REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98 Vol. VI, núm. 119 (128), 1 de agosto de 2002 |
EL TRABAJO
Número extraordinario dedicado al IV Coloquio Internacional
de Geocrítica (Actas del Coloquio)
TURISMO E TRABALHO EM ÁREAS PERIFÉRICAS
Maria Aparecida Pontes
da Fonseca
Departamento de Geografia - UFRN/Brasil
Aljacyra M. Correia de M. Petit*
Instituto de Desenvolvimento e Meio Ambiente / RN
Turismo e trabalho em áreas periféricas (Resumo)
Analisando uma área localizada no Nordeste brasileiro - Natal/RN - procuraremos trazer alguma contribuição para melhor avaliarmos e caracterizarmos o trabalho turístico nas áreas deprimidas. Abordaremos a expansão do trabalho na atividade turística natalense, as características que este trabalho assume e os investimentos públicos efetuados visando a formação e qualificação de recursos humanos para atender as exigências desta atividade e propiciar maior competitividade ao produto turístico natalense. A expansão da atividade turística natalense alterou significativamente o mercado de trabalho, gerando novos postos de trabalho. No entanto, a maioria destes empregos caracteriam-se por uma grande precariedade. (1)
Palavras-chaves: turismo, trabalho, áreas periféricas
Tourism, and work in peripheral area (Abstract)
Analysing an area located in the Brazilian Northeast - Natal/RN - we tryied to contribute with a way to better evaluate and characterize the touristic activities in low income areas. We will study the expansion of the labor market in Natal`s touristic activities, the characteristics of this type of work and the public investments done to qualify human resources to be able to deal with the demands and to be able to make this activity more competitive. The expansion of the touristic activity changed significantly the labor market in Natal, creating new positions. However, the majority of these jobs are very precarious.
Key words: tourism, work, peripheral area
Quando abordamos o fenômeno turístico sempre vem a tona a discussão sobre o trabalho, seja para caracteriza-lo contrapondo ócio e negócio, seja para explicar sua expansão que está vinculada a conquista, pelos trabalhadores, de férias remuneradas, ou ainda ressaltando seu potencial enquanto gerador de empregos. Neste artigo, vamos nos referir à esta última associação.
Muitas localidades, especialmente áreas deprimidas, tem investido na promoção do turismo com enorme expectativa de que sua expansão irá gerar um número significativo de novos postos de trabalho. O Nordeste brasileiro é um caso exemplar de uma área que promove o turismo tendo como um de seus objetivos básicos a geraçao de empregos. Após vinte anos de investimentos na atividade turística nordestina, consideramos necessário avaliar seus resultados no que se refere à criação de novos postos de trabalho, a importância do trabalho turístico na composição do mercado de trabalho local e as características que o mesmo assume.
Assim, a proposta deste trabalho é tentar trazer alguma contribuição para melhor avaliarmos e caracterizarmos o trabalho turístico em áreas deprimidas como o Nordeste brasileiro. Para efetuarmos nossa análise elegemos como área de estudo o município de Natal/RN, onde o turismo é tido como a atividade dinamizadora e impulsionadora do desenvolvimento local, desempenhando, portanto, importância significativa em sua economia.
Dentro desta perspectiva, abordaremos a expansão do trabalho na atividade turística natalense, as características que este trabalho assume e os investimentos públicos efetuados visando a formação e qualificação de recursos humanos para atender as exigências desta atividade e propiciar maior competitividade ao produto turístico natalense.
Nosso objetivo é identificar a importância desta atividade na composição do emprego local, discutir algumas de suas características e avaliar as ações desempenhadas pelo poder público no sentido que qualificar o trabalhador para o segmento turístico
As questões que irão nortear o presente estudo são as seguintes: de que forma a reestruturação produtiva verificada em Natal com a expansão do turismo, alterou o mercado de trabalho local? Como se caracteriza o trabalho no segmento turístico natalense? Quais foram as ações efetuadas pelos agentes turísticos locais para qualificar os trabalhadores segundo as exigências da atividade turística?
Para desenvolver este trabalho, partimos da hipótese de que a
expansão da atividade turística natalense alterou significativamente
o mercado de trabalho, gerando novos postos de trabalho e constituindo-se,
hoje, no principal empregador dentre os diversos ramos da economia natalense
(excetuando-se os serviços públicos). No entanto, o trabalho
gerado caracteriza-se por uma grande precariedade. Esta precarização
das relações de trabalho que caracteriza a maioria das funções
geradas pelo segmento turístico constitui-se num problema estrutural
da atividade, dificultando a permanência dos trabalhadores mais qualificados
neste ramo de atividade.
Trabalho e turismo
A redução do tempo de trabalho e o aumento do tempo para o ócio, observados na atualidade, propiciaram a geração de novos empregos para satisfazer às novas demandas sociais. A expansão da atividade turística e dos postos de trabalho ligados à este segmento relacionam-se, portanto, às novas necessidades (Jiménez, E.; Barreiro, F.; Sánchez, J. et. al., 1998).
A atividade turística caracteriza-se por ser um tipo de serviço onde o trabalhador assume grande relevância, na medida em que o resultado dos serviços prestados pelo conjunto dos trabalhadores irá interferir, significativamente, na qualidade do produto turístico final e propiciar maior ou menor competitividade às empresas deste segmento, bem como ao destino turístico considerado.
No entanto, apesar desta evidência observa-se que, em todo mundo, o segmento turístico caracteriza-se por uma enorme precarização das relações de trabalho. Baseando-se em dados da OMT, Sancho(1998) aborda algumas características assumidas pelos empregos nos segmentos de hotelaria e restauração:
A chave para compreendermos esta aparente contradição está na estacionalidade pertinente à atividade turística, o que provoca grande rotatividade da mão-de-obra e dificuldades na retenção de trabalhadores fixos nos períodos de baixa temporada. Para o empresário, em geral, a permanência do trabalhador nos períodos de baixa temporada acaba por inviabilizar seu negócio. Portanto, o trabalho no segmento turístico assume particularidades que o diferem das demais atividades.
Além do problema da estacionalidade da atividade turística, o Grupo de Alto Nível de Turismo e Emprego da Comunidade Européia (1998) aborda outras duas dificuldades enfrentadas pelo segmento turístico para reter a maior parte do quadro de pessoal mais qualificado: os baixos salários praticados e o limitado prestígio dos trabalhadores que atuam neste segmento. Segundo os estudos desenvolvidos por esta comissão, as dificuldades inerentes ao trabalho na atividade turística "incide substancialmente na qualidade da oferta de trabalho e na inversão que empresários e empregados estão dispostos a fazer para modernizar a formação e as qualificações".(op. cit., p.17)
Do exposto conclui-se, portanto, que existe um problema estrutural no trabalho pertinente à atividade turística. Por um lado, os empresários reclamam da qualidade da mão-de-obra empregada, por outro, os trabalhadores mais qualificados se recusam a permanecerem no segmento dada a precariedade das relações de trabalho e o pouco prestígio que tais cargos lhes proporcionam.
Apesar das dificuldades existentes no segmento turístico com relação ao trabalho, conforme tentamos mostrar acima, inúmeras localidades investem nesta atividade ressaltando seu enorme potencial na geração de empregos diretos e indiretos, destacando a quantidade e nem sempre a qualidade do emprego gerado.
Tal aspecto é sempre enfatizado pelo poder público e empresários deste segmento, sendo que os primeiros tentam mostrar que esta atividade é promissora e pode propiciar dinamismo local, uma vez que o turismo se repercute em todos setores econômicos (agricultura, indústria, comércio e serviços); e os segundos, justificam demandas por verbas e investimentos públicos, subsídios e linhas de financiamentos, alegando a importância do setor para combater um problema crucial que atinge nossa sociedade, especialmente às áreas deprimidas, localizadas na periferia no sistema econômico.
É neste quadro de referência que encontra-se a área
objeto de nosso estudo que iremos analisar, a seguir.
Turismo e o mercado de trabalho natalense
A partir de meados dos anos oitenta a atividade turística potiguar apresenta crescimento vertiginoso, ganhando maior visibilidade nos anos noventa. Tal expansão é idealizada e promovida pelo poder público, onde o governo estadual desempenha papel de destaque como estimulador desta atividade, desenvolvendo diversas ações para incrementar seu crescimento.
Neste período, em decorrência de políticas públicas
implementadas visando criar alternativas econômicas para o estado
potiguar, a atividade turística passa a ser estimulada, inicialmente,
em Natal e áreas circunvizinhas, tornando-se atualmente uma das
principais funções econômicas deste município.
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Empregos |
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Serviços industriais de utilidade pública |
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Instituições de créditos, seguros e capitalização |
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Com. e adm. de imóveis, valores mobiliários, serv. Técnico... |
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Transportes e comunicações |
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Serviço de alojamento, alimentação, reparação, manutenção... |
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Serviços médicos, odontológicos e veterinários |
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Ensino |
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Administração pública direta e autárquica |
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Total |
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Natal é uma cidade que exerce funções predominantemente
ligadas aos serviços, destacando-se os serviços públicos,
já que é capital de um Estado de Federação
e congrega vários órgão do governo federal e estadual.
Analisando dados sobre os empregos formais de Natal, no ano de 2000, verifica-se
que 71,17 por cento encontravam-se nos serviços, 14,67 por cento
no comércio, 13,39 por cento na indústria e 0,77 por cento
na agricultura, silvicultura criação de animais e extrativismo
vegetal (MTE/RAIS). No que se refere especificamente aos serviços,
o segmento constituído pela Administração pública
direta e autárquica é o que mais emprega, absorvendo 58,35
por cento dos empregos formais; em segundo lugar temos os serviços
de Alojamento, alimentação, reparação, manutenção
que emprega 12,63 por cento (2) (ver quadro 1).
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No processo de reestruturação produtiva verificado na economia natalense nas duas últimas décadas com a expansão do turismo, verifica-se algumas mudanças no mercado de trabalho local, de modo que o segmento turístico aparece em segundo lugar na geração de empregos. Estima-se que 20 por cento da população economicamente ativa de Natal vive do turismo (3).
No trabalho mais recente sobre os serviços no Brasil desenvolvido pelo IBGE(2001), mostra que, no ano de 1999, os Serviços de Alojamento e Alimentação empregava 23,1 por cento do total de trabalhadores dos serviços no Rio Grande do Norte, constituindo-se no segundo segmento que mais empregava, sendo que o primeiro segmento que mais empregava era o de Transporte e Serviços Auxiliares de Transporte (38,6%). Tais dados vem ratificar a importância assumida pelo segmento Alojamento e alimentação na geração de empregos no estado potiguar.
Segundo recente pesquisa desenvolvida pelo governo do estado, em parceria com outros órgãos e entidades públicas e privadas, no ano de 2000, o segmento turístico em Natal gerava 45.634 empregos, distribuídos entre fixos diretos (7.532), indiretos (37.660) e temporários diretos (442). Do total de empregos fixos diretos gerados pelo turismo no estado potiguar, 66,6 por cento encontravam-se em Natal, demonstrando a importância que a atividade desempenha neste município, comparativamente aos demais (ver quadro 2).
Dentre os diversos equipamentos turísticos do Rio Grande do Norte, o segmento de hospedagem é o maior gerador de empregos. No ano de 2000, este segmento era responsável por 31.688 postos de trabalho (empregos diretos e indiretos). Deste total, 22.683 empregos, isto é 72 por cento, são gerados pelos equipamentos turísticos de Natal (ver quadro 2).
O dados expostos acima mostram a relevância que a atividade turística
assume em Natal enquanto geradora de empregos diretos e indiretos. No item
a seguir, procuraremos fazer algumas considerações sobre
as características do trabalho turístico natalense.
Características do trabalho turístico natalense
No Brasil, em 1999, no segmento dos serviços composto por Alojamentos e Alimentação predominava a micro e pequena empresas. Do total do número de empresas existentes, 90,2 por cento atuantes no segmento Alojamento e 98,5 por cento atuantes no segmento Alimentação empregavam até 19 pessoas. Em geral, nas empresas deste porte, a maior parte das tarefas são desenvolvidas pelos próprios proprietários ou membros da família e os salários pagos são, em média, muito mais baixos do que os salários de outros segmentos dos serviços, refletindo a baixa qualificação da mão de obra ocupada. (IBGE,2001)
As características do trabalho turístico em Natal não
difere das que encontramos no conjunto do país. No ano 2000, na
zona sul da cidade (4), onde se concentra os principais
equipamentos turísticos em Natal, 91,0 por cento dos meios de hospedagens
empregavam até 25 funcionários, 8,0 por cento empregavam
de 26 à 50 funcionários e 1,0 de 51 a 100 funcionários
(5).
Em tais empreendimentos também verifica-se o emprego da mão-de-obra
familiar.
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Analfabeto | 4ª série
incompleta |
4ª série
completa |
8ª série
incompleta |
8ª série
completa |
2º grau
incompleto |
2º grau
completo |
Superior incompleto | Superior completo | TOTAL |
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Serviços industriais de
Utilidade pública |
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Insituiç. De créditos, seguros e capitalização |
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Com. e adm. Imóveis, valor. Mobiliários, serv... |
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Transportes e comunicações |
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Serv. de alojam. Alimen., reparação, manutenção... |
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Serv. Médico, odontol., veterinário |
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Ensino |
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Administr. Pública direta e autárquica |
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TOTAL |
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Analisando os empregos fixos diretos encontrados na atividade turística em Natal, observa-se que 50 por cento do total são gerados pelos Meios de Hospedagens e 38 por cento pelas empresas de Alimentação. Nestes dois segmentos encontram-se também os menores percentuais dos empregos temporários diretos, em relação aos empregos fixos diretos, respectivamente 1,7 por cento e 7,5 por cento; enquanto os segmentos que apresentam maiores percentuais de empregos temporários são : Locadoras de Veículos (27,5%), Agências de Viagem e Viagem e Turismo (21,0%), Entretenimento e Lazer (9,7%). Tais dados mostram a importância dos segmentos Meios de Hospedagens e Alimentação no conjunto dos empregos gerados pela atividade turística em Natal.(ver quadro 2)
No quadro 3 podemos observar o grau de instrução do pessoal empregado formalmente no setor de serviços em Natal, no ano de 2000. De modo geral, os maiores percentuais do grau de escolaridade aparecem no item segundo grau completo, girando em torno de 30 por cento a 35 por cento, excetuando-se os Serviços médicos, odontológicos e veterinários que apresenta 60,11 por cento do pessoal empregado neste item. Os segmentos Instituições de créditos, seguros e capitalização e Ensino são os que apresentam os melhores índices de escolaridade, de modo que 86,34 por cento e 82,05 por cento do pessoal empregado, respectivamente, possuem segundo grau completo. Os maiores percentuais de pessoal com curso superior também aparecem nestes dois segmentos (Ensino – 42,05% e Instituições de crédito, seguros e capitalização – 25,83%) , além do segmento Administração pública direta e autárquica (24,23%)
Nos Serviços de alojamento, alimentação, reparação e manutenção, apenas 38,14 por cento dos trabalhadores possuem segundo grau completo. Não podemos dizer, portanto, que o grau de qualificação dos trabalhadores do segmento turístico seja elevado, uma vez que 61,86 por cento destes trabalhadores não possuem sequer o segundo grau completo. A menor qualificação dos trabalhadores deste segmento também pode ser visualizada através do baixo percentual do pessoal com formação universitária (4,91%), constituindo-se no menor índice dentre todos os segmentos (ver quadro 3). Assim, os trabalhadores deste segmento, juntamente com os segmentos Transportes e comunicações e Comércio e administração de imóveis, valores mobiliários, serviços técnicos são os que apresentam os piores índices de escolaridade.
Com relação aos rendimentos obtidos pelos trabalhadores
formais no segmento Serviços de alojamento, alimentação,
reparação e manutenção, verifica-se que 81,83
por cento recebem um salário que varia de 1,01 a 3,00 salários
mínimos e deste total 49,60 por cento dos salários situam-se
entre 1,01 a 1,50 salários mínimos (6) (ver
quadro 4). Os salários pagos são baixos e seguem o padrão
salarial encontrado no Rio Grande do Norte. Conforme dados obtidos na RAIS
(Relação Anual das Informações Sociais), no
ano de 2000, a média salarial do Rio Grande do Norte era inferior
a que encontrávamos na Região Nordeste e no país.
No Brasil, 29,35 por cento do pessoal empregado recebia até 2 salários
mínimos, enquanto no Nordeste situavam-se nesta faixa 51,94 por
cento e no Rio Grande do Norte 58,80 por cento dos trabalhadores. No segmento
turístico, especificamente, o percentual de pessoal empregado que
recebia até dois salários mínimos, neste período,
sobe para 73,55 por cento. Portanto, os salários pagos pelo turismo
são baixos, apresentando, inclusive, índices inferiores à
média geral encontrada nos demais segmentos econômicos de
Natal.
Faixas de salário mínimo |
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Até 0,50 |
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0,51 – 1,00 |
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1,01 – 1,50 |
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1,51 – 2,00 |
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2,01 – 3,00 |
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3,01 – 4,00 |
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4,01 – 5,00 |
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5,01 – 7,00 |
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7,00 – 10,00 |
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10,01 – 15,00 |
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15,01 – 20,00 |
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Mais de 20,00 |
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Ignorado |
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Total |
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O trabalho realizado por Cavalcanti (2001), trás informações a respeito do dos profissionais que trabalham nos hotéis localizados na Via Costeira, um dos mais importantes setores hoteleiros de Natal e onde encontram-se os melhores hotéis da cidade. Sua pesquisa nos mostra que nestes hotéis o nível salarial também é baixo e a qualificação dos profissionais é precária, conforme pode ser observado nos seguintes dados :
A formação de recursos humanos para o segmento turístico
Com o objetivo de imprimir maior competitividade à atividade turística natalense os agentes turísticos locais implementaram, ao longo dos anos noventa, algumas ações visando a qualificação de recursos humanos para atuarem no segmento turístico. Dentre estes agentes, cabe papel de destaque ao poder público.
Uma das ações que deve ser ressaltada refere-se a criação, em 1998, da Escola de Turismo e Hotelaria Barreira Roxa – ETHBR - pelo Governo do Estado em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa (SEBRAE). Esta instituição tem o propósito de proporcionar formação profissional, difundir novas tecnologias, produtos e serviço, incentivar e apoiar a implantação de pequenos negócios. É a única escola deste gênero em todo o Nordeste brasileiro.
Entre os anos de 1998 e 2000 passaram por esta escola um total de 8.851 alunos, que concluíram cursos de nível básico e técnicos (8). Em parceria com outras instituições de ensino (Centro Federal de Educação Tecnológico do Rio Grande do Norte – CEFET –, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN -, Universidade Potiguar – UNP, Universidade de Brasília – UNB -, Escola de Hotelaria Castelli, dentre outros), esta escola oferece ainda cursos de reciclagem, de educação continuada, de educação à distância, gerência e pós-graduação, atendendo à vários estados da região nordeste.
O Sistema Nacional de Emprego – SINE - , através dos Planos Estaduais de Qualificação – PEQ -, por sua vez inseridos no Plano Nacional de Educação Profissional - PLANFOR -, ofereceu vários cursos relacionados ao turismo objetivando proporcionar uma melhor qualificação dos trabalhadores para atuarem neste segmento. A maioria destes cursos foram ministrados nos municípios turísticos do litoral potiguar, tais como : Natal, Parnamirim, Tibau do Sul, São Miguel do Gostoso, Canguaretama, Baia Formosa, Touros e Rio do Fogo. Passaram pelos cursos de treinamentos oferecidos 9.899 trabalhadores. Dentre as entidades envolvidas na execução dos programas de qualificação temos o Sistema S (Senac, Senai, Sesi e Sebrae) e Universidades, dentre outros.
As expectativas laborais criadas com a política de expansão da atividade turística propiciaram também a criação, em Natal, de três cursos superiores em turismo num curto período de sete anos (na Universidade Potiguar –UNP- em 1989, na Faculdade de Ciências Cultura e Extensão do Rio Grande do Norte –FACEX/RN- em 1990 e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte -UFRN- em 1996) que, por sua vez, já colocaram no mercado de trabalho local 804 pessoas com formação superior na área de turismo. A partir de 1998 a UNP passou a oferecer um curso específico na área de hotelaria, que até agora teve 40 concluintes (9). Desde o momento de criação destes cursos até o período atual, observa-se um aumento pela procura dos mesmos que se reflete através do crescimento do número de vagas oferecidos pelas três unidades de ensino superiores.
Portanto, existe uma política de formação de recursos humanos para atender às necessidades do segmento turístico. No entanto, apesar destes esforços, os trabalhadores empregados neste segmento caracterizam-se, em geral, por uma qualificação precária e formação escolar elementar.
A baixa qualificação da maior parte dos trabalhadores
potiguares não é suficiente para explicar o perfil profissional
encontrado no segmento turístico, em particular na hotelaria e restauração.
Os aspectos levantados anteriormente, particulares ao trabalho turístico,
ajuda-nos entender a baixa qualificação encontrada entre
os trabalhadores deste segmento, que apresentam índices de escolaridade
inferiores à outros segmentos que compõem os serviços.
Conclusão
A expansão do turismo em Natal propiciou a geração de empregos, de modo que hoje esta atividade constitui-e na segunda maior empregadora da mão-de-obra local, estando atrás apenas do setor público, que de longe é o maior gerador de empregos formais.
Sem dúvida, a quantidade dos empregos gerados pelo turismo é significativa, no entanto a maioria das funções caracteriza-se pelo trabalho precário, grande rotatividade e baixa remuneraçao.
Apesar dos investimentos efetuados pelo poder público e entidades privadas para qualificaãao e formação dos trabalhadores para o setor turístico, observa-se que o perfil dos trabalhadores encontrados nos principais segmentos da atividade (hospedagem e alimentaçao) caracteriza-se por uma qualificaçao precária, pois falta formaçao escolar básica. Talvés a resposta para entendermos os motivos desta situaçao, encontra-se na precarizaçao do trabalho turístico, inclusive maior do que encontramos em outros segmentos de atividade, pois a existência de diferentes temporadas de fluxo turístico promove grande rotatividade de trabalhadores no setor, o que também desmotiva o empresário a investir no trabalhador.
A precariedade do trabalho turístico constitui num problema estrutural
da atividade e decorre da natureza desta atividade. Os sucessivos investimentos
públicos para qualificação e formação
de trabalhadores para o segmento turístico não tem obtido
o resultado desejado no que se refere a melhoria do produto turístico,
na medida em que o trabalhador mais qualificado não encontra no
segmento turístico condições de trabalho e salários
compatíveis com sua formação, permanecendo no segmento
os trabalhadores menos capacitados.
Notas
(1) Este trabalho contou com o apoio da
Capes
(2) Apesar de não estarmos ainda
considerando outros segmentos desta atividade e, nesta classificação,
os serviços de alojamento e alimentação aparecerem
juntos de outros como reparação e manutenção.
(3) Segundo matéria veiculada
pla imprensa local – Tribuna do Norte (26/06/2001).
(4) Zona Sul é constituida pelos
seguintes bairros : Lagoa Nova, Nova Descoberta, Candelária, Capim
Macio, Pitimbú, Neópolis e Ponta Negra.
(5) Dados obtidos no SEBRAE – Perfil
do Investimento.
(6) Um salário mínimo no
Brasil situa-se na faixa de 70/75 dólares americanos.
(7) A autora argumenta que estes dados
a respeito da faixa salarial pode estar mascarado, uma vez que sua pesquisa
recaiu, principalmente, sobre funcionários que exercem as funções
inferiores ( recepção, camareras, governança e cozinha).
(8) Informações obtidas
na Escola de Turismo e Hotelaria Barreira Roxa.
(9) Informações obtidas
nas próprias instituições de ensino (UNP, FACEX e
UFRN).
Referências bibliográficas
CAVALCANTI, K B. - O perfil profissional do setor hoteleiro na via costeira de cidade de Natal. Natal, CCSA/UFRN, Relatório de Pesquisa, 2001.
GRUPO DE ALTO NÍVEL TURISMO E EMPREGO - Turismo en Europa – nuevos partenariados para la creación de puestos de trabajo. Bruxelas: Comunidade Européia, 1998.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – Pesquisa anual de serviços. Rio de Janeiro, v.1, 2001.
JIMÉNEZ, E.; BARREIRO, F.; SÁNCHEZ, J. et. Al. – Los nuevos yacimientos de empleo: los retos de la creación de empleo desde el territorio. Barcelona: Fundación CIREM, 1998.
SANCHO, A. – Introducción al turismo. Madrid : OMT, 1998.
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de M. Petit, 2002
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Ficha bibliográfica
FONSECA, Mª A.; PETIT, A. Turismo e trabalho em áreas periféricas. Scripta Nova, Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona, vol. VI, nº 119 (128), 2002. [ISSN: 1138-9788] http://www.ub.es/geocrit/sn/sn119128.htm