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Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona.
ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98
Vol. VI, núm. 118, 15 de julio de 2002

 

ABORDAGEM GEOMORFOLÓGICA PARA A REALIZAÇÃO DE ESTUDOS INTEGRADOS PARA O PLANEJAMENTO E GESTÃO EM AMBIENTES FLÚVIO-MARINHOS

A. J. A. Meireles

E. Vicente da Silva


Aproximación geomorfológica para la realización de estudios integrados para el planeamiento y gestión en ambientes fluvio-marinos (Resumen)

Los estudios en ambientes fluvio-marinos, desarrollados por el Departamento de Geografía de la Universidad Federal de Ceará, Brasil (UFC), han motivado los objetivos básicos de este artículo. Se trata, ante todo, de una reflexión acerca de la contribución de la Geografía Física -y más específicamente de la Geomorfología-, como ciencia de base aplicada a la planificación y gestión del territorio.

Palabras clave: geomorfología, valle fluvio-marino, gestión ambiental, planificación de zona costera.


Geomorphological approach for the realization of integrated studies for the planning and management in environments fluvio-marines (Abstract)

The studies in environments fluvio-marines, developed by the Department of Geography of the Federal University of Ceará, Brazil (UFC), they have motivated the basic objectives of this article. It is, above all, of a meditation about the contribution of the Physical Geography -and more specifically of the Geomorphology-, as base science applied to the planning and management of the territory.

Key words: geomorphology, valley fluvio-marine, environmental management, planning of coastal field.


Os estudos em ambientes flúvio-marinhos, desenvolvidos pelo Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará – UFC, motivaram os objetivos básicos deste artigo[*]. É importante salientar que parte dos estudos foram realizados no Laboratório de Geologia Marinha da Universidade de Barcelona, Espanha.

Trata-se, ante tudo, de uma reflexão à cerca da contribuição da Geografia Física e, mais especificamente, da Geomorfologia, como ciência de base e aplicada à ordenação do território. Uma tentativa de apresentar uma abordagem metodológica sistêmica, onde as formas do relevo resultem dos processos controlados pela interação entre os agentes dinâmicos (hidrodinâmica, erosão, transporte e deposição de sedimentos) em ambientes fluvio-marinhos.

Vale salientar que a realização de uma síntese com estes objetivos, apresenta grandes dificuldades, haja visto o elevado número de agentes e processos, unidades e sistemas, envolvidos no estudo de ambientes controlados pela energia derivada dos processos fluviais, mistos e marinhos. Desta forma, apresentaremos noções preliminares, sobre tudo referentes à realização de pesquisas geomorfológicas, como ferramenta fundamental para desencadear princípios técnico-científicos norteadores de estudos integrados.

À continuação, iremos apresentar uma série de proposições relacionadas com uma abordagem integrada do relevo, para a construção de modelos evolutivos. Serão também abordadas as principais tarefas do âmbito de atuação do geomorfólogo, profissional responsável pelo levantamento de dados básicos, vinculados diretamente com os processos flúvio-marinhos. Ao final, foi utilizado como exemplo a definição dos processos morfogenéticos do vale flúvio-marinho do rio Coreaú, evidenciando os fluxos modeladores do relevo local e aspectos ecodinâmicos, essenciais para uma proposição evolutiva e medidas adequadas de manejo ambiental


Desenvolvimento

As aportações da Geografia Física, como ciência de base preocupada pela definição e caracterização dos processos geoambientais, dinâmica do meio ambiente, uso do solo, planejamento e gestão do território, são fundamentais para a estruturação das diversas atividades relacionadas com a utilização dos recursos naturais. Desta forma, quando o objetivo é definir as interrelações entre as ações existentes e planejadas, com um conjunto de unidades morfológicas submetido às pressões desencadeadas pela utilização da paisagem e impactos ambientais derivados, a geomorfologia de processos representa uma das principais ferramentas a serem aplicadas.

Atualmente, com os recursos computacionais, imagens de satélites, cartografia digital, análises de vertentes e de bacias hidrográficas, os modelos de evolução espaço-temporal do relevo, mais precisos e com elevado grau de coerência com a realidade do terreno, estão sendo aplicados na definição de áreas de riscos (desmoronamento de encostas, inundações, erosão e contaminação do solo), capacidade de suporte e classes de uso. Os modelos digitais do terreno, construídos com precisas informações altimétricas e topográficas, são agora acrescidos por vetores de fluxo de matéria e energia, conteúdo litológico, cobertura vegetal, articulações entre os segmentos de pendente, aspectos pedológicos e áreas antropizadas.

Neste sentido, tanto as universidades, como o Estado e a Sociedade em geral, estão cientes da necessidade de estudos básicos, ponto de partida para a eleboração de estudos integrados, fundamentados na elaboração de modelos representativos da evolução do espaço, a partir da transferência de energia, imposta pelos agentes geológicos, geomorfológicos, pedológicos, climáticos e biológicos. A partir de então, estes modelos irão fornecer as diretrizes de ordenamento, gestão e manejo, relacionadas, por exemplo, com a expansão das cidades, abertura de vias de acesso, implantação de obras de engenharia e projetos agropecuários.

A viabilidade operacional dos modelos de evolução do relevo (desde escalas locais a regionais e globais), dentro de uma abordagem em que o homem atua como produtor de energia interventora dos processos dinâmicos (implantação de barragens, desmatamento das encostas, impermeabilização do solo, etc.), está relacionada diretamente com a definição das teleconexões entre continente, oceano e atmosfera. Cada elemento do sistema (unidade do relevo), com seus diversos componentes geofísicos, bióticos e sócio-econômicos, relaciona-se com os demais e entre si, dentro de um sistema aberto, de troca constante e complexa hierarquia de funções aglutinadoras e dissipadoras de matéria e energia. A identificação e quantificação dos fluxos de energia que transitam entre estas unidades, os que as estruturaram, modelaram e que as transformaram durante o tempo e espaço, definem com maior precisão e aplicabilidade, a dinâmica geoambiental da paisagem. Principalmente quando entre estes fluxos está presente o gerado pela ação do homem, imbuido da identificação, exploração, distribuição e consumo dos recursos naturais.

Desta forma, a Geomorfologia é uma ciência fundamental no processo de uso adequado do território, sintetizando modelos evolutivos do relevo, a partir de um estudo integrado, que atualmente vem avançando com a elevada gama de instrumentos computacionais, fotografias aéreas de alta resolução e imagens de satélites. Perfis topográficos, declividade das vertentes, espessura da camada de material intermperizado, monitoramento das condições climáticas, quantificação do transporte de sedimentos e outros parâmetros importantes para os estudos geomorfológicos, são facilmente obtidos por novos e sofisticados instrumentos com interfaces computacionais. A precisão na localização, altitude e contrôle topográfico do terreno, são gerados por potentes ferramentas (GPS digerencial geodésico, estações portáteis de dados meteorológicos, clinômetros e altimetros de precisão, entre outros), que fornecem blocos diagramas e perfis planialtimétricos, favorecendo o monitoramento contínuo de uma vertente ou leito fluvial.

A demanda por recursos naturais frente ao crescimento das cidades, impactos ambientais gerados pela implantação de projetos industriais, agropecuários e pesqueiros, vêm acarretando mudanças rápidas nos agentes modeladores do relevo. As ferramentas utilizadas para a definição espaço–temporal destes eventos, possibilita o acompanhamento contínuo dos processos morfogenéticos, favorecendo ações preventivas em áreas de risco e o controle efetivo dos indicadores de dinâmica da paisagem.

A ordenação de um território singular, frente a seu espaço periférico, é evidenciada não somente pelos seus elementos físicos e bióticos, como também pelas formas de vida de seus habitantes e pelo uso que se faz de suas terras (Gomes Ortiz, 1999). Nos baixos vales fluviais localizam-se as paisagens mais alteradas pela pressão antrópica. Representam sistemas ambientais que guardam extreita relação com as áreas à montante, principalmente quando alteradas de modo a elevarem os processos erosivos (desmatamento das nascentes). Quando submetidas aos diversos tipos de uso, torna-se cada vez mais importante a definição da capacidade de suporte e acolhida das intervenções antrópicas.

Pelo dito anteriormente, a necessidade de planejamento, ordenamento e manejo, tornou-se fundamental a aplicação de técnicas passiveis de reestruturações e atualizações frequentes, frente a esta nova dinâmica do relevo, imposta pela ação do homem. Perante esta crescente demanda de uso e ocupação, a implantação de metodologias que definam com maior precisão a dinâmica da paisagem (caracterização integrada dos fluxos de matéria e energia), a presença de geomorfólogos especialistas em dinâmica de vertentes, hidrodinâmica fluvial e estuarina e que domine as novas tecnologias, é impressindível na abordagem integrado do meio ambiente. Mais uma vez, poderemos afirmar que os modelos geomorfológicos, repletos de parâmetros quantitativos, são indispensáveis para desencadear as diversas etapas de zoneamentos ambientais para o planejamento, gestão e manejo.

A ordenação de territórios relacionados com vales flúvio-marinhos, cabe uma das mais complexas e difíceis tarefas para os geomorfólogos, principalmente para os que trabalham com levantamento de dados básicos (geológicos, geomorfológicos, pedológicos, hidrológicos, climáticos, biogeográficos) e nas ações de planejamento e gestão dos recursos naturais. As inúmeras unidades geomorfológicas (terraços fluviais e marinhos, planície de inundação, canais fluvial e estuarino, etc.), bem como os interflúvios que definem bacias hidrográficas, associados e interdependentes a outros macrosistemas, como os maciços residuais, a depressão sertaneja e altiplanos em bacias sedimentares, estruturaram uma dinâmica regional composta por elevados níveis de complexidade. Desta forma, os modelos evolutivos do terreno, definem com precisão (dependendo da escala e qualidade/quantidade de informações do terreno), os diversos componentes morfológicos do sistema geomorfológico, bem como representam seus limites (fronteiras e zonas de transição) e áreas de influência de determinados fluxos de materiais.

Estes modelos somente mostram-se como recursos aplicados ao planejamento ambiental, quando construídos a partir de uma abordagem sistêmica. Desta forma, caracterizam-se pela definição integral da dinâmica do relevo e, como consequência, aplicados ao desenvolvimento ordenado de planos de manejo, definição de potencialidades, da capacidade e das limitações de acolhida das ações antrópicas.

É importante salientar que tarefas de ordenação, em ambientes com fortes pressões do homem, não podem fundamentar-se por padrões pré-estabelecidos, “equilíbrio” nos processos morfogenéticos e estabilidade no fluxo de matéria e energia. Ademais, grande parte das unidades que compõem um sistema flúvio-marinho, caracteriza-se por ecossistemas frágeis, o que os torna muito vulneráveis e especialmente dinâmicos, principalmente durante os eventos de maiores fluxos de matéria e energia, isto é, durante os períodos de maior vazão fluvial, marés de sizígia e tempestades.

Temos que assinalar que os processos geomorfológicos mais destacados, são os derivados da ação direta das enchentes e marés astronômicas. Quando afetam áreas densamente ocupadas, normalmente acarretam calamidades públicas, relacionadas às inundações de áreas agrícolas e núcleos urbanos, deslizamento e fluxos generalizados de massa, erosão do solo, danos estruturais em barragens e vias de acesso, erosão das margens dos estuários e mudanças na hidrodinâmica imposta pela carga de fundo. Vale salientar que a construção de grandes barragens, impedindo a transferência de sedimentos carreados pelo fluxo fluvial nos médio e alto cursos, produzem impactos ambientais relacionados com mudanças bruscas no regime de fluxo do baixo curso, erosão ao longo do canal e suas margens e déficit sedimentar na planície costeira.

A atual concepção sistêmica da Geografia Física como ciência preocupada pela organização e dinâmica do meio natural, supõe, por seu objeto específico de estudo, uma contribuição valiosa na ordenação do território, sobre tudo, quando a intervenção humana tende a realizar-se em meios onde o componente físico adquire proporção preponderante. Desta forma, os métodos de classificação geológica, geomorfológica e geográfica, deverão ser utilizados em conjunto (interdependência), de modo a fornecerem correlações genéticas, temporais e espaciais, em função de seus componentes (morfologia, vegetação, clima, solo, processos, uso e estado).

A aplicação de técnicas corretivas e de controle dos processos morfológicos, podem alterar o grau de vulnerabilidade de uma área já intensamente antropizada. Os terraços fluviais, por exemplo, tratam-se de morfologias com elevado grau de vulnerabilidade, pois são facilmente erosionados ou contaminados, pela ação pluvial, principalmente quando suprimida a cobertura vegetal e emissões de efluentes domésticos e industriais. A implantação de equipamentos urbanos, industriais, agropecuários, etc., nessas áreas, está diretamente relacionado a riscos de desmoronamentos e inundações, bem como contaminação do lençol freático e da água do rio. Caso as intervenções sejam dirigidas para áreas menos vulneráveis, afastadas das vertentes, planície de inundação, manguezais e encostas íngremes, bem como conservada a cobertura vegetal, as ações antrópicas serão gestionadas em baixos níveis de vulnerabilidade, elevando a qualidade ambiental, principalmente na manutenção dos fluxos sazonais e evolução morfológica das unidades de alta vulnerabilidade.

Utilizando imagens de satélite e estruturas computacionais auxiliares, como os sistemas de tratamento de imagens digitais e de informação geográfica, são alcançados níveis mais elevados de resolução na coleta de dados e análise integrada das informações ambientais. A utilização de um Sistema de Informações Geográficas (SIG), basicamente definido como um sistema de informações espaciais geo-referenciadas, voltado para a análise e gerenciamento de dados, possibilitará a superposição digital de planos de informações (diagnósticos, evolução espaço-temporal do canal estuarino, etc.), favorecendo a obtenção de uma seqüência de dados analíticos, os quais podem ser empregados para definir a capacidade de suporte das unidades ambientais.

Portanto, a necessidade de um ajuste nas ações de gestão e planejamento do território, incluindo especificamente o sistema fluvio-marinho como gerador dos fluxos de energia e de transferência de materiais, dimensionador das atividades sócioeconômicas e culturais da região, deverão ser aplicados instrumentos mais precisos e metodologias sistêmicas, para a gestão do meio ambiente. Os estudos fundamentados em uma abordagem multidisciplinar, a partir da definição dos agentes e processos morfogenéticos (incluindo os derivados da ação do homem), irão compor as normas de ética ambiental, para a gestão e planejamento de regiões associadas a ambientes flúvio-marinhos.


(Neo)Geomorfologia

A necessidade de uma abordagem integral em sistemas flúvio-marinhos, vem da elevada, e cada vez mais complexa, pressão imposta pelas atividades sócio-econômicas referidas anteriormente.

Para uma eficaz aplicação das técnicas e métodos utilizados pela geomorfologia na ordenação de ambientes especialmente regidos pelos fluxos flúvio-marinho, um importante e fundamental etapa para a definição do grau de interação alcançado pelo geomorfólogo, na abordagem de problemas desencadeados pela morfogênese, é determinar as relações de interdependência das unidades morfoambientais com as demais ciências que estudam a paisagem. Esta tarefa, ponto de partida para uma abordagem sistêmica, poderá ser iniciada pela definição do conjunto de unidades morfológicas (com suas respectivas relações de continuidade lateral) e, a partir de então, caracterizar suas relações de interdependência, aplicando as propiedades básicas da Teoria Geral de Sistemas, definidas por Rúbio (1996): divisibilidade, controle, estado, complexidade, predição, regulação, comportamento e dependência.

É importante salientar que Chorley (1962), Chorley & Kennedy (1971), Hevia (1998), entre outros, fundamentados pelas aportações de von Bertalanffi (1956), definiram sistema de acordo com as exigências da termodinámica. Importantes aportações também foram realizadas por Shochava (1963), Mateo (1991), Bolòs et al. (1992). Em síntese, trataram de sistemas “naturais” como um conjunto de elementos articulados de maneira que possam utilizar uma fonte de energia para produzir um trabalho. Portanto, a Teoría General de Sistemas busca, em essência, compreender de forma global os processos que regem o funcionamento dos sistemas, e em especial, compreender como (porque, quando e onde) aparecem as propiedades que apresenta o sistema quando se encontra em funcionamento (Meireles & Rubio, 1999).

Desta forma, a geomorfologia sistêmica, trata inicialmente da compartimentação do relevo (objeto de estudo), interconectando as diversas morfologias, a partir dos processos morfogenéticos, para a elaboração de modelos evolutivos interdependentes, com a definição de seus componentes físicos (rocha, solo e estrutura), bióticos (biomassa/biomas), climáticos (clima atual e paleoclima), socio-econômicos e culturais (uso e ocupação), interligados por fluxos de matéria e energia. Representa, atualmente, uma das principais ciências para a gestão integral e participativa do território (um dos objetivos específicos). Quando fundamentada na manutenção dos ecossistemas associados, preservação e conservação das unidades mantenedoras da qualidade ambiental (solo, recursos hídricos, cobertura vegetal, retroalimentação, etc.) e definição adequada das clases de uso, capacidade de acolhida e sensibilidade morfodinâmica, está sendo aplicada para o desenvolvimento sustentável (neogeomorfologia ou geomorfologia sócio-ambiental). Vale salientar que, independentemente da necessidade de aportar um conceito uniforme para a Geomorfologia, nem muito menos delimitar a diversidade temática dessa ciência, suas fronteiras são definidas pela unidade morfológica (geométrica), porém vinculadas a um complexo conjunto de processos fisiográficos, geodinâmicos e sócio-ambientais, imbricados nas demais ciências da paisagem.

A geomorfologia sistêmica aplicada (Figura 1) a ambientes flúvio-marinhos, deverá ser fundamentada em um elevado nível de homeostasia, onde as reações dinâmicas, definidas a partir da hierarquia de atributos e variáveis, atuam como condicionantes evolutivas para a permanência dos “sub-sistemas” (geomorfológicos, ecológicos, sociais, econômicos, entre outros), os quais definem de forma integral a continuidade dos processos que produzem a complexa estrutura do sistema flúvio-marinho. Desta forma, transformações induzidas pelo homem, por exemplo, em seus aspectos morfodinâmicos (artificialização dos canais, bloqueio das trocas laterais, desmatamento das vertentes, impermeabilização do solo, etc.), podem levar à decadência das demais reações e processos, os quais definem uma planície flúvio-marinha. Estas intervenções em ambientes de elevada fragilidade, podem submetê-lo a um aumento de entropia, em que processam-se mudanças rápidas, caos e perca de qualidade ambiental, acelerando o desgaste do sistema, tendendo a desaparecer ou evolucionar para um sistema completamente dependente das intervenções sócio-econômicas (artificialização do sistema), com a perda da qualidade ambiental (por exemplo, extinção de organismos da base da cadeia alimentar). É importante salientar que sistemas estuarinos existentes nos grandes centros urbanos, ou os que foram alterados para a produção de camarão, encontram-se em elevado estado de entropia (tendência a desaparecer).

Devido a estrutura metodológica deste tipo de análisie ambiental, complexidade das reações geoambientais e ecodinâmicas, grande quantidade de interrelações e geoelementos, principalmente quando aplicado ao estudo de planícies flúvio-marinhas, é necessário definir, em primeiro lugar, a propiedade da divisibilidade (Figura 2). Foi também possivel caracterizar, neste nível preliminar de abordagem, as propriedades de regulação (Figura 3), predição (Figura 4) e dependência (Figura 5).

















A planície flúvio-marinha do Rio Coreaú

O rio Coreaú (Figura 6) tem suas nascentes no sopé do Planalto da Ibiapaba e percorre parte da depressão periférica local, até chegar ao litoral onde encontra-se o seu baixo curso. Tem como principais afluentes os rios São Mateus, do Meio, Imburana e Fortuna, possuindo duas grandes ilhas no estuário, a dos Amores e Trindade, tendo ainda uma grande extensão de praia junto à margem direita de sua desembocadura e, à margem esquerda, um conjunto de falésias vivas e a cidade de Camocim.

Com relação às condições climáticas que influem sobre o baixo curso do rio Coreaú, deve-se destacar que apesar do litoral possuir um clima tropical sub-úmido, a maior parte de sua bacia, incluindo suas nascentes, estão inseridas no domínio climático do semi-árido. Tal fato leva à percepção de que o fluxo hídrico à montante da planície flúvio-marinha possui um regime intermitente, estando a permanência de sua drenagem diretamente influenciada pelos períodos de chuva.

No período chuvoso, há um intenso fluxo hídrico superficial, decorrente das chuvas torrenciais, carreando uma grande carga de sedimentos e nutrientes que vão acumular-se no estuário, compondo as feições morfológicas locais e fazendo parte da cadeia alimentar do manguezal. Os sedimentos finos em suspensão, como silte e argila, floculam-se ao contato com o cloreto de sódio das águas marinhas e terminam por depositarem-se nas margens da planície. Por outro lado, as partículas areno-quartzosas tendem a acumularem-se no canal principal de escoamento ou chegam até o oceano, onde pela ação da deriva litorânea (E – W) depositam-se na praia e levadas pelos ventos, alimentam o campo de dunas à sotamar da zona estuarina.





Durante o período seco (inverno/primavera) as águas subsuperficiais acumuladas nos aqüíferos da Formação Barreiras, na zona de tabuleiros do baixo curso do Coreaú, alimentam o seu volume hídrico superficial através de percolação até as planícies fluvial e flúvio-marinha. Percebe-se no entanto uma significativa diminuição no fluxo de água doce durante o período de estiagem (verão/outono), influindo diretamente na dinâmica dos processos morfogênicos e na composição da fauna aquática.

Constata-se que a dinâmica morfológica do estuário é influenciada pela alternância dos fluxos de água fluvial e das marés, além dos efeitos da ação eólica no transporte e acúmulo de sedimentos. O regime climático vai portanto influir significativamente na dinâmica do relevo, predominando a ação de agentes hídricos no período chuvoso, quando ocorrem médias máximas mensais pluviométricas de até 350mm (março a abril).

Na época em que a ação das águas pluviais se fazem menos presentes nos processos de erosão, sedimentação e reações ecodinâmicas locais, o vento assume o papel de principal agente da dinâmica morfogênica, com velocidades médias de 4,0 a 4,5 m/s (setembro a dezembro). Os ventos apresentam direções dominantes de SE, ESE e E, tendo um desempenho atuante nas formações eólicas e na deposição de sedimentos na planície flúvio-marinha.

A unidade pedológica predominante no estuário do rio Coreaú são complexas agrupações de Solos Indiscriminados de Mangue, com ocorrências de Gleisolo Sálico e Glaisolotiomórfico. Apresentaram características hidro e halomórficas, pobres em cálcio e ricos em matéria orgânica, textura argilo-arenosa, elevada concentração de sais sódio e enxofre, com acentuada deficiência de oxigênio no substrato. São solos impróprios à ocupação agrícola, mas favorecem ao desenvolvimento de uma flora altamente adaptada.

Este sistema ambiental guarda em suas margens e leito uma sequência de morfologias representadas por mangues atuais e antigos, bancos areno-argilosos internos ao leito principal, planícies de maré circundadas por vegetação de mangue e entre o contato erosivo com o leito do estuário e o interflúvio tabular (com morfologias localmente denominadas de apicum ‘mangue’ em Tupi-Guarani e salgado), arenito de praia, paleoplataformas de abrasão, terraços marinhos, falésias mortas (paleofalésias) e vivas. Seu limite fluvio-marinho interior foi marcado pela presença de terraços fluviais e vegetação característica de mata de tabuleiro, com a presença marcante de carnaubais. A margem direita está associada a um grande campo de dunas móveis, que migra de nordeste para sudoeste (Figura 7).





Estas morfologias foram utilizadas para a composição de um modelo evolutivo para esta região. Foram relacionados diretamente com as mudanças eustáticos, aportação sedimentar (transporte de sedimentos pelo canal e acesso de areias eólicas) e dinâmica estuarina atual, bem como pelas ações antrópicas.

A rugosidade do leito e distribuição da carga de material sedimentar está relacionada com a presença de bosques de vegetação de mangue, elevado índice de meandros, disposição geográfica e morfológica dos bancos internos ao canal, migração lateral do canal e aportação de sedimentos eólicos. As oscilações diárias de marés tratam de distribuir os sedimentos destro do canal, bem como transportar-los para a desembocadura, de onde serão submetidos à deriva litorânea (localmente de sudeste para noroeste).

O movimento das massas de água, pela ação das marés, constitui o agente principal de transporte de sedimentos. Estes são distribuídos na zona intermaré desde o nível baixo da maré, ao nível de preamar, dando lugar a três setores em que os processos dominantes passam de transporte por carga de fundo ao transporte em suspensão: durante a entrada da maré os sedimentos de tamanho areia são transportados por processos de carga de fundo; os depósitos de sedimentos finos estão associados a velocidades mínimas ou períodos de retenção de águas, na estufa da maré; um setor intermediário está relacionado con o início do período de refluxo, quando inicia-se o transporte de sedimentos pendente abaixo e uma mínima parte dos sedimentos é posta outra vez em suspensão, por correntes relativamente pequenas de refluxo (Reineck y Wunderlich, 1968; Morais, et al., 1988; Vila, 1989).

As áreas desprovidas de vegetação de mangue (planícies de marés internas ao canal, salgados e apicuns), atuam como reguladoras do sistema geomorfológico local, favorecendo a deposição dos sedimentos areno-argilosos, bem como, durante sua exposição nos períodos de maré baixa, são responsáveis pela produção de energia témica (temperaturas que alcançam os 40ºC), reações reguladoras dos processos biogeoquímicos (produtos elementares como amônia, nitrito, nitrato, enxôfre, magnésio e sais de sódio), reguladores do pH da água, oxigênio dissolvido, salinidade interticial e conteúdo de matéria orgânica. Intercalações no pacote sedimentar revelaram a presença de fácies nitidamente argilosas intercaladas por camadas mais arenosas, evidenciando as mudanças da enegia de fluxo, no transporte de sedimentos. Intercalações de depósitos ricos em matéria orgânica, restos de carapaças de organismos e bastante bioturbadas, evidenciaram a dinâmica do ecossistema manguezal, quando utiliza as áreas de apicuns e salgados para a expansão da vegetação. Estas morfologias originadas e regidas pela dinâmica das marés, gradam lateralmente (através de contato erosivo), para os tabuleiros pré-litorâneos.

A Vegetação Perenifolia Paludosa Marítima de Mangue constitui a cobertura vegetal natural que contribui na bioestabilização do sistema estuarino. O conjunto florístico do manguezal é constituído por cinco espécies de árvores, Rhizophora mangle (mangue vermelho), Avicennia germinans (mangue preto), Avicennia schaveriana (mangue preto) e Conocarpus erecta (mangue botão).

O manguezal constitui um habitat com uma grande biodiversidade faunística, onde os principais grupos são: moluscos, crustáceos, peixes e aves, grande parte deles sendo aproveitados economicamente. Dados citados por Vicente da Silva (1987), indicam que cerca de 65% dos peixes capturados comercialmente no litoral cearense, têm seu ciclo biológico vinculado ao manguezal, demonstrando assim, que além de suas funções ecológicas, o estuário possui uma relevante importância econômica para a região.

A Vegetação de mangue contribui efetivamente no equilíbrio geomorfogênico, pedogênico e hídrico da planície flúvio-marinha, protegendo as margens e terraços das ações erosivas, favorecendo os processos de sedimentação e formação dos solos, mantendo o nível do lençol freático e reduzindo o impacto das marés e cheias fluviais, além de equilibrar o balanço sedimentar entre erosão e deposição.

No limite interior do estuario foi possível identificar uma gradação lateral entre os depósitos típicamente mistos para os fluviais. Este límite, desde o ponto de vista geológico, foi definido pela presença de bancos de sedimentos internos ao canal principal, composto por areias e grânulos. Os meandros são mais abertos que os existentes no sistema estuárico. Os depósitos fluviais apresentaram escarpas erosivas, asociadas aos eventos de cheias. Desde o ponto de vista geomorfológico, o limite interno do sistema fluvio-marinho foi definido pela presença de terraços fluviais, representado pela planície de inundação, gradando lateralmente para o relevo tabular pré-litorâneo.

Este conjunto de unidades morfológicas, depósitos geológicos e cobertura vegetal, apresentou uma série de indicadores das mudanças relativas do nível do mar e flutuações climáticas durante os últimos 5.000 anos BP. Estudos realizados por Meireles (2001) demonstraram a presença de terraços marinhos holocenicos com idade de 1.800±45 anos BP, originados quando o nível relativo do mar encontrava-se aproximadamente 2m acima da maré máxima atual. Foram também definidos patamares escalonados de plataforma de abrasão e arenitos de praia (beachrock) na margem esquerda do canal.

O vale do estuário está encaixado em uma relevo tabular (depósitos pliocênicos da Formação Barreiras), com fraca dissecação entre os interflúvios. No limite interior do sistema fluvio-marinho o canal apresenta uma largura ao redor de 0,85 km, o qual vai alargando-se na direção da desembocadura chegando a alcançar uma largura máxima de 8,3 km. As condições hidrodinâmicas regidas pela entrada e saída da maré foram registradas a aproximadamente 23 km, definidas através de mudanças laterais entre sedimentos típicamente mistos para fluviais, diminuição do porte da vegetação de mangue e ocorrência de uma cobertura vegetal típicamente continental.

A figura 8 representa a interação do conjunto de fluxos de matéria e energia que predominam na composição morfológica do vale fluvio-marinho. Demonstra a complexidade nos processos de regulação do sistema. A presença do fluxo fluvial é associada aos períodos de cheia, favorecendo a entrada de grandes quantidades de sedimentos, tanto por transporte de fundo como em suspensão. Os bancos de areia existente à montante do regime estuarino e o predomínio de um canal anastomosado, evidencou a potencialidade de carga. É importante salientar que, barragens à montante representam importantes ponto de bloqueio de fluxo sedimentar. Como os impactos gerados ainda não foram estudados, é evidente que o sistema estuarino passa por mudanças na dinâmica sedimentar imposta pela contribuição continental, porém, a presença de bancos de areia, relações com o transporte eólico e por deriva litorânea e a hidrodinâmica estuarina, aliado às interferências antrópicas, desenvolvem processos geoambientais que regem a configuração morfológica atual do sistema.





Quando o fluxo do canal passa a ser realizado pela entrada e saída da maré, os processos geomorfológicos estão diretamente relacionado com a dinâmica sedimentar e erosiva. Nas proximidades da desembocadura, a grande quantidade de bancos de sedimentos vegetados por mangue, a elevada densidade de meandros e canais secundários, está relacionada com a distribuição dos sedimentos provenientes do fluxo fluvial, os derivados do aporte eólico e da própria circulação interna. A deriva litorânea de sedimentos, devido ao ataque oblíquo das ondas, gerado pelos alísios de leste e nordeste, direciona as areias para a desembocadura do canal, em parte penetrando no sistema estuarino pelos movimentos de refração das ondas na flecha de areia (spit localizado na foz).

Os fluxos relacionados com as intervenções antrópicas foram originados pela artificialização da margem esquerda do canal (construção de diques e um passeio marítimo), desmatamento da vegetação de mangue e abertura de canais e baldes para a produção de sal e viveiros de camarão (carcinocultura). Estas ações modificam a dinâmica relacionada com a troca lateral proporcionada pelas incursões das marés, bem como elevam a velocidade de fluxo, alteram a dinâmica vertical e horizontal do regime das marés e promovem erosão nas margens desprovidas de vegetação, na faixa de praia e nos bancos de areia internos ao canal (Ottmann, 1979; Fairbridge, 1980, Asmus et al., 1988, Dalrymple et al., 1992).

Na análise integrada do estuário, observa-se também as transformações paisagísticas e morfo-dinâmicas decorrentes das formas de uso e ocupação indevidas. Historicamente, o estuário começou a ser ocupado pela construção do porto, instalação de salinas e a atividade pesqueira. Onde foi fundado o porto, está a cidade de Camocim, que possui uma população urbana de 52.000 habitantes (IPLANCE, 1995), que exerce uma forte pressão sobre os recursos naturais estuarinos.

Atualmente, outras atividades socioeconômicas, como a carcinocultura e o turismo, provocam novos impactos sobre a planície flúvio-marinha. Como principais efeitos dos impactos ambientais no estuário, citam-se: poluição hídrica, assoreamento, salinização do solo e das águas, redução do potencial biológico, ameaça à biodiversidade e diminuição da qualidade paisagística. A Figura 9 indica as fases de transformações que o manguezal sofreu devido às ações de tensores naturais e antrópicos.





A deficiência do sistema de saneamento básico de Camocim e de cidades situadas à montante do estuário é a principal causa da poluição hídrica. O assoreamento decorre de ações de desmatamento ao longo da bacia hidrográfica e da retirada de mangue na margem direita do estuário, levando ao assoreamento dos canais, provocando a fragmentação do manguezal em subunidades menores e mais sensíveis a novos impactos.

Devido à redução dos fluxos de água doce no período de estiagem, de desmatamentos, construção e abandono de salinas, há um acentuado acréscimo de salinidade dos solos e das águas estuarinas. A pesca e mariscagem predatória leva a uma perda progressiva do potencial biológico, uma vez que não respeita o período reprodutivo das espécies.

Os desmatamentos e aterros das margens dos manguezais para a construção de equipamentos urbanos, residenciais, hotéis, salinas e tanques para criação de camarões, alteram o equilíbrio dos processos morfogênicos, constituindo uma ameaça à biodiversidade e levando à perda da qualidade paisagística.

A integração destes fluxo resultou na construção de uma planície fluvio-marinha inicialmente controlada pelos processos derivados dos eventos eustáticos. Atualmente a morfogênese encontra-se regulada pelo ecossistema manguezal, derivado da conjunção dos diferentes agentes modeladores relacionados à hidrodinâmica, transporte e deposição de sedimentos. Relações de interdependência com unidades morfológicas caracterizadas por planície de marés, apicum, salgados, vários bancos de areia e argila (evidenciando um comportamento batimétrico complexo), rochas de praia na margem esquerda, terraços marinhos holocênicos, antigas plataformas de abrasão marinha, flechas de areia na desembocadura e sistema de meandros internos, demonstram que interferências antrópicas irão desencadear impactos ambientais em cadeia, pois todas estas unidades são interligadas pelos fluxos de marés.

A Figura 10 mostra de forma representativa um perfil esquemático transversal à zona estuarina do Coreaú, evidenciando as principais feições de paisagem, indicando como elas estão diretamente relacionadas à geomorfologia local e às formas de uso e ocupação atual. Evidenciar que as faições de paisagem representadas por apicum e manguezal, apresentam relações deiretas de interdependência, atuando como morfologias fundamentais para o desenvolvimento estrutural e ecodinâmico do ecossistema manguezal. Os apicuns, especilamente comportam-se como reguladores das propriedades básicas que geram energia para uma complexa cadeia alimentar, favorecendo a manutenção do sistema estuarino em baixos níveis de entropia.





A figura 11 representa uma proposta de utilização do estuário do Rio Coreaú, elaborada de acordo com os diferentes indicadores morfodinâmicos e ecológicos. Importante salientar que todo o ecossistema manguezal, aquí tratado de forma interdependente, interativo e composto por um complexo conjunto de reações geomorfológicas e ecodinâmicas controladas pela hidrodinâmica continental, mista e marinha, foi definido como área de preservação ambiental.





Conclusão

A abordagem gemorfológica é fundamental para o estudo das condições geoambientais do espaço geográfico. Na área estuarina em questão, a intensidade dos processos geomorfogênicos atuam como indicadores de áreas de risco, de preservação ambiental e estabelecem diretrizes básicas necessárias ao planejamento de uso dos recursos naturais.

Neste enfoque, a Geomorfologia adquire uma abrangência de caráter ambiental, atuando como elo entre os diferentes componentes e processos da paisagem, analisando aspectos relativos à estrutura e dinâmica do estuário do rio Coreaú. Contribui na elaboração de um diagnóstico ambiental que pode estabelecer os parâmetros geoambientais e sócioeconômicos para um adequado planejamento, gestão e manejo de ambientes flúvio-marinhos.

A elaboração de modelos evolutivos do relevo, pode derivar-se da análise de alguns de seus atributos básivos (topografia, altimetria e declividade), porém, é importante definir os limites de extrapolação, para que estes atributos não sejam somente os responsáveis pela generalização evolutiva de uma determinada área em estudo. Uma perspectiva reducionista pode acarretar sérios problemas de gestão, principalmente em zonas flúvio-marinhas. Informações sobre a declividade do terreno, dinâmica das marés e transporte de sedimentos, deverão estar associadas com modelos ecológicos e de uso, para uma gestão integral destas áreas.


Agradecimentos

Ao CNPq. (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e CAPES (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo financiamento de parte desta pesquisa, através de bolsas de mestrado, Desenvolvimento Científico Regional (DCR nº 300816/91-O-NV), e doutorado. Ao Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará, pelo auxílio nos trabalhos de campo. À FUNCAP (Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa), pelo projeto “Estudo dos manguezais do Estado do Ceará”.


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Notas

[*]Financiado pelo CNPq. (DCR) e CAPES (bolsa de doutorado)

Prof. Dr. do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará - UFC



© Copyright A. J. A. Meireles y E. Vicente da Silva, 2002
© Copyright Scripta Nova, 2002

Ficha bibliográfica:
MEIRELES, A. J. A. y VICENTE DA SILVA, E.
Abordagem geomorfológica para a realização de estudos integrados para o plenejamento e gestão em ambientes flúvio-marinhos. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales, Universidad de Barcelona, vol. VI, núm. 118, 15 de julio de 2002. http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-118.htm  [ISSN: 1138-9788]

 

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