiliza-se também, como instrumento de trabalho, a moto, que corresponde a 53,85%, enquanto 38,46% fazem uso de outro meio de transporte nas entregas em domicílio como, por exemplo, carro, ônibus e até bicicleta (Gráfico 2).

Gráfico 2
Instrumentos do teletrabalho utilizados pelas empresas   de  telemensagem

Constatou-se ainda que 46,15% dos teletrabalhadores de telemensagens preferem trabalhar na própria residência e outros 46,15%, que possuem escritório, preferem trabalhar em sua própria empresa. Enquanto 7,69% dos teletrabalhadores recusaram-se a responder a esse item.

Nas agências de turismo o universo foi de 63 empresas consultadas, nas quais, analisando o gráfico 03, a entrevista indica que os empregados são registrados em suas carteiras profissionais como Office boy (11,11%); auxiliar de escritório (11,11%); motorista (3,17%); motoqueiro (26,98%) e outras designações profissionais - bilheteiro, secretário, ASG (23,81%). Dessas empresas 23,81% não informaram como está registrado o profissional.

Gráfico 3
Como o teletrabalhador é registrado, em sua carteira profissional, nas agências de turismo

Em se tratando dos instrumentos em uso pelas agências de turismo, o computador e o telefone são utilizados por 90,48% delas; a internet por 88,89%; 87,30% fazem uso do fax; 47,62% do fax modem; 57,14% fazem entregas através da moto e 38,10% utilizam outro meio de transporte para fazer as entregas em domicílio (Gráfico 4).

Gráfico 4
Instrumentos do teletrabalho utilizados pelas agências de turismo

O processo de teletrabalho diagnosticado a partir do uso dos serviços prestados pelas farmácias, pelas agências de turismo e pelas telemensagens, sob a ótica de novas tecnologias como o computador e a internet, enquadra-se no que denominamos de nova realidade tecnológica das microempresas natalenses. O modo como as novas tecnologias se dispõem nesta realidade inovadora do capitalismo faz com que as empresas tenham que investir em tecnologias mais sofisticadas, que lhes dêem mais rapidez, objetivando maior reforma econômica e, conseqüentemente, satisfação à população que demanda por esses serviços.

Conclusão

O teletrabalho adquiriu uma nova configuração, particularmente na cidade de Natal, em que empresas como farmácias, agências de turismo e de telemensagem passaram a fazer uso da tecnologia da informação e das comunicações, do computador e da Internet para prestar serviços à sociedade natalense.

A atividade do teletrabalho no espaço em questão tem se processado através das redes de farmácias Amadeus, Pague Menos, Irmã Dulce e outras, num misto de organização e gestão empresarial, em que oferecem o serviço de entrega de seus produtos em domicílio. Com o serviço em domicílio, os usuários ganham tempo e comodidade e, na medida em que a rede se especializa na prestação de serviço de boa qualidade, a demanda cresce, garantindo que a atividade do teletrabalhador cresça em nível local.

Embora se pense que o teletrabalhador só possa realizar seu trabalho em casa, a atividade deste trabalhador também pode realizar-se na empresa. É o caso específico dos teletrabalhadores das farmácias e agências de turismo, que, na sua maioria, estão trabalhando na empresa, porém deslocando-se pela cidade, pelos bairros, fazendo-se perceber como uma nova atividade - o teletrabalho.

A viabilidade do teletrabalho depende de sua consolidação como serviço. Ele cria oportunidades de desenvolvimento econômico local, uma vez que há a geração de emprego e renda.

Com o teletrabalho percebe-se que as empresas/ organizações - farmácias, agências de turismo e micro-empresas de telemensagens - estão num processo de mudança e flexibilização. Como atividade de serviço, o teletrabalho vem crescendo à medida que a sociedade passa a solicitar tais serviços, demanda que tem crescido ultimamente pela comodidade que se tem ao requerê-los.

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Ficha bibliográfica:
SILVA, A.F. da. As atividades farmacêutica, telemensagem e de turismo no enfoque do teletrabalho na cidade de Natal - Rio. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2004, vol. VIII, núm. 170(11). <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-170-11.htm> [ISSN: 1138-9788]

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