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Índice de Scripta Nova

Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98
Vol. VI, núm. 119 (78), 1 de agosto de 2002

EL TRABAJO

Número extraordinario dedicado al IV Coloquio Internacional de Geocrítica (Actas del Coloquio)
 

O TRABALHO DESAFIANDO O MODELO FUNCIONAL DAS CIDADES – ENTRE A OFICINA COMO UNIDADE PRODUTIVA E A CASA COMO ESPAÇO REPRODUTOR DA FORÇA DO TRABALHO

Edvânia Tôrres A. Gomes
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE


O trabalho desafiando o modelo funcional das cidades – entre a oficina como unidade produtiva e a casa como espaço reprodutor da força do trabalho (Resumo)

A tendência pós-fordista esboçada pelo novo papel da economia domiciliar de um lado, torna obsoleto a idéia funcional do zoneamento urbano e de cadastro imobiliário. Nos espaços públicos e privados essas mudanças alimentam novas dinâmicas socioespaciais e de fluxos nem sempre tangíveis e sequer visíveis. Coexistem diferentes mundos do trabalho e moradia (oficinas telemáticas e artesanais vizinhas entre si e de outros usos. Assim como, produtos oriundos de favelas atendendo aos mercados mais refinados). Esse quadro de complementaridade formal e informal e dos diferentes níveis de especialização do trabalho estão a exigir novos paradigmas sobre os mundos da produção e consumo nos espaços da cidade em suas diferentes partes ou zonas. O trabalho reencontra o cidadão no consumidor e o desemprego, ou o complemento de renda promove o morador em um micro-empresário.

Palavras chave: trabalho formal e informal, pós-fordismo, consumo, micro-empresarialismo


Challenging functional model of cities through work – between offices like productive units and homes like space of reproduction workforce (Abstract)

The post-fordist trend sketched by the new role of home economy became obsolete the functional understanding of urban zoning and property registration. In public and private spaces these changes feed new social and spatial dynamics not always tangible and at least visible. Different spheres of work and housing co-exist (telematic and artisan workshops side by side and of other uses coexist, as well as, deriving products of slum quarters taking care of to sophisticated markets). This complementary condition of formal and informal work and its different levels of specialisation demand new paradigms on production and consumption spaces of cities in their different parts or zones. Contemporary work re-finds the citizen as consumer and the unemployment - or income complements - promotes the inhabitant as a micro-entrepreneur.

Key words: formal and informal work, post-fordism, consumption, micro-entrepreneurialism


A idéia para este texto emergiu da necessidade de registrar observações trabalhadas em uma pesquisa sobre as dinâmicas socioespaciais nas cidades do nordeste do Brasil, investigando através dos eixos viários a condição liminar de uso e ocupação do solo. Essas observações estão relacionadas à dicotomia crescente entre o que está se vivenciando no cotidiano do urbano, principalmente nas cidades-capital de estado, e o aparato técnico-instrumental utilizado para o planejamento e gestão dos espaços, e, particularmente do urbano, nosso foco de análise.

Nesse sentido o texto avança com algumas reflexões acerca do encaminhamento das políticas públicas para os espaços urbanos, à luz do advento das técnicas e das tecnologias. É enfatizada a questão da escala no espaço que é revelado ao longo da pesquisa muito mais como sistema de objetos do que de ações. Mais referenciado enquanto materialidade fixa do que fluxo de intencionalidades. O que fratura assim a identidade primeva do conceito ontológico de Espaço tão profundamente discutido pelo geógrafo Milton Santos (1).

Entendendo Política Pública como um conjunto de sucessivas tomadas de posição do Estado frente a questões socialmente problemáticas (2), e cujos processos de implementação se dão via burocracia estatal, aqui entendida como uma arena particular de conflitos e interesses (3), buscarei compartilhar alguns aspectos que me intrigam na análise de como, sob a ótica institucional e administrativa,vêm sendo conduzidas algumas questões no meio ambiente urbano.(4)

É fato que a complexidade crescente do mundo, em suas diferentes texturas, tem imposto desafios ao aprimoramento dos instrumentos e meios técnico-científicos e informacionais para facilitar realizações culturais. Nesse sentido, tal como o anjo do quadro do Paul Klee, que, em movimento pelo sopro do progresso e da técnica, mira os escombros da cidade, com certa nostalgia (5), constata-se que alguns adventos dessa tecnificidade não têm contemplado os rearranjos e as reconstruções promovidas em outros focos e escalas socioespaciais e temporais. Tão pouco tem admitido outras opções que não a do mundo ocidental. Mundo ocidental, seletivamente escolhido como avançado civilizadamente, e assim, eleito como parâmetro do desenvolvimento da humanidade.

Historicamente e a cada marco de novos adventos ou paradigmas, verifica-se que os avanços da técnica são coadjuvantes das diferenças e diversidades quer sejam dos homens entre si, quer seja das demais espécies, e do universo abiótico. No entanto, essas diferenças não entram na contabilidade desses insumos tecnológicos senão para subordinação, ou como experimentos. Desta feita, as diferenças assumem a condição de desigualdade, principalmente na possibilidade de sobrevivência entre os humanamente iguais, e, culturalmente diferentes. Isso tudo com todo o arcabouço de referências e valores associados. A energia humana ou natural é apropriada inicialmente na escala da produção e numa espiral crescente, da colonização à condição neo-colonial atual, vem ampliando suas marcas e ampliando as desigualdades.

A diversidade sucumbe à razão hegemônica eleita como parâmetro civilizatório e, é denotada como desigualdade (6). Tudo aquilo que não é similar é desigual, está em desequilíbrio. A lógica é perversa e potencial. A cada nova ordem, e a cada advento, todos devem estar a postos e em condições de perfila-la sob o risco de ampliação da desigualdade para acesso. Os pontos de partida são dados como comuns e as condições supostamente são patrimônios acumulados.

Ironicamente os humanos passam a condição de jogadores e o espaço onde se encontram vira uma grande tábua rasa. É indiferente se cada um quer ser ou não jogador (7). Da mesma forma é subentendido que todos tem as mesmas condições de aposta. É esperado que se atinja a meta do desenvolvimento e de preferência em bases sustentáveis, de acordo com os índices de desenvolvimento e demais critérios estatisticamente construídos (IDH, IDH, ESI (8), dentre outros).

As visões do mundo são assim hipermetropiadas. Os objetos são os símbolos que se naturalizam, ou que simuladamente se reinventa. Desde que integrados à lógica do consumo. O Mundo do trabalho é o elemento residual onde mais se evidencia essa hipermetropia. E a cidade é o lócus onde a materialidade desse Mundo do trabalho, em toda a extensão das diversidades e das oportunidades, põe em questão as evidências ocultas dessa hipermetropia.

Tal como uma esteira rolante desfilam novos padrões de consumo associados a modelos de produção. As diversidades dos elementos naturais vão sendo progressivamente mais "dissecados" em cada nova onda e articulados como recursos. Nesse processo, a tecnologia trata de naturalizar o produzido geneticamente em laboratório e, não raramente já exaurido em sua forma original. Ou ainda, a técnica trata de artificializar o natural, de forma a domesticá-lo segundo os interesses do modelo cultural e econômico que se valoriza conjunturalmente (9).

De tempos em tempos, os balanços efetuados acerca da confecção desses espaços, privilegiam significativamente mais os objetos e menos os processos que os constituíram. Constata-se que o caráter intrínseco evocado pela fixidez dos objetos, ou quiçá a possibilidade ofertada de registros ou testemunhos com maior permanência, têm sido mais valorizados nos estudos e tratamentos dados aos espaços urbanos, do que as ações neles contidos.

Estamos em vias de não identificarmos mais o que seja produto natural ou artificial, hibridizado, clonizado, simulado. Corre-se sério risco de mexermos na referência mais básica da educação das gerações futuras (10). O sistema fast-food tratou de avançar nessa direção. A mcdonaldização, ou os Big-Burguers marcaram para sempre o dilema na esfera doconumo alimentar, não só no hábito , mas e, principalmente nas referências do que seja uma carne, um sandwuiche de frango, de peixe,ou algo similar. A profundidade de sua sofisticação e o esforço de homogeneização na produção de seus insumos como padrão universal e estandartizado, tem provocado transformações nas pastagens, nos campos, nas áreas cultivadas, no tipo de ração, de animal, etc. Em breve não será fácil identificar padrões do natural normal e original nas aparências. Segundo alguns testes efetuados, algumas crianças estão incapacitadas de distinguir sabores. Corre-se o risco do comprometimento do mundo das representações dessas futuras gerações escapar às essências. A matriz de referência do natural e do artificial está sob o manto do conhecimento e domínio da técnica dissimulando mudanças profundas.(11)
 

Apuros entre a técnica e a ação ou entre os objetos e os fluxos

Alguns descompassos revelam a insuficiência e/ou desinteresse dos agentes promotores das técnicas e das tecnologias desenvolvidas em atender os problemas vivenciados. Um dos grandes dilemas reside na escala analítica utilizada para a aplicação desse conhecimento técnico-científico. Vivencia-se hoje, a utilização de valiosos e refinados instrumentos de teledetcção de imagens via satélite, ao lado da incapacidade de se identificar alternativas factíveis de produção industrial cujos substitutos minimizem os problemas e os níveis de degradação detectados por esses instrumentos (12).

Assim, é possível a realização de zoneamentos ecológicos e ambientais, registrando os grandes biomas ameaçados, as grandes manchas de degradação, onde os filtros permitem a visualização em diferentes tonalidades das ilhas de calor, entre outras importantes conquistas que, aqui não podem ser esgotadas. No entanto, esse refinamento tecnológico se apóia na essência dos objetos capturáveis pelos artefatos e interpretados pelos pesquisadores. As ações e os processos que coexistem com esses objetos não são dignos da atenção necessária.

Aos pesquisadores cabe a tarefa de divulgar esses fatos tecnológicos dissecados espetacularmente pela técnica. Como verdadeiros troféus da inteligência, as inovações tecnológicas dão margem a cortejos e a corridas para as grandes premiações da humanidade. Porém, mais que essa promoção o que deveria ser efetuado era a decodificação e a contextualização de suas aplicações, com suas possibilidades e limites no que tange à humanidade e suas relações com o advento desses aparatos (13). Em outras palavras imputar-lhes sentido, de forma a serem absorvidos os avanços, analisados e facultado o arbítrio da sua realização nas esferas da sociedade.

Afinal, cada homem é fruto de determinadas condições sociais, daquilo comum e geral que existe na vida, e, antes de tudo, no grupo ao qual ele pertence. O mundo das necessidades e interesses, dos sentimentos e pensamentos próprios de cada homem particular o caracteriza, por uma parte, como partícula da sociedade e expressa aquilo comum que ele tem com muitas outras pessoas, por outra parte, este mundo caracteriza sua fisionomia própria, o individualiza como algo autônomo e singular.

No entanto o que se constata é a falsa medida da totalidade hegemônica na absorção dessas técnicas e recursos tecnológicos numa dinâmica inelutável. Através desses dados e informações o mundo parece revelado. É como se a acessibilidade a esses recursos fosse realizada numa dimensão distributiva. Há uma louvação a esses novos artefatos que assumem estatuto de indispensáveis e irredutíveis (14).

Não raramente ocorre uma autonomização do artefato, como se ele assumisse vida própria. Há uma objetificação dessa materialidade do conhecimento que negligencia as ações.Sem dúvida, são memoráveis conquistas e avanços a serem cortejados como obras do conhecimento humano. O problema é que o humano em si, na correlação desses avanços não é suficientemente valorizado (15). Quer seja quanto a diversidade das capacidades, quer seja no que tange às oportunidades. Os processos sociais não são devidamente articulados.
 

Dificuldades para aproximações entre as escalas do tempo e do espaço

Optamos neste texto realçar, a partir da análise do urbano, algumas evidências dessas decalagens entre a técnica e a ação. Para efeito de maior compreensão do problema posto, utilizamos a escala do tempo e do espaço e os recursos comumente privilegiados na gestão dessas dimensões. O trabalho é o viés dialógico e a história da velocidade e os instrumentos da técnica os interlocutores. Esses são alguns dos pressupostos utilizados na pesquisa que apóia este texto.

É sabido que a reestruturação econômica e a movimentação global do capital acelerou através de cadeias e redes um sistema urbano economicamente articulado em larga escala, numa dinâmica vertical. Onde os interesses de grupos externos redirecionam e drenam as energias internas de uma sociedade, país, região, e qualquer fragmento socioespacial. Isso está associado a um processo de descentralização progressiva no nível político-administrativo, coerente ao modelo neo-liberal assentado.

O rebatimento no plano local dessa reestrutração em bases flexíveis como a que se verifica nesse interregno pós-fordista, com forte incremento e inovação tecnológica, implica em ampliação da base de desemprego e conseqüentemente numa hiperindustrialização de serviços.

Como desdobramento desse fato, observa-se uma exigência de especialização crescente da mão-de-obra, o aumento do consumo e um rearranjo funcional dos espaços, decorrente da busca de geração de renda, de forma indistinta espacialmente, em virtude de uma elevação exponencial do desemprego.

No plano espacial as falências de políticas regionais tem conduzido ao aumento de políticas públicas no nível local. A ausência de plantas industriais em paralelo a proletarização progressiva do campo, justificado pela tecnologia tem convertido investimentos em áreas seletivas com potencial turístico e comercial.

Tem-se assim, novos rearranjos que se sobrepõem ao arranjos tradicionais da economia local, ou seja a dimensão vertical vem subvertendo a horizontal. No entanto, assistindo a todo o advento da técnica e das engenharias tecnológicas e econômicas que engendram novos espaços com liminaridades, as políticas públicas ainda usam como referência o modelo de zoneamento funcional-racionalista legado pela Carta de Atenas.

No quadro real, no entanto, e sorrateiramente na esteira do processo de hiperindustrialização dos serviços, inicialmente, um elenco ampliado de ações vem subvertendo esse caráter pretensamente formatado de leitura da cidade a partir de seus objetos, distribuídos segundo as zonas e regiões instituídas.

As mudanças no mundo do trabalho com os seus requisitos e necessidades crescentes, vêm produzindo inusitadas transformações nos processos e conteúdos desses fixos na cidade. Tanto no concernente à ampliação do trabalho virtual com a sofisticação das redes e do uso de computadores, quanto no surgimento de novos micro-empresários ambulantes, e na ampliação de oficinas e postos de serviços domésticos. O fato é que não é possível mais trabalhar a cidade com zonas de uso rígidas e limites inflexíveis, especialmente no aspecto funcional do zoneamento preconizado para a cidade, tanto nas zonas residenciais como de serviços, lazer e espaços de circulação.

Dificilmente um morador, independentemente do bairro onde resida, não identifica na vizinhança imediata a existência de uma unidade domiciliar-produtiva na prestação de serviços. Essa característica que correspondeu sempre a um quadro típico da classe de renda mais baixo ou classe média, como objetivo de complementar a renda familiar, encontra-se em franca expansão, envolvendo os demais segmentos da sociedade.

Os espaços públicos de grande circulação de pessoas, como as vias de acesso (16) aos grandes equipamentos de consumo, como os Shoppings Centers, e as margens de espaços de lazer, como as praias, parques e clubes têm registrado um número cada vez mais crescente de vendedores motorizados com lanchonetes móveis a disputarem antigos redutos, por sua vez também ampliados, de camelôs e demais vendedores ambulantes. Esse é um quadro aguçado da crise socialmente, particularmente do desemprego ou da demissão voluntária estimulada no modelo neo-liberal vigente, onde qualquer trabalhador com uma poupança pode ser um empreendedor.

Concomitantemente as diferenças sociais, atualmente qualificadas sob a forma da desigualdade, tornam-se mais claramente identificáveis nos espaços urbanos. A exclusão socioespacial singularizam os espaços liminares.

Espaços liminares assim conceituados por Zukin (2000), como aqueles que contem misturas de histórias e de funções e, que deixa o usuário a "meio caminho"entre instituições: Lugares lucrativos com não lucrativos, casa com espaço de trabalho, residência com comércio, resultantes entre outros aspectos da globalização do investimento e da produção, da abstração contínua do valor cultural em relação ao trabalho material e a mudança do significado social – que era extraído da produção e hoje deriva do consumo (17).

Nas cidades, constata-se assim, projetos de revitalização, recuperação, ou algo similar aos planos de requalificação socioespacial, a exemplo dos projetos de gentrificação pautados no empresarialismo urbano (18).

Vivencia-se assim o dilema do desenvolvimento econômico apoiado no modelo pós-fordista (19), que põe em xeque as estratégias de consumo frente as estratégias de produção. Bianchini (1993) aponta para riscos da excessiva ênfase em políticas orientadas pelo consumo, as quais geram poucos empregos e com baixos salários, sendo necessário combinar tais políticas com estratégias de industrias locais. Ao mesmo tempo, chama a atenção para as conseqüências e crises decorrentes de políticas públicas e privadas que destaquem a supremacia de serviços em detrimento da base industrial e agrícola.
 

Discutindo a natureza possível na cidade contemporânea

Por sua vez, na cidade enquanto o principal lócus do "mundo da engenharia e da técnica", ideologicamente os elementos físico-naturais são convertidos em acessórios subliminares até o surgimento de protótipos que os substituam. A Paisagem vista e qualificada por ser contemplada, Paisagem de convenção, opõe-se à Paisagem vivida, aquela de todos os dias, "Paisagem ordinária", em simples movimento, submetida aos efeitos econômicos e políticos e a evolução das técnicas.

Este trabalho representa um exercício em torno dessas reflexões. A sua parte empírica foi desenvolvida na cidade do Recife (20) -situada no Nordeste do Brasil – singularizada como cidade-anfíbia, embora culturalmente negada como tal.

A expectativa de artificialização do natural encontra-se intrinsecamente vinculada à idéia de progresso e modernidade. Bem como na apropriação têm-se a naturalização do artificializado. Como a cidade reflete essas máximas, a natureza não tem seu espaço garantido nesse cenário, representado pelas Paisagens dos seus usuários.

Por outro lado, cabe destacar que os reencontros de marcas históricas, vislumbrados na representação e leitura da relação dos usuários com o espaço, não implicam na negação de novas inserções e contribuições dentro da construção e dinâmica inerentes à sociedade, desde que bem "enquadradas" na proposta da "modernidade"consagrada.

O poder público encena resgates históricos seletivos da cidade. Propõe revitalizações, renovações e medidas urbanísticas afins, em espaços sob os quais camadas de eventos sucederam-se, no encaminhamento de empreendimentos turísticos e pseudo-ajustes aos "adjornamentos ambientais" de protocolos internacionais (Agenda 21, habitat II, etc). Nesses apelos, a história da cidade é passada em recortes ou retalhos, colaborando para confundir tempos e feitos ocorridos. A ausência de discussões e aprofundamentos dessas temáticas, hipostasia.

O conhecimento científico e técnico que poderia realçar a sua importância se encastelana torre acadêmica ou nos institutos de pesquisa. As informações se apresentam tão dissociadas do contexto do imediatamente vivido, que dificultam uma auto-reflexão e uma análise crítica sobre as práticas vivenciadas no cotidiano dos lugares.

Essas inquietações nortearam ao longo de cinco anos, um trabalho de pesquisa, que partindo da reflexão teórica sobre as práticas socioespaciais, avançou sobre a análise histórica das representações dos espaços, e as técnicas e tecnologias manipuladas pelas políticas públicas para gestão nas Paisagens do Recife, contidas em material iconográfico (gravuras, mapas, croquis e fotografias, e reprodução), narrativas e documentação textual e literária e institucional. Checada com trabalhos de campo e entrevistas.

Os resultados inferidos neste trabalho ratificam a necessidade de serem aprofundados estudos na Geografia Social em especial os relativos a Teoria das ações ( 21), tema tão caro à epistemologia da Geografia e de se incrementar reflexões sobre os microespaços urbanos. Particularmente enfatizando discussões acerca do que se deseja ou se programa como "possível" ou "viável" para o espaço urbano que se desenha, em suas diversas escalas, para as nossas cidades, em especial àquelas tributárias do legado da civilização colonizadora ocidental e seu permanente projeto de modernidade.
 

Esforços de investigação através da pesquisa em eixos viários enquanto reveladores dos espaços liminares

Valores culturais historicamente atribuídos aos sítios das cidades definem apropriações de seus espaços, marcando suas formas de uso e ocupação. Nesse processo, os elementos naturais são subordinandos ao ideário do urbano, como projeto de espaços gerenciados/dominados pelas engenharias técnicas e econômicas. Sobre essa base são construídas as representações das cidades, que se reproduzem através de práticas cotidianas, nos diversos segmentos sociais. Os debates contemporâneos sobre meio ambiente e as denúncias sobre as variantes da inospitalidade urbana (22), oportunizam revisitações acerca do entendimento da cidade e do trabalho que nela se realiza em tempos e espaços dotados de coexistências próprias.

Segundo Santos (1987) a glorificação do consumo se acompanha da diminuição gradativa de outras sensibilidades dentre as quais a noção de individualidade, um dos alicerces da cidadania. Há assim um aniquilamento da personalidade. Um equívoco entre o desejo e a sua indução. Equívoco entre a necessidade criada e a essência. Entre a aparência e a essência. Entre o distinto e o massificado. Assim o advento da assimilação do consumo como moda nem sempre significa mudança para atingir o futuro, mas pode significar permanecer no passado (23).

Na apreensão da cidade, tradicionais grandes eixos de circulação são assumidos como estruturas historicamente óbvias. E, os novos segmentos ampliados ou conectados são, neste entendimento, também rapidamente assimilados. Seriam corredores cujas margens seriam preenchidas por usos e ocupações, a partir das quais se interiorizariam as expansões da cidade.

Esse equívoco do fenômeno "dado" é corroborado pela representação contemporânea das cidades sob a forma de cartas onde os núcleos e manchas urbanas apresentam-se conurbadas e articuladas por esses eixos viários, sem testemunhos prévios que revelem os seus traçados, sinuosos, descontínuos e segmentados, quando não paralelos ou transversais. Por outro lado, alguns atuais eixos também aproveitaram dutos naturais ou artificiais pré-existentes, como cursos d’água e linhas férreas, com os quais não se guardam mais relações.

Os eixos viários passam a ser reconhecidos pela passagem que propiciam, mas, e, principalmente pelos usos e ocupações existentes em suas margens e cruzamentos. As representações das Paisagens desses eixos são dadas pelas predominâncias das práticas sócio-espaciais identificadas pela forma, densidade de uso (formais e informais), fluxos (pessoas, mercadorias e transportes), volume e ocupação, identificadas ao longo da história da cidade, em suas distintas fases.

A consolidação dessas práticas "especializa" trechos desses segmentos viários caracterizando tipologicamente fachadas de quadras, quarteirões, calçadas, cruzamentos podem dar origem ou são conseqüências de suas ramificações no seu entorno. Por exemplo, determinado trecho de uma avenida é conhecido pelo comércio de automóveis, funerárias, vendedores de produtos "importados" do Paraguai, pelos motéis, pela prostituição, etc.

Essas representações (24), por parte dos usuários da cidade, de usos predominantes necessariamente não correspondem ao número absoluto ou relativo da predominância de determinado tipo de atividade comercial ou de serviços no determinado segmento estudado.

É oportuno mais uma vez lembrar Santos (1987) na advertência que o espaço deixado ao jogo quase exclusivo do mercado, é o espaço que consagra desigualdades e injustiças e termina por ser, em sua maior parte, um espaço sem cidadãos.Assim, cidades são criadas para servir à economia e não à sociedade.Economia relativa a interesses de determinados grupos. Onde, a cidade deixa de ser um espaço para negócios e passa a ser um negócio com vários outros negócios.Por seu turno, sendo a sociedade de classes, não é pertinente falar da cidade, porém de grupos da cidade (25).

Além disso, as informações cadastrais oficiais não apreendem a dinâmica "inercial do espaço"(26). Dessa forma, torna-se imprescindível o trabalho de campo para complementar as informações e dados na análise de cada segmento viário (27), fazendo-se necessário a associação com a análise qualitativa (28) das práticas identificadas (29).
 

A guisa de provocação final para início da discussão de uma agenda nova para a cidade

A continuidade no tratamento da cidade contemporânea nos moldes atuais, onde a tecnologia não atende a revelação do fenômeno da qual ela é uma das grandes tributárias em coexistência com um modelo funcional-racionalista do urbanismo moderno de contemplar partes com funções próprias e exclusivas e, a indicação terapêutica, segundo setores, não encontra rebatimento na realidade da cidade, revelando um agravamento esquizofrênico da questão.

Na cidade do século XXI, os tempos lentos e os velozes estão indissociavelmente vinculados nas ações e nos sujeitos que as desencadeiam nas suas distintas partes. Quer seja de forma simultânea, contígua, genuína, como simulacro, ou não, em cada parte há uma complexidade crescente de tempos e de ações não redutíveis a uma formatação prévia.

Essa condição esquizofrênica da plena indiferença a esses processos, revela pseudo-preocupações e o receio de enfrentar o que está escondido atrás, entre e dentro das aparências das formas, limites, linhas, manchas e volumes desenhadas nos planos e até implantadas na cidade. Os fluxos são trabalhados na perspectiva de justificarem a procedência da opção seletiva dos objetos fixos em contraposição a outros fixos, na análise e na intervenção dos espaços da cidade (30).

Contraditoriamente a essa indiferença com os tempos e as ações sensíveis dos homens entre si, que coe-existem espacialmente, é atribuído uma escala de valor temporal apropriada como justificativa de uso e, principalmente como troca, aos objetos incorporados na cidade como recursos patrimoniais naturais e construídos.

De acordo com alguns parâmetros, conveniente elaborados, cada objeto é considerado frente as culturas (31) locais e aos valores intrínsecos físico-naturais e sócio-culturais (32), arrolados. Dessa forma, um aterro de um manguezal pode ser contextualizado e justificado pelo saneamento, pela modernidade.

Um córrego pode não ter mais espaço para a co-existência nos moldes originais face ao padrão estético da cidade. Uma ponte pode justificar um estreitamento de uma calha de um rio, ou até a destruição ou redirecionamento de uma foz.

Especialmente os elementos da natureza são considerados anacrônicos em suas feições menos estetizadas ou primitivas. A sua ausência no imaginário será acalentada pela representação romântica de um tempo não resgatável. Um tempo infantil que não volta mais, que se perdeu na infância.

Como passar do tempo, as suas formas vão se desvanecendo e no seu lugar surgem substratos sobre os quais se assentam novos objetos artificialmente construídos simulando as antigas existências, como canais, parques onde o rio é canalizado para simular cascatas. Por outro lado, os prédios e demais objetos construídos constituem ruínas datadas, como trunfos celebrativos de etapas do domínio da técnica no espaço. Quanto mais elaborada for a sua forma, o seu estilo arquitetônico mais significativo é a celebração da sua co-existência temporal-espacial. Melancolicamente o sujeito histórico vê o rebatimento de um tempo longo onde o seu trabalho era fixado em um relógio mais generoso e, isso impulsiona o anjo do Paul Klee para celeremente prosseguir na superação da sua velocidade. Esses objetos construídos são como sinais do tempo que lembram ao indivíduo o que ele deve agilizar na seleção do legado que ele quer deixar como registro de sua marca num tempo veloz.

A utilização do espaço como uma ferramenta interpretativa da realidade social produzida ainda não conseguiu o equilíbrio dos enfoques entre a materialidade tangível e a ações cheias de intencionalidade dos sujeitos e grupos sociais que os confeccionam. Na dificuldade do apoio de um método que abranja a diversidade dessa realidade do espaço enquanto conteúdo, forma e processo, há o recurso de busca de caminhos que privilegiam o enfoque na vertente segmentada e expressiva dos objetos na dinâmica de embates e conflitos.

Esse caráter proposital de usar os objetos como fontes de leitura da sociedade e a partir dessa interpretação redirecionar as ações vem sendo reproduzido em larga escala, com graves prejuízos. As tipologias de planejamento e os modelos de intervenção urbana têm primado por moldar a realidade espacial à revelia dos processos que particularizam cada objeto-ação-objeto, respectivamente, em cada parte do espaço-tempo comprimido, coexistente e contextualizado da cidade.
 

Notas

(1)Santos, Milton.  1999.
(2) Oscar Oszlak In Políticas Públicas e Regimes Políticos.
(3) Gomes, Edvânia T. A. Espaço, Planejamento e Gestão de Serviços Comuns Metropolitanos- uma abordagem Geográfica. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1991. Dissertação de Mestrado (mimeo)
(4) "É plausível argumentar que o conjunto dos problemas ambientais sofridos pela população residente nas cidades brasileiras já constitui o segmento mais significativo da agenda ambiental brasileira.."in: Subsídios Técnicos para a elaboração do Relatório Nacional do Brasil para a CNUMAD .p.29.CIMA-Comissão Interministerial para a preparação da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.Brasília.1991.
(5) Benjamin, W. Teses sobre o conceito de História.
(6) "A diversidade da capacidades das personalidades, de atividades, das características da pessoas constituem, precisamente, as manifestações indispensáveis da liberdade da personalidade. Conseqüentemente, quanto mais ricas e diversificadas sejam estas manifestações, mais é a liberdade". Simimov,  G. 1985.p.98.
(7) "O homem responde às condições externas, a sua influência de forma ativa e seletiva. Falando de forma mais explícita, como o homem assimila a influência dessas condições, depende do lugar que ele ocupa no sistema de relações sociais e do caráter das suas atividades e da sua atividades pessoal. (...).E a verdadeira riqueza espiritual do indivíduo depende totalmente da riqueza de suas relações reais". ".Simimov, G. , 1985. p.8.
(8) Cf: www.yale.edu/envirocenter. Vide os resultados da pesquisa sobre o ESI - Índice de Sustentabilidade Ambiental realizada por grupos especializados das universidades de Yale e Columbia ( EUA) sob encomenda do Fórum Social Mundial- 2002. Entram na composição do ESI, vinte indicadores obtidos a partir de 68 variáveis, envolvendo informações ambientais, qualidade do ar, biodiversidade, indicadores sociais de saúde, nutrição e institucionais, tais como participação e investimentos em medidas redutoras de impactos ambientais. O índice varia entre 1 e 100, e entre os 142 países pesquisados, o Brasil ocupou a 20 posição, com um índice de 59,6.
(9) "...na produção cultural tanto o residual – obra realizada em sociedades e épocas antigas e freqüentemente diferentes e, contudo, ainda acessível e significativa – quanto emergente – obras de tipos novos variados – são muitas vezes também acessíveis como práticas. Certamente o dominante pode absorve-las ou tentar absorve-las. Mas há quase sempre obras antigas mantidas acessíveis por determinados grupos, como extensão ou alternativa da produção cultural contemporânea dominante. E há quase sempre novas obras que procuram avançar (e por vezes sendo bem –sucedidas nisso) para além das formas dominantes e suas relações sócio-formais". Williams , Raymond, 1992. p. 202.
(10) "As tarefas educativas não são aquelas que se resolvam de uma vez para sempre. O ingresso da vida de gerações jovens, as mudanças das condições materiais e espirituais da vida colocam ante a sociedade novos problemas e desafios. A compreensão dos mesmo, a busca de meios para resolve-los, o aperfeiçoamento das formas e métodos da educação, o perserverante trabalho de preparação para a vida de gerações jovens, para o desenvolvimento nelas da consciência e da cultura, constituem o conteúdo fundamental da atividade multifacetada e difícil na esfera da educação". Simimov, G., 1985.p.98.
(11) "O homem não nasce sendo uma personalidade, ele forma sua personalidade e faz isso desde a mais tenra infância. De como seja a sua infância, a adolescência, juventude, depende em grau decisivo que homem entra na vida, quais são suas finalidades e ideais, conhecimentos e capacidades, qual é sua atitude frente às regras da sociedade, e a outras pessoas".Simimov G,  p.9.
(12) "... A grande crise estrutural atingiu também as metrópoles ocidentais. E o desaparecimento da eterna alternativa, representada pelo outro pólo ideológico da modernização, não levou à pacificação sob o signo da individuação na forma da mercadoria e do mercado total. O modo de viver capitalista é demasiado unilateral, o mercado é demasiadamente desintegrador, e a ideologia ocidental é demasiado débil, para que esse sistema pudesse sobreviver sem a existência de um pólo oposto. Por isso, o paradigma ocidental, o paradigma da economia de mercado, também não conseguiu preencher o vácuo deixado pela economia estatizada e pela ideologia do Estado. Ao invés disso, o fundamentalismo pseudo-religioso e o fundamentalismo ético invadiram o espaço da alternativa perdida, de forma bem mais perigosa e imprevisível do que qualquer socialismo do estado anterior. O fundamentalismo é o castigo merecido pela soberba da economia de mercado, bem como pelo fracasso do socialismo ou do pólo da modernização através do Estado, da economia planificada e do coletivismo". Kurz, Robert , 1988. p.92.
(13) "Diferentemente da natureza, onde as leis se realizam independentemente dos esforços das pessoas, na sociedade fora da atividade humana não existe nenhum só processo, nenhum só movimento político, cultural e religioso, onde as pessoas não persigam determinadas finalidades, ou não pretendam atingir a realização e seus interesses". Simimov, G.Ibidem.
(14) "Pode-se caracterizar empiricamente a "sociedade de consumo"por diferentes traços: elevação do nível de vida, abundância das mercadorias e dos serviços,culto dos objetos e dos lazeres, moral hedonista e materialista, etc. (...) a sociedade centrada na expansão das necessidades é, antes de tudo, aquela que reordena a produção e o consumo de massa sob a lei da obsolescência, da sedução e da diversificação, aquela que faz passar o econômico para a órbita da forma da moda". Lipovetsky,  Gilles, 1989. p.159.
(15) "A liberdade não é só um bem da pessoa, senão condição indispensável para a o desenvolvimento da sociedade. O crescimento da produção, a solução dos problemas sociais, o nível da criação científica e artística estão na dependência direta da iniciativa, da qualificação, da orientação ideológica dos trabalhadores de todos os estratos do organismo social. (...) O interesse e o nível de criatividade estão na dependência das condições de trabalho e dos direitos dos trabalhadores, do grau de liberdade de pensamentos e ação dos indivíduos". Simimov, G., 1985. p.98.
(16) Cf: Gourdon, Jean- Loup, 2001.
(17) Zukin,  S, p. 82.
(18) Harvey, D.  1996. p. 48-64.
(19) Bianchini,  F. & Parkinson, M. (ed.), 1993. p. 202.
(20) Compreendendo 50,00 Km 2 de planície, 144,92 Km2 de morros e 20,00 Km2 de áreas aquáticas. O Recife dispõe de 12,00 Km2 de áreas verdes e 6,00 Km2 de extensão banhada pelo Oceano Atlântico.Com relação à infra-estrutura, cerca de 93% do total de 311.365 domícilios existentes no Recife, são ligados à rede geral de abastecimento d’água, em contraste com apenas 31 % desse mesmo total ligado à rede de esgotamento sanitário.Com relação à rede de drenagem a extensão de galerias é de 584,1 Km, contando com 66 canais que perfazem 114,3 Km de extensão.In: Recife em Números. PCR. 1996.
(21) Werlen, Benno , 1997.
(22) Cf: Mitscherlich, Alexander, 1965.
(23) Santos, Milton, 1987, p. 35.
(24) Cf: Auer, Wolfgang. 1978; Aust, B. 1970; e Bailly, A., 1977 e 1986.
(25) Santos, Milton, 1987.
(26) No entendimento de Milton Santos: Espaço enquanto produto e condição das relações sociais, tem a suas especificidades dinâmicas, não tem autonomia, não tem propriedades mágicas, ele possui uma intrínseca ‘inércia dinâmica".
(27) Cf: Behrens, K. 1962.
(28) Cf Weichhard, Peter, 1990 e Zehner, Klaus. 1987.
(29) Envolvendo, além das práticas relativas ao setor formal de comércio e serviços, as práticas informais relacionadas ao camelô, os fiteiros, os vendedores de galetos, e os bares improvisados sobre as calçadas, oficinas, vendedores de frutas, flores, hortaliças, bem como de objetos industriais ou artesanais, entre outras.
(30) " Num território em que a localização dos serviços essenciais seja deixado aos cuidados da lei de mercado, tudo colabora para que as desigualdades sociais aumentem e comprometam a cidadania". Santos, Milton, 1987.
(31) "Denominamos cultura todo o conjunto etnográfico que, do ponto de vista da investigação, apresenta, com relação a outros, afastamento significativo". Lévy-Strauss, C., 1967. p. 355.
(32) "Um valor se distingue de uma coisa porque possui um conjunto de significados, enquanto a coisa possui apenas conteúdo. Pelo conteúdo, o valor se distingue como objeto empírico de outros objetos; pelo significado o valor sugere outros objetos com os quais foi associado no passado. Por exemplo, uma palavra de qualquer língua possui um conteúdo sensível composto de elementos auditivos, musculares e (nas línguas que conhecem a escrita) visuais; mas possui também um significado, isto é, sugere aqueles objetos para os quais foi feita para designar". Znaniecki, Florian, 1961. p.96.
 

Referências Bibliográficas

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© Copyright Edvânia Tôrres A Gomes, 2002
© Copyright Scripta Nova, 2002
 

Ficha bibliográfica

GOMES, E. T. O trabalho desafiando o modelo funcional das cidades- entre a oficina como unidade produtiva e a casa como espaço reprodutor da força de trabalho. Scripta Nova, Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona, Vol. VI, nº 119 (78), 2002.  [ISSN: 1138-9788]  http://www.ub.es/geocrit/sn/sn119-78.htm


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