Ar@cne
REVISTA ELECTRÓNICA DE RECURSOS EN INTERNET
SOBRE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona
Nº 103, 1 de diciembre de 2007
ISSN 1578-0007
Depósito Legal: B. 21.743-98

 


DOS OITOCENTOS AO XXI: CIENTISTAS, LIVROS E INTERNET
[1]

 

Marcos Bernardino de Carvalho
Departamento de Geografia- PUCSP. Programa de Estudos Pós Graduados em Geografia - PUCSP
mabe@uol.com.br




Dos oitocentos ao XXI: cientistas, livros e Internet (Resumo).

 

A partir do relato de uma experiência de pesquisa acerca das origens da palavra cientista (scientist) –relacionada com uma investigação mais ampla sobre as vínculos entre a ciência e os anos oitocentos, este artigo examina alguns recursos de Internet que podem ser úteis para pesquisas similares, especialmente aqueles reunidos em Internet Archive  <www.archive.org>, uma Internet Library, agora oficialmente reconhecida como biblioteca pelo estado da Califórnia, EUA.

 

Palavras chave: cientista (scientist), século XIX, Whewell, Internet, Internet Archive.



 

From the 1800s to the 21st century: scientists, books and Internet (Abstract).

 

From the story of a research experience about the origins of the word scientist –related to a wider investigation over the bonds between science and the 1800s–, this article looks into some Internet resources which might be useful to similar researches, specially those gathered in the Internet Archive <www.archive.org>, an Internet Library now officially recognised as a library by the state of California, USA.

 

Key words: scientist, 21st Century, Whewell, Internet, Internet Archive.



 

De los ochocientos al XXI: científicos, libros e Internet (Resumen).

 

A partir del relato de una experiencia de investigación acerca de los orígenes de la palabra científico (scientist) –en relación con una recerca mas amplia sobre las conexiones entre la ciencia y los años ochocientos, este articulo examina algunos recursos de Internet que pueden ser útiles para similares búsquedas, en especial, los que están reunidos en Internet Archive  <www.archive.org>, una Internet Library, ahora oficialmente reconocida como biblioteca por el estado de California, EE. UU.

 

Palabras clave: cientifico (scientist), siglo XIX, Whewell, Internet, Internet Archive.



 


Para aqueles que estão envolvidos com investigações relacionadas à história das ciências, particularmente das ciências sociais, não é difícil convencer-se da importância dos anos oitocentos.

 

A nossa forma contemporânea de praticar e produzir ciência deve muito àquele século. Nele, diversas das disciplinas que compõem o universo de conhecimentos científicos, teriam se conformado ou, no mínimo, adquirido reconhecimento institucional. E mesmo aquelas disciplinas que possam se reivindicar como mais antigas, não teriam passado incólumes pelas novidades que nessa época foram aduzidas para todos os campos do conhecimento humano. Basta lembrar que estamos nos referindo a um período de consolidação da revolução urbano-industrial e no qual, das leis da termodinâmica à teoria da evolução, ou do romantismo ao positivismo, ou, ainda, do materialismo ao historicismo, produziu-se um turbilhão de novas referências que não só demandaram a fundação de algumas das disciplinas científicas com as quais hoje convivemos, e que parecem ter existido desde sempre, como também obrigaram as mais antigas a revisarem seus fundamentos, a tal ponto que muitas delas acabam aparentando ser até mais jovens do que na verdade são. Nossa forma contemporânea de praticar ciência não seria o que é hoje sem as determinações produzidas, nesse sentido, pelos anos oitocentos.

 

Por essa razão, não são poucos os investigadores da filosofia e da história da ciência que costumam se referir de forma grandiloqüente e taxativa a esses anos dourados da institucionalidade científico-disciplinar.

 

A conhecida filósofa brasileira, Marilena Chauí, por exemplo, assim se referiu ao que naquele momento se passava com relação às principais dimensões que compunham o conhecimento humano:

 

“Convém não esquecermos que a distinção entre filosofia e ciência é muito recente (consolidou-se apenas nos meados do século XIX), de modo que os pensadores do século XVII são considerados sábios (e não intelectuais, noção que também é muito recente) e não separam seus trabalhos científicos, técnicos metafísicos, políticos. Pra eles, tudo isso constitui a filosofia e cada sábio costuma ser um pesquisador ou um conhecedor de todas as áreas de conhecimento, mesmo que se dedique preferencialmente mais a umas do que a outras” (Chauí, 1986: 61).

 

Horacio Capel, ao relatar os objetivos de grupo de pesquisa que coordenava, voltado exatamente para investigar os processos de institucionalização de disciplinas das ciências sociais, especialmente a geografia, faz menção a alguns outros aspectos que também não deixam dúvida quanto à importância do período:

 

“Normalmente se afirma que el científico profesional es algo reciente e incluso se sitúa en el siglo XIX su nacimiento. (...) Sin duda, en el siglo XIX este proceso de profesionalización científica se intensifica. Por un lado, aumenta el número de científicos profesionales debido a la creación de un numeroso y diverso grupo de nuevas instituciones científicas y docentes. Por otro, lo importante no es ya la existencia de científicos aislados sino verdaderas comunidades científicas institucionalizadas y estructuradas” (Capel, 1994: 9 e 10).

 

Há aqueles que, além da ênfase ao tempo, preferiram acrescentar a referência ao local, para com isso completar o conjunto de coordenadas que singularizaram esse momento histórico:

 

“Durante uns cem anos, desde os princípios do século XIX até o surgimento do nazismo, as universidades alemãs foram o modelo das instituições acadêmicas. A formação de um cientista norte-americano ou britânico não se considerava completa antes de se fazer um estágio na Alemanha estudando com alguns dos seus renomados professores, os quais haviam adquirido reputação e distinção científica num grau superior ao dos cientistas de qualquer outro país. A concepção ou ‘idéia’ ainda prevalecente de Universidade, assim como a definição do papel do professor, se originou na Alemanha ao longo do século XIX. Além do mais, foi nas universidades alemãs, mais que em qualquer outra parte, que os campos principais de investigação científica se converteram em ‘disciplinas’, com metodologias especializadas e conteúdos sistematicamente determinados. Os estudantes que desejavam saber em que consistia realmente uma disciplina tinham que ler livros e textos alemães, e os que queriam estar atualizados com a investigação científica deveriam ler publicações periódicas alemãs” (Ben-David, J. & Zloczower, 1980: 46).

 

Para não nos alongarmos mais nesse desfile de autoridades[2] que evocamos para lastrear nossas afirmações iniciais e também para não tardarmos em demasiado a satisfação das curiosidades que o título deste artigo possam já ter despertado, citaremos apenas mais uma dessas autoridades e com isso registramos sintética e insofismavelmente essa relação dos oitocentos com a ciência:

 

 “O século XIX, no âmbito sócio-econômico, é o século da Revolução Industrial, e no âmbito acadêmico, o século da ciência (natural), e também o século da história” (Garcia-Borrón, 1986: 235).

 

E daqui poderíamos ir quase direto para o século XXI e a Internet, como sugere o título deste artigo. Mas, no lugar de um simples clic, que nos permitiria fazer isso com tranqüilidade e sem estranhamentos, caso estivéssemos diante de qualquer página www, desde que tal link nos fosse oferecido, faremos ainda um breve e necessário relato para que se entenda a maneira como fomos remetidos para “esses outros lugares”, quando estávamos precisamente às voltas com a reunião de argumentos e textos comprovadores dessa relação entre as ciências e os oitocentos.

 

 

Tudo principiou com a palavra...

 

Ao universo dos bytes fomos remetidos por causa de uma informação, obtida ainda nos meios convencionais: a palavra “cientista” havia sido cunhada e proposta exatamente no século XIX.

 

Pela capacidade de reforçar os argumentos que evidenciam a relação dos anos oitocentos com a ciência —na sua versão profissional, disciplinada e academicamente institucionalizada—, confessamos que de todo material reunido, colhido principalmente em bibliografia convencional, essa informação, simples e sintética, fornecida por duas fontes, foi das que mais verdadeiramente nos impressionou.

 

Capel (op. cit.), de forma indireta, e Bernal (1975), em seu clássico e famoso manual de história da ciência, foram os responsáveis pelo acesso a tal informação. Apesar da pequena divergência de datas (Capel aponta o ano de 1834 e Bernal o ano de 1840) ambos indicavam para o mesmo autor e período: Whewell[3], segundo quartel do século XIX.

 

A descoberta do advento da palavra, da criação do signo, da promoção do encontro entre significante e significado, sempre impressionam quem se dedica a pesquisar as origens históricas de qualquer tema ou fenômeno. Nesse nosso caso específico, o contato, mesmo que indireto, com a indicação da origem da palavra “cientista”, fortalecia sobremaneira a hipótese da convergência em torno do século XIX para a institucionalização das ciências de uma maneira geral, e também das ciências sociais, que investigamos mais de perto. E isso tem um valor inestimável para quem aprecia algum grau de precisão fática.

 

Em nossos trabalhos e argumentações, essa passou a ser, portanto, uma informação freqüente[4].

 

Somada a outras considerações, como as fornecidas pelos pensadores mencionados no começo deste artigo, compunha-se assim um conjunto definitivo de argumentos capazes de convencer qualquer um sobre a importância do século XIX para a ciência.

 

Além disso, o conhecimento da “invenção” de Whewell, permitia uma composição mais econômica desse conjunto, uma vez que ele poderia ser aliviado de boa parte daquele esforço de argumentação, que invariavelmente produzimos sempre que somos instados a diferenciar os cientistas de agora (ou seja, posteriores aos oitocentos) dos “cientistas” de tempos anteriores. Como estes últimos, simplesmente não existiam, prosseguir no tal esforço de diferenciação revelou-se inútil.

 

A menção ao nascimento do “cientista”, no entanto, dependia das fontes secundárias que, direta ou indiretamente, haviam-na recolhido.

 

Poder mencioná-la de maneira direta, com a segurança e o prazer de quem pôde comprovar com os próprios sentidos a veracidade e a circunstância da indicação, enriqueceria o argumento, aumentaria nossa convicção

 

Além de uma natural necessidade que qualquer pesquisador envolvido fortemente com uma temática apresenta, de conhecer e ter acesso às chamadas fontes primárias, há, nesse caso, um motivo adicional que convém assinalar: desfazer o incômodo, ou a sensação de irrealidade, que acompanha essa informação de que um pensador inglês no começo dos oitocentos havia inventado a palavra cientista, e precisamente no momento mais adequado para isso.

 

Cientista é uma dessas palavras que parece sempre ter existido. No mínimo, dataria de tempos tão remotos quanto aqueles descritos no Gênesis: tempos que se iniciam com a famosa afirmação“no princípio era a palavra”... (que dita hoje, diga-se de passagem, soa quase como um lamento).

 

Parte dessa crença, na verdade, alimentou-a certa historiografia científica, muito difundida e arraigada entre nós, que se caracteriza por reproduzir as histórias das diversas disciplinas científicas como se estas tivessem percorrido, também desde sempre, trajetórias lineares, resultantes de uma sucessão de eventos, descobertas e produções que determinados indivíduos vêm fazendo desde épocas muito remotas.

 

Evidentemente, há uma outra historiografia, que se dedica à produção de caminhos diferentes dos mencionados, reunindo elementos que sejam capazes de estabelecer com mais precisão e menos linearidade as trajetórias percorridas por diversos adventos científico-disciplinares. É dessa vertente, inclusive, que buscamos tornar tributários os trabalhos relacionados à história das ciências sociais, particularmente da geografia, com os quais temos nos envolvido.

 

Ao encontro desse conjunto e de seu fortalecimento é que veio, para nós, a informação sobre Whewell e sobre a sua criação. Conhecê-la no original tornou-se imperioso, portanto.

 

A Internet, um site específico —archive.org—, e vários outros, proporcionaram esse acesso, que, adiantamos, realizou-se por fim de forma nada virtual.

 

 

De volta para os oitocentos, via Internet

 

Às voltas com um projeto de investigação que se propõe exatamente a reavaliar o tratamento dado para alguns fatos e referências da história das ciências sociais[5], aproveitamos para saldar antigas dívidas, realizar velhas obsessões, como essa de poder finalmente comprovar no texto original de Whewell a sua criação e o argumento que a produziu.

 

Iniciamos utilizando os instrumentos de busca usuais, principalmente o onipresente Google, passando pelos esclarecimentos úteis e fatuais da Wikipedia (a concorrente mais séria da Enciclopédia Britânica, segundo a conceituada revista Nature[6]).

 

A vários outros sites fomos remetidos nessa nossa busca. Em todos eles confirmavam-se a importância da contribuição de Whewell, incluindo a menção ao fato dele ter cunhado não só a expressão cientista, mas diversas outras de larga utilização por várias disciplinas científicas, tais como: íon, cátodo, ânodo, eletrodo, eoceno, mioceno, médico (physicist)...[7].

 

Especificamente sobre a palavra Scientist, apesar de obtermos a confirmação da autoria de Whewell na sua criação e até mesmo algumas informações interessantes sobre as motivações que o levaram a formular a expressão, bem como diversas datas possíveis da sua primeira aparição (todas elas próximas das que já tínhamos obtido pelas indicações de Capel e Bernal)[8], acesso ao texto original onde pelo menos oficialmente a palavra apareceu, finalmente obtivemos navegando no site da poderosa biblioteca virtual: The Internet Archive <www.archive.org>.

 

Nesse site ao solicitarmos a busca de Whewell obtivemos como respostas 28 ocorrências[9]. Entre estas, algumas das suas principais obras, em versão completa e disponível para descarregar ou para consulta direta no computador.

 

Além de alguns textos sobre Whewell, ou ensaios que simplesmente mencionam sua importância, estavam disponíveis entre essas 28 ocorrências versões integrais de algumas das mais importantes obras do pensador inglês, como por exemplo: The philosophy of the inductive sciences : founded upon their history (Vol 1, primeira edição de 1840 e várias cópias da segunda edição de 1847), History of scientific ideas, (vol.1 e vol. 2, de 1858), On the principles of English university education (de 1838), The plurality of worlds  (de 1854) etc.

 

Quase todos os textos mencionados podem ser lidos nos conhecidos formatos PDF e TXT. Também há versões FlipBook, que permitem simular a leitura do livro na tela do computador com um simples clic no canto da página, e Djvu para operar o download do texto que se queira transferir[10].

 

Entre os vários formatos apresentados, o TXT é o de menor tamanho (consome menos KB). Com ele, portanto, é que “baixamos” vários dos livros de Whewell em nosso computador para proceder à pesquisa. Além do mais, neste formato é muito simples manejar os instrumentos de edição e busca, para expressões ou palavras, e isso facilitaria enormemente o trabalho.

 

Iniciamos a pesquisa pelo volume 1 da primeira edição do The Philosophy..., já que este, da mencionada lista de 28 ocorrências, era o primeiro livro de autoria do próprio Whewell que nela figurava..

 

Em menos de um minuto o texto integral estava na tela de nosso computador (mais de 600 páginas). Imediatamente acionamos o instrumento de localizar palavras do editor de texto e nele escrevemos scientist. Resultado: três ocorrências da palavra; duas delas no seguinte parágrafo:

 

“The terminations ize (rather than ise), ism, and ist are applied to words of all origins : thus we have to pulverize, to colonize, Witticism, Heathenism, Journalist, Tobacconist. Hence we may make such words when they are wanted. As we cannot use physician for a cultivator of physics, I have called him a physicist. We need very much a name to describe a cultivator of science in general. I should incline to call him a Scientist. Thus we might say, that as an Artist is a Musician, Painter, or Poet, a Scientist is a Mathematician, Physicist, or Naturalist” (Whewell, 1840: CXIII).

 

Em todo o livro dessa primeira edição, há apenas mais uma ocorrência de scientist[11].

 

Em contrapartida, expressões como man of science ou philosopher (s), são utilizadas às dezenas, tanto antes como depois de Whewell ter feito a sua proposta de substituição dessas velhas referências e declarado a urgente necessidade de “uma denominação para o cultor da ciência em geral”.

 

Como todos sabem, os mecanismos de procura ou localização de palavras dos editores de texto nos permitiriam contar o número de vezes que essas expressões aparecem em todo o livro de Whewell, mas isso seria desnecessário. Importa é observar que a palavra scientist foi criada, seguiu não sendo utilizada pelo seu próprio inventor que, em seu lugar, continuou aderindo às referências da época: man of science e philosopher. Vale destacar que a desproporção entre as menções desta duas últimas é bastante grande: na verdade nem cientistas, nem homens de ciência, conseguiam ainda concorrer com o predomínio total dos filósofos e da filosofia naqueles idos de 1840.

 

O curioso é que essa tendência segue assim em todas as outras obras de Whewell que pudemos consultar nos textos integrais presentes no Internet Archive.[12]

 

Scientist, inclusive, desaparece de muitas das edições posteriores do volume 1 do The Philosophy....

 

Na verdade, o trecho onde a expressão aparece pela primeira vez é parte de um conjunto de aforismos que introduzem o volume 1 da primeira edição dessa obra. E esse conjunto, com pequenas variações, não só foi deslocado para o segundo volume de suas edições posteriores, como passou a figurar nas páginas finais do livro, antecedendo os apêndices com ensaios filosóficos que também aí foram agregados. A segunda edição do The Philosophy... é de 1847.  A uma reprodução exata e integral de seus originais (Whewell, 1967) tivemos acesso por meio de um exemplar integrante do acervo da biblioteca da Universidade de Barcelona.

 

Com essa versão física pudemos experimentar mais proximamente a sensação de ler nos originais as considerações de Whewell, bem como nos aproximarmos da compreensão do contexto e do significado da formulação de sua proposta.

 

Com a fonte primária nas mãos, foi possível inclusive confirmar o estilo baconiano que a formatação e o conteúdo do texto de Whewell sugerem.

 

Whewell não só adotou como epígrafe de seu livro dois aforismos de Bacon como introduziu o conjunto dos seus com o seguinte: “Man is the interpreter of Nature, Science the right interpretation” (Whewell, 1967: 443)[13].

 

Em suma, o que essa breve pesquisa consegue demonstrar é que a obra de Whewell, no mínimo, retrata claramente o importante momento de transição que se estava vivendo naquela primeira metade do século XIX. Entre outros elementos, a própria contabilidade na utilização das velhas e novas expressões sugeridas para caracterização dos “cultores da ciência em geral”, confirmam essa condição de transição.

 

Mas não é essa a discussão que pretendemos aprofundar aqui.

 

Com este artigo, pretendíamos, principalmente, socializar as características e potencialidades de contribuição que o site archive.org pode oferecer. Para tanto, buscamos ilustrar, com parte de uma pesquisa específica com a qual estamos envolvidos no momento, a maneira como na prática essa interação pode se dar. Aos esboços de conclusões que há pouco indicamos, incluindo o “mapeamento” do local preciso onde poderíamos encontrar a formulação original da palavra scientist, tanto na primeira como na segunda edição da obra de Whewell (com todas as variações que neste último caso se processaram), não seria possível chegar (ou não da forma tão ágil quanto chegamos), sem o concurso do site que mais nos auxiliou.

 

Ficamos imaginando quantas outras possibilidades e pesquisas poderiam desse mesmo instrumento se valer[14]. Nesse sentido é que fornecemos em seguida uma síntese de outras informações, que obtivemos explorando o site do Internet Archive para além das nossas necessidades imediatas de pesquisa.

 

Antes, gostaríamos de deixar já registrado o seguinte: a experiência de pesquisa que relatamos revelou, pelo menos para nós, a inutilidade de parte daqueles intermináveis debates em que todos nos envolvemos, principalmente nos intervalos de nossos trabalhos, sobre as contradições e os conflitos existentes entre os meios convencionais, como os livros impressos., e os eletrônicos, como os arquivos digitais. Tratam-se de instrumentos obviamente complementares. No caso relatado a existência dos dois proporcionou a duplicação do prazer em encontrar aquilo que buscávamos.

 

Nas figuras abaixo, reprodução da página de rosto e da página CXIII da obra original de Whewell, 1840.

 

 

Figuras 1 y 2. Whewell, 1840 (versão flipbook).

 

 

 

Fonte: Archive.org  2007.

 

 

The Internet Archive: Presidio de São Francisco, Califórnia, EUA

 

The Internet Archive (IA) <http://www.archive.org/index.php>, é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 1996 por um grupo reunido com o estrito objetivo de estabelecer uma biblioteca virtual (Internet library), segundo nos informa a própria home page do site. Sua sede localiza-se na área do Presídio de São Francisco (Califórnia, EUA) e seu acervo foi inicialmente impulsionado por doações dos bancos de dados de empresas que atuam na Internet. Entre outras, a subsidiária da Amazon.com, Alexa Internet <www.alexa.com>, especializada em produzir estatísticas sobre a quantidade de visitas feitas a um site determinado e divulgar o ranking das páginas webs mais visitadas, é particularmente destacada no histórico do IA como grande doador de dados.

 

Já no começo dos anos 2000, o acervo do IA, que contou também com o suporte da Biblioteca do Congresso dos EUA, havia crescido significativamente, adquirindo basicamente o seu formato atual.

 

Os dados arquivados estão agrupados em textos, áudios, imagens, softwares e páginas web. Para se ter uma idéia, se fossemos traduzir hoje em bytes armazenados a quantidade de informações do acervo do IA, teríamos que trabalhar com unidades de medida ainda pouco familiares nos âmbitos com os quais lidamos: petabytes (PB), ou seja, 106 GB (que equivale 109 MB ou 1012 KB).

 

Todos esse bytes, traduzindo em termos do material armazenado no IA, em fins de agosto de 2007, significavam:

 

 

 

Figura 3. Internet archive, Home page.

 

           

Fonte: Archive.org 2007.

 

 

Seria ocioso aqui descrevermos mesmo que sumariamente os conteúdos armazenados em cada um desses itens. Pela quantidade é possível imaginar que há de tudo. De filmes publicitários a longas metragens, de pequenos a grandes textos (como já ilustramos nos itens iniciais desse artigo), aulas, recursos didáticos, programas de computador de livre acesso, músicas, videoclips etc.; com certeza muitos encontrarão algo de útil para suas pesquisas, para o seu lazer, ou para a simples satisfação de suas curiosidades. Os critérios éticos e respeito aos direitos de autor, norteiam o armazenamento e acesso ao material arquivado. Para maiores detalhes recomendamos vivamente, a quem ainda não o fez, que navegue pelo site.

 

De todo o acervo, no entanto, impressiona a preocupação demonstrada desde o início em se tornar uma das principais memórias da rede mundial. Praticamente o que há de sites de expressão e interesse (para “researches, historians, scholars and general public”, que costumam freqüentar bibliotecas convencionais, segundo a caracterização do próprio IA)  têm (ou ainda terão) a sua memória ali preservada. Preocupado, inclusive, com a preservação de seu próprio acervo, o IA doou, no início de 2002, uma cópia integral de seu arquivo para a Biblioteca Alexandrina[15], com o intuito de estabelecer um segundo centro mundial com a preservação desse patrimônio.

 

 

Figura 4. Internet Archive: Wayback Machine

 

 

Fonte: Archive.org 2007.

 

 

O acervo e a recomposição histórica dos sites podem ser acessados através da ferramenta Wayback Machine. Basta digitar o endereço do site a ser pesquisado e solicitar  “take me back”. Na seqüência, essa “máquina do tempo” nos levará para a recomposição do passado do que quer tenha sido divulgado por meios eletrônicos, praticamente desde as primeiras aparições das páginas www no início dos anos 90[16], respeitando critérios de armazenamento semelhantes àqueles que as  grandes e conceituadas “bibliotecas de papel” utilizam para compor os seus acervos. Nessa memória, importante assinalar, algumas falhas, descontinuidades e problemas com a conversão de caracteres, podem ser encontrados. Provavelmente isso deve resultar de algumas insuficiências técnicas provenientes tanto dos procedimentos de armazenamento, como dos próprios sites armazenados, em suas trajetórias de vacilações ou acertos técnicos, características que serão preservadas tanto quanto os conteúdos que divulgam[17].

 

A título de exemplo pesquisamos o site que abriga a própria revista eletrônica onde publicamos este artigo. O resultado é esse que a imagem seguinte nos apresenta. Basicamente todo o acervo da rede Geocrítica está aí presente e em quase todos os momentos importantes de sua história. Suas revistas eletrônicas, a evolução de seu acervo e do design de seu próprio site, bem como o crescimento de suas publicações, os momentos em que foram agregadas novas revistas eletrônicas, a evolução da adesão à rede geocrítica internacional, a história de seus colaboradores, os diversos colóquios promovidos etc., são itens que podem ser pesquisados, graças ao trabalho realizado por IA, através dessa sua ferramenta “wayback machine”. Basta clicar em qualquer um dos dias disponíveis nas colunas dos respectivos anos e a página web do site pesquisado será exibida como se tivéssemos voltando no tempo.

 

 

Figura 5. Internet Archive: Acervo Geocrítica.
 

 

Fonte: Archive.org 2007.

 

 

Com o IA todos os websites passaram a contar com uma espécie de backup voluntário. A diferença é que esse backup não fica restrito aos espaços das máquinas e memórias, guardados em locais de máxima segurança, alugados pelas empresas que ultimamente tem se especializado na oferta desse tipo de serviço. O acervo armazenado pelo IA é público e a sua consulta é franca e facilitada pelos instrumentos oferecidos pelo seu próprio site. Trata-se, de fato, de uma biblioteca . Aliás, segundo o que nos informa notícia aí veiculada em fins de agosto, trata-se agora de uma biblioteca de fato e de direito, pois o Estado da Califórnia oficialmente reconheceu o Internet Archive como tal. Isso significa que o IA passa a ter o direito de participar dos programas federais administrados pelo estado da Califórnia, destinados a subvencionar, manter e desenvolver acervos de bibliotecas oficialmente reconhecidas.

 

Por fim, e apenas por curiosidade, gostaríamos de registrar que lançamos no wayback machine o próprio endereço do IA. Obtivemos como resposta os decepcionantes registros lançados apenas a partir de outubro de 2002.

 

 

Figura 6. Internet Archive: acervo de Internet Archive.

 

 

Fonte: Archive.org 2007.

 

 

Mas, antes que pudéssemos completar a frase “casa de ferreiro, espeto de pau”, nos lembramos também da própria recomendação do IA[18], recorremos ao site da Biblioteca Alexandrina e lá estavam arquivados registros feitos a partir de 1997[19].

 

 

Figura 7. Biblioteca Alexandrina: acervo do Internet Archive.

 

 

Fonte: Archive.org 2007.

 

 

Claro que de posse de todos esses registros não resistimos a alguns outros cliques no mouse.

 

Fomos conhecer a formatação das páginas pioneiras do IA. E ali notamos que o objetivo perseguido com obstinação pelos seus fundadores anunciava-se como compromisso público desde o princípio.

 

 

Figura 8. Internet Archive em 11 de Dezembro de 1997

 

 

Fonte: Archive.org 2007.

           

 

Também fomos satisfazer uma curiosidade: a partir de quando poderíamos ter tido acesso às obras de Whewell?

 

Escolhemos algumas datas aleatórias (começando, é claro, pela primeira que aparece, 11/12/1997) e fomos visitar os sites e acervos do IA daqueles momentos. Dependendo dos resultados, pesquisaríamos para trás ou para frente das datas escolhidas. Não encontramos nenhum registro daquelas 28 ocorrências. Daí, fomos direto para a última data indicada, 28/06/2007. Surpreendentemente, também nenhuma ocorrência foi verificada. Um pouco temerosos, voltamos a consultar o site em 30/08/2007 e, para nosso alívio, lá continuavam ainda registradas as tais 28 ocorrências a que nos referimos nos itens iniciais deste artigo. Conclusão: muito provavelmente as obras de Whewell só foram para o acervo do IA em algum dia da primeira quinzena de julho de 2007, pois em meados daquele mês consultamos o site e elas lá estavam. Ou seja, devemos ter tido acesso às obras que buscávamos, em condições quase simultâneas aos momentos em que passaram a integrar o acervo do IA[20], que agora, oficialmente reconhecido, como Library pelas leis de um Estado, passa a ter e desfrutar dos mesmos direitos e benefícios legais destinados às outras bibliotecas de reconhecimento público. Portanto, pelo menos desse ponto de vista, Internet Archive deixou de ser apenas um arquivo virtual de dados.

 

 

 

Notas



[1] Trabalho realizado com o apoio da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), fundação de apoio à pesquisa do Ministério de Educação, Brasil.

[2] A tentação de continuar aqui buscando amparo na bibliografia, é grande. Muito outros autores, capazes de satisfazer os mais diferentes graus de exigências, poderiam ser relacionados para reforçar essa idéia da importância que o século XIX teve para , no mínimo, completar o circuito da institucionalidade científico-disciplinar. Lembraríamos apenas de mais os seguintes nomes, cuja unanimidade de reconhecimento que desfrutam, dispensariam inclusive as indicações bibliográficas: T. Kuhn, G. Sarton, R. K. Merton, J. Bernal, B. Barnes , A. Koyré, A. Lenoble ...

[3] William Whewell (Lancaster, 1794 – Cambridge, 1866), filósofo e historiador inglês, conhecido por suas inúmeras contribuições a várias áreas do conhecimento humano. Além de poeta e sacerdote da igreja anglicana, atuou como professor na Universidade de Cambridge e responsabilizou-se por matérias relacionadas tanto ao campo do que hoje chamamos de ciências naturais com no das ciências humanas. As muitas obras que produziu converteram-se em referências para vários outros pensadores e refletem o caráter polissêmico de sua atuação. A elas nos referiremos mais adiante.

[4] Importante assinalar que nosso primeiro contato com essas indicações se deu durante realização do doutorado, já na fase de redação da tese, ao longo dos anos de 1997 e 1998 (a defesa ocorreu em outubro desse ano). Apesar de terem se passado apenas dez anos, aquele era um tempo em que os servidores de Internet atuavam precariamente fora de seus limites nacionais, os programas de busca e os acervos virtuais, estavam apenas começando e eram muito limitados, sobretudo quando comparamos com o salto abismal que se produziu nesses recursos durante a última década.

[5] Referimo-nos a estágio pós doutoral, em realização neste segundo semestre de 2007, cujo projeto busca aprofundar as investigações acerca dos debates provocados pelas formulações de antropogeógrafos do século XIX, bem como as possíveis influências desses debates especialmente  na institucionalização de algumas das principais disciplinas que vieram a compor as chamadas Ciências Sociais.

[6]Reportagem especial, fruto de investigação conduzida pela revista Nature que comparou as duas enciclopédias, concluiu que basicamente há empate no número de erros e imprecisões encontradas nos verbetes de uma maneira geral. Para maiores detalhes ver artigo de Jim Giles, “Internet encyclopaedias go head to head”, (Nature 438, 900-901,15 December 2005).

[7] Alguns dos sites visitados:  <http://omega.ilce.edu.mx:3000/sites/ciencia/menu.htm>, la ciencia para todos, Instituto Latinoamericano de la Comunicación Educativa; <http://plato.stanford.edu//>, Stanford Enciclopedia of Philosophy; <http://www.britannica.com/>, Enciclopedia Britannica; <http://philosophy.wisc.edu/>, University of Wisconsin; <http://www.victorianweb.org/>, especializado em estudos dos tempos vitorianos; <http://www.trin.cam.ac.uk/index>. Universidade de Cambridge, Trinity College.

[8] Segundo a Stanford Enciclopedia of Philosophy, por exemplo, assim como Whewell teria inventado os termos ânodo, cátodo e íon para os trabalhos de um seu contemporâneo, o físico e químico Faraday, “upon the request of the poet Coleridge in 1833 Whewell invented the English word ‘scientist’;” <http://plato.stanford.edu/entries/whewell/> (em 13/07/07). O site dos estudos vitorianos (v. nota anterior), confirma essa data e acrescenta. “the term, however, did not come into general use until the very end of the century” <http://www.victorianweb.org/science/whewell.html> (em 13/07/07). Já a Wikipédia, no verbete de uma rara filósofa natural (para a época) e contemporânea de Whewell, Mary Somerville, afirma que o termo aparece pela primeira vez, em 1834, em uma crítica escrita pelo professor de Cambridge sobre o livro On the Connexion of the Sciences (1834) de autoria de Somerville <http://en.wikipedia.org/wiki/Mary_Somerville> (em 13/07/07).

[9] Em pesquisa realizada ao longo dos meses de julho e agosto de 2007.

[10] Nesse caso há orientações no próprio site sobre como instalar gratuitamente um programa de leitura compatível com essa terminação, Djvu.

[11] No seguinte trecho: “The Explication of Conceptions, as requisite for the progress of science, has been effected by means of discussions and controversies among scientists.” (op. cit, p.XXXVII). Mas, notar que com maiúsculas a expressão só aparece naquele parágrafo há pouco mencionado.

[12] As obras consultadas: além de Whewell (1840), consultamos várias versões da segunda edição do vol. 1 do The Philosophy...(Whewell, 1847) e também as seguintes obras, cujos textos integrais estavam disponíveis no Internet Archive: Whewell, 1854, 1858, 1858a e 1838 (ver referências completas na bibliografia).

[13] Os aforismos de Bacon utilizados por Whewell são os CIV e CV do livro Novum Organum. Ao final do aforismo CIV lê-se a seguinte máxima que sintetiza muito do espírito legado por Bacon: “No ya alas es lo que conviene añadir al espiritu humano sino más bien plomo y peso para detenerle en su arranque y en su vuelo. Hasta hoy no se ha hecho, pero desde el punto en que se haga, podria esperarse algo mejor de las ciencias (Bacon, 2002: 67).  O aforismo I do livro de Bacon é claramente inspirador da máxima que também abre o obra de Whewell: “O homem, servidor e intérprete da natureza faz e entende tanto quanto pode escrutar da ordem da natureza pela observação e pela reflexão; nem sabe nem pode mais.” (op. cit.: 27)

[14] Para pesquisas semelhantes a essa que desenvolvemos, em busca de uma palavra ou de um fato específico, o Google books, por exemplo, é outro potente instrumento a se considerar. Embora aqui haja muita restrição de acesso aos textos integrais armazenados, pois boa parte do acervo não se compõe de livros em “domínio público” ou com divulgação autorizada pelos detentores de seus direitos, o fato é que Google Books possui a versão integral e permite localizar frases, palavras, contabilizá-las, saber quais as páginas onde se encontram os termos que se busca etc.

[15] Também uma biblioteca virtual nos moldes de IA, sediada no Egito e gerenciada pelo International School of Information Science (ISIS): <http://www.bibalex.org/ISIS/Home.aspx>.

[16] Embora a Internet exista já desde os anos 60, a criação do que é hoje o principal meio de transmissão de dados pela rede mundial de computadores, é bem mais recente. A World Wide Web, foi criada apenas no final dos anos 80 pelo físico britânico Timothy Berners-Lee. Mas só em meados dos anos 90 é que se acusa crescimento significativo de servidores e a Web se tornou praticamente sinônimo de Internet.

[17] Pudemos constatar isso pesquisando brevemente diversos sites. Mas, apesar das diferenças existentes no grau de resolução do material armazenado, a memória de todos eles sobrevive, independentemente das diversas atualizações que forçosamente, e em intervalos cada vez mais curtos de tempo,  hoje se impõem. Dessa forma, até mesmo as páginas web já interrompidas têm ali registradas suas histórias. Fomos surpreendidos, por exemplo, ao encontrarmos ali registrados os sites de divulgação de uma revista da faculdade onde atuamos, Revista Margem, cuja edição por decisão editorial foi suspensa há dois anos.

[18] No item Web da Home Page do IA, afirma-se e recomenda-se: “...the Internet archive at the New Library of Alexandria, Egypt, mirrors the Wayback Machine. Try your search there when you have trouble connecting to the Wayback servers”.

[19] Aqui descobrimos também que às vezes é preciso saber colocar endereços novos e antigos dos sites. Na Biblioteca Alexandrina para vermos os registros entre 97 e 2001, é necessário buscar o endereço <www.archive.org>. Já para 2002, em diante, o endereço tem que ser o atual <http://www.archive.org/index.php>. Ou seja, como em qualquer biblioteca, descobrir a referência correta, o tombo específico, é fundamental para se achar o que se procura.

[20] Confessamos que no início de nossas pesquisas estranhávamos o baixo (em alguns casos nenhum) número de downloads registrados nos livros de Whewell que consultamos. E só agora entendemos o porquê disso. Tratava-se de material “recém adquirido”. Contar com um pouco de timing e de sorte, portanto, não prejudica em nada o desenvolvimento de nossas pesquisas. Pelo contrário. Desde, é claro, que isso fique apenas arquivado na memória do pesquisador. Próximo da data de publicação deste artigo (concluído em agosto e publicado em dezembro de 2007) voltamos a consultar (em final de novembro) os registros de Whewell em Internet Archive. Tais registros cresceram de 28 para 41 ocorrências, sobretudo com acréscimos de textos que se referem às suas obras. Mas aquelas que são de autoria do próprio Whewell acusam apenas, coincidentemente, 28 registros. As outras informações que aqui veiculamos permaneciam basicamente atualizadas.

 

 

 

Bibliografia

 

BACON, F. Novum Organum. Barcelona: Folio, 2002. 219 p.

 

BEN-DAVID, J. & ZLOCZOWER, A. El Desarrollo de La Ciencia Institucionalizada en Alemania (1962). In: BARNES, B. (org.). Estudios sobre sociologia de la ciencia. Madrid: Alianza Editorial, 1980, p. 46-59.

 

BERNAL, John. D. Ciência na história (1º vol.). Lisboa: Livros Horizonte, 1975. 254 p.

 

CAPEL, H. Factores sociales y desarrollo de la ciencia: el papel de las comunidades científicas. Revista Suplementos - Barcelona, 1994, Nº 43, p. 5-19

 

CHAUÍ, M. Filosofia Moderna. In: Chauí, M. (org.) Primeira Filosofia/ Lições introdutórias. São Paulo: Brasiliense, 1986, p.61-108.

 

GARCIA-BORRÓN, J. C. Filosofia y Ciencia/ Historia del pensamiento racional. Barcelona: Editorial Teide, 1986. 357 p.

 

WHEWELL, William. On the principles of English university education. London : J. W. Parker,1838, 212 p.

 

WHEWELL, William. The Philosophy Of The Inductive Sciences, Founded Upon Their History. (Vol. 1) London: John W. Parker, West Strand, 1840. 523 p. + CXX (Aforismos)

 

WHEWELL, William. The Philosophy Of The Inductive Sciences, Founded Upon Their History. (Vol 1, 2ª ed.) London : Parker,1847. 754 p.

 

WHEWELL, William. The plurality of worlds. Boston: Gould and Lincoln,1854, 330 p

 

WHEWELL, William. History of scientific ideas, vol.1. London: J.W. Parker,1858a, 416 p

 

WHEWELL, William. History of scientific ideas, vol.2. London: J.W. Parker,1858, 356 p

 

WHEWELL, William:  Philosophy of the Inductive Sciences (Part Two). London: Frank Cass, 1967. 701 p.


Recursos Eletrônicos

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CARVALHO, M. B. “El hombre – [y la ciencia] – como problema” (reflexões a partir do livro de Jerônimo Bouza Vila). [On line]. Biblio 3W. Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 2007, vol. XII, nº 747. <http://www.ub.es/geocrit/b3w-747.htm>. [Agosto de 2007].

 

ENCICLOPEDIA BRITANNICA. [On line]. <http://www.britannica.com/>. Chicago, EUA: Encyclopædia Britannica, Inc., 2007. [Agosto de 2007].

 

GOOGLE. Google. [On line]. Mountain View, CA (Sylicon Valley), EUA: Google Inc., 2007. <www.google.com>. [Agosto de 2007].

 

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NATURE INTERNATIONAL WEKLY JOURNAL OF SCIENCE. [On line]. Londres, Reino Unido: Nature Publishing Group, 2007. <http://www.nature.com/nature/index.html>. [Agosto de 2007].

 

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WIKIPEDIA. Wikipedia, a Enciclopedia Livre. [On line].  Florida, EUA: Wikimedia Foundation Inc., 2007. <http://es.wikipedia.org>. [Agosto de 2007].

 



© Copyright Marcos Bernardino de Carvalho, 2007.
© Copyright Ar@cne, 2007.


Ficha bibliográfica:

 

CARVALHO, Marcos B. Dos oitocentos ao XXI: cientistas, livros e Internet. Ar@cne. Revista electrónica de recursos en Internet sobre Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, nº 103, 1 de diciembre de 2007. <http://www.ub.es/geocrit/aracne/aracne-103.htm>.