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Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona. 
ISSN: 1138-9788. 
Depósito Legal: B. 21.741-98 
Vol. X, núm. 218 (11), 1 de agosto de 2006 


DO IMAGINARIO TROPICAL A POLITICA.

A RESPOSTA DA GEOGRAFIA BRASILEIRA À HISTÓRIA DA MALDIÇÃO

Iná Elias de Castro
Universidade Federal do Rio de Janeiro


Do imaginário tropical à política. A resposta da geografia brasileira à história da maldição  (Resumo)

 
A sociedade, o território e a natureza encontram-se entrelaçados em situações concretas que, como componentes do imaginário social, tornam visível e interpretável os simbolismos presentes nas relações do ser humano com o seu meio e revelam as possibilidades heurísticas das visões de mundo de cada época e de cada cada lugar. Tomando esses pontos de partida, o trabalho recupera as representações sociais sobre a natureza tropical brasileira a partir do século XVI e os debates que opunham as potencialidades e as maselas dos trópicos. O papel da geografia nacional, empenhada em demonstrar a extensão, a potencialidade, as qualidades do povo e da natureza para o progresso foi essencial na elaboração de um conhecimento sobre o território que se empenhava em negar o imaginário de um paraíso tropical fadado à preguiça e à inépcia.
 
Palavras-chaves Viajantes, trópicos, imaginário social, determinismo

 
]From the tropical imagination to the politics. The answer of brazilian geography to the story of this curse (Abstract)
 
Society, territory and nature are connected in many concrete situations. These, as components of social imagination, make visible and interpretable the symbolism that exists between mankind and it’s environment, showing the heuristic possibilities of world perception that belongs to each period and each place. Taking this discussion as a starting point, this article recovers the social representation of Brazilian tropical nature since the XVI century and also the debates that put in opposite fields tropical potentialities and tropical problems. The role of national geography, dedicated to demonstrate the extension, the potentialities and the qualities of the people and the nature to the progress, was essential to create knowledge about the territory and performed an effort to deny the imagination of tropical paradise predestined to laziness and incapacity.
Keywords  Voyagers, Tropics, Social Imagination, Determinism


 

As relações entre a sociedade e o seu meio são reconhecidas como elementos inescapáveis do imaginário social. Com este ponto de partida, proponho apresentar e discutir alguns momentos significativos das representações diferenciadas que a natureza brasileira inspirou e também como o conhecimento da geografia do país contribuiu para redirecionar alguns dos termos do debate inconcluso sobre o significado das relações homem / natureza nos trópicos em geral e no Brasil em particular. A extensão do território e a prodigalidade dos seus recursos constituíram a base concreta a partir da qual dimensões simbólicas foram elaboradas, mas que permanecem como ícones que orientam os olhares para o país.

Uma vez que a sociedade, o território e a natureza encontram-se entrelaçados em situações concretas, estas, como componentes do imaginário social, tornam visível e interpretável os simbolismos presentes nas relações do ser humano com o seu meio e revelam as possibilidades heurísticas das visões de mundo de cada época e da cada lugar. Tomando esses pontos de partida, o objetivo deste trabalho é compreender os diferentes sentidos que foram atribuidos às representações sociais sobre a natureza brasileira a partir do século XVI, no país e fora dele, e discutir o papel da geografia produzida no país e a atualidade de algumas das questões relativas às imagens do mundo tropical em relação às suas possibilidades, frente aos projetos de desenvolvimento nacional.

Gigante pela própria natureza”. A frase cunhada por Osório Duque Estrada na letra do Hino Nacional brasileiro expressa os termos fundadores de um imaginário, cujo conteúdo assumiu perspectivas inteletuais opostas em momentos diferentes das representações do país. Estas encontram-se tanto nas ressonâncias das visões do Paraíso, que alimentaram o imaginário europeu sobre o Novo Mundo a partir do Século XVI, como nas proposições sobre a inviabilidade do processo civilizatório nos climas quentes que, desde Montesquieu e suas teses sobre o clima e as condições morais dos homens, estabeleceu a natureza como limite para o desenvolvimento humano.

Mais do que fonte de sobrevivência, a superfície terrestre é, por excelência, continente de registros simbólicos e, apesar de a racionalidade moderna ter conquistado os espaços objetivos das relações sociais, as representações permanecem nos dispositivos simbólicos, nas práticas codificadas e ritualizadas, no imaginário e nas suas projeções. Esta é certamente uma questão para a geografia na medida em que ela é conhecimento do espaço, mas também um modo de vê-lo, de interpretá-lo e de codificá-lo, tanto através do seu discurso acadêmico como por intermédio das diferentes formas de compreensão contidas nos discursos do senso comum. Desde a aurora dos tempos, a Terra fonte de símbolos e de significados. O discurso geográfico, começando por aquele contido no relato dos viajantes do mundo antigo até o dos intérpretes contemporâneos dos espaços globalizados, tem contribuído, com sua narrativa, para construir e alimentar as representações sociais. Portanto, se a interpretação dessas representações é necessária para a produção do conhecimento, a geografia, nada inocente no assunto, tem mobilizado seus recursos intelectuais para participar desta tarefa.

Os objetos geográficos como a natureza – clima, praias, rios, montanhas, florestas, campos, planícies, planaltos – e as construções humanas – ruas, praças, monumentos, indústrias, ferrovias, cidades, bairros – participam da prática social, que lhes confere valor simbólico, e transformam-se em imagens, caminhos, cotidiano etc, ajudando a compor as representações da alma coletiva. Estas representações geográficas constituem então um modo de ser, um modo de falar da Terra, teatro da aventura humana. Há, portanto, no imaginário social uma profunda geograficidade pela relação concreta que se estabelece entre o homem e a terra. Existe pois uma relação que não pode ser ignorada entre a geograficidade da experiência humana e a elaboração de um conhecimento que não é neutro, mas ao contrário, qualifica o espaço e seus objetos, conferindo-lhes significados nas representações sociais. Consequentemente, este saber expressa valores simbólicos e orienta as ações estruturantes no espaço, com conseqüências importantes sobre a sua organização pela sociedade (Castro,1997).

É a partir dessa perspectiva que este trabalho recupera as representações da natureza brasileira e as teses que fundamentaram os discursos sobre a influência dos climas nas possibilidades concretas de desenvolvimento humano. A apresentação está divida em duas partes. A primeira recupera as visões conflitantes dos viajantes europeus sobre o Novo Mundo, de admiração e de repulsa, bem como os fundamentos científicos oferecidos pelas idéias de Montesquieu, mais tarde incorporadas por Buckle e recentemente recuperadas, pelo menos em parte, por David Landes. A segunda trata da reação da geografia brasileira frente àquelas visões e seu papel na construção da imagem da grandeza da nação favorecida pela sua geografia.

Das visões do paraíso à impossibilidade de surgir uma civilização nos climas quentes.

O Brasil é um país singular. Colonizado a partir do Século XVI, é a nação tropical de maior extensão. Os traços mais marcantes e distintivos da sua natureza foram, desde o início, objeto de admiração, comentários e de descrições: favoráveis umas, desfavoráveis outras. Hoje, a extensão do território e a natureza generosa, que possibilita a produção de uma gama variada de produtos agrícolas, a existência de recursos minerais, a disponibilidade de uma grande biodiversidade, a ausência de grandes barreiras naturais à circulação e à ocupação humana, como montanhas elevadas, desertos, pantanos ou ainda a ausência de catástrofes naturais como vulcões, furacões ou maremotos, compõem na atualidade um quadro percebido como privilegiado. Sendo a natureza e o engenho humano inseparáveis na construção das representações sociais, não passava despercebido, por aqueles que pretendiam explicar a Colônia, o Império e a Republica, o contraste entre uma natureza pródiga e uma sociedade amesquinhada pela pobreza e ignorância da maioria dos seus membros. É interessante resgatar os termos do paradoxo de uma natureza rica e uma sociedade pobre e as teses “científicas” cuidadosamente elaboradas em torno da questão.

Apesar dos muitos sentidos e conteúdos do conceito de natureza, focaremos seus traços mais marcantes, presentes nas discussões sobre ela, com repercussões na formação do imaginário no país e fora dele. No processo civilizatório dominado por sociedades localizadas nas faixas de clima temperado, as visões sobre os climas tropicais foram sempre marcadas pelos interesses econômicos e políticos, pelos conteúdos ideológicos deles derivados e pelas relações que se estabeleceram historicamente entre estas duas partes do mundo, especialmente a partir das grandes navegações e da era dos descobrimentos do Século XVI.

São conhecidos os relatos sobre as diferentes expressões do deslumbramento com o Novo Mundo e a crença de que finalmente o paraíso bíblico, cuja existência terrena era motivo de grandes debates, teria sido encontrado. Buscando interpretar os motivos edênicos no descobrimento e na colonização do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda (1992) procura as ressonâncias das visões do paraíso nas informações que chegavam à metrópole sobre a natureza das terras recém descobertas. O clima era um traço fundamental a ser exaltado, como na afirmação de Pero Magalhães Gandavo* sobre o comedimento da “natureza na temperança dos ares, que nunca se sente frio, nem quentura excessiva”, ou nas cartas de José de Anchieta, para quem eram “de tal maneira temperadas aqui as estações que não faltavam no tempo do inverno os calores do sol pra contrabalançar os rigores do frio, nem no estio para tornar mais agradáveis os sentimentos, as brandas aragens e os úmidos chuveiros”; também o Padre Manuel da Nóbrega escreve sobre o inverno na Bahia, que não é nem frio nem quente.

Em muitas crônicas e cartas nos anos após o descobrimento a crença no paraíso, enfim encontrado, é de algum modo explicitada e alimentada. Em carta de 1560, Rui Pereira afirma que “se houvesse paraíso na terra eu diria que agora o havia no Brasil”, e acrescenta, “quanto ao de dentro e de fora, não pode viver senão no Brasil quem quiser viver no paraíso terreal, e quem não quiser crer que venha-o experimentar”. Os aspectos da natureza pródiga do “paraíso” são ainda evidenciados na longevidade dos habitantes, como decorrência das condições de salubridade da terra, dos seus bons ares, da abundância de alimentos, da ausência das enfermidades que grassavam no meio europeu, tornando as pessoas bem dispostas e vivendo muitos anos; ao contrário do ar corrupto pela ação de miasmas gerados da umidade e da podridão na metrópole. Mesmo aqueles que acreditavam na “incompatibilidade, ou quase, da zona tórrida com a habitação humana” eram forçados a admitir a excelência da nova terra.

Esse mundo mítico descrito pelos viajantes negava, portanto, a tese aristotélica sobre o rigor dos climas tórridos e a impossibilidade da existência humana. Não faltaram argumentos científicos para demonstrar o erro do estagirita. No entanto, alguns embaraços no confronto entre a fantasia e a realidade, a opinião e a observação eram enfrentados por esses idealizadores das novas terras. Ainda Pero Magalhães Gandavo, quando tem que “aludir a certa lassidão e desleixo da terra, por efeito da quentura e dos mantimentos que deixam os homens algum tanto fracos e minguados das forças que possuem no Reino”, pondera que “isto é enquanto as pessoas são novas na terra, mas depois, por algum tempo, se acostumam, ficam tão rijos e bem dispostos como se fora mesmo sua pátria”.

Há nessas representações do descobrimento, por mais fantasiosas que fossem, o reconhecimento das condições dos climas quentes e das possibilidades da natureza neles encontrada. Se o paraíso terreal não existia, da mesma forma o inferno não era aqui. Tudo isso parece hoje banal, se deixamos de considerar a recorrência das argumentações científicas, nos paradigmas das diferentes épocas, sobre as limitações civilizatórias das “zonas tórridas”, desde Aristóteles, passsando por Montesquieu no século XVII, Buckle no século XIX e Landes na última década do século XX.

Montesquieu abre o seu Livro Décimo Quarto, sobre “as leis na relação que elas têm com a natureza, com a idéia geral: se é verdade que o caráter do espírito e as paixões do coração são extremamente diferentes nos diversos climas, as leis devem ser relativas à diferença dessas paixões e a diferença desses caractéres”. Desse Livro até o Décimo Oitavo são abordados as diversas dimensões dos efeitos da natureza, especialmente clima e solo, sobre as virtudes e vícios das sociedades e suas leis. Em cada um desses livros as qualidades dos climas frios são cientificamente demonstradas bem como as dificuldades de o corpo humano e a moral dos homens atingir níveis mais elevados nos climas quentes. Os climas frios produzindo povos vigorosos e corajosos, menos dados aos prazeres mundanos, muito mais comuns nos povos dos climas quentes. Assim, “encontrareis nos climas do Norte, povos que têm poucos vícios, muitas virtudes, sinceridade e franqueza. Aproximai-vos dos países do Sul e acreditareis afastar-vos da própria moral: as paixões mais ardentes multiplicarão os crimes; cada um procurará tomar sobre os demais todas as vantagens que podem favorecer essas mesmas paixões. [...] O calor do clima pode ser tão excessivo que o corpo ficará totalmente sem força. Então o desânimo atingirá o próprio espírito... a preguiça será a felicidade.”

No século seguinte aos relatos sobre o paraíso terreal finalmente encontrado, Montesquieu sugere que o ambiente tropical predispõe os povos muito mais ao estado da natureza hobbesiano que às delícias da inocência fundadora da espécie humana. No Século XIX, os ecos dos conteúdos da argumentação sobre a superioridade dos climas frios para os povos, sua têmpera e seu caráter podem ser encontrados em Henry Thomas Buckle, em sua História da Civilização na Inglaterra (1900).

Este autor, frequentador dos círculos intelectuais britânicos do seu tempo, apoiando-se no método indutivo de Bacon, desenvolve minuciosa descrição de diferentes sociedades como fundamentos para uma extensa argumentação sobre os inescapáveis efeitos da natureza sobre as civilizações e as diferenças sociais nelas encontradas. Não se limitando apenas ao frio ou ao calor, ele se propõe demonstrar, com apoio em verificações objetivas dos fenômenos, e em um modelo teórico fundamentado nas condições da reprodução humana, que quanto mais pródiga a natureza, mais apequenado torna-se o homem. Esta condição torna-o mais prisioneiro da sua imaginação e presa fácil dos mais poderosos; nas naturezas mesquinhas, ao contrário, os homens se dirigem mais ao entendimento e às operações lógicas do intelecto e os ganhos são melhor repartidos. Para ele, “é realmente fato notável acharem-se todas as grandes civilizações primitivas situadas perto dos trópicos (...) onde a natureza cerca o homem dos maiores perigos. Em regra geral, é mais formidável o mundo externo na Ásia, na África e na América do que na Europa (...) desenvolvendo a tendência para aumentar a atividade da imaginação”.

No grande conjunto de informações coletadas sobre diferentes povos e países, o Brasil é indicado como exemplo de um espaço tão vasto, “coberto por uma vegetação tão fecunda e vigorosa que a natureza parece entregar-se a uma desregrada orgia de pujança”. E, segundo ele, “para que nada falte a esta terra maravilhosa, as suas florestas bordam-se de prados enormes, que, regorgitando de calor e umidade, fornecem alimento a inumeráveis manadas de gado selvagem que se nutrem e engordam nessas esplêndidas pastagens (...). Tais são a efusão e abundância vitais que distinguem o Brasil entre todos os países do mundo. Porém, no meio dessa pompa, desse esplendor da natureza não há lugar para o homem”.

Em sua argumentação, o homem no Brasil fica reduzido à insignificância pela majestade que o cerca e por isso, todo o país, “apesar das grandes vantagens que parece possuir, tem permanecido sem a menor civilização”. O vigor da natureza impõe limites à agricultura, vencida pelas matas impenetráveis e pelos insetos; as montanhas são demasiado altas para serem escaladas e os rios demasiado largos para serem atravessados em pontes. “Tudo aí se reúne para deter o espírito humano e reprimir sua nascente ambição. É assim que a energia da natureza embaraça o gênio do homem”. Continuando, ele lamenta que em “parte alguma se vê um contraste tão doloroso entre a grandeza do mundo externo e a pequenez do mundo interno, que mesmo com os melhoramentos importados da Europa não dá ainda sinal de verdadeiro progresso”. O progresso seria mais favorecido se a pujança da natureza fosse menos excessiva. A natureza pródiga, portanto, foi teorizada como menos adequada à civilização, cujo desenvolvimento requer investimento do gênio humano, muito mais estimulado nas naturezas “mesquinhas”, estas sim, típicas dos países temperados e frios.

No olhar desses europeus, não há portanto qualquer condição de possibilidade para o processo civilizatório nos climas tropicais. Ou o calor condena o homem à preguiça e à inépcia, ou a prodigalidade da natureza reduz as suas possibilidades de desenvolver aptidões obtidas pelo uso das faculdades lógicas do intelecto. Fundamentando-se nos rigorosos métodos de elaboração teórica e da investigação empírica dos paradigmas científicos do seu tempo, tanto Montesquieu como Buckle semearam um fértil campo do determinismo da natureza, que até hoje germina aqui e ali.

São bem conhecidos os esforços das ciências sociais, desde o século XIX, para desenvolver uma base científica que establecesse causalidades claras na explicação dos fatos sociais. As relações dos povos, suas crenças e atividades, com a natureza foram muitas vezes centrais na necessidade de estabelecer causas visíveis, mensuráveis e quantificáveis. Esta perspectiva científica que embasou o pensamento determinista foi epistemologicamente importante na geografia, até a primeira metade do século XX, e produziu avatares que, de modo mais ou menos explícito, ainda hoje podem ser identificados, nela e em outras disciplinas. Um exemplo recente é o livro A riqueza e a pobreza das nações, do historiador e professor da Universidade de Harvard, David Landes, publicado em 1998, com várias edições, cujo capítulo inicial recupera as teses sobre o peso da natureza no processo civilizatório, no que ele chama de derrota da geografia, justamente por subsumir esta “desagradável verdade”. As vantagens dos climas frios são afirmadas e atualizadas, quando o autor reproduz os conceitos higienistas sobre a importância do inverno europeu e suas rajadas de ar frio para eliminar os germes e as bactérias que facilmente proliferam no calor. Também a menor disposição para o trabalho nos climas quentes é indicada quando ele reproduz o depoimento de um diplomata de Bangladesh sobre a experiência dele e a de seus compatriotas ao visitarem as regiões temperadas: “Em países como a Índia, Paquistão, Indonésia, Nigéria e Gana sempre me senti debilitado pelo menor esforço físico ou mental, ao passo que no Reino Unido, na França, na Alemanha ou nos Estados Unidos sempre me senti fortalecido e estimulado pelo clima temperado” (Landes, 1998). As limitações dos trópicos não param aí, para o autor, até a irrigação é menos eficiente nas áreas quentes devido aos elevados índices de evaporação. Ou seja, no limiar do século XXI, as teses de Buckle sobre as causas naturais da pobreza nos países tropicais ainda resistem.

Em todas essas perspectivas há informações que configuram um conhecimento geográfico, mesmo que este seja anterior à institucionalização da disciplina, mas há também representações que, buscando suporte nesse conhecimento, revelam valores que orientaram, em diferentes épocas, o processo civilizatório ocidental. É neste sentido que, mais do que uma disciplina que revela o mundo, a geografia participa ativamente da construção dessas representações. Sua institucionalização no Século XIX na Europa, num momento de efervescência, disputas e afirmação do Estado Nacional explicita a importância dos conhecimentos produzidos por aqueles que a ela se dedicavam.
 

A geografia brasileira entra em ação: O território como recurso para  a construção nacional
 
Se a geografia como conhecimento remonta às narrativas dos viajantes, que desde a antiguidade encantavam seus ouvintes ou leitores com seus relatos sobre o mundo desconhecido, como disciplina acadêmica ela é inseparável dos marcos institucionais e organizacionais estabelecidos pelo Estado Nacional. Neste sentido, os contextos histórico e geográfico definiram as condições para o nascimento da disciplina e para os temas nela privilegiados naquele momento. Foi no contexto político territorial do século XIX europeu que a geografia tornou-se disciplina acadêmica e incorporou as questões relativas ao Estado: localização, posição, território, recursos, fronteiras, população, relação com outros Estados etc. É importante considerar o fato de que esse tenha sido um momento de grandes disputas territoriais no continente e  fora dele e de consolidação, não apenas da idéia de nação, mas da sua territorialidade política como uma condição essencial da sua existência.
No século XIX a consolidação da forma Estado como um projeto territorial e socialmente enraizado teve no nacionalismo um recurso ideológico necessário. Na construção desse imaginário nacionalista, o território tornou-se progressivamente um patrimônio que a nação deve preservar como herança para as novas gerações. Assim, a apropriação do conhecimento produzido pela  geografia foi e tem sido estratégico tanto para a valorização e legitimação dos direitos da sociedade ao seu território, como para produzir um imaginário territorial como componente inseparável do destino da nação.
Ainda no século XIX, os movimentos de independência sacodem a América Latina e elaboram representações do nacionalismo como recurso na construção da idéia de nação. Da mesma forma que na  Europa, aqui também o conhecimento geográfico teve papel importante para a visibilidade de conteúdos que fundamentavam essas representações. Antes mesmo que a disciplina fosse institucionalizada, o conhecimento do território brasileiro era tarefa das mais variadas especializações, desde naturalistas, advogados, médicos, engenheiros etc. Estes últimos foram certamente o grupo profissional mais ativo pelo pragmatismo que envolvia seus levantamentos e análises devido ao papel que desempenharam na administração pública.

Paralelamente à tarefa de melhor dar a conhecer o território como base do enraizamento da nação, era fundamental nesse processo desconstruir as ressonâncias das imagens negativas, muitas em alguns meios intelectuais brasileiros, sobre o clima e a natureza dos trópicos e reafirmar, a partir dessa mesma natureza, todas as possibilidades reservadas ao projeto civilizatório da nação em formação. Essa descontrução tinha o sentido tanto de destacar e valorizar as potencialidades do território e do povo, fundamentos do ethos nacionalista em muitas sociedades, como, pragmaticamente, elaborar uma imagem do país mais adequada à ambição das classes produtoras de projetar-se no exterior: atraindo migrantes ou conquistando mercados para os seus produtos.

No primeiro caso, a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB em 1838 foi um marco para um início de sistematização do que seria a produção de um conhecimento geográfico no Império, neste momento, ainda ao cargo dos homens de saber e ainda entremeada com a história. No segundo, a participação do Brasil nas exposições universais e internacionais, desde 1867, se propunha, mediante a apresentação de uma imagem favorável, reformular e atualizar aquela negativa que ainda permanecia sobre o país.

A geografia do país era central em ambos os casos. A preocupação em trazer um conhecimento sobre a natureza, realçando suas qualidades para o desenvolvimento, e sobre as potencialidades econômicas do país, revelava a necessidade de reverter o peso das representações negativas anteriores. As exposições universais consagraram-se, ao longo da segunda metade do século XIX e a primeira do século XX, como grandes acontecimentos que celebravam o progresso dos povos. Eram marcadas pelo caráter de competição entre as nações, onde seus produtos, nos moldes de uma olimpíada moderna, entravam em competição e, julgados por juízes, recebiam medalhas que atestavam suas qualidades. Tratava-se de uma celebração à mercadoria e à civilização, onde cada país deveria levar o melhor que possuísse. A participação brasileira foi pautada, então, na propaganda de seus principais produtos agrícolas e nas vantagens de seu territórios.

No livro feito para a Exposição Universal de Viena de 1873, é explicitada a necessidade de que Estados populosos da Europa conheçam as novas regiões da América. São destacados a fertilidade do solo do Brasil e seus variados tesouros e riquezas naturais que oferecem vasto campo a todo gênero de empresa industrial. Da mesma forma, a natureza é descrita de modo a atenuar o que teria sido considerado negativo, como no caso do relevo, que “apesar de montanhoso na maior parte, é cortado por extensos vales”. Também o clima, mesmo “tórrido” apresenta em muitos lugares um “clima muito suave, modificado pela arborização do terreno, elevação do solo e ventos reinantes. Nos lugares que se sente mais calor, não sobem estes, via de regra, a mais de 36 graus centígrados e só por excessão desce, naqueles em que há maior frio, abaixo de 3 graus (...) o clima no Brasil é em geral salubre”.(Brasil, 1873).

Era evidente nesses discursos sobre o país durante o século XIX o caráter louvatório da natureza e da abundância e diversidade dos seus recursos naturais. O tamanho do território, a variedade, a qualidade dos seus solos, que “ainda em sua maior parte cobertos por majestosas florestas virgens conservam a primitiva uberdade que larga e generosamente compensa o trabalho”. Também a “disposição topográfica, os climas variados, a abundância de águas, a força quase geral e constante da vegetação tornam seus terrenos adaptados, em maior ou menor escala, à cultura de todas as plantas do globo”. É possível perceber ainda, nos estudos sobre o país, publicados por ocasião das grandes exposições, a preocupação em apontar a sua diversidade tanto climática como do relêvo e da vegetação, buscando corrigir uma falsa visão de homogeneidade do território.

Voltando ao IHGB, duas referências devem ser feitas. A primeira, refere-se  aos artigos de Thomaz Pompeu de Souza Brasil, autor de um dos compêndios de Geografia mais utilizados no final do século, publicado em 1851. O artigo, publicado em 1890 na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Ceará, um desdobramento regional do Instituto do Rio de Janeiro, defende as qualidades da natureza do sertão cearense e revela a tentativa de dar a conhecer uma realidade pouco conhecida no país. É nesta direção que segue o intressante trabalho sobre as qualidades do clima do sertão cearense. Há em seu texto uma evidente utilização da tese de Buckle sobre as desvantagens das naturezas pródigas e a importância do que ele classificava como natureza mesquinha para o desenvolvimento do intelecto. A perspectiva de Thomaz Pompeu é demonstrar o valor das condições do sertão semi-árido e os seus habitantes frente a um país que se via litorâneo e regado pelas abundantes chuvas tropicais. Mas é possível também identificar na sua defesa das condições do sertão nordestino uma contribuição ao conhecimento de uma parte do país pouco considerada no imaginário verdejante projetado pelos viajantes ao logo da história do país.

Ressaltando a qualidade do clima do sertão nordestino para o crescimento vegetativo da população, ele aponta a pouca variação da temperatura, a baixa umidade e o calor que produzem excelentes condições de salubridade, tornando o clima, incontestavelmente, o maior dos fatores de longevidade da população cearense. Para ele, mesmo os problemas têm seu lado positivo, pois a escassez e a incerteza das chuvas torna a existência do cearense um verdadeiro combate, o que lhe confere qualidades excepcionais. Ainda como ressonância da tese de Buckle sobre a relação entre as condições da natureza e a reprodução humana, é ressalvado que “a parca mesa do pobre jornaleiro, do pequeno agricultor (...) essa sobriedade em parte forçada pelas circunstâncias, em parte transmitida por atavismo, deve concorrer poderosamente para preservar a população de moléstias das vias digestivas, que nos países quentes entram à larga na elaboração da mortalidade” (Brasil, 1890).

Em outra proposição de Thomaz Pompeu, há uma negação da tese de Buckle sobre o Brasil, mas confirmada para o sertão nordestino, quando faz referência ao que ele considera a importância do clima do sertão para tornar a população mais viva, ágil, empreendedora e ousada, em comparação com a ação debilitante da umidade. Outros autores do IHG do Ceará seguem a mesma argumentação de Thomaz Pompeu e ressaltam em seus artigos o desconhecimento que até então existia sobre as qualidades da natureza do clima tropical semi-árido para a reprodução humana.

A segunda referência ao IHGB é o Dicionário Histórico, geográfico e etnográfico do Brasil, publicado em 1922, em comemoração ao centenário da República. Uma comissão de membros do instituto foi criada e um grande levantamento de informações foi organizado, enviando-se questionários às “pessoas notáveis do país”. A todos se pediam dados seguros e autênticos sobre os acidentes geográficos, etnográficos e históricos da região que lhes era familiar ou que superitendiam”. Como as resposta ficaram aquém do esperado, a comissão deliberou solicitar “o concurso de hábeis especialistas, que de boa mente se designaram prestar à grande obra sintética o concurso de suas luzes”, compondo seus trabalhos um volume de Introdução Geral do Dicionário, com monografias completas sobre o Brasil em geral e sobre cada um dos estados em particular.

O texto de introdução da obra, assinado pela Comissão, ressalta as particularidades da posição geográfica do “único país independente, cujo território se extende, ao mesmo tempo, dos dois lados do Equador e ainda além dos Trópicos”.  Outro trecho significativo é o relativo à superfície, onde é ressaltado que além de ser um dos países mais extensos, “o Brasil apresenta a maior área ininterrupta ocupada por um só povo”. Mesmo para uma época em que a verdadeira extensão do país era ainda motivo de controvérsia, com dados desiguais, a valorização simbólica da grande extensão territorial era evidente.

No capítulo relativo à Orografia do Brasil, Theodoro Sampaio descreve o relevo brasileiro, no mais puro estilo das explanações geográficas da época. Preocupado em fazer uma descrição minuciosa, ele porém destaca a beleza das paisagens das escarpas montanhosas, indica os rios e vales que cortam o relevo acidentado, a ocorrência de recursos minerais e as ferrovias que aqui e ali cortam o relevo. Em nenhuma parte da sua descrição é sugerido qualquer tipo de dificuldade deste relevo para a circulação ou para a exploração econômica ou ocupação humana.

No longo capítulo sobre o clima, escrito por Henrique Morize, Diretor do Observatório Nacional e professor da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, é feita uma argumentação, dentro dos padrões da metodologia científica da época, sobre a influência do clima nas plantas, nos seres humanos e nas sociedades. A relação entre o clima, a higiene e os fenômenos sociais é evidenciada, sendo recomendado que “antes de tratar de povoar certo país, é da mais elementar prudência estudar as suas condições climáticas, a fim de ver se elas permitem a aclimatação dos futuros habitantes. Nestas considerações, fundamentadas na ciência, é bem clara a resposta que se tenta produzir às perspectiva negativas da ciência dos países de clima temperado sobre o clima tropical. Criticando o estudo de um meteorologista americano, que reproduz as teses de Buckle sobre as melhores condições civilizatórias das áreas de climas mais severos, que diz ser “incontestável que as raças mais enérgicas e empreendedoras não se desenvolvem nas fáceis condições de vida dos trópicos”, Morize afirma que não se deve exagerar o alcance dessas asserções, lembrando que “o fator raça pode ter influência favorável que contrabalance os incovenientes do clima”. Aqui ele valoriza a raça portuguesa para o povoamento do país que, segundo ele é, “talvez com a espanhola, a que melhor conserva seus hábitos de energia e sua aptidão ao trabalho em regiões, nas quais, os aborígenes do Norte da Europa, dotados de qualidades sociais superiores em seus países nativos, não as transmitem aos seus descendentes em regiões de clima quente...”.

É interessante também extrair o debate subsumido com os apologistas dos climas temperados quando ele indica que “a constância do calor nas regiões tropicais é difícil de compreender sem ter experiência direta do que ela é (...). Tórrido é uma denominação que engana tanto quanto temperado. Nova Iorque, Chicago e Detroit têm ocasionalmente muito mais calor, durante o verão, do que localidades perto do Equador.” Nesta linha de argumentação ele lembra que há poucas estações meteorológicas na Amazônia, por exemplo, e que as informações sobre o clima resultam muito mais de impressões de caráter fragmentário e pessoais dos viajantes do que de um conhecimento produzido por estudos mais sistemáticos, que ele propõe apresentar.

Uma outra dimensão do conhecimento geográfico encontra-se nos livros e compêndios escolares. Disciplina obrigatória desde o ensino fundamental em vários países, o aprendizado da geografia, desde a infância, concorre inegavelmente para reforçar o ethos da nacionalidade. No Brasil, desde o Século XIX a geografia é disciplina oferecida nas escolas e compêndios eram adotados como o de Thomaz Pompeu de Souza Brasil, utilizado no final do século XIX por grande parte da elite do Império, já que foi durante muito tempo adotado pelos Colégios Pedro II e Militar do Rio de Janeiro. Em 1913 é publicada a primeira edição da Geografia do Brasil de Delgado de Carvalho, contendo o programa do segundo ano do Colégio Pedro II, recobrindo, como era comum nesses compêndios didáticos da disciplina, todos os aspectos da geografia do país, desde os traços do relevo, do clima e da vegetação até as características humans, econômicas e regionais.

Na parte sobre os planaltos e planícies, citando Theodoro Sampaio, ele ao mesmo tempo que aponta a muralha de granito do complexo cristalino básico como o primeiro obstáculo à penetração das bacias costeiras para o interior ressalta logo adiante que “o Brasil não oferece barreiras intransponíveis sobre largas extensões. O planalto é o primeiro obstáculo; vencido, porém, o seu próprio declive e seus vales, indicam os caminhos naturais”.

No capítulo sobre o clima ele destaca a importância do estudo do clima para compreender a salubridade, “isto é, as condições preenchidas de optimum biológico que aí se oferecem para a vida humana”. Indicando que a “combinação do calor e da umidade determinam a chamada temperatura sensível, que permite suportar com maior ou menor facilidade um dos dois elementos”. Continuando ele afirma que “o calor não é nocivo, o sol é um poderoso desinfetante” e quanto ao desconforto da umidade excessiva combinada com o excesso de calor, ele argumenta que o vento é um excelente corretivo. Realçando as condições naturais da salubridade, ele indica que “o Brasil, como habitat do homem, oferece, especialmente nas suas zonas tropical e temperada, ótimas condições de assimilação. Mostra que os coeficientes de mortalidade são normais nas principais cidades, bem como entre os imigrantes e colonos estrangeiros que aqui chegaram e se instalaram ao Sul do paralelo 16o de latitude Sul, uma vez que os seus climas não exigem aclimatação especial. Com relação às áreas ao Norte desse paralelo, ele ressalta que “de um modo geral não devem ser tentados estabelecimentos coletivos permanentes de estrangeiros, a colonização aí deve ser feita por nacionais...”.

Outro livro didático é o Compêndio de Corografia do Brasil de Mario da Veiga Cabral, editado pela primeira vez em 1916 e reeditado inúmeras vezes, tendo vendido, de acordo com seu editor, até 1924 o total de 105.000 exemplares. Destacamos aqui seus ensinamentos sobre o clima e a salubridade do país. O texto, nos moldes de sua época, informa que “situado quase todo na zona tórrida, é o clima do Brasil em geral quente, amenizado, porém, pelos ventos alíseos. Nele se encontram contudo quase todos os climas do globo, se bem que a temperatura não atinja o máximo da África, nem o mínimo da Europa”.
 

Conclusão

A recuperação desses debates subsumidos na produção do conhecimento no país evidencia a recorrência dos temas mais significativos na contrução das representações sobre o país e do imaginário nacional. A extensão, a potencialidade, as qualidades do povo e da natureza para o progresso são eixos essenciais na elaboração de um conhecimento do país que se empenhava em negar o imaginário de um paraíso tropical fadado à preguiça e à inépcia. Nos autores nacionais indicados, o diálogo com seus pares europeus era evidente. O conhecimento do território do país e a valorização da sua geografia desconstruia pouco a pouco as imagens negativas da impenetrabilidade das escarpas litorâneas, das limitações do clima quente e úmido para a salubridade dos seus habitantes, da força das florestas que os apequenavam.

O relevo, ao contrário da primeira impressão dos viajantes, mais facilita do que dificulta a exploração e o avanço da ocupação do país. O clima é outro item central. O calor, tão assutador no olhar europeu, é poderado com os ventos e as variações das temperaturas. O sol inclemente é apontado como “ótimo desinfetante”. No final do século XIX e início do XX, era evidente a produção de um conhecimento sobre o país que procurava reconstruir sua imagem interna e externa, colocando-o no mesmo nível de possibilidades daqueles das zonas temperadas. O clima tropical, mais do que um fator de atraso, era demonstrado como uma vantagem que a nação estava pouco a pouco dando provas de ser capaz de aproveitar.
 

Nota
 

* As referências a Gandavo, Anchieta, Nóbrega, e Pereira são todas Apud, Holanda, 1992.
 
Bibliografia

 
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CABRAL, M.V. Compendio de Chorographia do Brasil. Rio de Janeiro: 9ed., Jacintho Ribeiro dos Santos Editor, 1924.

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CASTRO, I.E. Imaginário político e território: natureza, regionalismo e representação. In: CASTRO, I.E. et al. (Orgs). Explorações geográficas. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 1997.

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HOLANDA, S.B. Visão do paraíso. São Paulo: 5ed., Brasiliense, 1992.

IHGB, Primeiro Volume, Diccionário Histórico, geográphico e etnográphico do Brasil. Introdução Geral. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1922.
 
 

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Ficha bibliográfica:
CASTRO I. de Castro.Do imaginário tropical à política. A resposta da geografia brasileira à história da maldição.  Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2006, vol. X, núm. 218 (11). <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-218-11.htm> [ISSN: 1138-9788]
 
 
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