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Índice de Scripta Nova

Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98
Vol. VI, núm. 119 (33), 1 de agosto de 2002

EL TRABAJO

Número extraordinario dedicado al IV Coloquio Internacional de Geocrítica (Actas del Coloquio)

O MERCADO DA RECICLAGEM DE PAPEL
NO MUNICIPIO DE SÃO PAULO, BRASIL

Luciana Ziglio


O mercado da reciclagem de papel no municipio de São Paulo, Brasil ( Resumo)

O mercado de reciclagem de papel no Brasil possui uma estrutura bem definida e de muitos anos de atuação. O comércio de reciclagem deste resíduo já ocorre desde a formação das grandes indústrias papeleiras que aproveitam os papéis gerados nas sobras de linha de produção incorporando-os novamente ao sistema. Descrevê-lo, no município de São Paulo, apontando seus atores, limites, fluxos e abrangências será o propósito desta comunicação.

Palavras chaves: mercado, São Paulo, residuos sólidos, emprego, renda


Paper recycling market and job generation in the brazilian state of São Paulo, Brazil (Abstract)

The Brazilian paper recycling market possesses a well defined structure and has been in existence for a long time. The recycling business waste of this since the start of great paper mills that reuse the papers in the leftovers of production bringing them back to the system. The aim of our paper is to describle this activity pointing out its main participants, limitations, flows and scope.

Key words : market, solid waste, job, income.


Um dos problemas da vida contemporânea é de medir a capacidade que teremos para manter as condições da reprodução humana na Terra. Em outras palavras: trata-se de permitir às gerações vindouras condições de habitabilidade no futuro, considerando a herança de modelos tecnológicos devastadores e possíveis alternativas a eles. Os seres humanos que estão porvir precisam dispor de ar, solo para cultivar e água limpos. Sem isso, as perspectivas são sombrias: baixa qualidade de vida e novos conflitos por recursos naturais. (1)

Em busca da solução destes impasses iniciou-se a relação entre produção econômica e preservação ambiental. Surge neste contexto a expressão ecodesenvolvimento na década de 1980 no documento do World Conservation Strategy produzido pela União Internacional para a Conservação da Natureza pela solicitação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. De acordo com este documento, uma estratégia mundial para a conservação natural deve manter os processos ecológicos essenciais para a sobrevivência do ser humano, preservar a diversidade genética e assegurar o aproveitamento sustentável dos ecossistemas que proporcionam a vida humana.

Para que a proposta de desenvolvimento sustentável ou ecodesenvolvimento não represente um enverdecimento da relação economia e ecologia cujo seu principio se esgotaria em retórica impõe-se examinar as ideologias envolvidas neste contexto e transformá–las em políticas públicas que garantam sua efetividade. A Eco 92 e a Rio + 5 posicionou e consolidou, o Brasil, interessado na ação ecológica e nossas políticas nacionais demonstram esta afirmação. As leis de Política Nacional de Meio Ambiente (6.938 de 1981), Política Nacional de Crimes Ambientais (9.605 de 1998) e a Política Nacional de Educação Ambiental (9.795 de 1999) são exemplos.(2)

No entanto o Brasil ainda não possui uma política pública definida para a questão dos resíduos sólidos urbanos fato que prejudica o correto acondicionamento do lixo gerado no pais. O mercado da reciclagem de papel no Brasil e especificamente no município de São Paulo permite a recuperação e a reciclagem de aparas que seriam endereçadas a disposição final . Atualmente estima-se que no pais existam cerca de 200 mil catadores neste mercado de sucatas nas ruas em centrais de reciclagem ou em cooperativas de beneficiamento. (3)
 

O gerenciamento dos resíduos sólidos no Brasil

O Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos é um conjunto articulado de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que uma administração públicadesenvolve (com base em critérios sanitários, ambientais e econômicos) para coletar, segregar, tratar e dispor o lixo de sua cidade. (4)

Gerenciar o lixo de forma integrada remete-nos a pensar sobre o sistema de coleta, transporte, armazenamento e disposição final dos resíduos. O mercado da reciclagem de papel brasileiro contribui para este gerenciamento por reverter o envio de aparas para aterros sanitários e lixões.

O Brasil alcança o século XXI com a população estimada em 170 milhões de habitantes e com uma taxa de crescimento em torno de 1,4 por cento ao ano o que levara o Pais a atingir o valor de 211 milhões em 2020. Diante destas estimativas faz-se necessário pensar sobre a questão dos resíduos sólidos em nosso território. (5)

O Brasil, produz diariamente cerca de 241.614 toneladas de resíduos sólidos onde 76 por cento deste valor e disposto a céu aberto enquanto 23 por cento recebem algum tratamento que envolveraa disposição final, reciclagem, recuperação ou compostagem. Este mesmo instituto informa que o País possui 5.057 municípios e que apenas 2.242 dos mesmos possui coleta hospitalar. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 437 municípios brasileiros realizam programas de coleta seletiva e levando-nos a calcular que no Brasil menos de 10 por cento dos municípios realizam a coleta seletiva e reciclagem. Outro fator interessante mencionado na pesquisa CICLOSOFTéque apenas 6 milhões de brasileiros possuem acesso aos programas de coleta seletiva dentro do universo de 170 milhões o que permite afirmar que menos de 5 por cento da população participa separando recicláveis. O município de São Paulo, objeto de estudo deste trabalho, não apresenta dados . (6)

Figura 1
Número de Municípios Brasileiros atendidos por coleta seletiva

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística , IBGE, 2000 e Compromisso Empresarial para Reciclagem , Pesquisa Nacional de Saneamento Básico , 2000
 

Figura 2
População Atendida por Programas de Coleta Seletiva no Brasil

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística , IBGE, 2000 e Compromisso Empresarial para Reciclagem , CEMPRE, 1999

Os números são muito tímidos e pensar sobre o gerenciamento de resíduos no País faz-se primordial. Devemos equacionar a questão coleta, transporte e disposição final dos resíduos sólidos domésticos. Cabe a toda sociedade brasileira contribuir participando dos programas de coleta seletiva já existentes e estimular como um todo a formação de mais iniciativas que permitam a reciclagem. (7)
 

O gerenciamento dos resíduos sólidos em São Paulo

A região metropolitana de São Paulo formada por seus 39 municípios adicionadas a capital tem 16 de seus componentes acondicionando os resíduos sólidos em lixões. Apenas 10 dos municípios possuem aterros sanitários e os demais controlados . (8)

As regiões metropolitanas brasileiras apresentam problemas semelhantes na gestão de seus resíduos sólidos como por exemplo a dificuldade de áreas para disposição final, contaminação dos rios , e problemas com as populações em áreas impróprias para moradia. A falta de recursos governamentais , ausência de políticas de governo e públicasno tocante ao saneamento, falta de recursos humanos preparados para atuar em gestão de resíduos e também a ausência de educação ambiental prejudicam o adequado gerenciamento nas regiões metropolitanas brasileiras. (9)

Em nossa área de estudo a situação e alarmante onde as opções de disposição final são pequenas. O município de São Paulo conta com os aterros sanitários: São João (recebe diariamente 6 mil toneladas) e o Bandeirantes (recebe diariamente 7 mil toneladas) ambos com sua capacidade em quase total esgotamento. Os município gera em torno de 12.500 toneladas diárias de resíduos e recicla menos de 1 por cento deste valor. (10)

As opções de disposição para a área de estudo são mínimas. Além dos aterros mencionados, a cidade possui um aterro de resíduos inertes (Itatinga), dois incineradores de resíduos hospitalares (Jaguaré e Ponte Pequena) e por fim duas usinas de compostagem (Vila Leopoldina e São Matheus). O sistema de coleta seletiva do município atende a menos de 5 por cento da população e recicla menos de 1 por cento do material gerado.

No entanto a coleta seletiva sempre existiu na cidade de São Paulo sobre a ótica informal gerada pelos catadores ou carrinheiros que enxergavam na coleta de recicláveis uma forma de geração de renda. O mercado de sucatas de papel no município de São Paulo é o que permite no presente os índices de reciclagem existentes como também permite que 100 por cento do lixo coletado regularmente não seja depositado em aterros. O gráfico a seguir demonstra o volume em peso dos resíduos sólidos gerados no município onde 19 por cento correspondem ao papel e papelão, sendo que, este número não é maior porque o mercado da reciclagem de papel redireciona o material para as industrias recicladoras.

Figura 3
Composição dos Resíduos Sólidos no Município de São Paulo

Fonte: Departamento de Limpeza Urbana, LIMPURB . 1999.

Garantir a disposição e o tratamento dos resíduos urbanos em grandes cidades tornou-se um desafio nacional. A manutenção deste sistema de gerenciamento revela uma insustentabilidade sem precedentes garantindo certamente a não melhoria da qualidade de vida para a população paulistana. No momento o Brasil necessita da busca de modelos de políticas publicas de resíduos sólidos que atendam ao mesmo tempo a economia globalizada , a regulação da gestão da metrópole, a garantia de qualidade de vida ambiental e social aos seus moradores. (11)

Para isto deverá apoiar – se em experiências de programas de coleta seletiva internacionais como por exemplo: Japão, Estados Unidos da América, Austrália, ou nacionais tais como Belo Horizonte, Curitiba, Belém, Porto Alegre que auxiliam em alternativas tecnológicas de saneamento para o gerenciamento integrado de resíduos sólidos.
 

O mercado de sucatas de papel no Brasil

O mercado de sucatas de papel brasileiro estrutura-se em torno de quatro níveis de negócios: catadores, pequenos a médios sucateiros e cooperativas, grandes sucateiros e finalmente os recicladores. Observe o fluxograma abaixo que demonstra a hierarquia e o fluxo do material.

Figura 4
Estrutura do mercado de sucatas de papel no município de São Paulo

Fonte: Ziglio, L.  O mercado da reciclagem de papel no município de São Paulo, 2001

Catadores de papel

Estes atores exercem o papel da coleta de materiais recicláveis nas cidades brasileiras. Trabalhando como autônomos, ou seja, carrinheiros que não pertencem a nenhum tipo de cooperativa acabam enfrentando problemas como a falta de credibilidade de sua atividade pois agem de foram isolada, e também muitas vezes, desorganizada pois recolhem papéis de inúmeras fontes geradoras desde comércio, residências ou do próprio lixo disposto nas ruas. A formação de cooperativas promove a união desses catadores, facilitando a obtenção e venda de sucatas, conseguindo valorizar ainda mais o preço do material coletado .

Ao recolher os papeis pós-consumidos o catador irávendê-lo a um centro de triagem ou a um sucateiro no município caso não esteja associado a nenhuma cooperativa. Desta forma sua pouca quantidade e qualidade no papel acaba por acarretar em um pouco valor de venda. Geralmente os catadores tornam-se vitimas da exploração de sua atividade.

A atividade dos catadores em cooperativas já vem demonstrando êxito: a evolução do ganho bruto mensal de um catador cooperado no Rio de Janeiro, segundo a COMLURB, passou de R$ 375,00 em 1996 para R$ 978,00 em 1999. Em Curitiba o ganho mensal atual médio e de R$600,00 fato que mostra um crescimento significativo do valor agregado de materiais recicláveis. Em São Paulo a media de ganho mensal com o recolhimento de sucatas é de R$ 450,00. (12)
 
 

Cooperativas

As cooperativas no Brasil surgem com função econômica, ambiental e social. Econômica porque geram emprego e renda com a venda de materiais recicláveis, ambiental por permitirem um reaproveitamento dos recursos naturais e social por resgatar indivíduos excluídos do mercado de trabalho como profissionais.

O trabalho de triagem (separação dos materiais coletados pelos catadores) é realizado na própria cooperativa. Cooperativas como a COOPAMARE em São Paulo, ASMARE em Belo Horizonte, COOPCICLA em Salvador, são ótimos exemplos de iniciativas que hoje apresentam um número significativo de catadores cooperados que comercializam sucatas, além de possuir núcleos de aprendizagem profissional. (13)

O catador filiado em cooperativa recebe em média mensalmente entre dois a três salários mínimos (R$ 500 reais) sendo 10 por cento deste valor recolhido de cada cooperado para manutenção da infra-estrutura da cooperativa. Além da coleta dos catadores a instituição geralmente recebe doações da sociedade civil de recicláveis. É importante ressaltar que o trabalho realizado pelas cooperativas, além de valorizar o trabalho dos catadores melhora a qualidade da sucata, influenciando positivamente os negócios realizados posteriormente com os sucateiros e recicladores, já que haverá um aumento de qualidade e regularidade no fornecimento do material. As cooperativas desenvolvem a criação da estabilidade social nos espaços territoriais onde atuam, pois geram renda, trabalho e integração social além da preservação dos recursos naturais.

Observe o quadro a seguir que demonstra a estrutura das cooperativas em alguns programas de coleta seletiva brasileiro. A tabela permite dizer que as iniciativas possuem graus de desenvolvimento distintos fruto da heterogeneidade do mercado de reciclagem do País .
 

Quadro 1
Cooperativas de coleta seletiva no Brasil
CIDADE 
CARACTERISTICAS
Rio de Janeiro - RJ Possuem 5 galpões com cerca de 200 pessoas organizadas sobre a forma de cooperativas de triagem. 
Curitiba - PR Possuem 1 galpão de triagem municipal que atende 30% do material reciclavel recolhido. Os demais 70% são administrados por galpões 
Jundiai – SP Possuem 1 centro de triagem onde mantém 30 catadores cooperados . Recolhem em media 200 toneladas por mês.
Salvador - BA Possuem 1 centro de triagem com 15 cooperados . Recolhem em media 65 toneladas por mês.
Fonte: Compromisso Empresarial para Reciclagem , CEMPRE, 2000.

Sucateiros

A criação de empresas e micro-empresas que se dedicam a compra e venda de materiais recicláveis – os sucateiros – é uma iniciativa para garantir a sustentabilidade do sistema de coleta e reciclagem de papéis no Brasil. Muitas vezes o sucateiro não respeita a legislação trabalhista, tributária do Paísfuncionando sem licença e não pagando impostos. Atua deste modo porque a carga tributária para a maioria dos recicláveis no Brasil é idêntica ao produto não reciclado o que não permite o lucro com a atividade de reciclagem.

No entanto o papel do sucateiro no Brasil não significa somente a compra e venda de recicláveis. Cabe a eles, mesmo por uma questão de êxito e sobrevivência, participar de campanhas de educação ambiental e conscientização para instigar a mudança de habito da sociedade que não participa dos programas de coleta seletiva pela sua não existência ou desconhecimento da proposta.

Estão espalhados em todo o território brasileiro e o número exato destes atores não pode ser contabilizado pelos organismos nacionais uma vez que a maioria funciona clandestinamente.
 

Recicladores

Nesta etapa realiza-se a transformação do papel pós-consumo em papel reciclado. Entende-se por industria recicladora a empresa que recebe a sucata já selecionada para fins de transformação do papel usado em papel possível de nova reutilização. A reciclagem do papel é conhecida como química pois recebera componentes que facilitem sua (des)fragmentação, decantação, moldagem e por fim a geração do papel reciclado. O produto final deste processo industrial poderá ser para fins de embalagem, sanitários ou impressão e escrita.

Os índices de reciclagem nacionais apresentados a seguir demonstram que o papel pós-consumo também é uma forma de obtenção de matéria-prima para fabricação de produtos de celulose pelas industrias. Este fato deve-se principalmente a escassez do recurso e o menor preço de custo.

Os recicladores, assim como os catadores e sucateiros, estão espalhados por todo o território brasileiro. São seis grandes grupos fabricantes de papel sendo que empresas como Klabin, Suzano, Champion, Votorantim, Ripasa e Iberia juntas produzem em torno de 6 milhões de toneladas de papéis contribuindo para que o País recicle em torno de 38 por cento deste valor. (14)

Figura 5
Índices de Reciclagem de Papel , segundo suas diversas tipologias, Brasil

Fonte: Associação Brasileira de Papel, BRACELPA.2000

O mercado da reciclagem de papel em São Paulo

A estrutura da reciclagem de papel apresentada no subtema o mercado de sucatas de papel no Brasil é valida para o mercado da reciclagem de papel em São Paulo. Após levantamentos de dados observou-se a presença de grande número de catadores e sucateiros.As cooperativas surgem em pontos isolados enquanto os recicladores caminham para a inexistência em São Paulo.
 

Catadores

Em São Paulo estes atores são os que efetivamente consolidam o recolhimento de papéis no município trafegando pelos mais diversos bairros da cidade para a coleta e sua posterior venda aos sucateiros. Possuindo em média uma jornada de trabalho de dez horas e recebendo mensalmente o valor médio de R$ 450,00 reais resgatam os papéis gerados em escolas, redes de supermercados, escritórios e das mais diversas fontes.

Tais indivíduos sentem dificuldades enormes para o exercício de sua atividade como por exemplo o transitar com a carroça nas ruas e avenidas, ou então, o roubo de sua carroça. Muitos catadores devido a assaltos dormem nas carroças pelas ruas da metrópole .

Conforme já mencionamos a reciclagem proporcionou novos mercados e o resgate da marginalidade de muitas pessoas. Neste sentido convém lembrar que o catador em São Paulo possui qualidade de vida precária, e muitas vezes, leva seus filhos para o recolhimento de papéis o que não é permitido pelas leis brasileiras. Muitas vezes também o valor obtido com a venda de materiais é consumido em bebidas alcóolicas.
 

Cooperativas

As cooperativas no município são reduzidas existindo apenas a COOPAMARE e a CORPEL respectivamente na região oeste e central do município.

A COPAMARE - Cooperativa de Catadores Autônomos de Papel, Aparas e Materiais Reaproveitaveis, perfaz no município de São Paulo, dez anos de existência na coleta e separação de recicláveis. Atualmente a cooperativa possui 55 cooperados e 150 associados sendo dirigida por um conselho administrativo eleito em assembléia geral.

A CORPEL – Cooperativa dos Catadores de Papel e Papelão possui em torno de dois anos de existência possuindo 22 cooperados. Nestas duas cooperativas citadas é realizada a separação do papel por tipos, o seu enfardamento e posterior prensagem para envio às industrias recicladoras.
 

Sucateiros

As etapas de separação do papel em usos (embalagens, sanitários, impressão , escrita entre outros), prensagem e enfardamento são realizadas pelo sucateiro tanto no município de São Paulo como no Brasil. No entanto devemos alertar que as duas cooperativas da área de estudo realizam a mesma atividade mas lideradas pelos catadores responsáveis por sua gestão. O sucateiro como empresário não permite em seu estabelecimento a atividade do catador , colocando este apenas como fornecedor de papeis pós-consumidos .

Os sucateiros, assim como os catadores, constituem–se nos atores principais para que a reciclagem no município de São Paulo seja realizada. Não existe nos órgãos relacionados com o serviço de limpeza urbana do município dados precisos do número de catadores e sucateiros envolvidos nesta atividade na capital por simplesmente não haver um cadastro público com estas informações. No entanto estima-se que na capital exista aproximadamente 100 sucateiros que recolhem materiais recicláveis incluso o papel em suas diversas tipologias espalhados por toda a área territorial do município. (15)

Além da dificuldade do sistema públicoem quantificar o númerode sucateiros desempenhando tal atividade cabe ressaltar que em muitas vezes o próprio sucateiro acaba por exercer seu trabalho clandestinamente uma vez que não esta contribuindo legalmente com os impostos previstos em lei para o exercício de seu empreendimento (trabalhista, territorial entre outros).

Ao existir a presença do sucateiro por toda a extensão territorial do município, podemos concluir que o catador também está presente uma vez que este efetivamente permite que o papel pós-consumido seja direcionado da fonte geradora para a reciclagem.
 

Recicladores

Encerrando-se nesta etapa o beneficiamento e o estoque de papéis, concluímos a efetiva reciclagem destes resíduos que estará além dos limites do município de São Paulo. As industrias recicladoras de papel para fins de embalagem, impressão e escrita entre outros distam em média 100 km da capital.

Neste momento a capital funciona como a geradora e estoquista de matéria-prima para ser endereçada a outras cidades que compõe o corpo do estado de São Paulo. Os recicladores manterão unidades no estado que receberão este produto e concretizarão a reciclagem. Permitida a reciclagem o papel voltara a ser consumido na capital ou então em outras cidades brasileiras.
 

Notas

(1) RIBEIRO , W.C A ordem ambiental internacional. São Paulo: Contexto, 2001. p. 110-176p.
(2) RIBEIRO , W.C Por dentro da Rio – 92. IN: SALES, Vanda C. (org.). Ecos da Rio-92: Geografia , meio ambiente e desenvolvimento em questão . Fortaleza: AGB-Fortaleza. p.52-60,1992.
(3)COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM. São Paulo: CEMPRE, 2000.
(4) COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM. Manual de Gerenciamento Integrado do lixo. São Paulo: CEMPRE , 2000. p.03 – 370 p.
(5) INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. IBGE – Atlas do Meio Ambiente do Brasil. Brasília: 1998, p.67- 120
(6) COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM. CICLOSOFT,1999.
(7) vide: BRAGA , H. C - Cooperativismo y reciclado: estratégias de supervivencia de los seleccionadores de basura de salvador, Bahía, Brasil. IN: Scripta Nova Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona [ISSN 1138-9788] N.º 45 (18), 1 de agosto de 1999.
(8) Os municípios que compreendem a região metropolitana de São Paulo são: Diadema, Maua, Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Cotia, Embu, Embu-Guacu, Itapecirica da Serra, Juquitiba, São Loureço da Serra, Taboao da Serra, Vargem Grande Paulista, Barueri, Carapicuiba, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Santana de Parnaiba, Aruja, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poa, Salesopolis, Santa Isabel, Suzano, Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guarulhos e Mairipora .
(9) SÃO PAULO. Secretaria do Estado do Meio Ambiente. A Cidade e o Lixo. São Paulo: SMA,1998.p.12. 80p.
(10) Departamento de Limpeza Urbana do Município de São Paulo , LIMPURB , 1999.
(11) vide: BRAGA , H. C - Cooperativismo y reciclado: estratégias de supervivencia de los seleccionadores de basura de salvador, Bahía, Brasil. IN: Scripta Nova Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona [ISSN 1138-9788] N.º 45 (18), 1 de agosto de 1999 e LEGASPE, L. Reciclagem: A Fantasia do Ecocapitalismo: um estudo sobre a reciclagem promovida no centro da cidade de São Paulo observando a economia informal e os catadores. Mestrado. Universidade de São Paulo, 1996. 206p.
(12) ZIGLIO, L. O Mercado da Reciclagem de Papel no Município de São Paulo, Trabalho de Graduação. Universidade de São Paulo, 2001. p.36. 68p.
(13) vide: BRAGA , H. C - Cooperativismo y reciclado: estratégias de supervivencia de los seleccionadores de basura de salvador, Bahía, Brasil. IN: Scripta Nova Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona [ISSN 1138-9788] N.º 45 (18), 1 de agosto de 1999.
(14) ASSOCIACAO BRASILEIRA DE CELULOSE E PAPEL , BRACELPA, 1999.
(15) ZIGLIO, L. O Mercado da Reciclagem de Papel no Município de São Paulo, Trabalho de Graduação. Universidade de São Paulo, 2001. p.48-. 68p.
 

Bibliografia

Associação Brasileira de Celulose e Papel. Relatório de Atividades. São Paulo : BRACELPA 1999.

BRAGA, Hilda Maria de Carvalho - Cooperativismo y reciclado: estratégias de supervivencia de los seleccionadores de basura de salvador, Bahía, Brasil. IN: Scripta Nova Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona , vl.18, n.º 45, 1 de agosto de 1999.

Compromisso Empresarial para Reciclagem. Manual de Gerenciamento Integrado do lixo. São Paulo: Cempre 2000.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE – Atlas do Meio Ambiente do Brasil. Brasília: 1998.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico . Brasília: 2002.

LEGASPE, Luciano. Reciclagem: A Fantasia do Ecocapitalismo: um estudo sobre a reciclagem promovida no centro da cidade de São Paulo observando a economia informal e os catadores. Mestrado. Universidade de São Paulo, 1996.

RIBEIRO , Wagner Costa. A ordem ambiental internacional . São Paulo: Contexto 2001.

RIBEIRO , Wagner Costa. Por dentro da Rio – 92 . IN: SALES, Vanda C. (org.). Ecos da Rio-92: Geografia, meio ambiente e desenvolvimento em questão . Fortaleza : AGB-Fortaleza 1992.

SÃO PAULO. Secretaria do Estado do Meio Ambiente. A Cidade e o Lixo . São Paulo: SMA,1998.

ZIGLIO, L. O Mercado da Reciclagem de Papel no Município de São Paulo, Trabalho de Graduação. Universidade de São Paulo, 2001.

Endereços eletrônicos :

www.seade.gov.br – Sistema de Informação e Analise de Dados. Informações sobre os municípios paulistas,2002

www.saopaulosp.gov.br – Prefeitura do Município de São Paulo , 2002

www.ibge.gov.br – Síntese de Indicadores Sociais, 2002
 

Geógrafa formada pela Universidade de São Paulo. Este trabalho foi apresentado na Universidade de São Paulo para obtenção do titulo de bacharel em geografia, 2001
 

© Copyright Luciana Ziglio, 2002
© Copyright Scripta Nova, 2002
 

Ficha bibliográfica

ZIGLIO, L. O mercado da reciclagem de papel no município de São Paulo, Brasil.  Scripta Nova, Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona, vol. VI, nº 119 (33), 2002. [ISSN: 1138-9788]  http://www.ub.es/geocrit/sn/sn119-33.htm


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