Menú principal

Índice de Scripta Nova

Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98
Vol. XII, núm. 270 (75), 1 de agosto de 2008
[Nueva serie de Geo Crítica. Cuadernos Críticos de Geografía Humana]

TRANSFORMAÇÕES NA PROVISÃO ALIMENTAR NO ESPAÇO RURAL.
UM ESTUDO DE CASO SOBRE FAMÍLIAS AGRICULTORAS EM PRAIA GRANDE, SANTA CATARINA – BRASIL
 

Maria das Graças dos Santos Brightwell
Doutoranda no Programa de Pesquisa em Geografia Social e Cultural  da Royal Holloway, University of London
M.D.G.Brightwell@rhul.ac.uk

Clécio Azevedo da Silva
Professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina – Brasil
clecio@cfh.ufsc.br

Transformações na provisão alimentar no espaço rural. Um estudo de caso sobre famílias agricultoras em Praia Grande, Santa Catarina – Brasil (Resumo)

Os registros históricos informam que a provisão das famílias rurais de Praia Grande, desde o século XIX e até o início do século XX, dependia basicamente do auto-consumo e era complementada com o intercâmbio direto com populações vizinhas. Pouco a pouco, a intensificação do comércio de tropas e o aumento da necessidade de dinheiro permitiram a diversificação de produtos alimentares, conformando um consumo cada vez mais segmentado (entre classes sociais e entre campo e cidade) pela capacidade de compra. No entanto, as mudanças mais destacadas na dinâmica de provisão de alimentos ocorreram a partir da década de 1960, com a difusão de três processos: a expansão da grande agricultura comercial (reduzindo a quantidade e a variedade de alimentos de circulação local), o uso crescente de alimentos industrializados (difusão de um consumo tipicamente urbano) e o constrangimento ao uso dos recursos naturais devido à instalação de dois Parques Nacionais na área do município (desaparecimento da provisão da caça, pesca e extração vegetal). Como desafio para o futuro, a provisão de alimentos das famílias rurais estará determinada, por um lado, pela capacidade de intervenção das instituições sobre a economia rural e, por outro, pela estratégia assumida pelo Estado para a conservação da natureza.

Palavras-chave: provisão alimentar, famílias rurais, Praia Grande (SC).


Transformaciones en la provisión alimentaria en el espacio rural. Un estudio de caso sobre familias agricultoras en Praia Grande, Santa Catarina – Brasil (Resumen)

Las primeras referencias históricas sobre la provisión de las familias rurales de Praia Grande – estado de Santa Catarina (Brasil) – informan del predominio del autoconsumo durante el siglo XIX y inicio del XX, complementado con el intercambio directo con las poblaciones vecinas. Poco a poco, la intensificación del comercio y el aumento de la necesidad del dinero permitieron la diversificación de productos alimentarios, conformando un consumo cada vez más segmentado (entre clases sociales y entre campo-ciudad) por su capacidad de compra. Sin embargo, los cambios más destacados en la dinámica de provisión alimentaria ocurrieron a partir de la década de 1960, con la difusión de tres procesos: la expansión de la gran agricultura comercial (reduciendo la cantidad y la diversidad de alimentos de circulación local), el uso creciente de productos industrializados (difusión del consumo típicamente urbano) y la restricción al uso de los recursos naturales motivada por la instalación de dos Parques Nacionales en el área del municipio (desaparición de la provisión de la caza, pesca y extracción vegetal). De cara al futuro, la provisión de alimentos de las familias rurales está condicionada a las capacidades de intervención de las instituciones sobre la economía rural y a la estrategia asumida por el Estado para la conservación de la naturaleza.

Palabras clave: provisión alimentaria, familias rurales, Praia Grande (SC).


Changes in food provision in rural spaces. A case study of smallholder families of Praia Grande, Santa Catarina, Brazil (Abstract)

Historical records show that the food provision of rural smallholder families in Praia Grande from the late 19th century until the first decades of the 20th century was basically dependent on self production and was complemented by direct exchange (barter) with neighbouring populations.  Gradually the growing commerce of livestock and horse drovers passing through the region and the increasing use of money as a token for exchange led to a diversification of the food produced. It also meant food consumption became more segmented (between social classes and between town and countryside) through differences in purchasing power. Nevertheless, the greatest changes in the dynamics of food provision occurred from the 1960s onward, due mainly to three factors: the expansion of large-scale agriculture (with a reduction in the quantity and variety of foods in local circulation); the growth of industrially produced foodstuffs (an influence of  urban consumption); and restrictions on the use of natural resources due to the creation of two national parks in the area (the disappearance of hunting, fishing and gathering). The future of food production for these smallholder families will be challenged both by the capacity of governmental, non-governmental and private sector organizations to intervene in the rural economy and by the strategy adopted by the state for environmental conservation.

Key words: food provision, rural families, Praia Grande-SC.

No Brasil, acompanhando um fenômeno que já vem madurando há algum tempo em países europeus, estamos assistimos à valorização progressiva das cozinhas regionais e dos produtos agrícolas ‘locais’ como elemento indispensável à afirmação das identidades territoriais e à patrimonialização da cultura. O campo, neste caso, é quase sempre considerado como o provedor “natural” da cultura alimentar que, para ser reconhecida e significada, necessita ser apresentada ao “outro” ou ao “que não pertence” ao cotidiano do agricultor e sua família. Se observado sem o devido cuidado, este contraste antropológico pode (e de forma paradoxal), levar o pesquisador a desmerecer a mesa do agricultor como um objeto de estudo em si mesmo. Tanto do ponto de vista material como simbólico, a comida servida para os “de dentro” da casa pode ser facilmente distinguida das outras e, portanto, merece um exame separado. Caberia perguntar, em um mundo de constantes e rápidas transformações, o que sai, o que permanece na mesa do agricultor? De que forma, processos e decisões que ocorrem em cenários distantes afetam hábitos e práticas alimentares próprios de seu universo? Que circunstâncias criam os limites e as possibilidades do lugar enquanto provedor de alimentos para a população rural aí assentada?

O consumo de alimentos locais é parte integrante da reprodução social dos indivíduos, das famílias e das comunidades rurais. No entanto, o ato de alimentar-se não está exclusivamente sujeito às relações sociais aí cristalizadas nem tampouco à dependência das condições impostas pelos fatores ambientais; a alimentação rural sempre está, em maior ou menor medida, circunstanciada por uma combinação de processos gerais - que operam em favor das relações de produção hegemônicas  - e de fatores específicos (econômicos, políticos, sociais e culturais) que dão contornos próprios à realidade dos lugares. As combinações são diferentes em cada tempo e espaço, constituindo dinâmicas espaço-temporais que se prolongam, se substituem e até mesmo se sobrepõem ao longo da história. 

O desafio a ser enfrentado neste trabalho é elucidar como a alimentação rural, enquanto processo social inscrito num contexto geográfico particular, foi submetida à modernização capitalista. Para tanto, trataremos de revisar aspectos históricos e o contexto atual da produção e a circulação de alimentos para as famílias rurais de Praia Grande (estado de Santa Catarina, Brasil). Os registros sobre a realidade empírica estão apoiados em diferentes pesquisas sobre a agricultura familiar em Praia Grande, além de um trabalho de extensão universitária, todos realizados entre os anos de 2004 e 2006. Os resultados foram obtidos a partir da investigação de documentos históricos e a aplicação de entrevistas realizadas em comunidades rurais e na sede do município de Praia Grande.

Da “Roça da Estância” às casas comerciais

O município de Praia Grande[1] está localizado na extremidade sul do estado de Santa Catarina, aproximadamente 50 km da costa Atlântica, sendo vizinho ao estado do Rio Grande do Sul  através do Rio Mampituba e das bordas da Serra Geral (figura 1). Estas bordas são conhecidas como os Aparados da Serra, os quais constituem belíssimos canyons com até 800 m. de altura, dominados por florestas subtropicais protegidas pelo Parque Nacional de Aparados da Serra e pelo Parque Nacional da Serra Geral[2].

 


Figura 1. localizacao de Praia Grande (SC)

 

Comenta Cabral (1965, p. 264) que no século XIX a localidade de Praia Grande era conhecida como Roça da Estância, devido ao fato que os fazendeiros estabelecidos no planalto gaúcho acima dos canyons utilizavam as áreas de planície para cultivarem produtos que não se adaptavam ao clima serrano. Durante a primeira metade daquele século, a “Roça da Estância” serviu basicamente à produção de alguns alimentos básicos – como hortaliças, mandioca e feijão. Neste período, a escala de circulação dos alimentos não estava determinada por umas relações de intercâmbio, mas por uma dinâmica de aprovisionamento do latifúndio e de sua força de trabalho. Os escravos eram enviados por estancieiros para abrirem pequenas áreas de cultivo na localidade de Pedra Branca, dando assim origem a um dos núcleos populacionais mais antigos do lugar, a comunidade de São Roque (Fernandes et al., 2005).

Com o passar das décadas, a mão-de-obra escrava foi se tornando mais escassa e o envio de produtos “serra acima” foi deixando de ser explicado unicamente pela demanda das estâncias. Os intercâmbios entre cidades ou vilas começaram a generalizar-se e a circulação de produtos passou a ocorrer em mão dupla. Na segunda metade do século XIX, os caminhos abertos pelos escravos já serviam ao deslocamento regional de tropas de animais e de alimentos transportados no lombo de mulas. O trabalho de Reitz (1948) informa que, por volta de 1860, as localidades de Molha Côco (hoje, comunidade de Vila Rosa) e Passo do Sertão (hoje, município de São João do Sul) faziam parte de um trajeto que ligava a serra gaúcha aos municípios catarinenses de Araranguá e Torres.

A ampliação da escala de circulação de produtos respondia à expansão de uma economia mercantil, cuja espinha dorsal eram os caminhos das tropas. Algumas famílias que entrevistamos em Vila Rosa fizeram referência às histórias de seus antepassados sobre a localização privilegiada da comunidade, situada ao pé da serra, como lugar de passo e de descanso dos tropeiros e seus animais. Aí se oferecia pouso e alimentação para os viajantes, o que estimulou a produção local e a troca e venda de produtos da terra.

No início do século XX, intensificaram-se as relações entre o planalto serrano e a planície do Mampituba. Os tropeiros traziam do alto da serra pinhão, charque, queijo, animais e retornavam, principalmente, com açúcar, cachaça, farinha de mandioca e feijão (Brightwell, 2005). A relativamente animada vida local atraiu vários comerciantes de origem lusa que, por volta de 1917, transferiram-se de localidades mais próximas ao litoral para instalarem-se ao pé da serra. No entanto, o uso do dinheiro ainda estava, neste momento, restrito à sua importância social como medida de equivalência de produtos, já que a economia regional era sustentada por formas de transações simples, mercantis e não mercantis. Este contexto, além de estimular o aumento da produção familiar, facilitou a obtenção de recursos provindos de outras regiões pelos agricultores, o que, provavelmente, melhorou as condições gerais de subsistência.

A prosperidade de Praia Grande estimulou a fixação de famílias de colonos alemães e italianos que inicialmente haviam se dirigido a outros destinos no sul catarinense e no Rio Grande do Sul. A maior parte destes imigrantes abriu pequenas áreas de cultivo, normalmente na forma de arrendamento. A expansão da agricultura impulsionou um espetacular aumento na produção de excedentes, sendo que alguns dos colonos acabaram fazendo-se donos de armazéns, moinhos, engenhos de cana-de-açúcar etc. O interesse pela compra e venda de alimentos crescia junto com o êxito das casas comerciais. O bairro rural de Molha Côco, por exemplo, chegou a comportar oito casas comerciais que recebiam tropas com até quarenta cargas de mulas, trazendo vinho, charque, queijo, farinha de trigo, pinhão etc. e que retornavam à serra carregados com farinha de mandioca e de milho, polvilho, feijão, açúcar, cachaça e outros gêneros produzidos localmente (Brightwell, 2005).

Durante toda a primeira metade do século XX, o dinheiro foi, pouco a pouco, passando a despertar interesse como capital a ser reinvestido. A diferenciação interna na comunidade, que antes era devida exclusivamente à suas possibilidades de reprodução social da unidade familiar (considerando a relação entre a capacidade produtiva das terras e as necessidades de subsistência da família), passa a ser ditada também – e principalmente – pela acumulação obtida com o beneficiamento, a transformação e o comércio de alimentos. Na metade daquele século, um punhado de proprietários rurais já controlava a maior parte do excedente, reunindo terras, máquinas e capital comercial para constituírem a elite política e econômica do lugar (Reitz, 1948, p.12).

Este período de acumulação inicial foi determinante para a estruturação de uma “cultura alimentar local”. Tratou-se de um momento de transição no âmbito da circulação de alimentos, a qual foi extravasando os limites lógicos e territoriais de uma economia mercantil regional e passou a explicar-se, cada vez mais, a partir das relações de produção e de mercado instituídas pela economia capitalista.

A diferenciação social fazendo cultura alimentar

A idealização do passado rural como um tempo de fartura e segurança alimentar não coincide com as experiências acumuladas pelos entrevistados que nasceram entre as décadas de 1920 e 1940. A abundância e a variedade na alimentação rural costumavam ser a regra para a maioria das famílias rurais apenas em ocasiões festivas. Lazarin e Espíndola (2005, p. 82) apresentaram as festas de Praia Grande como “(...) um espaço-tempo para as pessoas agradecerem [sic] pela fome que não se passou, ou mesmo fugir momentaneamente da fome, esquecendo por algumas horas da agrura do cotidiano".

Para as famílias mais pobres, ainda que exigisse grandes sacrifícios, a celebração de um casamento era o melhor momento para se preparar um cardápio farto e variado. O prato principal era oferecido somente aos parentes, padrinhos e amigos íntimos. Em geral, se dispunha de carne de galinha e de porco (sendo a carne bovina de mais difícil acesso) e de pães e roscas de polvilho assados em fornos caseiros. Como acompanhamento, mais tarde, tornaram-se populares os risottos e as massas introduzidos pelos colonos italianos. Após a refeição principal, eram oferecidas bebidas e sobremesas – como vinho, cachaça, licores e doces em compota feitos com batata-doce, figo ou laranja – a um número mais amplo de convidados. Também eram muito apreciados os doces em lata, assim chamados os biscoitos elaborados com polvilho ou farinha de trigo, manteiga, leite e cobertos com clara em neve. A produção do banquete ficava sob responsabilidade dos pais da noiva, padrinhos, comadres e vizinhas.

Findos os banquetes, ao retornarem ao dia-a-dia doméstico, os anos de juventude dos nossos entrevistados quase sempre se caracterizaram por graves dificuldades de acesso ao alimento, lutando para suprir as necessidades alimentares com inventividade e uma forte dependência do ambiente natural local. Somente os que possuíam mais e melhores terras conseguiam produzir carne de porco, milho, feijão, toucinho etc. em quantidades capazes de assegurar a aquisição de outros produtos muito desejados pelas famílias, como a farinha de trigo, o sal, o café e a carne bovina. Mesmo estes não escapavam a períodos de escassez provocados por secas e inundações eventuais. Os demais lutavam permanentemente contra a falta de comida e a desnutrição, recorrendo, com freqüência, à coleta de frutos silvestres, ao palmito nativo, ao peixe e à carne de caça. Como sentencia Claval (2001, p. 255), a alimentação reflete as estruturas da sociedade; sobreviver na penúria ou comungar na abundância era um destino forjado pela inserção social do indivíduo.

Para vencer a sensação de fome, as famílias consumiam diariamente produtos derivados do milho e da mandioca. Uma entrevistada nos revelou que, na sua comunidade, o pão de milho era conhecido como o “pão de criar filho”. O popular pirão, que nada mais era que uma massa de farinha de mandioca com água, constituía-se em um acompanhamento estratégico para qualquer porção de proteína animal, tal como charque, lingüiça, toucinho, peixe, galinha ou mesmo ovos.

A escassez de alimentos exigia criatividade das mães, as quais tinham que “inventar” misturas saborosas para aumentar a quantidade e variedade de comida oferecida e reduzir o desperdício dos perecíveis. Os tubérculos aumentavam a massa dos pães e os bolinhos feitos de farinha, ovos e água era um recurso muito utilizado quando na ausência de carne. Por sua parte, os pais e os filhos maiores assumiam a tarefa de caçar animais silvestres e de exercer a atividade da pesca. Num trajeto que demorava pelo menos um dia inteiro em carreta, as famílias se deslocavam até o litoral para abastecerem-se de frutos do mar e pescado, os quais eram conservados em latas de gordura suína.

Por sua vez, a elite de proprietários rurais ostentava um padrão de consumo baseado na fartura (sobretudo de carnes) e na diversidade de produtos. Durante as décadas de 1950 e 1960, esta diferenciação entre agricultores ricos e pobres já apresentava um claro desdobramento na forma de distinção entre a alimentação urbana e a rural. As famílias mais abastadas e suas riquezas estavam concentradas na sede do município, e o desejo de imitar as práticas e costumes da sociedade urbana trouxe às suas cozinhas produtos exóticos e paladares estranhos. Nossas entrevistadas não se esqueceram de mencionar, por exemplo, as famosas habilidades das cozinheiras afro-descendentes na elaboração de pratos sofisticados e de apresentação impecável. A neta de uma destas cozinheiras nos revelou que a inspiração culinária de sua avó tinha como fonte alguns livros e cadernos de receitas que circulavam na alta sociedade carioca e gaúcha[3]

A ostentação da elite local contrastava com a frugalidade da vida cotidiana de Dona Maria José, a doceira mais famosa da região nas décadas de 1940 a 1960. A doceira deixava as novidades e os requintes para a mesa dos ricos e os substituía, em sua casa, por um punhado de feijão cozido no “fogão-de-gancho” e acompanhado de um pedaço de carne de porco e algumas verduras da horta.  Tal frugalidade ditava a alimentação da quase totalidade das famílias rurais; no dia-a-dia, pouco mais se consumia além de feijão, leite, polenta e alguns tubérculos e hortaliças. Como já observou Certeau, “a história da multidão de camponeses é uma história de pobres que se privam para vender o melhor de sua produção aos que moram nas cidades e reservam os subprodutos medíocres para o consumo” (Certeau, 1994, p. 99).

Efeitos da modernização sobre a provisão das famílias rurais

A introdução de receitas e costumes urbanos na alimentação das elites locais foi um prenúncio das grandes mudanças sócio-espaciais que ocorreriam a partir dos anos de 1970 em Praia Grande. A ação modernizante do Estado – a escalas regional e nacional –  a partir de instrumentos de política agrícola e de transportes, trouxe mudanças decisivas na provisão alimentar dos agricultores, como veremos a seguir.

Entre as décadas de 1970 e 1980, a agricultura regional foi amplamente afetada por projetos de modernização, cujo principal destaque é o PROVARZEAS (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, 1980). A preocupação constante das famílias com a subsistência através do auto-consumo deu lugar à exigência de aumento no volume de excedentes produzidos para o mercado, graças aos pesados investimentos em tecnologia agropecuária (sistematização de várzeas, mecanização, uso intensivo de fertilizantes e outros insumos químicos).

A imposição de novos cálculos econômicos de escala e de produtividade resultou numa massiva liberação da força de trabalho para as cidades.  Acuadas pela modernização agrícola, muitas famílias não resistiram e venderam suas terras, para depois – no melhor dos casos – instalarem-se na periferia da cidade de Praia Grande, quando não emigraram para cidades de grande porte, como Porto Alegre ou Caxias do Sul. Deste modo, passaram a ser ex-agricultores ou os novos trabalhadores de baixa qualificação (ajudantes de obra, carregadores, atendentes no comércio etc.) que perderam o controle sobre os meios de produção de sua subsistência.

Como ilustra a tabela 1, o êxodo do campo foi o efeito mais dramático da modernização, tornando-se motor do enfraquecimento demográfico geral do município, entre as décadas de 1970 e 2000.

 

Tabela 1. Evolução da população de Praia Grande entre 1970 e 2000
 

1970

1980

1991

2000

Total

8140

7608

7579

7286

Urbana

1466

1876

3321

3937

Rural

6674

5732

4258

3349

Fonte: IBGE - Censo Demográficos de 1970, 1991, 1991 e 2000.

As produções de fumo, banana e arroz tiveram um incremento muito expressivo; porém, sem dúvida, o maior destaque cabe às lavouras de arroz irrigado. Estas lavouras, altamente tecnificadas e integradas aos mercados nacional e internacional, se expandiram de tal forma nas últimas três décadas que constituem, hoje, o fenômeno mais destacado entre as transformações na paisagem não só de Praia Grande, mas de toda a região sul catarinense. Como afirmam Silva; Scheibe (2006):

“A inserção do arroz no comércio agrícola como uma “commodity” foi o fator de pressão para que a paisagem na planície experimentasse uma homogeneização crescente. A dinâmica territorializadora da rizicultura irrigada não só excluiu outras alternativas de uso, mas também impôs uma produção a grande escala de um grão o mais uniforme possível e padronizado segundo os grandes mercados nacionais e internacionais. Cultivares que eram tradicionalmente utilizados pelas famílias da região em pequenas áreas – como os de arroz “cateto”, por exemplo - foram quase que totalmente abandonados para darem lugar aos de elevada produtividade e preferidos pelos grandes mercados”.

Por outro lado, o PROVARZEAS e outras iniciativas oficiais também investiram massivamente na melhoria das estradas de rodagem, na ampliação da rede elétrica e de telefonia etc. Os resultados mais visíveis foram a abertura de estradas vicinais e o asfaltamento da rodovia federal BR-101 a partir do final da década de 1960, o que, evidentemente, serviu ao aumento dos fluxos de transferência externa daquelas produções a larga escala.

Para aquelas famílias que conseguiram permanecer em suas terras, o grande avanço das áreas de monocultura (arroz na planície e banana nas encostas) e a integração dos produtores à cadeia do fumo causaram uma importante perda nos recursos da biodiversidade; tal fato se traduziu num escasseamento do alimento obtido diretamente da natureza. Reduziram-se as áreas de floresta e de “mato”, onde se encontravam ervas, folhosas, frutas, palmito e animais de caça (cuja importância poderia ser grande em anos de más colheitas).

Além disso, a variedade de comestíveis cultivados também diminuiu, já que se fez necessária uma reorganização (entendida como uma “racionalização técnico-econômica”) do trabalho familiar, a qual subtraiu tempo e espaço dedicados à produção para o auto-consumo. Na prática, a especialização nos grandes cultivos inibiu a produção e circulação local de alimentos como a carne de porco e seus derivados, milho, hortaliças, raízes, tubérculos, frutas e açúcar mascavo.

De maneira progressiva, deu-se a substituição de produtos artesanais por industrializados no cotidiano doméstico, o que, nas últimas décadas, causou uma notável redução de tipos e quantidades de alimentos produzidos e/ou manufaturados localmente. Quando se fez necessário, a modernização lançou mão de instrumentos coercitivos: o caso mais emblemático é o do decreto da Presidência da República, de 1966, que proibiu o processamento artesanal da cana-de-açúcar (Presidência da República, 1966). Alguns entrevistados relataram situações de ameaças e multas aplicadas por fiscais do Ministério da Agricultura, que resultaram na perda quase total do saber-fazer sobre a fabricação do açúcar mascavo.

Nossos entrevistados revelaram que a ida aos mercados, situados no centro urbano de Praia Grande, é, hoje, uma atividade senão regular, pelo menos necessária ao suprimento adequado das famílias. São adquiridos nos mercados diversos itens industriais que compõe a alimentação doméstica, como óleo de soja, pães, massas e açúcar branco. Neste aspecto, pudemos observar que compra de alimentos é potencializada pelo envelhecimento da população rural, devido ao êxodo da força de trabalho.

É preciso reconhecer que os enlatados, os pack, os congelados e outras novidades impostas pela indústria alimentar foram capazes de reunir uma série de elementos materiais e simbólicos cada vez mais sedutores e acessíveis (em quantidade, diversidade e em preço) às famílias rurais. É certo que as mudanças nos hábitos de consumo sempre são conflitivas, onde práticas e ideologias são opostas, muitas vezes, entre gerações de uma mesma família. Mas, é inegável que, em poucas décadas, os padrões de consumo rural foram profundamente alterados, e não só a comida do dia-a-dia mudou: o festejo da páscoa, por exemplo, abandonou os amendoins açucarados e os ovos de galinha pintados para adotar a imagem do coelho “urbano” e seu ovo de chocolate; o mesmo pode-se dizer das festas dos Santos padroeiros, que nas últimas décadas passaram a celebrar-se com o churrasco “à moda gaúcha”, acompanhado da indispensável salada de batata (também conhecida como maionese).

Também é parte deste processo o esforço da indústria por trazer às cozinhas um novo conjunto de bens de consumo duráveis – inaugurado pela geladeira e que hoje inclui toda uma gama de equipamentos e utensílios – adequados às demandas modernas de conservação prolongada e preparação rápida dos alimentos. Aqui, cumpriu um papel decisivo a expansão da rede de energia elétrica, primeiro para a sede e posteriormente para as outras localidades do município.

Preservação ambiental e turismo: novas angústias, antigas incertezas

Em 1972, a incorporação das encostas catarinenses no Parque Nacional dos Aparados da Serra foi responsável pela inclusão de novas questões acerca da alimentação rural. Por um lado, os benefícios, pelo menos, potenciais, parecem ser evidentes: as restrições ao uso econômico das áreas protegidas (que compreendem nao só as áreas internas dos Parques, mas também a chamada “zona de amortecimento”, que consta no Plano Diretor do IBAMA) contribuíram para se evitar que vários “produtos da terra” – frutas, folhosas, tubérculos – fossem literalmente varridos pela modernização; ali, ainda se escondem inúmeras sementes e matrizes de espécies comestíveis e medicinais. É notável, ainda, a existência de uma grande cobertura de floresta, contígua às terras abertas para o uso agrícola.

No entanto, um contencioso processo de desapropriações (que se arrasta até o presente) e a submissão a uma rígida legislação ambiental gerou uma insatisfação crescente entre as comunidades de agricultores que habitavam o sopé dos canyons. Sem indenização e legalmente impedidos de utilizar os recursos que tradicionalmente usavam, os produtores passaram, então, a reivindicar o direito livre de retirar madeira, lenha e outros recursos da floresta – como o palmito e os animais de caça – ou simplesmente de limpar/queimar/destocar a mata para “plantar roça”, remover seixos etc.

As limitações geraram uma angústia entre as famílias não só em relação à sua capacidade de produção de excedentes para o mercado, mas também acerca de suas possibilidades de subsistência. Hoje, pouco ainda se avançou na negociação social entre o IBAMA e as comunidades acerca do uso destes recursos; o descontentamento explícito continua, o que pudemos constatar em nossas entrevistas (Silva; Brightwell, 2004).

Antes de se decidirem pelo abandono definitivo das terras, a estratégia adotada pelas famílias costuma ser a venda de parte de sua forca de trabalho nas grandes lavouras ou na forma da pluriatividade. É certo que, vinculados a redes de parentesco, compadrio e favores mútuos, parte de seus recursos alimentares ainda provém de produção própria, de doação ou de intercâmbio, mas, no conjunto, a dependência da compra de produtos nos pontos de venda da cidade (sejam eles frescos ou industrializados) já se apresenta, neste contexto, crucial.

A ligação com a economia do turismo (rural, ecológico) compõe uma segunda estratégia, que já vinha sendo praticada na vizinhança gaúcha do Parque desde os anos de 1960. No relatório de 1966, o administrador do Parque, Dr. Antônio Lara, informava sobre a presença de mais de 10.000 visitantes na área, que já dispunha de uma hospedaria e um restaurante. No trabalho de Brightwell (2002, p. 64), há a referência a uma entrevista com uma moradora rural do município de Cambará do Sul que ilustra perfeitamente a ligação entre preservação ambiental e função turística, a qual transcrevemos na íntegra:

“Quando abriram as estradas para as serrarias, logo em seguida começou a vir gente, né. Daí fizeram aquele hotel ali, daí veio gente para acampar. Tinha tempo que tinha barraca dentro da lavoura, nossa lavoura ali embaixo dos eucaliptos, tinha ali na frente da casa (...) Eu fiz muito dinheiro com os veranista. Eu vendia de tudo. Uma Páscoa – quinta, sexta, sábado, domingo – dá quatro dias”; mas quinta quase nunca era muita gente. Sexta e sábado era bastante. Uma vez eu fiz cinqüenta e cinco quilos de farinha de trigo em pão, assado no fogão. Estava uns crescendo e eu já estava sovando os outros. O Eliseu me ajudava. O marido da Eliete me ajudava a amassar, né. Assei pão dia e noite, para cinqüenta e cinco quilos em pão é muito pão, né, pra vender pra veranista assim acampado. Eu vendia feijão cozido, eu vendia queijo, eu vendia leite, vendia vinho, vendia cachaça, tudo.”

Em Praia Grande, a definitiva expansão do turismo deu-se a partir de 1998, com a reabertura dos Parques Nacionais após um período fechados à visitação pública. Como as restrições ambientais diminuíram o valor da terra para o uso agrícola, desde então o afluxo sistemático de visitantes de grandes centros urbanos, como Porto Alegre e São Paulo vêm estimulando a conversão de várias propriedades rurais em espaços de turismo e lazer, tais como pousadas, áreas de camping e lugares de prática do turismo rural e ecoturismo.

É de se destacar, neste exercício da função turística, a interação estabelecida entre a policultura e a produção de alimentos artesanais. De fato, este é o fenômeno mais recente que vem provocando mudanças na alimentação rural. Várias famílias produzem e vendem produtos comestíveis, como açúcar mascavo, pães, doces, queijos, salames e licores. Além disso, há uma ou duas famílias que oferecem almoço e o “típico” café colonial, incluindo o frango caipira e produtos frescos da horta, por exemplo.

Nestas unidades produtivas emergentes, a produção econômica e a reprodução social dividem a mesma cozinha, mas não há equivalência nas escolhas, pois os agricultores tratam de privilegiar o gosto e as preferências do turista. Como estão produzindo para um consumidor desejoso de encontrar um mundo rural cheio de alusões a um passado ideal, os sabores nascidos em suas cozinhas nem sempre estão de acordo com a sua história e nem mesmo com a história da geração anterior (que sofreu mais diretamente os efeitos da modernização). Uma das “novas cozinheiras” informou que gosta de pesquisar receitas, mesmo que sejam de outras regiões, para atrair os turistas, especialmente para o seu café colonial. Desta maneira, a economia do turismo acaba por incorporar certas feições “neo-rurais” ou até “de outros rurais” nas práticas alimentares daqueles que se mantêm na terra.

Independentemente dos benefícios ou não destas mudanças na dieta das famílias, é certo que a reconversão ao turismo não está ao alcance de todos. Apesar de que seus efeitos sociais ainda são relativamente recentes e merecem ser estudados com maior profundidade, é indiscutível o fato de que a expansão do turismo vem desempenhando um papel excludente nas comunidades rurais de Praia Grande. Sob este aspecto, as diferenças com a modernização agrícola não são muito grandes.

Os novíssimos proprietários podem ser chamados de empreendedores neo-rurais (novos sitiantes e novos “profissionais” do turismo rural e ecológico), oriundos de Porto Alegre e de outros centros urbanos gaúchos e catarinenses. Possuem capital próprio ou com melhor acesso ao financiamento deste novo negócio e, ademais, dominam melhor os conhecimentos técnicos e de gestão da economia turística. Sua influência sobre a comida ainda é pequena, mas crescente, e inspira-se no modelo de oferta gastronômica já amplamente difundida na serra gaúcha (comidas “serrana”, “italiana” etc.).

Para estes novos profissionais, a dieta rural serve como uma vitrine de exposição de produtos que, evidentemente, não é fiel à realidade a que estão submetidos os agricultores; as raízes históricas e a dinâmica atual do mundo rural interessam menos que a promoção de um imaginário romântico, de deleite e de menção a uma ruralidade com valores antigos e harmônica em sua relação com a natureza. Um exemplo é a utilização da marca “Canyons” por uma empresa local para a venda de produtos derivados da banana, que dispensa a vinculação com a identidade cultural e explora a imagem de paraíso natural na região.

Pensando o futuro da alimentação rural: referências para novas intervenções

Apesar das dificuldades impostas pela modernização, de um lado, e pelo modelo de preservação ambiental, de outro, os produtos “da terra” não desapareceram por completo da mesa dos agricultores. É possível encontrar, nas residências rurais, açúcar mascavo, farinha de mandioca, farinha de milho e polvilho, ainda que seu consumo seja reservado a determinados usos e ocasiões. 

No caso do açúcar mascavo, seu consumo pelas famílias ainda é apreciado através de doces tradicionais como pé-de-moleque e puxa-puxa[4]. A farinha de mandioca, antes onipresente na mesa da família rural na forma de pirão, hoje acompanha o feijão ou o churrasco. O polvilho continua sendo bastante usado para a fabricação de roscas e biscoitos, inclusive por estabelecimentos comerciais. A mandioca e o milho continuaram a ser produzidos em “qualquer pedacinho de terra”, complementando assim a dieta da família. A primeira servida cozida em substituição à batata inglesa, ou como ingrediente no preparo de pães e bolos; o segundo, sob diversas formas, desde o “milho verde” até a polenta, uma espécie de “coringa” na cozinha, que aumenta sua importância nas épocas de escassez.

Como alternativa de reprodução social, alguns agricultores tomaram a iniciativa de buscar interações positivas entre os Parques e a produção agrícola. Reunidos na ACEVAM (Associação de Colonos Ecologistas do Vale do Mampituba), esses agricultores têm atuado na proposição de práticas agro-ecológicas, estimulando a policultura e o auto-consumo. Atualmente, em parceria com a EPAGRI, vem sendo experimentado um sistema de agro-florestas para cultivo integrado da palmeira (euterpe edulis) e outras espécies nativas (Silva; Brightwell, 2004). Também merecem destaque as recentes ações governamentais em favor do reconhecimento formal da comunidade descendente de quilombolas, assentada em áreas dos Parques e seu entorno. Estas ações servem como legitimação e defesa da cultura e dos saberes tradicionais daquela comunidade, entre os quais estão o cultivo e o preparo dos alimentos (Fernandes et alli, 2005).

O futuro da alimentação das famílias rurais está condicionado, em primeiro lugar, à sua afirmação política frente às instituições que mediam e amortecem sua exposição ao processo de modernização, como a EPAGRI, o INCRA e o IBAMA. A fome e a desnutrição e o êxodo continuam sendo ameaças concretas, considerando a avançada precarização das condições de subsistência em comunidades como “Cachoeira”, onde muitas famílias perderam a posse da terra e mantêm-se como mão-de-obra temporária em meio a uma planície totalmente tomada pela rizicultura irrigada. Por outro lado, a condição muito especial em que se encontram as comunidades rurais próximas ao sopé dos canyons – protegidas da monocultura e das exigências de elevada produtividade pela legislação ambiental e pela gestão dos Parques – pode trazer importantes benefícios ao seu aprovisionamento alimentar.

Entretanto, esses benefícios também dependem, e muito, da negociação sobre autorizações (e busca de saídas legais) relativas ao uso dos recursos naturais com a direção dos Parques Nacionais; tal negociação é, por exemplo, indispensável para a subsistência daquelas famílias cujas terras (encostas, sobretudo) estão no ponto de mira da preservação ambiental. Neste sentido, é preciso adequar mecanismos legais e compensatórios que garantam o cumprimento das regras de proteção das unidades de conservação em acordo com as necessidades de consumo das famílias, evitando que ocorra um segundo êxodo massivo e a instalação de uma economia turística predatória aos interesses das comunidades rurais e dos próprios órgãos de preservação.

 

Notas

[1] O distrito de Praia Grande foi criado em 31 de dezembro de 1943. A emancipação política veio através da Lei nº 348 de 21 de junho de 1958.

[2] O Parque Nacional de Aparados da Serra (PNAS) foi criado em 1959 (Decreto Federal nº 47.446 de 17 de Dezembro de 1959), inicialmente apenas em terras gaúchas. Um novo decreto federal foi expedido em 17 de março de 1972 (nº 70.296) anexando o canyon Itaimbézinho e as áreas no município de Praia Grande, caracterizadas por vales e encostas. O PNAS foi parcialmnete fechado em 1996 e reaberto em 1998. O Parque Nacional da Serra Geral (PNSG) é contíguo ao PNAS e foi criado em 1992 (Decreto nº 531 de 20 de maio de 1992).

[3] A entrevistada referia-se ao livro de Iaiá Ribeiro, publicado originalmente em 1934 pela Editora Globo de Porto Alegre, tornando-se uma importante referência da gastronomia brasileira (RIBEIRO, 1996).

[4] Atualmente, existe um engenho tradicional de açúcar em funcionamento no município, cuja produção destina-se, basicamente, aos mercados de Praia Grande e à venda direta aos visitantes.

 

Bibliografía

BRIGHTWELL, M. G. S. L. O espaço natural e o espaço histórico-cultural na região do Parque Nacional dos Aparados da Serra. Monografia apresentada ao Curso de História. Florianópolis (Brasil): Universidade Federal de Santa Catarina, 2002.

BRIGHTWELL, M. G. S. L. Os Parques Nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral e o município de Praia Grande – SC, dimensões escalares e conflitos. Tesis de maestria presentada al Programa de Pós-Graduação em Geografia. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina,  2006.

BRIGHTWELL, M. G. S.L.; NODARI, E.S.; KLUG., J. Saberes e Sabores de Praia Grande: Práticas Alimentares, Memória e História. Florianópolis: Imprensa Universitária, 2005.

CERTEAU, M. A invenção do cotidiano – Artes de fazer. 3ª ed. , vol. 2, Petrópolis: Vozes, 1994.

CLAVAL, P. A geografia cultural. 2ª ed. Florianópolis: UFSC, 2001.

FERNANDES, R.C.; BRUSTOLIN, C.; TEIXEIRA, L. Relatório Antropológico: A comunidade São Roque. Florianópolis, 2005.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Base de dados agregados dos Censos Demográficos. [En línea]. <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?z=t&o=22&i=P&c=202>. [18 de febrero de 2008].

LAZARIN, K.; ESPÍNDOLA, M. A. A comida que nos une. In: BRIGHTWELL, M.G.S.L.; NODARI, E.S.; KLUG., J. Saberes e Sabores de Praia Grande: Práticas Alimentares, Memória e História. Florianópolis: Imprensa Universitária, 2005.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Decreto-lei no 56. Brasília: Casa Civil, Sub-chefia para Assuntos Jurídicos, 1966.

REITZ, R. Paróquia de Sombrio. Brusque: [s.e.], 1948.

RIBEIRO, Yayá [pseud. de Célia Ribeiro]. Receitas de Yayá Ribeiro. Porto Alegre: Globo, [1966]. 237p. il.

SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. Programa para o Aproveitamento Racional das Várzeas Irrigáveis de Santa CatarinaPROVÁRZEAS/SC. Florianópolis: ACARESC, 1980.

SILVA, C. A.; BRIGHTWELL, M. G. S. L. A multifuncionalidade agrícola em processo: Uma aproximação geográfica ao caso de Praia Grande - SC. Florianópolis: Relatório de Pesquisa, 2004.

SILVA, C. A.; SCHEIBE, L. F. A dinâmica territorializadora da rizicultura na bacia do rio Araranguá – SC. In: Revista Ágora, Santa Cruz do Sul (Brasil): vol. 12, n. 2, jul/dez 2006.


© Copyright Maria das Graças dos Santos Brightwell y Clécio Azevedo da Silva, 2008
© Copyright Scripta Nova, 2008


Referencia bibliográfica

BRIGHTWELL, María das Graças dos Santos y SILVA, Clécio Azevedo da (Universidade Federal de Santa Catarina). Transformaçoes na provisão alimentar no espaço rural. Um estudo de caso sobre famílias agricultoras em Praia Grande, Santa Catarina (Brasil). Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales.  Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2008, vol. XII, núm. 270 (75). <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-270/sn-270-75.htm> [ISSN: 1138-9788]


Volver al índice de Scripta Nova número 270

Índice de Scripta Nova Menú principal