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Índice de Scripta Nova

Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98
Vol. VI, núm. 119 (131), 1 de agosto de 2002

EL TRABAJO

Número extraordinario dedicado al IV Coloquio Internacional de Geocrítica (Actas del Coloquio)
 

TEMPOS DE ÓCIO E DE TRABALHO EM TEMPOS DE DESEMPREGO -
A VERSÃO ANGRENSE DO PARAÍSO TROPICAL

Lia Tiriba


Tempos de ócio e de trabalho em tempos de desemprego - a versão angrense do paraíso tropical (Resumo)

Nosso objetivo é trazer à superfície a outra cara dos "paraísos tropicais", revelando o outro lado do suposto mundo mágico do ócio: o mundo do trabalho (1). Em primeiro lugar, tratamos das condiciones de vida dos habitantes da cidade de Angra dos Reis — um verdadeiro paraíso tropical que está cerca do Rio de Janeiro (Brasil), formado por praias, montanhas e 365 ilhas que são freqüentadas por muitos turistas brasileiros e estrangeiros. Destacamos as conseqüências dos grandes projetos econômicos e suas repercussões na divisão social do território; em seguida, tecemos algumas reflexões sobre trabalho e ócio, considerando o desemprego, o sub-emprego e as estratégias de sobrevivência daqueles que foram expulsos "da fábrica" ou que nunca conseguiram ter seus nomes expostos na "quadro de funcionários da empresa tal". Tendo os paraísos tropicais como fonte de inspiração, registramos nossas inquietações quanto a possibilidade de romper com a dicotomia trabalho e prazer, indicando algumas pistas para investigar o sentido do trabalho para os trabalhadores-promotores-de-ócio.

Palavras chave: economia popular, estratégias de sobrevivência, trabalho


Leisure and work times in unemployment times (Abstract)

Our goal is to bring to the surface the other aspect of the "tropical paradises", revealing the other side of the supposed idleness magic world: the labor’s world. First off all we are dealing with the Angra dos Reis inhabitant life conditions – an authentic tropical paradise near by Rio de Janeiro (Brasil) constituted by beachs, montains and 365 islands attended by brazilian and foreign tourists. We emphasize the consequences of the big economical projects and its effects in the territory social division; afterward we compose some reflections about work and leisure, considering the unemployment, the under-employment and the survival strategies from those were expelled "from the factory" or those who never achieve to have their names in the "interprise list". Possesing the tropical paradise as a source of inspiration, we register our uneasiness as for possibility in burst the labor and pleasure’s branch, indicating some trails to investigate the work’s meaning for the workes who promote the idleness.

Key words: popular economy; survival strategies, work


"É o humor de quem olha que dá a forma à cidade de Zemrude. Quem passa assobiando, com o nariz empinado por causa do assobio, conhece-a de baixo para cima: parapeitos, cortinas ao vento, esguichos. Quem caminha com o queixo no peito, com as unhas fincadas na palma da mão, cravará os olhos à altura do chão, dos córregos, das fossas, das redes de pesca, da papelada. Não se pode dizer que um aspecto da cidade seja mais verdadeiro do que o outro, porém ouve-se falar da Zemrude de cima sobretudo por parte de quem se recorda dela ao penetrar na Zemrude de baixo, percorrendo todos os dias as mesmas ruas e reencontrando de manhã o mau humor do dia anterior incrustado ao pé dos muros. Cedo ou tarde chega o dia em que abaixamos o olhar para os tubos dos beirais e não conseguimos mais distingui-los da calçada. O caso inverso não é impossível, mas é mais raro: por isso continuamos a andar pelas ruas com os olhos que agora escavam até as adegas, os alicerces, os poços.

Ítalo Calvino, Cidades invisíveis, 1990

Assim como Zemrude, existem muitas cidades invisíveis, ou que não se mostram por inteira aos olhos de quem não quer ou não pode ver. Angra dos Reis é uma delas. Quem passa com o nariz empinado ou quem caminha com o queixo no peito, é quase impossível deixar de olhar em direção ao horizonte. Seja qual for o humor de quem olha, não há como negar que, se existem muitos paraísos, Angra é um deles.

Quem, na volta de uma viagem de fim de semana, não falou sobre as delícias da região da Costa Verde? Maravilhados, já havíamos dito que desbravar as trilhas do Caminho do Ouro, subir até a aldeia dos índios guaranis, andar pelos paralelepípedos das ruas estreitas da cidade, entrar no Convento São Bernadino, sentar nos bares, descobrir os segredos dos quatro mil cantos da região... têm sido uma fonte de emoção, de alegria (Tiriba, 1999b). Como uma amor à primeira vista, a paixão por Angra pode ser sinônimo de um barraca de camping na Ilha Grande ou do sonho de se hospedar em um hotel cinco estrelas – um daqueles que embebessem os visitantes do Primeiro Mundo e, ao mesmo tempo, enriquecem os empresários, que tanto têm investido na degradação da natureza, dizendo ser o turismo a ‘vocação’ da cidade. Seja qual for o olhar (e as condições econômicas) de quem olha, não é difícil perceber que o ‘direito à preguiça’(Lafargue, 1977) não tem sido um direito de todos. Principalmente, no momento em que a crise do emprego assola um terço da população planetária e que a pobreza atinge mais de 800 milhões de famintos, como vivem os setores populares?

Como sugere Cancline, existem muitos caminhos para se entrar numa cidade. "O antropólogo chega à cidade a pé, o sociólogo de carro e pela pista principal, o comunicólogo de avião. Cada um registra o que pode, constrói uma visão diferente e, portanto, parcial". O autor lembra um quarto tipo de olhar: a do historiador, "que não se adquire entrando, mas saindo da cidade" (1998:21). Como educadores-pesquisadores, temos caminhado pelas ruelas de Angra para tentar perceber um especial aspecto da cidade: o do trabalho. Entramos pela porta da universidade (UFF), indo e vindo numa verdadeira ciranda de teoria e prática. Assim, neste artigo, nosso objetivo é trazer à tona a outra cara do paraíso tropical, desvendando o outro lado do mundo mágico de Angra. Em primeiro lugar, falamos sobre as condições de vida na cidade, em especial, sobre as conseqüências dos grandes projetos econômicos e suas repercussões na divisão social do território. Em seguida, tecemos algumas reflexões sobre trabalho e ócio, considerando o desemprego, o sub-emprego e as estratégias de sobrevivência daqueles que foram expulsos "da fábrica" ou nunca conseguiram ter seus nomes expostos no "quadro de funcionários da empresa tal". Tendo o(s) paraíso(s) tropical (is) como fonte(s) de inspiração, registramos novas inquietações sobre a possibilidade de romper com falsa dicotomia trabalho e prazer, indicando algumas pistas para pesquisar o sentido do trabalho para os trabalhadores-promotores-de-ócio.
 

A cidade e o chamado "cidadão": as outras caras do paraíso tropical

Como em Zemrude, não se pode dizer que um aspecto da cidade seja mais verdadeiro do que o outro, no entanto, a pseudoconcreticidade com que o mundo se apresenta, faz com que seja necessário um certo esforço por parte do observador para desvendar em Angra o seu claro-escuro de engano e verdade (Kosik, 1995). Para que um determinado espaço urbano deixe de ser "invisível" é necessário o re-conhecimento de cada um dos fios que tecem a cidade, estando atendo a um especial aspecto da natureza: as pessoas, os seus moradores. Assim, para além da beleza física, natural, que outras geografias é possível perceber neste especial recanto da Baía da Ilha Grande?

Conhecida como "paraíso tropical" ou como "paraíso verde", Angra dos Reis situa-se a 150 km do Rio de Janeiro. As belezas naturais fazem com que Angra seja conhecida como uma cidade essencialmente turística no entanto, além do turismo, está centrada em atividades como indústria naval, portuária e de transporte e armazenamento de petróleo, pesca, comércio e serviços. Para quem quer conhecer um pouco da história do desenvimento da região, reproduzimos um documento do último mandato do Partido os Trabalhadores – PT (2), do qual destacamos as seguintes décadas do século 20:

"Década de 40 - Inicia-se a instalação de fábricas para a industrialização do pescado na Ilha Grande, a produção atingiu seu ponto máximo entre os anos 40 e 60, declinando a partir de então. O centro de Angra preservou até a década de 50, características típicas da cidade de uma cidade colonial brasileira localizada à beira mar: malha de vielas estreitas, calçadas de pedras e um casario predominante de um pavimento entremeado por sobrados imponentes.

Década de 60 - A instalação da indústria Naval em Angra dos Reis modifica em muito a dinâmica econômica da cidade. O estaleiro Verolme atraiu um grande número de trabalhadores que abandonaram a agricultura e a pesca. A indústria naval foi, durante as décadas seguintes, uma das atividades de maior expressão econômica no município, atrelando a si o comércio local, assim como as outras atividades características da cidade – pesca, agricultura, porto.

Década de 70 - As instalações da Verolme, GEBIG (originalmente TEBIG) e Angra I obedeceram a um mesmo modelo de desenvolvimento baseado na construção de vilas e infra-estruturas autárquicas. A construção do trecho Rio-Santos (BR-101), que ligou Angra à capital do estado do Rio de Janeiro, teve impacto direto sobre o crescimento da atividade turística, especialmente do turismo de segunda residência.

Década de 80 - O projeto Turis, desenvolvido na época da abertura da rodovia Rio-Santos, qualificou o município de Angra como local de exploração turística de classe ‘A’ e iniciou o processo de regularização fundiária necessário para a viabilização da ocupação turística. O incremento do turismo, com a conseqüente ocupação da faixa litorânea, e a implantação dos projetos de grande porte durante as décadas de 70 e 80, resultaram no crescimento acentuado da população e na migração de uma parcela significativa dos antigos e novos moradores para as zonas urbanas da cidade. Como conseqüência, houve uma expansão desordenada do centro e de outras zonas urbanas, a ocupação indiscriminada das encostas pela população de baixa renda e o isolamento da região do centro às demais localidades do município, levando à sub-utilização do seu potencial turístico e de lazer e à degradação deste importante espaço urbano, onde concentram-se os principais monumentos históricos e arquitetônicos da cidade..

Década de 90 - O desenvolvimento turístico da Costa Verde, em especial, de Angra dos Reis, ganhou grande impulso nesta década. A crise no setor naval levou à retração das atividades do Estaleiro Verolme, que, hoje, enfrenta dificuldades e tenta adequar-se à sua perda de importância dentro da economia do município e do país" (3)

Este breve histórico do desenvolvimento de Angra nos dá algumas pistas para compreender a situação do "paraíso tropical" no terceiro milênio. Antes de mais nada é preciso reconhecer que, apesar de sua indescritível beleza, a cidade tem sido fortemente castigada pelos seus antigos e atuais colonizadores. Como nas demais cidades brasileiras, Angra não foge à regra das conseqüências da política neoliberal: os grandes grupos econômicos insistem em tomar posse daquilo que é público, impedindo a população – com as muralhas dos grandes condomínios – até mesmo ao direito a um banho de mar.

O crescimento da população e sua distribuição espacial são determinados pela conjuntura política e econômica de uma determinada época. Em um artigo, lembrávamos que "no período do ‘milagre brasileiro’, o paraíso tropical foi transformado em ‘área de segurança nacional’, retirando do povo o direito de autogovernar-se. As grandes obras ‘valorizaram’ as encostas e manquezais da região, mas alteraram sobremaneira a vida da cidade. Com a instalação do Estaleiro Verolme, na década de 60, quando o índice nacional foi de 33 por cento, a população angrense cresceu 40 por cento. Na década de 70, com a construção da rodovia Rio-Santos (BR 101), do Terminal Petrolífero da Baía de Ilha Grande (TEBIG) e da Usina Nuclear, a população cresceu 80 por cento acima de seu ritmo normal" (Tiriba, 1999 b:40). Vale acrescentar que, na década de 70, comparando com o crescimento populacional no Brasil foi de 28 por cento, em Angra foi de 51,57 por cento. Em 2001, a população foi estimada, pelo censo do IBGE, em 119 mil habitantes.

Observa-se uma grande concentração na área central do município, estando a população assim distribuída: 91,7 por cento na Zona Urbana e 8,3 na Zona Rural. Na verdade, Angra cresceu, mas com uma distribuição desigual do espaço urbano. Na Ilha Grande, segundo maior distrito em extensão territorial, encontra-se a menor parte da população do município: apenas 5 por cento, sendo sua maioria formada por pescadores. As práticas econômicas calcadas em ‘grandes investimentos’ e as práticas político-educativas calcadas em promessas de uma ‘vida melhor’, levaram a população à busca de emprego, e mesmo de um sub-emprego no coração do município, repercutindo no deslocamento dos setores populares para os bairros periféricos.

Caminhando pelas ruas da cidade é possível perceber que Angra dos Reis segue a mesma lógica dos grandes centros urbanos, nos quais os bairros periféricos apresentam uma infra-estrutura extremamente deficitária. Como resultado dos "grandes" projetos econômicos, "algumas áreas periféricas, por exemplo a Usina Nuclear, refletem concretamente esta dura realidade. Para lá se deslocou um grande contingente de operários desempregados, não remanejados pelas empreiteiras, além de outros que vieram em busca de novas oportunidades, fazendo aumentar a população da região e a demanda por infra-estrutura" Como constatou a Prefeitura de Angra, "nossa população vem crescendo a taxas médias consideravelmente superiores à média nacional, sem contudo, em sua maior parte, receber sequer os benefícios tributários desse modelo de desenvolvimento ‘imposto’ ao município pelos governos Estadual e Municipal". O governo petista ressaltava que o quadro de exclusão social "se processa não só pelo déficit na oferta de bens e serviços públicos, mas, sobretudo, pela distribuição desigual da renda, da apropriação do solo e dos altos índices de desemprego (combinados com baixos índices de escolaridade e formação profissional"(4).

Uma das conseqüências do crescimento acelerado da população e da ocupação desordenada do espaço urbano é que o sistema de esgotamento sanitário atende a apenas 44 por cento da população; as demais têm seu esgoto lançado em rede mista (rede de águas pluviais), ou não têm nenhum sistema. Assim, quando o cálculo do índice de pobreza não considera as condições de moradia da população, não é de se estranhar o fato do Instituto de Pesquisa Aplicada – IPEA ter constatado que Angra é a cidade do Estado do Rio de Janeiro com menor proporção de habitantes que vivem abaixo da linha de pobreza, calculada 2,67 por cento.(5)

Em sua tese de doutorado, Carrano (1999:364) enfatiza que, além da distância física, "o mais grave na separação entre centro e periferia está no distanciamento cultural e político que afasta e marginaliza o conjunto dos cidadãos periféricos da possibilidade da participação e da convivência democrática com a totalidade da cidade". Apesar dos avanços na área de saúde e educação (sobre isto trataremos em outra oportunidade), sabemos que, mesmo com a gestão do PT, não tem sido possível construir uma cidade que, de fato seja para todos. Sem dúvida, a partir de 1989, Angra tornou-se educativa a medida em que as administrações petistas tentaram favorecer as culturas públicas e democráticas, pois "as sucessivas administrações do Partido dos Trabalhadores, em conjunto com a intensiva mobilização de associações, sindicatos e outras organizações da sociedade civil, encontraram nos muitos fóruns de debates e decisões organizadas na cidade um efetivo canal de estímulo do encontro com o outro, em sua dimensão socialmente coletiva". (Ibid: 424). Um exemplo disto foi o Plano Diretor, aprovado em 1991 - cujo conteúdo significou um avanço em termos de desprivatização do solo urbano, e cujo processo de elaboração foi considerado como um exemplo em termos de participação popular. Entretanto, tem sido difícil enfrentar as práticas de apartheid social imposto pelos poderosos. Para Guimarães (1997:143), apesar da significativa participação "dos setores tradicionalmente excluídos do debate e da deliberação em torno das questões urbanas", tendo em vista "um ideal de justiça na cidade", o Plano Diretor ficou engavetado, "reduzido a uma lei de uso e ocupação do solo com papel estritamente técnico".

Sabemos que desde a antiguidade, as cidades têm sido sinônimo de centros de decisão política e econômica. E que é na transição do feudalismo para o capitalismo, quando são criados "novos valores de troca para um produto até então desconhecido: o valor da terra urbana e das propriedades imobiliárias".(Zorraquino,2000:03) Principalmente agora, em tempos de neoliberalismo e globalização da economia, Angra dos Reis tem sido (como nos grandes centros urbanos) "um lugar privilegiado das contradições e da explosão da desordem, cujo controle está cada vez mais fora das políticas urbanas e sociais aplicadas pelos representantes do capital, para quem a cidade continua sendo um valor de troca, uma mercadoria submetida unicamente aos interesses particulares".(Ibid)

Para nós, os chamados cidadãos, as cidades tornam-se mais visíveis quando tentamos compreender a história do processo paulatino (e muitas vezes, acelarado) de concentração da população neste ou naquele território. No entanto, "a população é uma abstração, se desprezarmos, por exemplo, as classes que a compõem". A mesma se torna "uma palavra vazia de sentido se ignorarmos os elementos em que repousam, por exemplo: o trabalho assalariado, o capital, etc" (Marx, 1978:116). Neste sentido, vale a pena prestar mais atenção às pequenas coisas que acontecem na esquina, nas calçadas e nas biroscas de Angra (ou de qualquer outro lugar). Como na cidade de Zemrude (Calvino, 1990), as cidades escondem muitos segredos e encantos. E é no contexto da perversidade das políticas neoliberais que precisamos perceber Angra dos Reis, a qual completará 500 anos da chegada dos homens-do-além-mar - que hoje permanecem como homens-de-negócio. (representantes do Bancos Mundial e do FMI).
 

O estrangeiro e o nativo: o mercado turístico e outros mercados

"Os migrantes atravessam a cidade em muitas direções e instalam, precisamente nos cruzamentos, suas barracas de doces regionais e rádios de contrabando, ervas medicinais e vídeo-cassetes"(Cancline, 1998:20).

O desemprego estrutural, resultante da implementação do novo modelo de acumulação capitalista, tem se manifestado fortemente no "paraíso tropical". Assim como nas demais cidades brasileiras, o povo angrense não usufruiu das benéfices de um Estado do Bem Estar Social. Com o declínio da pesca, com a demissão de milhares de trabalhadores da Verolme (3.500 trabalhadores) (6) e do Porto (600 trabalhadores), com o término das obras da Usina Angra II (4.000 trabalhadores), a Prefeitura estimou, no final ano de 1999, que "se multiplicarmos o número de desempregados pela média familiar, chegaremos a alarmante conclusão de que quase 40 por cento de população do Município perdeu parte ou toda a renda familiar." (7)

Como vivem os setores populares ? Como tem revelado nosso trabalho de campo, no centro da cidade e em bairros populares, como Perequê e Japuíba, é possível encontrar uma grande quantidade de bares, biroscas, armazéns e outros pequenos negócios que, sem dúvida, são de iniciativa dos setores populares. Nossos registros fotográficos também evidenciam que, como conseqüência da crise do trabalho assalariado, encontramos nas ruas do centro da cidade um quantidade considerável de pessoas que trabalham conta própria. São vendedores de picolés, frutas, salgados, doces, vendedores de produtos industrializados, distribuidores de panfletos, guardadores de carros, ensacadores de compras nos supermercados, artesãos, vendedores de ervas medicinais, etc. Isto sem falar naquelas pessoas que, como estratégia de sobrevivência, envolvem-se em atividades ilícitas, como prostituição e venda de drogas.

Para atender a uma rede hoteleira com 199 estabelecimentos e 5.900 leitos é preciso camareiras (os), arrumadadeiras (os), e cozinheiros (as). Além destas atividades, os angrenses oriundos dos setores populares, exercem outros ofícios como promotores de ócio. Para cercar os turistas, no verão, multiplicam-se os vendedores de picolé, empadinha, sanduíche natural - trabalhadores que, sob o sol escaldante, conhecem o caminho das pedras que os leva ao caminho do mar. Os barqueiros – em saveiros, escunas, traineras e em pequenos barcos – fazem um tour pela Baía da Ilha Grande, levando centenas e centenas de turistas que, com suas máquinas fotográficas e câmeras de vídeo registram o contraste das montanhas com o mar. Quando perguntamos aos barqueiros porque não ancoram nesta ou naquela ilha, argumentam que elas pertencem as Xuxas e Robertos Marinhos e, por isso, estão protegidas com cães-de-guarda e outros sistemas de segurança. Nas ilhas, as famílias dos pescadores aguardam ansiosamente a chegada dos visitantes. Na areia da praia, organizam barraquinhas para lhes servir peixe frito e outras iguarias do mar.

E assim os dias passam. Como vendedores-de-alguma-coisa ou "ocupando o cargo" de flanelinha nas praias do continente, muitos angrenses vivem a condição de trabalhadores-promotores-de-ócio. Em especial, para aqueles que vêm sendo expulsos do mercado formal de trabalho (ou que nele nunca conseguiram ingressar) qual o significado do trabalho por conta própria? Se o trabalho assalariado é a forma pela qual o capital desapropria do trabalhador não apenas o produto, mas também o controle do tempo e do processo de trabalho, em que medida a produção "autônoma" (quer dizer, sem patrão), permite que o trabalhador torne-se, de fato, um trabalhador livre?

O mercado turístico e imobiliário, em nome do ócio de poucos, tem sido uma importante fonte de trabalho para a população angrense e, portanto, tem se constituído com um dos objetivos da formação profissional – promovida pelos empresários (via SENAC) e pelo governo local. Em 1999, ou seja, no final do último mandato do PT, a Prefeitura Municipal enfatizava que "existe uma grande preocupação com o desenvolvimento hoteleiro e de lazer(...) Recomendamos que não sejam medidos esforços na captação de investimentos para o desenvolvimentos do potencial turístico da cidade" (8) . Até o segundo semestre de 2000 estava previsto o funcionamento do Hotal Resort Tanguá, com 306 quartos, considerado cinco estrelas, de padrão internacional. A promessa dos empresários é que este empreendimento gere cerca de 850 empregos, em sua fase de construção, e 600 empregos diretos durante o seu funcionamento. Os empresários e também a administração petista insistem que a ‘vocação econômica’ de Angra é o turismo, no entanto esquecem de dizer que, não se trata de geração de empregos, mas de sub-empregos.

Seguindo a "mão invisível do mercado", os projetos de educação de trabalhadores (ver relatório de pesquisa) parecem estar à reboque das demandas dos empresários – como se apenas eles pudessem ser os senhores dos projetos econômicos. Além do mais, é como se a crise do emprego não existisse em Angra e, conseqüentemente, a cidade não estivesse convivendo com a proliferação dos pequenos empreendimentos geridos, individual ou coletivamente, pelos próprios trabalhadores. Não resta dúvida que são necessárias ações que visem "a qualificação de toda a nossa população preparando –a para disputar com igualdade todas as oportunidades que surgirem no mercado de trabalho, apesar da crise econômica que estamos enfrentando."(9) No entanto, não podemos nos deixar iludir, compreendendo o mercado como um ente abstrato ou como uma mão invisível. O mercado não é apenas o mercado dos empresários. Embora não falte brisa do mar, os angrenses não vivem de ar. Não por acaso assistimos ao aumento crescente do trabalho por conta própria.
 

Trabalhadores-promotores-de-ócio : pistas para pesquisa

Para seguir as trilhas que nos permitam re-conhecer os tempos de trabalho e os tempos de ócio no paraíso angrense, é preciso pensar a cidade como expressão dos efeitos de um mundo globalizado pela força do capital. Assim, vale reafirmar que o final do século XX foi fortemente marcado pelas políticas neoliberais, fundadas na globalização da economia e na reestruturação produtiva – novas bases da acumulação capitalista. O atual estágio de desenvolvimento tecnológico permitiu que fossem desvendados os mais íntimos mistérios do universo, que a natureza fosse dominada, submetendo-a (sem critérios) aos desejos do homem (ou melhor, aos desejos dos homens-de-negócio). Em contrapartida, a lógica perversa e excludente do capital não possibilitou a todos desfrutar do tempo livre, liberado pelo avanço tecnológico. O "livre mercado" não permitiu a distribuição sem fronteiras da riqueza socialmente produzida, mas sua concentração nas mãos de 20 por cento da população planetária.

Como já havia dito, em 1946, Wilhelm Reich, o bem estar na vida e no amor foi confundido "com ‘mecanização’; a emancipação dos homens, com ‘grandeza de Estado’; a eliminação da pobreza, com erradicação dos pobres, dos fracos e dos desadaptados"(1993:43). Nesta perspectiva, a política econômica, centrada na lógica do mercado (leia-se no ócio e no consumo) vem contribuindo para o processo de exclusão social, cada vez mais agudizado pela apropriação do solo por uns poucos (distribuição desigual da natureza), pela distribuição desigual da renda e pelo crescente aumento do desemprego. Como conseqüência, cresce também a população de rua e o número daqueles que, através da economia popular, vêm tentando produzir – por conta própria – os seus meios de sobrevivência. Principalmente nos países do terceiro mundo - vale qualquer coisa para não morrer de fome. Como na Inglaterra do século XVIII, a economia popular urbana tornou-se a "economia moral das multidões" (Thompson, 1979).

Não estamos autorizados a dizer como sentem e pensam os trabalhadores-promotores-de-ócio que vivem nesta região paradizíaca - isto nos exigiria nos debruçar, ainda mais, em nossa pesquisa sobre a economia popular em Angra dos Reis. Tendo por base os pressupostos teóricos e os resultados empíricos de uma pesquisa anterior (Tiriba, 2001), podemos inferir que, ao contrário da lógica dos empresários, para os trabalhadores dos setores populares que sobrevivem do turismo, o ócio não se torna um "negócio"- ou seja, algo do qual se possa viver às custas da exploração do prazer (do turista), da exploração do trabalho alheio (dos que servem ao turista) e da exploração da própria natureza, tornando-a uma mercadoria. Para que possam sobreviver por meio da auto-exploração do trabalho, os setores populares necessitam negar o seu próprio ócio, em nome do ócio alheio. Evidentemente, isso também acontece quando se submetem ao trabalho assalariado, seja no Hotel Tanguá, no Hotel do Frade ou em qualquer pousada-meia-estrela, cujos proprietários empregam força de trabalho. A diferença é que, quando um grupo de trabalhadores organiza seu próprio empreendimento, tem maior possibilidade de controlar o tempo de trabalho, controlando também o processo de trabalho.

Carrano (1999) lembra que, em Angra dos Reis existem muitos atrativos que poucos ‘estrangeiros’ atrevem-se em conhecer: o baile funk, a capoeira, o jongo e tantas outras coisas mais. Assim, não podemos dizer que, vivendo ou não do trabalho assalariado, os angrenses não encontrem seu "jeitinho brasileiro" para desfrutar do ócio no "tempo para além do trabalho". Valeria perguntar para os trabalhadores não-assalariados, em especial, para aqueles que "não estão à toa na beira da praia": mesmo sendo a jornada de trabalho intensa (do nascer ao por do sol), em que medida é possível ditar o ritmo e a intensidade do trabalho? É possível tempo de labor e tempo de ócio, de maneira que o segundo se constitua como parte integrante da cultura do trabalho?

Devido à dicotomia trabalho-vida, que tem caracterizado o modo de produção capitalista, não é à toa que "o trabalhador só se sente em si fora do trabalho, e no trabalho fora de si"(Marx, 1995:109). Ou, como disse Viviane, com os seus 10 anos: "pai, não sei o que acontece comigo. Quando eu vou para a escola a minha vida fica. Quando eu volto, minha vida volta". Assim como vem acontecendo em muitas escolas, tentam nos apresentar prazer e trabalho (inclusive o escolar) como momentos estanques, separados por uma cortina de ferro (e como tais devem permanecer). A liberdade é uma necessidade humana, no entanto, quando o "reino da liberdade" se contrapõe ao "reino da necessidade", o tempo de trabalho torna-se um tempo doloroso, já que o trabalho alienado é ausência de gratificação, a negação do princípio do prazer; o tempo de ócio representa apenas o tempo necessário para recuperar as energias necessárias para voltar ao trabalho (Marcuse, 1984).

No capitalismo, ócio e trabalho representem momentos separados, no entanto, em cada modo de produção subsistem características de outros modos de produção: assim como nas sociedades pré-capitalistas, para os trabalhadores por conta própria, o tempo social dedicado ao trabalho tem como referência uma quantidade de valores de uso necessários para a sua manutenção. E, além disso, as determinações da própria natureza, que em última, definem a intensidade e do ritmo do trabalho. Thompson nos ajuda a refletir sobre os angrenses que trabalham por conta própria na beira da praia quando afirma que:

"(...) a organização do tempo social no porto se ajusta aos ritmos do mar; e isto parece natural e compreensível ao pescador e ao marinheiro; a compulsão pertence à natureza.

De maneira similar, o trabalhar de amanhecer a anoitecer pode parecer ‘natural’ em uma comunidade agrícola, especialmente durante os meses de colheita: a natureza exige que se recolha o grão antes que comecem as tormentas" (Thompson, 1979:244-5).

Isto significa que, ao contrário dos trabalhadores assalariados, cujo processo não permite o controle do tempo, considerando períodos alternados de trabalho e ócio (10), são os nativos e natureza mesma os senhores do processo produtivo. Sob o comando do sol, da chuva ou da tempestade, trabalho e não-trabalho se confundem e são capazes de conviver na proporção em que a lógica do primeiro seja a satisfação das necessidades de subsistência, quer dizer, da reprodução ampliada de vida (e não a acumulação do capital).

Como trabalho e ócio se confundem em uma cidade cuja "vocação" dizem ser o turismo ? Será que entre a fritura de um peixe e outro, é possível aproveitar para tomar um banho de mar? Será que antes de levar o aperitivo que o "gringo" pediu, existe tempo livre para tomar uma cervejinha bem gelada? Em Economia popular e cultura do trabalho (Tiriba, 2001) foi possível perceber as relações sociais nos empreendimentos econômicos populares. Ao analisar alguns casos de produção material, foi possível inferir que os trabalhadores associados relacionam-se como o seu trabalho de uma forma distinta daquela que, tradicionalmente, verifica-se na sociedade capitalista. No entanto, ainda nos faltam elementos para analisar a cultura do trabalho nas estratégias de sobrevivência em que os pequenos empreendedores, individual ou coletivamente, se apresentam no mercado como "trabalhadores-promotores-de-ócio".

Acreditamos ser necessário analisar o trabalho por conta própria em Angra dos Reis, diferenciando não apenas a trajetória ocupacional dos trabalhadores, como também o tipo de atividade com que tentam se inserir na economia: Quanto ao percurso profissional, encontraríamos três segmentos da população em questão. O primeiro estaria representado pelos trabalhadores que, na condição de assalariados, estavam trancados dentro da fábrica e agora se encontram "ganhando a vida" ao ar livre. O segundo segmento estaria representado por aqueles trabalhadores que, por nunca terem conseguido ingressar no mercado formal de trabalho, sempre exerceram atividades no "mercado a céu aberto". O terceiro e último segmento estaria composto por aqueles que, por necessidade de complementação de renda, combinam o trabalho assalariado com o trabalho por conta própria. Quanto a forma de inserção na economia, quer pela produção material ou imaterial, nos parece interessante considerar os "trabalhadores-promotores-de-ócio", ou seja, aqueles que ao tentar promover o bem-estar do turista, tentam produzir os meios para própria sobrevivência. Numa cidade em que o poder público e o poder privado indicam o turismo como porta-bandeira do desenvolvimento econômico, a quem pertence o mercado turístico? Para os "trabalhadores-promotores-de-ócio", o trabalho por conta própria permite maior possibilidade de criação e liberdade? Em que medida é possível conciliar trabalho e ócio? O trabalho assalariado é algo desejado?

Dizem que acabou a "sociedade do trabalho" e que, agora, vivemos na era da "sociedade do ócio" (e do consumo). Ora, o homem é um elemento da natureza. Ele só se firma na natureza e só cria raízes na terra com os resultados materiais e imateriais do seu processo de trabalho, o que pressupõe o encontro do "reino da necessidade" e do "reino da liberdade". Como em qualquer outro paraíso tropical, para que possa haver ócio, é preciso que alguém trabalhe, servindo (direta ou indiretamente) aos turistas (e a qualquer cidadão angrense. Mas, quem conhece e se reconhece no espaço urbano e no espaço natural de Angra, sabe que é preciso tentar garantir o direito ao trabalho, o direito de controlar o seu próprio também, como também o direito ao tempo livre. E além disso, é importante lembrar que o ócio, que resulta do desemprego é "ócio forçado" e, que um dos desafio é transformar o trabalho alienado em trabalho-criação, no qual o tempo de trabalho é tempo de objetivação e subjetivação do prazer de se tornar sujeito-criador de si e do mundo. Entretanto, que isto não se dê às custas da exploração do trabalho humano e, tampouco, às custas da dominação da natureza pelo homem, mas a partir de uma nova relação homem-natureza, na qual nem o primeiro nem o segundo se reduzam à mercadoria, a mera "fonte de renda".

Quem por Angra passa apressado ou quem sempre volta na condição de turista, permanece como estrangeiro. Para quem pode gozar do "direito à preguiça", muito pouco importa quantas pessoas trabalham para tentar garantir um serviço de primeira, mesmo em um "botequim-cinco-estrelas". Para quem passa com o nariz empinado ou para quem passa com o queixo no peito, o "paraíso tropical" tem muitas caras. No entanto, nenhum estrangeiro, e nem mesmo os nativos são capazes de negar que do ponto de vista da beleza física, Angra - com suas 365 ilhas - é paradizíaca.
 

Notas

(1)Parte integrante da pesquisa Educação e mundo do trabalho: retratos da economia popular em Angra dos Reis, na qual participam os seguintes alunos-bolsistas: Norielem Martins e Isabel Chaves (PIBIC/CNPq); Luciana Pereira e Antonia Donizete (Faperj); Sonia Lúcia Neves (Treinamento/UFF). A elas minha homenagem e meu carinho.
(2) O PT esteve a frente da Prefeitura de Angra durante três mandatos consecutivos. O primeiro deles teve início em 1989 e o último terminou no final do ano 2000.
(3) Fonte: Prefeitura Municipal de Angra dos Reis. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico: Invest Angra 2000. Perfil Sócio econômico da cidade de Angra dos Reis-RJ, 1999.
(4) Extraído do documento "Centro de Formação Profissional da Baía de Ilha Grande" (Carta consulta elaborada pela Prefeitura Municipal de Angra dos Reis e enviada ao Ministério da Educação), 1999:4-5.
(5) O último governo do Partido dos Trabalhadores constata que, antes de 1989 (antes da primeira gestão do partido) os esgotos eram lançados em valas a céu aberto, na maior parte dos bairros do município. Assim, no final do último mandato, no ano 2000, o ex-prefeito José Marcos Castilho acredita que o PT consolidou "a política de inversão de prioridades, atendendo à população mais desfavorecida em obras tão necessárias para o seu dia-a-dia e proporcionando-lhes mais comodidade na melhoria da qualidade de vida."( Fonte: Prefeitura Municipal de Angra dos Reis. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico: Invest Angra 2000. Perfil Sócio econômico da cidade de Angra dos Reis-RJ, 1999 )
(6) Em 1982, o estaleiro chegou a ter 7291 funcionários, o que representava 21,78% do total de trabalhadores da indústria naval no Brasil. Absorvendo 12% da força de trabalho angrense, a Verolme era a maior fonte de geração de empregos no município. Como sinaliza uma pesquisa sobre a educação de trabalhadores na Escola Técnica da Verolme, "se existe uma questão capaz de mobilizar toda a comunidade, se existe algo que pode unificar até mesmo partidos políticos de ideologias distintas, em prol de um mesmo objetivo, essa questão é: como salvar o estaleiro Verolme? "(Alves e Paiva, 1999: 3)
(7) Extraído do documento "Centro de Formação Profissional da Baía de Ilha Grande" (Carta consulta elaborada pela Prefeitura Municipal de Angra dos Reis e enviada ao Ministério da Educação), 1999:-5.
(8) Extraído de "Prefeitura Municipal de Angra dos Reis. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico: Invest Angra 2000. Perfil Sócio econômico da cidade de Angra dos Reis-RJ", 1999:31
(9) "Qualificação de mão-de-obra". Jornal Maré, 24/09/99
(10) Thompson (1979) indica-nos como no mundo ocidental, em especial entre os anos 1300 a 1600, as concepções de tempo acompanharam as transformações do processo de trabalho; como o relógio - um artigo de luxo – transformou-se em um objeto popular - indispensável para controlar o ritmo e a intensidade da produção. Sobre a relação trabalho e ócio nas sociedades pré industriais, a perda do número de dias de festas populares e o papel da escola de massas no processo de disciplinamento dos trabalhadores assalariados, veja Fernández Enguita (1989).
 

Referências Bibliográficas

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Lía Tiriba, Profa. da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense. Vice-coordenadora do Curso de Pedagogia de Angra dos Reis/UFF. Membro do Neddate – Núcleo de Estudos, Documentação e Dados sobre Trabalho e Educação. (tiriba@msm.com.br)
 

© Copyright Lia Tiriba, 2002
© Copyright Scripta Nova, 2002
 

Ficha bibliográfica

TIRIBA, L. Tempos de ócio e de trabalho em tempos de desemprego. Scripta Nova, Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona, vol. VI, nº 119 (131), 2002. [ISSN: 1138-9788]  http://www.ub.es/geocrit/sn/sn119131.htm


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